Havia uma semana que Naruto estava longe de casa. Logo após o casamento de Sai e Ino, Shino e ele haviam sido designados para uma missão no País da Terra. A neta do Daimyo, uma moça de 18 anos, havia sumido misteriosamente, e eles tinham como objetivo investigar e localizar seu paradeiro. A primeira linha de investigação havia sido sequestro, porém, nenhum pedido de resgate havia chegado até então. A família estava desesperada e, com todo o seu prestígio e poder, solicitou auxílio de shinobis das cinco Vilas Ocultas.
Apesar dos escassos rastros deixados, a dupla de ninjas de Konohagakure parecia ter encontrado algo promissor. Pistas que levavam até uma cidade portuária, no litoral do País da Terra, graças às habilidades incontestáveis dos insetos do clã Aburame. Chegando lá, os dois interrogaram várias pessoas, mostrando a foto da garota, até finalmente conseguir informações de que ela havia sido avistada dias atrás, na companhia de um homem.
As testemunhas revelaram que ela não parecia estar sendo forçada a nada, muito pelo contrário, os dois transmitiam a perfeita imagem de um casal feliz. Aquilo parecia explicar o porquê do pedido de resgate não ter sido enviado. Eles, com auxílio de um artesão da comunidade que possuía algum talento para desenho, montaram um retrato falado do homem e descobriram que o casal havia contratado uma pequena embarcação e zarpado. O destino era desconhecido.
O dono do barco contratado havia retornado no dia anterior, então eles foram até ele e descobriram que o mesmo os tinha levado até o porto de uma pequena vila de pescadores no País do Relâmpago. Sobre a identidade do homem, pouco conseguiram descobrir, pois o casal era extremamente discreto, o que sugeria um cuidado excessivo em manter suas identidades sob sigilo.
A dupla zarpou em direção à localidade informada. Após mais investigações, chegaram à Kumogakure, onde descobriram que o homem misterioso era na verdade, um shinobi da vila. Optaram por entrar em contato com o Raikage, que os recebeu, em audiência.
Após relatarem todo o problema e mostrarem a foto e retrato falado do casal, foi confirmado que aquele era um ninja a serviço da Nuvem.
- O nome dele é Fushiguro e ele esteve recentemente a serviço da Nuvem em uma missão no País da Terra. - O Raikage revelou. - Ele foi um dos seguranças do Daimyo do Relâmpago, em visita oficial ao Daimyo da Terra. Depois retornou normalmente e pediu alguns dias de licença, aos quais ele tinha direito, então o liberei. Ele se reapresentou ontem, mas como não havia nenhuma missão, ficou de sobreaviso.
- Ele é solteiro? - Shino indagou.
- Até onde sei, nunca ouvi falar que possuísse família.
Os três ficaram em silêncio por alguns instantes.
- Vou fazer o seguinte. Vou pedir a Omoi que acompanhe vocês até a casa dele para interrogá-lo e descobrir se a moça que procuram está com ele.
Dessa forma, acompanharam Omoi até um prédio no subúrbio de Kumogakure.
- Eu conduzo a conversa, como Shinobi da Nuvem. - Omoi advertiu os outros dois, antes de tocarem a campainha do apartamento, ao que assentiram.
Tocou a campainha e aguardou. Alguns segundos sem resposta fizeram a ação se repetir.
- Já vai! - a resposta do interior do imóvel pareceu um pouco assustada.
Ouviram alguns passos e finalmente a porta foi entreaberta apenas o suficiente para revelar o rosto bem apessoado, semelhante ao retrato falado que Naruto e Shino possuíam. Seus olhos correram nervosos entre os três, ali no corredor, até parar em Omoi.
- Omoi… O que você quer? O Raikage-sama está me convocando para alguma missão?
- Na verdade, não, Fushiguro. Eu vim aqui porque precisava falar com você. Esses são colegas meus da Folha. Será que podemos entrar?
- Bom, er, a casa está uma bagunça… Talvez seja melhor sairmos pra uma caminhada.
- Não me importo com bagunça. Na verdade, sou bem bagunceiro. E esse meu parceiro aqui - Omoi disse, apontando para Naruto - cara, convivi com ele no acampamento de guerra. A bagunça é o nome do meio dele. Então, por favor, deixe-nos entrar. Se colaborar, seremos breves.
O tom usado pelo Shinobi da Nuvem na última sentença deixou claro a natureza da visita. Fushiguro não teve outra opção além de abrir a porta e dar-lhes espaço para adentrar. O apartamento parecia em ordem, o que só confirmava a atitude suspeita do morador. Este indicou cadeiras para que os demais sentassem. Acomodados, Omoi iniciou a conversa.
Fushigiro foi informado de toda a situação, inclusive de que haviam testemunhas que ligavam seu nome ao sumiço da neta do Daimyo de forma bem concreta. Sem outra alternativa, o rapaz se viu obrigado a confessar, mas antes, chamou o pivô de toda a confusão.
- Yasu! Venha. Eles já descobriram.
A moça surgiu do interior do apartamento, tímida, e postou-se ao lado de Fushiguro. Os olhos baixos, apoiando a mão em seu ombro.
- Fushiguro, - Naruto chamou a atenção de todos, tomando a palavra. - é esse seu nome, né? Prazer, sou Uzumaki Naruto, ninja da Aldeia da Folha e estou em missão para encontrar e resgatar essa moça, Yasu. Preciso que vocês me contem o que está acontecendo de verdade, pois até então, os familiares dela pensam que ela foi sequestrada por algum bandido.
- Não! - Yasu negou, elevando o tom de voz e encarando Naruto com raiva. - Fushiguro não me sequestrou e ele não é nenhum bandido! Eu vim porque quis. Eu o amo!
- Calma, Yasu. Nós sabíamos que isso podia acontecer. Deixe-me explicar a eles pra sabermos as nossas opções. - Ele a encarou de forma terna, voltando o olhar, em seguida, para os ninjas à sua frente. - Vou começar do começo. Tudo começou quando acompanhei o Daimyo em visita oficial ao País da Terra. Fomos ao jantar de gala ofertado pelo daimyo daquele País, em sua residência. Lá conheci Yasu. Nos apaixonamos. Nos encontramos escondidos todos os dias durante a estadia lá e, quando a visita terminou, eu prometi que voltaria para buscá-la. Essa era a única forma de ficarmos juntos: fugindo. Yasu estava prometida a um velho rico e agora, que completou 18 anos, seu casamento seria em breve. Eu estava desesperado e não sabia bem o que fazer. A trouxe até aqui, mas pretendíamos fugir no dia seguinte, só estávamos organizando os últimos detalhes. Não queria me tornar um ninja renegado, mas sei que não poderia escondê-la em Kumogakure pra sempre.
- Por favor, - Yasu falou em tom de súplica e, quando os homens olharam seu rosto, havia lágrimas copiosas descendo pelas maçãs do rosto. - não me levem de volta, eu imploro! Minha família quer me obrigar a casar com um velho decrépito apenas para aumentar a fortuna deles! Agora que encontrei Fushiguro, não posso tolerar esse destino!
Os homens moveram-se desconfortáveis nos assentos e Naruto não conseguiu reprimir o pensamento no qual Hinata e ele passassem pelo mesmo drama. Uma pontada de dor afligiu seu peito. Ele virou-se para os outros.
- Não podemos levá-la de volta.
- Mas esse é justamente o nosso objetivo aqui. - Lembrou Shino. - É a nossa missão.
- Mas querem obrigá-la a casar com um sujeito qualquer, sem amor… Isso não é justo.
- Não cabe a nós julgar. Estamos aqui apenas para cumprir ordens.
- Exatamente. Não cabe a nós julgar. - Interrompeu Omoi. - Temos que levar o problema ao Raikage-sama. Ele sim poderá decidir o que fazer. Enquanto isso, Fushiguro será detido e Yasu-sama permanecerá sob custódia de Kumogakure.
~◇~
- Teremos de informar à Iwa. - O Raikage sentenciou, após ser devidamente informado dos desdobramentos.
- Mas eles vão querer que a levemos de volta. - Argumentou Naruto, nervoso.
- Nós não podemos mantê-la aqui. Ela é neta do Daimyo. Isso seria um desastre diplomático. Já é ruim o suficiente o fato de um ninja que carrega a bandana da aldeia tê-la sequestrado. - A bradou, irritado. - Vou enviar um mensageiro informando que a moça foi encontrada e vocês iniciarão seu retorno imediatamente.
Cabisbaixo, Naruto foi conduzido, juntamente a Shino, a outra sala, destinada para que descansassem um pouco, se hidratassem e se alimentassem. O Uzumaki não sabia o que fazer para ajudar o jovem casal, mas ele não poderia aceitar que as coisas terminassem assim. Imaginou sua Hime casando-se com um velho babão e sentiu o gosto de bile na boca, tamanho o embrulho no estômago. Ajudá-los em uma fuga seria insano, haja visto que Fushiguro estava muito bem guardado.
No dia seguinte, Naruto viu-se irremediavelmente acompanhando Yasu de volta à sua terra natal. A moça estava desolada e, pior do que chorar, ela não exibia qualquer expressão. Estava totalmente alheia a tudo e a todos, como se sua alma houvesse partido do corpo e o que restara fosse apenas uma casca vazia e sem vida. Eles voltaram à Vila de pescadores onde haviam desembarcado e tomaram um barco, rumo ao litoral do País da Terra. Enquanto a embarcação navegava, Naruto refletia e começou a ter algumas ideias. Talvez não estivesse tudo perdido.
Chegaram finalmente à mansão da família do Daimyo. O próprio os recebeu, juntamente ao idoso noivo, que os avaliava com severidade.
- Muito bem, ninjas da Folha. Sou muito grato por terem resgatado minha querida neta das garras daquele patife, bandido. Isso não ficará assim e eu exigirei de Kumogakure uma punição severa a esse pilantra. Ele queria apenas ganhar dinheiro às nossas custas, mas ainda bem que vocês puderam resgatá-la antes que pagássemos um centavo àquele salafrário. Merecem uma bonificação extra por isso!
Shino assentiu. As lágrimas rolavam silenciosas pelo rosto de Yasu. Ele sentiu-se mal, mas não havia nada que pudesse fazer. Optou por imaginar que ela viveria uma vida boa, de luxo e riqueza, algo que não teria com Fushiguro.
Naruto, no entanto, pigarreou alto, chamando a atenção dos presentes.
- Com licença, Daimyo-sama, mas eu preciso corrigi-lo em alguns pontos. - Todos voltaram a atenção ao Jinchuuriki. - Tenho certeza que o Raikage lhe informou a verdadeira situação pelo pergaminho que lhe enviou, mas talvez não tenha ficado claro… O que aconteceu não foi um sequestro. Yasu e Fushiguro se apaixonaram e fugiram juntos. Eles estavam vivendo maritalmente e tenho certeza de que consumaram o… ato. Me pergunto se o noivo aqui presente não tem nenhum problema com relação a isso, porque talvez Yasu-sama já esteja até esperando um filho de Fushiguro.
O Daimyo engoliu em seco. Ele sabia, concluiu Naruto. Apenas estava encenando aquele teatro para que o acordo de casamento não fosse desfeito.
- Um bastardo?!? Nunca! - O velho noivo vociferou, muito vermelho, como se fosse cair duro a qualquer momento. - E também jamais tomaria uma noiva deflorada! Daymio-sama, nosso acordo está desfeito!
O velho levantou-se, com ajuda de seus lacaios, e rumou à porta de saída.
- Kawashima-sama, por favor, não se vá! Tenho certeza de que podemos esclarecer melhor isso!
O idoso apenas levantou uma mão e seguiu andando sem olhar para trás.
- Nunca fui tão desrespeitado em toda a minha vida! Não fico aqui nem mais um segundo.
Após a saída intempestiva, o Daimyo direcionou toda a sua fúria à neta.
- Sua cadela! Olhe o que você fez! Me humilhou perante o Kawashima-sama! Você é uma vergonha e vai pagar por isso! De agora em diante, vai viver trancafiada no seu quarto pelo resto da vida! E eu vou garantir que o seu namoradinho tenha a pior punição possível, ah, se vou!
- Daimyo-sama. - Naruto chamou, novamente, recebendo um olhar assassino do mais velho e outro aflito, de Shino.
- O que você quer agora, seu demônio das nove caudas?!? Já não basta ter me exposto dessa forma? Só porque lutou na guerra, acha que tem um rei na barriga?
- Não, senhor. - O ninja respondeu, retesando o maxilar. - Eu apenas acho que essa sua decisão é idiota. - O homem olhou-o, perplexo - Vai gerar boatos e seu nome vai chafurdar na lama ainda mais. Um acordo de casamento desfeito, sua neta sem sair de casa… se estiver grávida, seus empregados, uma hora ou outra, vão perceber e os boatos irão se espalhar como rastilho de pólvora. Na minha humilde opnião de simples demônio, o senhor deveria mandar sua neta para Kumogakure. Podíamos convencer o Raikage a endossar uma versão de que ela se casou com algum nobre de lá, por isso o acordo daqui foi desfeito. Com ela tão longe, não haveria como as pessoas desconfiarem de nada. Seria muito menos prejudicial ao seu nome e à sua reputação. Vocês também não precisariam mais se ver, porque existem mágoas que jamais vão se apagar. Ela viveria a vida dela, com o pai do filho dela pra lá, e o senhor seguiria aqui, sem a reputação manchada.
O homem estava furioso, mas era inegável a sensatez no discurso de Naruto. Ele ficou em silêncio por um longo tempo, mas, em seguida, ordenou que todos saíssem, pois precisava deliberar sobre. Passou um longo tempo com a mulher e o filho, que era pai de Yasu. Após cerca de três horas, ele mandou um secretário informar que Yasu deveria preparar-se para partir para Kumogakure na alvorada do dia seguinte. O mesmo dispensou os shinobi de Konoha.
- Yasu, escreva para Konoha assim que chegar na Nuvem, para sabermos que você está bem. Vou falar com Kakashi-sensei para que ele entre em contato com o Raikage e interceda por Fushiguro. Não acredito que seu avô cause mais problemas.
- Naruto-san! Eu quero lhe agradecer muito por tudo o que você fez. Tenho certeza que você ama alguém de todo o seu coração e por isso entendeu e se solidarizou com a nossa situação!
- Sim, Yasu! Eu amo muito. E preciso ir, porque não aguento mais estar longe dela. Nos casamos há dois meses e eu nunca tinha passado tanto tempo longe. Eu sei o tamanho da saudade que você sente de Fushiguro, porque eu sinto isso na pele, pela minha Hime. Boa sorte e mande minhas saudações a Fushiguro, assim que puder.
~◇~
Naruto abriu a porta de casa e, no mesmo instante, suas narinas foram encharcadas pelo perfume dela. O aroma divino de lírios e Hinata estava impregnado pelos quatro cantos da casa e ele inspirou, profundamente, de olhos fechados, sorvendo-o e inundando seu sistema circulatório de ocitocina.
-Tadaima! - Ele falou, após recuperar-se da leve tontura que o acometeu, gerada pelo prazer que sua proximidade lhe proporcionava.
Não houve resposta. Naruto adentrou a sala, observando os arredores. Passava um pouco do meio dia e o cômodo encontrava-se estranhamente escuro. As cortinas estavam todas fechadas. Não havia cheiro de comida nem panelas no fogão. O ninja chegou a cogitar que a esposa estivesse passando o dia no distrito Hyuuga ou em missão, porém, seu corpo estava ciente de sua presença. Ela estava ali. Ele podia sentir sua pele arrepiar perante à antecipação de encontrá-la a qualquer momento, enquanto subia as escadas e percorria o corredor. Seu coração acelerava a cada passo. Tudo estava silencioso. Chegou à última porta e a abriu devagar.
O quarto estava escuro, mas a claridade exterior penetrava, por pequenas frestas nas cortinas, permitindo ao Uzumaki distinguir o amontoado de lençóis no centro da grande cama. Aproximou-se devagar. Estendeu o braço e afastou o tecido. Seu coração já dizia que havia algo errado, mas isso não evitou o choque que sentiu ao ver Hinata deitada ali, em posição fetal, com a pouca luz do quarto lançando sombras fantasmagóricas em seu rosto, que contorcia-se numa expressão de dor. Hinata abriu os olhos lentamente, uma mão sobre o ventre.
- Naruto-kun?
- Hinata, o que você tem??? O que tá acontecendo?!? - O desespero estampou-se em seus olhos.
- Você voltou… - Ela conseguiu dar um sorriso fraco. - Não se preocupe, é apenas um pouco de cólica...
Quebrando o efeito, ela interrompeu-se, fazendo uma careta de dor e apertando o ventre.
- Hinata, me espera aqui, eu já volto.
Naruto saiu correndo, em puro desespero. Ele esbarrava em pessoas aleatórias no meio da rua, grunhia pedidos de desculpas, mas tudo passava como um borrão. Chegou ao hospital no modo automático, entrando, sem esperar permissão, pelos corredores. Invadiu a sala de Sakura sem bater. A kunoichi ergueu o olhar do prontuário que tinha em mãos, assustada.
- O que é iss… Naruto? Que cara é essa? Você está pálido!
- Sakura, é uma emergência, a Hinata tá passando muito mal, me ajuda por favor!
Pelo estado do amigo e o desespero em sua voz, Sakura apenas levantou-se, apanhou uma pequena maleta e o seguiu. Encontraram Ino nos corredores, que os olhou de maneira inquisitiva.
- Segura as pontas pra mim, Ino. É uma urgência. Com a Hinata.
- Pode deixar! Vão, vão!
Saíram correndo pelas ruas de Konoha, Sakura questionando-se sobre o que poderia ter acontecido, pois, no dia anterior, havia encontrado Hinata e ela estava bem.
- O que ela tem? Quais os sintomas?
- Ela estava no quarto, se contorcendo de dor. Eu acabei de chegar de missão, já encontrei ela assim...
Entraram na casa e subiram ao segundo pavimento imediatamente. Ao chegar na porta do quarto, Sakura impediu Naruto de continuar, segurando-o.
- É melhor você ficar aqui fora. Tá muito nervoso e eu preciso de privacidade pra saber o que está acontecendo.
- Nem fudendo, Sakura!
- Eu sou a médica aqui e exijo que você espere. Assim que descobrir o que está acontecendo, eu lhe informo.
Naruto passou uma mão pelo rosto, frustrado, mas fez um mínimo movimento de cabeça, assentindo.
Quando entrou no aposento, as íris de pérola a encararam, surpresas.
- Sakura? O que faz aqui?
Sakura aproximou-se e sentou na cama, ao seu lado.
- Hina-chan, o Naruto me procurou, desesperado. Ele disse que você estava mal, com muita dor…
- Kami-sama, eu não acredito que o Naruto-kun lhe assustou. Eu disse a ele que era apenas cólica.
- De todo modo, vou examiná-la. Você tem medo de nos preocupar, eu te conheço.
Sakura sacou um estetoscópio de sua pequena maleta, além de um aparelho para aferir a pressão arterial. Examinou a Uzumaki minuciosamente, auscultando, conferindo seus sinais vitais, fazendo toques. Por fim, suspirou.
- Que alívio, parece que está tudo normal, realmente. Você costuma ter cólicas menstruais nessa intensidade?
- Na verdade, não. Acho que foi por isso que o Naruto-kun se assustou. O meu período sempre foi muito tranquilo.
- Alguma mudança na rotina recente, que possa ter causado isso?
- Bom, eu parei de tomar o anticoncepcional há um mês. Será que isso tem influência?
- Sim, provavelmente. A privação abrupta dos hormônios do remédio pode causar esse tipo de reação em algumas mulheres. Vou receitar um analgésico e dar algumas instruções ao nosso apaixonado desesperado ali fora. Com isso, você deve ficar bem. À medida que seu corpo for se readaptando, a tendência é ir amenizando nas próximas menstruações.
Sakura reorganizou suas coisas, dentro da maleta, deu um beijo na testa de Hinata e levantou-se.
- Sakura, me desculpe o transtorno. Eu realmente assustei o Naruto-kun…
- Não se preocupe, ele fez o certo. Poderia ser algo grave.
Sakura virou-se para sair do quarto.
- Sakura! - Hinata a chamou mais uma vez - Posso lhe pedir mais um favor?
- Claro!
- Você poderia não comentar com o Naruto-kun que eu parei de tomar o anticoncepcional? Eu queria fazer uma surpresa…
- Ah! Claro! Kami-sama! Estou tão empolgada! Nem acredito que posso ser tia em breve!
~◇~
Naruto comprou o analgésico que Sakura receitou, fez o chá que ela indicou e trouxe uma bolsa térmica para que Hinata colocasse sobre o ventre. Sentou-se ao seu lado, na cama, e, enquanto acariciava seus cabelos, contou sobre a sua missão e sobre a história de amor que presenciou e ajudou a consolidar. Hinata sentiu-se imensamente orgulhosa do marido e seu coração generoso, o que ajudou a melhorar seu ânimo. A verdade era que o problema não eram apenas as dores. Ela sentira-se frustrada com a chegada da menstruação. No fundo, tinha a esperança boba de receber Naruto de volta com um pequeno pedacinho dele já dentro de si. Mas a presença do loiro era um raio de sol que iluminava tudo e jogava sua decepção janela a fora. Sentiu-se confortável e sonolenta, logo entregando-se a um sono tranquilo, enquanto o esposo venerava cada traço do rosto relaxado.
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