Hinata estava acertando os últimos detalhes do jantar quando Naruto chegou. Seu coração deu um grande salto. Seu pai havia pedido para que os deixassem a sós no primeiro momento. Quando terminassem a conversa particular, ele chamaria as filhas para o jantar. Então ela apenas ficou escutando seus passos em direção aos escritório, desejando que tudo ocorresse da melhor forma possível, fosse qual fosse a intenção de Naruto ali. Hanabi surgiu novamente, logo após os dois adentrarem o escritório, com um sorriso sapeca no rosto.
— Venha, maninha! Vamos ouvir o que eles estão conversando!
— Hanabi! o que é isso?!?
— Vamos logo! O papai nem vai desconfiar. Vai dizer que não está curiosa?
— Claro que sim, mas não, eu não vou! Vou pro meu quarto, tomar um banho.
— Sua boba! Eu vou, não quero nem saber!
E saiu pelo corredor, posicionando o ouvido próximo à porta do cômodo em que os homens encontravam-se. Hinata, por sua vez, passou por ela e subiu as escadas que davam acesso aos quartos. Adentrou seu banheiro, despiu-se e entrou debaixo do chuveiro. Após a rápida chuveirada, secou-se, vestiu-se, perfumou-se e ficou penteando os cabelos, perguntando-se por que a conversa estava demorando tanto. Não aguentando de ansiedade, foi até a escada para ver se Hanabi continuava acompanhando o encontro. Ela estava lá, com a mão sobre a boca e expressão de espanto. Hinata ficou ainda mais nervosa. De repente, Hanabi saltou para longe da porta e veio correndo pelo corredor, uma expressão frenética no rosto. Hinata correu para o seu quarto e fechou a porta na mesma hora, imaginando que os dois deveriam sair do escritório a qualquer segundo. Corou violentamente só de imaginar-se sendo pega em flagrante, tentando espionar. Com as costas coladas à porta, mão no peito para controlar o coração aos pulos, ouviu a voz severa de seu pai.
— HANABI! VENHA AQUI AGORA! Eu vi você correndo! Você estava ouvindo atrás da porta?
— O que isso, papai! eu não ouvi nada não! Estava só passando mesmo...
— Hmpf. Eu conheço você muito bem! Mas nós conversaremos depois. Vá chamar a sua irmã.
— Sim senhor.
Hinata achou que fosse desmaiar de tão nervosa. Era agora ou nunca. Finalmente saberia qual assunto trouxera seu amado ali. Saiu de perto da porta e foi para a frente do espelho, fingindo estar alheia à conversa no corredor.
— Maninha! — Hanabi chamou, abrindo a porta — Vem, vem!
Sua irmã mais nova fazia gestos chamando-a, muito risonha e empolgada. Se Hanabi estava assim, queria dizer que era uma boa notícia então, não era? Com o coração pulsando em sua garganta, Hinata aproximou-se. Hanabi segurou sua mão e a puxou com toda a força, porta a fora. Desceram as escadas e atravessaram o corredor com Hanabi dando risadinhas enigmáticas. Os homens esperavam na sala, em pé.
A primeira pessoa em que Hinata pousou os olhos, ao chegar, foi o ninja loiro que sempre permeava seus pensamentos. Ele lhe sorriu, um sorriso um pouco tímido, pouco característico. Dava até pra notar um leve rubor em seu rosto. Quanto a ela, sabia exatamente que devia estar vermelha, pois sentia as bochechas e orelhas queimando. Sorriu para ele.
— Boa noite, Hinata.
— Boa noite, Naruto-kun.
— Hinata, minha filha, por favor, leve o Naruto para conhecer nosso jardim, enquanto eu peço pra alguém servir o jantar. Por favor.
— O-ok — Ela respondeu, estranhando a atitude do pai.
Os dois deixaram a sala, saindo pela porta de entrada. Hinata não deixou de notar Hanabi com a mão na boca, tentando segurar suas risadinhas e o pai a fitando com olhar severo. Caminharam em silêncio até o jardim. Hinata não sabia nem o que falar. Apresentar o jardim? Desde quando Naruto era apreciador de plantas e flores? Haviam alcançado o centro do jardim, onde havia uma pavimentação de pedras e um banco, com lanternas adornando-o de cada lado. Hinata estava distraída pensando no que dizer, quando sentiu um leve toque em sua mão, fazendo-a estancar.
A kunoichi virou-se. Naruto segurava sua mão com delicadeza. Aproximou-a dos lábios e depositou um beijo no dorso. Em seguida, encarou Hinata, que corou mais um pouco.
— Hinata, você sabe que tudo isso que aconteceu me fez refletir e perceber meus reais sentimentos por você. Percebi que quero você pra sempre do meu lado e quero estar ao seu lado também, pra tudo que você precisar, nos momentos bons e ruins. Então, vim aqui pra pedir a bênção de seu pai e, o mais importante, fazer a você um pedido.
Ele deu uma pausa, mas sem desviar seu olhar. Um sentimento de alegria muito grande estava crescendo no peito da garota.
— Hinata, você quer namorar comigo?
Uma lágrima formou-se e rolou pela bochecha da Hyuuga. Estava tão emocionada que a garganta parecia fechada, o que dificultava falar, mas ele a observava sério, até apreensivo, à espera da resposta. Hinata forçou sua voz a sair, dizendo as palavras que tanto sonhou em dizer, palavras guardadas no coração há muito tempo.
— Sim, Naruto-kun, claro que sim! — E jogou-se nos braços do garoto, passando os braços por seu pescoço e descansando a cabeça em seu peito, molhando sua camisa com lágrimas.
Naruto retribuiu seu abraço, sorrindo. Deu um beijo em seus cabelos, sentindo a delicada fragrância que emanavam, fazendo seu coração aquecer-se com alegria. Afastou Hinata, para poder encará-la.
— Tô muito feliz! Você é linda e me faz muito bem! Quando estamos longe, penso em você toda hora!
Escutar tais palavras causou em Hinata um sentimento tão genuíno que, em um arroubo de emoção, segurou o rosto do namorado e selou seus lábios. Naruto ficou surpreso, no primeiro momento, com a iniciativa dela, mas logo retribuiu o beijo, apertando-a ainda mais nos braços. Encorajado pelo comportamento mais descontraído da Hyuuga, ele aproveitou para tentar investir a língua para dentro de sua boca. Ela lentamente permitiu-lhe a passagem, porém foram interrompidos pelo som de um pigarreio alto próximo a eles.
— Caham!
Desgrudando as bocas, sobressaltados e virando-se para ver quem era, avistaram Hanabi ali, com os braços cruzados e batendo o pé no chão.
— Papai mandou eu ver se vocês ainda não tinham acabado de ver o jardim. O jantar está servido.
Hinata e Naruto entreolharam-se, sorrindo, sem graça.
— Sim, vamos...
Aquele jantar trazia uma sensação nova e muito benvinda a Naruto. Comer em família. Mais uma coisa para a lista de todos os bens que Hinata estava trazendo para sua vida. O Sr. Hiashi sentava-se à cabeceira, Hinata à sua direita, com Hanabi ao lado e Naruto à sua esquerda, de frente para Hinata. A comida estava tão deliciosa, que Naruto passara um bom momento em silêncio, apenas apreciando o sabor. Quem mais conversava era a irmã mais nova. Seu pai escutava, fazendo comentários ocasionais, e Hinata e Naruto riam de algumas histórias da menina. Ela contava em detalhes o que havia passado no castelo de Toneri, mas de forma bem humorada. Após a sobremesa, todos estavam em silêncio, quando Hiashi tomou a palavra.
— Bem, Naruto, esse jantar é uma pequena demonstração de gratidão pelos seus esforços em recuperar Hanabi e salvar Hinata das garras de Toneri.
— Por favor, Senhor, não precisa agradecer. Faço isso quantas vezes forem necessárias.
— Tudo bem. Agora, que dei minha benção a vocês, Hinata e Naruto, eu quero aproveitar pra deixar bem claro que esse namoro tem que ser de muito respeito. Nada de ficarem até tarde na rua! Naruto, Hinata é uma moça de família, e eu realmente espero que você tenha as melhores intenções. Vou estar de olho, fique avisado!
— O-ok... Tudo bem.
— Papai! — Hinata estava bastante ruborizada.
Após os pratos serem retirados, Hiashi levantou-se, sendo imitado pelos outros.
— Bom, acho que podemos encerrar a noite — Disse, olhando especificamente para Naruto que, após alguns segundos, entendeu a indireta.
— Ah! Sim... Tudo bem, eu já vou indo então. Boa noite, Hiashi-sama. Hanabi, Hinata.
— Papai, por favor, posso acompanhar o Naruto até o portão?
— Hum, tudo bem, mas não demore!
— Sim, Senhor.
Foram caminhando até o portão do distrito. As ruas estavam vazias, a maioria das famílias já haviam se recolhido em suas casas. No meio do caminho, Naruto parou, pegando a mão de Hinata.
— Tudo bem, Hinata, daqui eu sigo sozinho. As ruas estão desertas, não quero que você se afaste muito da sua casa.
— Ok. Então tenha uma boa noite, Naruto-kun.
— Boa noite.
Segurava sua mão, com a mão esquerda, enquanto que, com a direita, Naruto acariciou o rosto da namorada, encarando-a. Apesar de corada, ela não desviou o olhar. Hinata estava esforçando-se ao máximo para agir mais naturalmente em sua presença. Agora era seu namorado, não deixaria a vergonha lhe atrapalhar de aproveitar sua companhia e seus carinhos.
— Naruto-kun, eu quero te agradecer pelo dia de hoje. Estou muito feliz!
— Hinata, eu que tenho que agradecer por ter você na minha vida.
O coração de Hinata retumbava em seu peito, talvez ela nunca parasse de se perguntar se aquilo era um sonho. Naruto aproximou-se lentamente, selando seus lábios delicadamente. Ele também estava se acostumando ao ritmo frenético em seu peito toda vez que tocava Hinata daquela maneira. Era a melhor das sensações. Sentia seu corpo leve, como se estivesse flutuando e milhares de borboletas batendo asas em seu estômago. Guiado apenas pelo instinto, ele inclinou sua cabeça, mudando a angulação, o que proporcionou uma leve abertura dos lábios da garota. Bem devagar, ele introduziu a ponta da língua naquela boca, torcendo para que Hinata não interrompesse o contato, constrangida com sua ousadia. Para sua surpresa, ela não só permitiu sua entrada como, após alguns segundos, usou a ponta da própria língua para tocar timidamente a sua. Ficaram alguns momentos assim, explorando-se, pouco a pouco. Era a primeira experiência de ambos em um beijo mais profundo, porém, apesar de tímidos, ambos tiveram uma sensação de pertencimento, como se suas bocas e almas encaixassem-se perfeitamente, criando uma onda de prazer que percorria seus corpos, dos dedos dos pés, aos fios de cabelo. Separaram-se, ofegantes, pela falta de ar e surpresa em descobrir aquela sensação totalmente nova e encantadora. Muito vermelha, Hinata falou:
— Eu vou indo, não quero que o papai se zangue por eu ter demorado. Boa noite, mais uma vez.
— Boa noite, até amanhã.
Ela se virou e saiu correndo em direção à casa. Naruto aguardou até ela ter sumido de vista, então continuou seu caminho. A mente tomada pelo cheiro e o gosto dela.
Ao adentrar a sala, seu pai estava sentado numa poltrona, lendo um jornal.
— Já voltou? Muito bem.
— Sim, papai. Eu vou pro meu quarto, me deitar. Boa noite.
— Tudo bem. Tenha uma boa noite.
Hinata saiu quase em disparada para o quarto. Estava ofegante e sabia que devia estar muito corada também. Esperava que o pai não percebesse seu estado. Deitou-se em sua cama, abraçando o travesseiro, sentindo-se nas nuvens. Que sensação fora aquela? Cada momento com Naruto parecia ser melhor que o anterior. Cada nova descoberta superava a outra. E ele parecia empenhado em compensar os anos de espera, com aquelas palavras que faziam a alma da menina florescer. Ainda podia sentir seu aroma e o toque quente de sua pele. Adormeceu com olhos azuis brilhantes adornando seus sonhos, e eles a encaravam intensamente.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.