No meio da tarde, Hinata e Naruto juntaram-se ao grupo do passeio no hall do hotel. Fuyuki os aguardava e saudou-os com empolgação ao avista-los. Naruto vestia uma calça despojada com comprimento no meio das pernas, camiseta vermelha e moletom preto. Hinata usava saia abaixo dos joelhos e camiseta claros.
O guia que os acompanharia era um especialista em pássaros muito vivaz e eloquente, capaz de transmitir sua empolgação a todos do grupo, que era composto por dez pessoas. Cada um recebeu binóculos e partiram para a jornada.
A floresta estava repleta de flores das mais variadas espécies e cores. O guia falava de cada uma, informando o nome e várias curiosidades, como, por exemplo, algumas lendas e tradições relacionadas, tudo muito interessante. Hinata, usando seus conhecimentos como kunoichi, colhia algumas, formando, aos poucos, belos arranjos. Apesar do céu sem nuvens e sol claro, a temperatura era agradável e as sombras das árvores garantiam o clima ameno, em conjunto com a brisa refrescante contínua.
Incentivados a guardar silêncio e observar atentamente a copa das árvores, logo puderam admirar um sem número de diferentes espécies de aves, das mais comuns a algumas exóticas, com penas escuras, claras ou coloridas, em tons que apenas a natureza seria capaz de criar. Como feito com as flores, o guia presenteou-os com muitas informações interessantes sobre aqueles espécimes.
Animais terrestres fofos, como coelhos e esquilos, também deram o ar da graça, embora sempre esquivos e mantendo uma distância segura do grupo.
Após cerca de uma hora de caminhada, o grupo acomodou-se às margens de um pequeno riacho que passava por ali, para descansar.
- A Hinata tinha razão. Foi bem diferente da experiência que estou acostumado com a floresta.
- Sim! Quando vamos à floresta, sempre estamos em missão, correndo, pra lá e pra cá, ou muito concentrados em rastrear inimigos ou ameaças. Então nunca podemos observar realmente a beleza da natureza.
- Fico feliz que vocês estejam gostando do passeio! Eu estou adorando a companhia!
Eu, pessoalmente, não tenho muita experiência com vida selvagem, então estou me sentindo um verdadeiro shinobi!
Os três riram da declaração e continuaram conversando alegremente. Fuyuki era bastante jovial e os fazia rir constantemente. Ele usava roupas parecidas com as de Naruto, só que em tons de verde e azul que combinavam com seus olhos claríssimos na luz do dia.
Hinata havia levado uma pequena cesta, que conseguira com os funcionários do hotel, sempre muito prestativos. Continha alguns sanduíches, maçãs e uma garrafa de suco. Ela ofereceu aos dois homens, que se serviram, agradecidos.
- Ah, Hime! Você não existe! Só você pra ser tão precavida e lembrar de trazer lanches!
- Eu sabia que poderíamos ficar com fome depois da caminhada, então pedi no hotel que preparassem algo pra gente. Eles são tão prestativos! Deram um jeito de conseguir. Vou levar um buquê de flores em agradecimento!
- Quando chegarmos lá, eu vou com você, pra agradecer também. - ofereceu-se Naruto.
- Hinata-san, obrigado por ter se preocupado. O Naruto-san é realmente muito sortudo em ter você ao lado. Assim como você tem sorte em tê-lo. Ver vocês dois juntos até me faz sentir vontade de largar a vida de solteiro e me casar.
- Obrigada, Fuyuki-san. Eu desejo que você encontre alguém que o faça tão feliz como o Naruto-kun me faz.
O rosto de Hinata ganhou uma ligeira, porém muito agradável, coloração rosa, em consequência da declaração de cunho tão pessoal. Fuyuki a observou rapidamente, antes de averter o olhar para Naruto, que o analisava atentamente. Fez-se um silêncio um pouco desconfortável de alguns minutos, até que um pequeno coelho fofo surgiu, atraído pelo cheiro da comida, quebrando o clima estranho que havia se instalado.
Fizeram o caminho de volta, chegando ao hotel com o sol já se pondo. Hinata trazia os buquês que havia confeccionado dentro da cesta e entregou um ao guia, agradecendo pelo excelente passeio. Entregou outro a Fuyuki, pelo convite e o que, na sua opinião, era o mais bonito e havia sido preparado com mais carinho, a Naruto. Sobrou um ainda, que seria dado aos funcionários que tinham-na ajudado mais cedo.
- Obrigado, Hinata-san. O buquê é muito bonito e vou guardar com carinho. Por favor, vocês não gostariam de me acompanhar mais um pouco, até o bar, pra tomarmos alguma coisa?
Naruto respondeu, coçando a nuca.
- Não sei, acho que já vamos voltar pro quarto mesmo.
- Por favor, ainda está cedo! Não vamos demorar, prometo que será rápido!
Naruto olhou para Hinata, que o encarou de volta. O empresário era tão simpático que isso o tornava extremamente persuasivo, sendo difícil de negar-lhe o pedido. Procurou nos olhos da esposa qualquer indício de que ela realmente queria se retirar, mas ela apenas assentiu brevemente.
- Ok, mas não vamos ficar muito tempo, certo?
- Ótimo!
Chegando ao bar, Fuyuki e Hinata sentaram-se nos bancos altos, em frente ao balcão, enquanto Naruto permaneceu em pé, com o braço sobre os ombros da morena. Funcionários da recepção haviam se oferecido para levar os arranjos de flores para os respectivos quartos, para que ficassem mais à vontade.
- Hinata-san, eles servem um drink aqui maravilhoso, de frutas. É bem delicado, acho que você iria gostar.
- Hum, não sei...
Pensando já no momento em que estariam entre quatro paredes, momento para o qual Naruto já estava ficando ansioso, ele a incentivou a beber, pois adorava o efeito que o álcool possuía em deixá-la mais despudorada.
- Eu vou pedir um pra você, Hime. Vai ajudar a refrescar depois dessa longa caminhada.
- Tudo bem.
- E você, Naruto-san, me acompanha numa dose de uísque?
- Hum, não, obrigado. Não gostei muito daquele treco não...
- Então, que tal uma cerveja gelada?
- Sim, acho que cai melhor. Mas só uma!
O garçom lhes serviu as bebidas e eles brindaram.
- À amizade! - Fuyuki entonou.
- À amizade! - o casal respondeu.
Depois de um belo gole, o empresário pediu a Naruto que narrasse seus grandes feitos na guerra. Era de conhecimento geral, mas ele queria escutar a versão do próprio herói. Naruto começou um pouco tímido, mas logo estava contando tudo com grande empolgação, ajudado por Hinata, que fazia comentários complementares. Fuyuki estava mesmerizado pela narrativa do Uzumaki e parecia uma criança escutando uma história de conto de fadas. A cerveja de Naruto já havia se convertido em três, a de Fuyuki em seis e o drink de Hinata em dois, quando a kunoichi percebeu, ao tentar se levantar para ir ao toalete, que já estava um pouco tonta.
- Naruto-kun, será que podemos voltar pro quarto?
- Claro, Hime. Você está se sentindo mal?
- Não, só um pouco tonta. Desculpe, Fuyuki-san, mas não sou muito acostumada com bebida.
- Tudo bem. - o homem respondeu, com uma nota de desapontamento perceptível.
- Essa é uma longa história, Fuyuki-san, vamos deixar pra continuar um outro dia. - Naruto disse.
- Ok, não tem problema.
Naruto e Hinata curvaram-se em uma reverência de despedida, sendo imitados pelo outro, e então deram as costas, caminhando de mãos dadas.
- Naruto-san, Hinata-san!
Eles já estavam próximos à saída do ambiente quando viraram-se novamente, atendendo ao chamado de Fuyuki, que vinha correndo em sua direção. O homem parecia bem agitado quando os alcançou.
- Por favor, esperem! Eu... eu preciso fazer um último pedido.
- O que acontece, Fuyuki-san? Está se sentindo mal? - Naruto indagou. - Quer que a gente te acompanhe até o seu quarto?
Fuyuki o olhou, um pouco confuso, mas logo exibiu uma expressão de dar dó.
- Sim, estou bem zonzo também, vocês me fariam esse favor?
- Claro! - Hinata e Naruto responderam em uníssono, compadecidos.
Naruto cedeu os ombros, para que Fuyuki apoiasse um braço e Hinata os acompanhou, de perto. O quarto ficava no segundo andar e eles tomaram o pequeno elevador, evitando leva-lo pelas escadas, naquela condição. Percorreram o corredor até a suíte. Finalmente, à porta do quarto, Fuyuki a abriu e voltou-se para o casal.
- Bom, está entregue. - Naruto brincou, sorrindo.
- Muito obrigado. Vocês são incríveis.
- Então, nós já estamos indo. Boa noite. - Naruto despediu-se, tomando a mão de Hinata, para seguirem caminho.
Porém, antes de se virarem, uma frase de Fuyuki os fez estancar.
- Na verdade, vocês são tão incríveis, que estou apaixonado pelos dois.
Naruto arregalou os olhos, mas sorriu, sem graça, assumindo que havia entendido errado. As bochechas de Hinata ficaram rosadas.
- O que? Acho que não entendi direito o que você falou...
- É verdade! - o homem exclamou, com grande emoção. - eu trouxe vocês aqui porque eu precisava me declarar e perguntar, mesmo que vocês me odeiem depois, mas eu não aguento mais! Eu me apaixonei pelos dois! Vocês são o casal mais sexy que já conheci! Tenho certeza que, por trás de toda essa timidez da Hinata-san e esse jeito de bom moço do Naruto-san, existe um vulcão em erupção! Vocês, como um casal jovem, descobrindo a sexualidade, não sentem vontade de experimentar coisas novas? Eu posso proporcionar isso pra vocês! Pros dois! Dar muito prazer pros dois! Uma noite, é só o que eu peço! Já ouviram falar em ménage?
Fuyuki olhou para as marcas arroxeadas no pescoço de Hinata, com volúpia, depois, para Naruto, dos pés à cabeça, em grande expectativa. Por outro lado, os olhos do ninja haviam saltado das órbitas e sua boca encontrava-se completamente escancarada. O rosto da Uzumaki estava lívido e assumira um tom de roxo vívido, não parecendo já nenhum pouco saudável. Quando a alma de Naruto finalmente voltou para o corpo, ele deu um salto para trás, puxando Hinata junto, fazendo-a cambalear precariamente, mal conseguindo se equilibrar.
- I-isso é algum tipo de brincadeira de mal gosto?
- Não, juro que não, estou falando sério! Vocês deveriam me dar uma chance!
- Ora, seu...
A próxima reação de Naruto foi partir para cima do outro, com sangue nos olhos. Foi impedido apenas por Hinata, que postou-se entre eles, com as mãos no peito do marido.
- Não, Naruto-kun, não vale a pena! Vamos embora pro nosso quarto. É nossa lua de mel, vamos, por favor.
Naruto lançou um último olhar de fúria a Fuyuki, virando as costas e puxando Hinata, às pressas, pelo corredor, em seguida.
- Eu só não quebro a cara desse idiota pervertido por respeito a você e nossa lua de mel, Hinata. Vamos embora. E nunca mais atravesse o nosso caminho! - gritou para o homem, sem olhar para trás.
Fuyuki pode apenas lamentar-se e se contentar com os sonhos eróticos que vinha tendo com aquele casal.
Naruto estava bufando. Hinata, entre a mortificação e o desespero de tentar acalma-lo.
- Eu não acredito que eu não enfiei a mão na cara daquele patife! Eu vou voltar lá! Isso não vai ficar assim!
Ele levantou da cama, mas Hinata segurou seus ombros, o empurrando para baixo, obrigando-o a sentar novamente.
- Naruto-kun, por favor, estou pedindo, deixe isso pra lá. Ele estava bêbado, não estava falando coisa com coisa. Vamos esquecer isso, sim? Já sei! Que tal pedir um lámen do Ichiraku? Faz tempo que não comemos. Vou ligar pra la enquanto você toma um banho.
Claro que ouvir as palavras "lámen do Ichiraku" surtiam um efeito calmante instantâneo e muito eficaz no loiro, então ele obedeceu a kunoichi, mesmo que ainda fazendo um biquinho para não perder totalmente o efeito. De fato, um banho ajudaria a esfriar a cabeça que fervia no momento. Ménage?!? Não acreditava na ousadia do canalha. Por Deus, será que a Hinata sabia o que era ménage? Esperava que não. Ele só sabia porque o Ero-sennin, obviamente, não perdera a oportunidade de deixar registrado em um de seus livros. Na ocasião da leitura, fora bastante excitante e tudo o mais... a cena descrevia um homem e duas mulheres. Mas imaginar isso, na vida real, com ele, Hinata e outro cara?!? Isso era a morte e seu sangue fervia só de imaginar outro homem sequer vendo o corpo dela nu. E tudo ainda conseguia ser ainda pior, porque o energúmeno ainda deixara subentendido, ou melhor, deixara bastante claro que também estava atraído por ele, Naruto. Estremeceu debaixo da água fria só de lembrar. Cara, que viagem!
Saiu do banho envolto em um roupão macio, mas as feições ainda estavam anuviadas.
- Naruto-kun, já fiz o pedido do lámen, deve chegar a qualquer momento. Vou tomar um banho rápido enquanto isso, sim?
- Aa.
Com toda aquela confusão, o álcool proveniente dos dois drinks que Hinata havia tomado havia evaporado quase que completamente de seu corpo. Tomou o banho em questão de cinco minutos, preocupada com Naruto. Enrolou-se no roupão e saiu do banheiro ansiosa. Ele não estava no quarto e seu estômago afundou. No entanto, a porta da varanda estava aberta e, ao checar, descobriu-o sentado na mesa, com as embalagens de lámen a sua frente e cara de poucos amigos. Aliviada, ela aproximou-se e sentou.
- Chegou rápido o nosso pedido!
- Aa. Estava só esperando você.
- Certo, então vamos comer. Estou com fome. - Hinata falava animada, tentando quebrar o clima estranho e fingir que nada havia acontecido.
- Itadakimasu. - disseram, em uníssono.
Volta e meia, Hinata tentava introduzir algum assunto, porém Naruto respondia de forma monossilábica, desencorajando a continuidade da conversa. Dessa forma, comeram a maior parte do tempo em silêncio. Quando a refeição teve fim, Hinata sentia-se um pouco perdida sobre como agir a seguir e foi pega de surpresa quando o marido manifestou-se voluntariamente, pela primeira vez, desde que haviam voltado.
- Hinata, você sabe o que é ménage?
Ela arregalou os olhos e prendeu a respiração.
- N-não...
Sua voz saiu em um sussurro e sentiu as bochechas arderem. De fato, ela nunca havia ouvido o termo, mas, como não era tola, fazia ideia, a partir do contexto e palavras ditas por Fuyuki. Mas não achava pertinente comentar isso com o loiro. Será que ele sabia? Ou será que ele queria saber?
- Ménage são três pessoas fazendo... - Naruto engoliu em seco - tendo relações juntas, ao mesmo tempo...
Hinata abriu ainda mais os olhos, surpresa, não exatamente com a informação em si, mas com a ciência que ele tinha daquilo e com o fato de estar compartilhando consigo.
- Eu li no livro do Ero-sennin. - ele explicou-se, dando de ombros, como que respondendo a uma pergunta silenciosa.
Seus olhos estavam firmemente a encarando e ela não pode averter o olhar, pois, por alguma razão que desconhecia, parecia muito importante sustentar aquela troca. Eles ficaram em silêncio por um tempo, apenas olhando-se.
- Você acha que algum dia seria capaz de ter vontade de fazer isso?
Hinata abriu os olhos como pratos (surpreendendo Naruto, que não esperava que pudessem chegar naquele diâmetro) e logo balançou a cabeça freneticamente.
- N-não... Não!
- Porque, Hime, eu nunca quero te ver entediada na nossa relação, mas eu sou egoísta demais pra pensar em te dividir com alguém! Eu acho que você me entende... eu espero que você me entenda.
- S-sim, eu entendo! Naruto-kun, eu jamais iria querer algo assim! Pelo amor de Deus, você é mais que suficiente pra mim, é tudo o que eu preciso!
- Mas eu não quero te decepcionar. Nunca! Eu prometo que você nunca vai ficar entediada no nosso casamento!
- N-naruto-kun, eu sei, não precisa...
Mas as feições dele haviam se iluminado repentinamente. Hinata conhecia aquele semblante: ele acabara de ter uma ideia. E os olhos dele passaram a emanar um brilho malicioso, enquanto um dos cantos de sua boca se levantava, em um sorriso enviesado.
- Eu posso te provar isso.
- N-naruto-kun, realmente não precisa... - a kunoichi sentiu um frio muito grande preencher seu estômago.
O Ninja levantou-se abruptamente, puxando-a em seus braços com grande firmeza, para a sorte da morena, cujas pernas acabavam de adquirir uma consistência de geleia.
- Mas você vai gostar. Eu tenho certeza. Eu conheço você.
Com essa frase, ele a beijou, reivindicando os quatro cantos de sua boca para si, numa dança muito sensual. Hinata sentia-se tensa e excitada, concomitantemente. Oh, céus, como ele é capaz de me deixar nesse estado, com promessas veladas tão duvidosas?
Tão repentinamente como começou, o beijo terminou e Naruto a largou, deixando-a confusa e sedenta.
- Eu nunca conseguiria dividir você com mais ninguém. Mas, pensando melhor, poderia muito bem dividir comigo mesmo.
Céus, não... Não! Ele não vai fazer o que penso que ele vai fazer...
Naruto elevou ambas as mãos, formando um selo em formato de cruz e invocou as palavras já bem familiares para quem o conhecia de longa data.
- Kage bushin no jutsu.
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