Modéstia a parte, a sopa ficara uma delícia. Hinata estava terminando de embalar, tendo o cuidado de vedar bem para evitar que o líquido se derramasse no caminho. Poucas coisas estavam parando no estômago de Temari ultimamente, e aquela sopa especial era uma delas. A Uzumaki por pouco não perdera a hora.
Havia três semanas que Naruto tinha partido para Suna e seus sonhos estavam começando a refletir a falta que seu corpo e alma sentiam dele. Sonhara com clones e acordara molhada de suor e de outros líquidos que preferia não refletir sobre. Banhos gelados no início da manhã estavam se tornando bem frequentes. Sua mente divagou mais um pouco e ela pôde até sentir falta da dor que sentiu nas partes íntimas nos dias seguintes à sessão particular de cinema que tiveram. Um suspiro longo deixou sua garganta e ela sacudiu a cabeça, para dispersar os pensamentos e voltar ao presente.
No dia anterior, Hinata havia voltado ao hospital para pegar os resultados dos exames dela e de Naruto. Estavam na mais perfeita saúde e os médicos foram unânimes em dizer que a gravidez era apenas uma questão de tempo. Hinata ficou feliz e, ao mesmo tempo, despreocupada. Ninguém sabia os desígnios divinos. Porém, quaisquer que fossem, ela tinha o amor da sua vida ao lado.
Um Shikamaru com semblante preocupado atendeu a porta.
— Ah, Hinata. Que bom que chegou! A Temari acabou de vomitar! — Ele abriu espaço para que a kunoichi descalçasse as sandálias e entrasse. — Agora toda manhã é isso… Fico preocupado. E, além de tudo, o humor dela está pior que nunca. Apesar de que, com você, ela sempre se sente melhor.
— Não se preocupe, Shikamaru. A Ino disse que esse enjôo matinal é normal nos primeiros meses. Trouxe a sopa que ela gosta. Vai ficar tudo bem, vá trabalhar tranquilo.
Nesse momento, Temari irrompeu na sala da residência Nara. Ela usava um robe e estava um tanto quanto descabelada.
— Hina-chan, que bom que você está aqui! O Shikamaru só sabe ficar me olhando com essa cara de bebê chorão!
O Nara se aproximou da esposa e enlaçou sua cintura com uma mão, enquanto a outra pousou sobre o ventre ainda pouco evidente da loira.
— Vá se acostumando, meu filho ou filha. Essa é a sua mãe, a complicação em pessoa.
Temari sorriu, pois assistir ao preguiçoso conversando com seu rebento sempre a desarmava. Eles se encararam e deram um selinho rápido.
— Vá trabalhar. Não se preocupe. Vou ficar bem.
Temari estava na metade da sopa quando escutaram a campainha soar.
— Deixa que eu abro. — Hinata prontificou-se.
Elas estavam na varanda que dava para os fundos do terreno. Temari amava Suna, mas estava aprendendo a amar Konoha igualmente. E morar no distrito Nara era, sem sombra de dúvidas, muito prazeroso. O contato com a natureza era rico. Podia sentar-se ali e assistir aos cervos pastando em seu quintal. Caminhar mais um pouco e estar em meio à floresta. Não podia deixar de notar a quentura que preenchia seu coração ao pensar o quão privilegiado seu filho ou filha seria de crescer ali.
Hinata retornou, com Ino e Tenten no encalço. Ino trazia um envelope nas mãos e parecia prestes a chorar. Tenten e Hinata exibiam preocupação em seus rostos.
— O que aconteceu? — Temari indagou.
As outras três puxaram cadeiras e sentaram-se à mesa que a princesa da areia estava.
— Encontrei com o Shikamaru e ele me disse que vocês duas estavam aqui. Eu vim correndo, porque estou precisando muito de todas vocês!
A Uzumaki e a Nara olharam para Tenten, esperando que a outra fosse mais clara em explicar qual era o problema.
— Eu também não sei o que está se passando. Ela apareceu na minha loja, toda desesperada e eu tive que deixar alguém lá tomando conta pra poder acudi-la, mas ela ainda não me contou uma vírgula do que está acontecendo.
— Eu quero falar só de uma vez. Tô desesperada demais pra ficar repetindo de uma por uma, ok?
As amigas se entreolharam e aguardaram, em expectativa.
— Bom, já faz um tempo que tomo anticoncepcional, né, mesmo antes do Sai, pra me prevenir. Acontece que, há uns dois meses, eu tive uma amigdalite fortíssima, e precisei tratar com antibióticos. O caso é que os antibióticos cortam a eficácia do contraceptivo, mas até aí, tudo bem, eu estava ciente disso e Sai e eu passamos um período usando preservativo. O problema é que, numa dessas vezes, a coisa ficou um pouco intensa e, depois de gozarmos, quando o Sai saiu de mim, a camisinha ficou lá dentro!
Tenten tapou a boca escancarada com a mão. Hinata arregalou os olhos e Temari baixou o rosto, apoiando a testa na mão e balançando a cabeça de um lado para o outro. A Yamanaka agora realmente tinha os olhos marejados.
— E a pílula do dia seguinte? — Tenten questionou.
— Eu tomei! — Ino exclamou, vermelha — E fiquei despreocupada… Até dez dias atrás, quando a minha menstruação deveria ter vindo!
— Ino, calma! — Temari tentou apaziguar — Pode ser só um desequilíbrio hormonal.
— Eu sei, mas estou com um pressentimento estranho… Eu fiz o teste lá no hospital mesmo, mas ainda não tive coragem de abrir… Kami-sama, o que eu faço?!?
Hinata segurou as mãos de Ino por cima da mesa e acariciou seus dedos.
— Apenas abra. Não adianta ficar sofrendo por antecipação.
Ino respirou fundo e olhou o envelope sobre a mesa. Soltou as mãos de Hinata delicadamente e, tremendo, pegou-o e abriu. Muito devagar, retirou o papel dali de dentro e desdobrou-o. As outras kunoichis prenderam a respiração enquanto a loira corria os olhos pelo papel. Após o que pareceu um século, ela levantou o olhar e uma única lágrima correu pela sua bochecha.
— Estou grávida.
Todas levantaram-se e a envolveram em um abraço.
— E agora, o que eu faço?
Hinata agachou-se ao seu lado. Ela virou o corpo de frente para a morena, que enlaçou novamente suas mãos.
— Mas do que você tem medo?
— Hina, eu não sei se vou dar conta de ser mãe… Eu já tenho tanta coisa pra fazer… tenho a minha loja, meu trabalho como médica, a clínica pra saúde mental das crianças, o time de barreira, as obrigações como líder do clã e ainda uma casa pra gerir. Apesar de Sai me ajudar bastante…
— Ino, justamente por isso eu sei, eu tenho a mais absoluta certeza que, não só você dará conta, como será uma mãe maravilhosa! Você é extremamente incrível e consegue ser uma super mulher. A questão é: você não quer isso? Pode falar a verdade. Nós somos suas amigas e não te julgaremos se não for seu objetivo ser mãe.
— Não é que eu não queira. Só não imaginava que isso fosse acontecer agora. Esperava aproveitar meu casamento um pouco mais, sabe? E dá muito medo pensar que vai existir um ser que dependerá tanto de você… Nossa, isso é muito apavorante!
— E você acha que eu não sei disso tudo? — Temari fez os três rostos virarem em sua direção. — Mas sabe… eu confesso que, depois de toda a raiva e medo, surgiu um novo sentimento dentro de mim… Comecei a imaginar essa criança… Me perguntar se ela teria a minha aparência ou do Nara… Que cor serão seus olhos? Será preguiçoso, como o pai ou esquentado, como eu? Ou um pouco dos dois? — Temari sorriu, com o olhar embaçado de quem está formando uma imagem na mente.
“Olho pra esses campos e imagino ele ou ela correndo e rindo… Isso me faz sorrir. Me faz sentir um negócio quente aqui dentro, que nunca senti antes. Continuo me tremendo de medo, quando penso como minha vida irá mudar e no tamanho da responsabilidade, mas, ao mesmo tempo, me vejo ansiosa por essa mudança… Não sei, é difícil de explicar…”
A Nara pareceu desconcertada com aquele rompante de sentimentos que escaparam de sua boca, mas as outras estavam sorrindo, olhando-a com admiração.
— Pensando por esse lado… Comecei a imaginar uma mistura minha e do Sai em forma de criança e, sim… Isso não me parece tão ruim! — Ino sorria e chorava ao mesmo tempo. As kunoichis apertaram mais o abraço em torno de si. Após alguns minutos, elas afastaram-se. Temari fez uma careta ao provar o resto da sopa, que agora estava fria.
— Ah… e eu já ia me esquecendo… — Ino remexeu na pequena pochete Shinobi que trazia atada à cintura e tirou de lá três pequenos envelopes vermelhos. — O Chouji me pediu pra entregar pra vocês quando as visse.
As meninas abriram e leram o conteúdo do pequeno convite.
— O Chouji vai se casar?!? — Tenten exclamou. — Assim, do nada?
— Eu nem sabia que eles estavam noivos. — Temari comentou. — O Shikamaru não me falou nada...
— Então… — Ino começou. — Vai ser um jantar íntimo, só pros mais chegados. Meio que a Karui também acabou engravidando, acidentalmente…
Em um movimento que pareceu ensaiado, de tão sincronizado, as três kunoichis levaram a mão à boca, surpresas. Um silêncio se instalou, contudo durou poucos segundos, sendo logo quebrado pelo som da gargalhada de Temari. A loira se levantou, entrando, aos risos, no interior da casa, deixando as demais sem entender direito o que se passava.
Algum tempo depois, ela retornou, segurando uma bandeja com quatro copos.
— Eu poderia trazer vinho, mas seria uma puta sacanagem comigo e com a Ino, ver vocês bebendo enquanto a gente não pode. Então trouxe suco mesmo. — Ela deu um copo a cada uma e ergueu seu próprio — Um brinde à nova geração do trio Ino-shika-cho!
~◇~
Havia três semanas que estavam em Suna. Três semanas da noite do jantar e do acontecimento insólito que se seguiu. Aquela fora uma noite exaustiva, na qual Sakura rolara na cama, sem conseguir dormir. Na manhã seguinte, levantou-se cedo, quando o sol mal começara a brilhar. O motivo? Queria tacar uma pedra na própria cabeça, mas a razão tinha nome e sobrenome e dormia no quarto ao lado.
Na noite anterior, assustara-se com um grito de Naruto chamando por Sasuke. Ela se levantou da cama e estava prestes a sair do quarto, para saber do que se tratava, quando ouviu o Uchiha gritar — algo muito incomum, para os seus padrões — para que "os dois" fossem embora. Ela se conteve, apurando os ouvidos para entender o que acontecia. Na verdade, colou o ouvido direito na porta.
O desenrolar do diálogo entre Sasuke, Naruto e, descobriu depois, Kakashi, foi esquisito. Eles riram do Uchiha e Kakashi ainda ofereceu ao moreno o livro pervertido, escrito por Jiraya, que adorava.
Quanto mais a rosada pensava sobre aquilo, mais sua mente criava teorias insanas. Na verdade, pensamentos muito loucos assolaram-lhe pelo resto da noite e ela mal pode pregar os olhos.
Também naquela manhã, Sasuke nem esperou o sol raiar para sair da cama. A fim de evitar encontrar seus companheiros à mesa do café da manhã, ele desceu cedo, pegou uma fruta e saiu, fazendo uma ronda pelos arredores da construção.
Quando retornou, Sakura, Naruto, Kakashi e Gaara tomavam seu desjejum. Pareciam todos muito entrosados e aquilo doeu-lhe um pouco. Seu único amigo no mundo inteiro era Naruto, mas o loiro possuía muitos outros amigos, e o Kazekage era um dos mais íntimos.
— Sasuke. — Kakashi foi o primeiro a notar sua presença, porque os outros três estavam completamente absortos em sua conversa. — Não vai juntar-se a nós pra comer?
O trio finalmente o notou, olhando em sua direção.
— Já comi.
— Bom, eu também já terminei, então vou só pegar algumas coisas no quarto e estarei pronta pra ir ao hospital. — Sakura virou o rosto, dirigindo-se a Gaara. Não pareceu nada satisfeita com o mau humor do Uchiha. Ótimo, ele também não estava satisfeito com aquela intimidade toda dela com o ruivo baixinho.
No caminho para o hospital, Sasuke procurou manter-se afastado, indo atrás do grupo. Entretanto, não adiantou muita coisa, porque Naruto retardou seus passos até que Sasuke o alcançasse.
— Eu sei que você não nos esperou pra tomar café com medo de que eu e Kakashi-sensei ficássemos tirando sarro da sua cara por ontem, Teme. Mas não se preocupe. Nós não vamos dar um piu. É normal, todo mundo passa por isso.
— Dobe! Se você continuar enchendo o meu saco, dando uma de experiente pra cima de mim, eu juro que termino o que comecei no vale do fim e te mato.
— Tsk! Até parece… Mas eu não falo por mal. Acho apenas que você está sendo idiota de ficar na mão quando tem uma mulher bonita, que sempre te amou, bem aqui na sua frente. E, um dia, ela pode cansar de te esperar. Eu só falto ter um treco toda vez que penso o quanto demorei pra me tocar dos meus sentimentos pela Hina! E pensar que quase a perdi! Kami-sama, não gosto nem de imaginar… Eu morreria… pela primeira vez na vida, desistiria de tudo…
Os demais haviam parado; eles tinham chegado ao hospital, o que chamou a atenção do loiro cabeça-oca e ele se afastou, se adiantando para chegar ao prédio. O Dr Shigemoto os aguardava na entrada, e não fugiu ao olhar atento do Uchiha a forma como o médico pousou uma mão no meio das costas da Haruno, para incentivá-la a adentrar o local.
As semanas haviam sido de muito trabalho, da forma como Sakura gostava. Sempre ao lado do Dr. Shigemoto, ela fizera um check list de todas as coisas que estavam faltando, de mão de obra a instrumentais e equipamentos. O inventário de um Hospital de grande porte era imenso e logo perceberam que ainda havia muito a se fazer e adquirir. Havia a parte burocrática, que ainda dificultava e atrasava tudo.
Como se não bastasse, ela alertou para a necessidade de treinamento e aperfeiçoamento da equipe. Por exemplo, a equipe de limpeza, que precisava de treinamento na parte de biossegurança, para evitar infecções cruzadas. Era um trabalho que precisava ser praticamente feito do zero, pois eram pessoas simples, que não possuíam um grande conhecimento técnico nessa área.
Sasuke também estava sempre por ali, taciturno. Mas, como o Rokudaime havia designado, ele estava sempre à disposição, para o que ela precisasse. E também parecia um cão de guarda, sempre a seguindo para onde quer que fosse. Aquilo a incomodava.
Chegou a reclamar para Kakashi, uma noite, que não precisava de escolta, todavia, o mais velho respondera que, por tratar-se de uma missão fora da Aldeia, todo o cuidado era pouco e eles podiam ter de enfrentar inimigos tão perigosos que não seriam páreo para uma única Jounin. Nunca se sabia, dissera ele. Ela teve de aceitar.
O que mais lhe chateava era como podia, numa noite, aquele ser humano ser capaz de uma gentileza e atenção tão grande, cobrindo-a com a própria capa, percebendo o quanto ela estava morrendo de frio e, nos dias que se seguiram, voltar àquele estado de morto-vivo mal humorado. Aquilo fazia seu sangue ferver e sentia vontade de dar um soco bem grande na boca de seu estômago, usando todo o seu chakra concentrado no punho e, em seguida, atirar-se nos braços do primeiro homem que atravessasse seu caminho, para poder esquecê-lo de vez.
Por coincidência, naquele exato momento, o Dr. Shigemoto adentrou o escritório no qual ela se encontrava, divagando, quando, na verdade, deveria estar conferindo algumas listas.
— Um doce por seus pensamentos.
Ele era muito charmoso. Sakura não possuía qualquer experiência em flertar, mas o que ele fazia com ela certamente era isso. Não que ela não fosse profissional ou cruzasse alguma linha, não. No entanto, havia algo quente em seu olhar, quando eles se encaravam e palavras atenciosas, que Sakura gostava de ouvir.
Durante muitos anos se manteve reclusa em seu próprio mundinho, sem conseguir aproveitar galanteios e atenções. No entanto, ela finalmente estava se permitindo. Era bom sentir-se desejada.
— Vou ficar só na vontade, então, já que os meus pensamentos não são assim tão interessantes que valham alguma recompensa. — Ela deu seu melhor sorriso.
— Você está enganada, Dra. Haruno. Você é uma mulher muito inteligente e totalmente interessante.
Sakura ficou em silêncio, encabulada e sem resposta. Hisaya deu a volta na mesa, apoiando-se no móvel com uma mão e pousando a outra no encosto alto da cadeira de Sakura.
— Como estão as listas? Ainda falta muito? — Ele perguntou, olhando os papéis em cima da mesa, bem próximo a rosada. Ela pode inclusive sentir seu perfume amadeirado.
— Ah, sim, quer dizer, não… — Falou, um pouco atrapalhada com a proximidade. — Ainda não terminei, mas até onde pude ver, estamos praticamente cem por cento.
— Nossa, que bom! Pelos meus relatórios, também fiquei bem satisfeito com o nosso progresso.
Ele retrocedeu, voltando a ficar de frente para a Haruno, com a mesa entre eles.
— Sabe… eu acho que isso merecia uma comemoração. E também, nós temos trabalhado muito… precisamos de uma folga. O que você acha de sairmos pra jantar, Doutora? — Sakura arregalou os orbes esmeraldinos, porque ela não esperava e ficou totalmente sem ação. — Tudo bem se não quiser.. só pensei que eu poderia lhe apresentar um pouco a Suna… Já está aqui há quase um mês e só fica enfurnada neste hospital…
Sakura riu. Ele lançou-lhe um olhar curioso e intrigado.
— Desculpe, é que eu escuto muito isso lá em Konoha, dos meus amigos.
Sakura estava prestes a declinar do convite. Contudo, questionou-se se havia um motivo real para tal. E a verdade era que não havia nada. Não existia uma razão plausível para que ela não desfrutasse de uma noite agradável, em boa companhia.
— Sim, tudo bem. Eu topo jantar.
Aquela seria a última noite de Naruto e Kakashi em Sunagakure. Na manhã seguinte, partiriam rumo a Konoha. Todos os assuntos diplomáticos haviam se resolvido da melhor forma possível. A colaboração entre as duas aldeias ocultas ia de vento em popa e Naruto participara ativamente das negociações, demonstrando grande amadurecimento no que tange aos aspectos burocráticos e administrativos.
A dupla, juntamente com Gaara, estava reunida no cômodo que fazia as vezes de sala de estar na casa do Kazekage, numa espécie de despedida. Sakura e Sasuke encontravam-se em seus respectivos quartos.
— Vou chamar aqueles dois pra virem confraternizar.
Naruto foi em direção ao corredor onde estavam localizados os quartos.
Bateu à porta de Sakura.
— Já vai!
Após alguns minutos, ela saiu. Estava toda produzida.
— Nossa, Sakura-chan! Pra que toda essa produção? Nós não vamos sair não, só ficar por aqui mesmo…
— Eu não vou ficar com vocês hoje… — Ela disse, encabulada — Eu… eu vou jantar fora…
— Hummm… Com o Dr. Shigemoto?
— S-sim.
Ela desviou o olhar, ruborizada.
— Bom, então bom jantar! Parece que essa vai ser a noite dos meninos. Vou chamar o Teme.
Ele desviou para alcançar a segunda porta, mas antes que batesse, Sakura o chamou, hesitante.
— N-naruto…
— Sim, Sakura-chan?
— Você acha que estou fazendo errado?
— Não. O errado aqui é o Teme. Mas ele já é um adulto. Nós somos todos adultos. Você tem mais é que viver a sua vida mesmo, Sakura-chan.
Sakura sorriu. O Uzumaki lançou-lhe um sorriso cansado, de quem já não aguentava mais ver seu grande amigo fazendo burrada.
Sasuke estava sentado em uma das poltronas da sala. Não sabia como Naruto havia lhe convencido a sair do quarto, mas lá estava ele, mudo, enquanto Kakashi, Gaara e o Jinchuuriki riam e conversavam. Uma senhora aproximou-se e anunciou que o jantar estava servido. Todos se levantaram, com exceção do Uchiha.
— Esperem. Vocês não vão esperar a Sakura, pra comer?
Os três entreolaram-se, sabendo de algo que ele não sabia.
— A Sakura foi jantar fora. — Naruto respondeu, estranhamente seco.
Sasuke tentou entender o que havia nas entrelinhas. E chegou à conclusão de que aquilo só poderia querer dizer que ela estava acompanhada. Levantou-se. Os outros entenderam aquilo como um sinal de que poderiam prosseguir para a sala de jantar. Sasuke, que ia no fim da fila, logo atrás de Naruto, pigarreou, fazendo Naruto virar-se de volta para ele, enquanto os outros seguiram seu percurso.
— O que foi, Teme? — Eles podiam permanecer a maior parte do tempo afastados, mas Naruto sabia exatamente que aquela era uma forma pouco convencional do Uchiha chamar sua atenção.
— Por que você não me falou nada? Quando você foi me chamar no quarto, por que você não me falou que ela tinha saído?
Naruto deu de ombros e sorriu de uma forma que não alcançou seus olhos.
— Eu não te falei nada?!? Eu cansei de te falar e você ficar aí com essa cara de cu com caganeira. Agora aguenta o quanto eu vou te falar "eu te avisei" pelos próximos 70 anos. — Sasuke encarou Naruto com fúria. Como sempre, o Uzumaki não se deixou intimidar e retribuiu o olhar, com escárnio. — Ia adiantar te falar alguma coisa, se você é um grande covarde que vive com medo dos próprios sentimentos? Acho que não.
Assim, sem nem mais uma palavra, Naruto deu meia volta e foi juntar-se aos outros. Sasuke permaneceu parado e sem palavras.
A noite estava bem fria, até mesmo para ele, que estava acostumado. Sasuke saira das dependências do Kazekage e vagava ao léu. Não aguentaria olhar para Naruto e saber o quanto ele estava certo. Além de ser um idiota que cometera mais erros do que podia contar nos dedos, e graves, também era um grande covarde.
Só podia ser aquele médico. Sasuke implicará com o Kazekage, de início, só para depois descobrir que a verdadeira ameaça era aquele tipinho, que vivia à espreita, sempre lançando olhares compridos e sorrisos afetados. Ele procurava sempre estar presente, em meio aos dois, mas isso não evitava as tentativas de flerte do canalha. Sakura era muito profissional e não parecia retribuir, mas o doutorzinho era incansável.
Sakura escolherá algo mais adequado para o frio da noite no deserto daquela vez. Um vestido na cor vinho longo, de seda e mangas compridas e um xale preto. Shigemoto também estava muito elegante. Usava calça jeans com uma camisa de linho branco e blazer preto bem cortado por cima. Ele a levou a um belo restaurante de comida típica da região.
— Nada melhor do que conhecer um lugar pela sua comida.
— Sim, Doutor! Embora tenha vindo a Suna muitas vezes, não pude me aprofundar muito na culinária ainda.
— Por favor, Doutora, me chame de Hisaya. Aqui somos amigos, não apenas colegas de profissão.
— Tudo bem, Hisaya. Contanto que me chame de Sakura. — Ela ensaiou um sorriso pequeno.
— Claro, Sakura. Esse nome combina tanto com você… várias vezes quis testá-lo. — Os olhos gateados cravaram-se na Kunoichi, sem reservas — A propósito, não posso deixar de comentar o quanto você está linda essa noite. Mais ainda do que normalmente é.
Sakura ruborizou. Ele era tão direto… bem que podia emprestar um pouquinho disso para Sasuke. Não! Que droga estava pensando? Não tinha nada que pensar no Uchiha naquele momento. Fez uma careta de frustração.
— Algum problema, Sakura?
— Ah, n-não! É só que eu não sei receber elogios. Fico com vergonha.
— Pois deveria se acostumar. Deveria ter alguém em sua vida que lhe cobrisse de elogios. Todos sinceros, todos os dias.
A comida chegou e Sakura agradeceu por aquilo.
Tiveram um jantar muito agradável e conversaram muito. Hisaya Tinha um dom para puxar assuntos. Contou bastante da própria vida e também fez a Haruno falar um pouco da sua. Após o jantar, ele propôs uma caminhada. Havia uma praça, com uma grande estufa aberta ao público, planejada pelo próprio Kazekage, na qual eram cultivadas diversas espécies de flores e plantas, mas, em especial, flores tropicais típicas da região. Sakura estava encantada com tamanha beleza em meio àquele solo infértil.
Hisaya falou um pouco sobre as espécies, demonstrando certo conhecimento. Era belo. Seus cabelos tinham um lindo tom de roxo e os olhos eram tão límpidos, como um riacho tranquilo. Sua franqueza era desconcertante, mas bem vinda e seu pequeno cacoete de ajeitar os óculos era fofo. Então, por que diabos, cascatas negras e esferas ônix insistiam em cruzar seus pensamentos?
Sakura balançou a cabeça, para dispersar seus pensamentos inoportunos e voltar ao presente. Hisaya.
As pessoas o julgavam errado. Não demonstrar sentimentos não queria dizer que não os tinha. Ser frio e calculista em batalha não queria dizer que era sempre prudente. Talvez, Sasuke pudesse ser apenas um jovem impulsivo. Quando se tratava de amor, sempre o era.
E, mais uma vez, ele não estava ouvindo a razão. Vagara indolentemente, mas a verdade era que, inconscientemente, concentrava-se para sentir a assinatura de chakra dela. Com um salto do seu coração, ele sabia que havia encontrado.
Tudo indicava para a estufa no centro de uma praça. Aproximou-se da estrutura de vidro. Estava mal iluminado, porém ele pode ver o Shigemoto, falando. Quando mirou na direção em que ele olhava, a viu. Sasuke sentiu o coração parar por um segundo.
O vestido de seda brilhante adornava e acentuava perfeitamente as curvas suaves. O tom avermelhado refletia-se na pele saudavelmente corada. Pareceu-lhe a imagem de uma imperatriz e ele percebeu que tinha a boca entreaberta na ânsia de sorver o ar que a figura lhe roubara. O encantamento fez com que ele percebesse, muito tarde, o avanço predatório do inimigo.
O que lhe chamou a atenção foram as bochechas muito rosadas, em contraste com as esmeraldas, que estavam arregaladas em choque. O motivo era simples: o homem à sua frente havia aproximado-se demais. Envolvera-lhe a cintura e seus rostos estavam separados por poucos centímetros.
O Uchiha pegou-se numa oração silenciosa para que Sakura afastasse aquele homem. Seria em breve, logo ela mostraria as garras. Sim, dali a poucos segundos ela usaria toda a sua força bruta para mandá-lo pelos ares. A qualquer momento agora, ela gritaria "shannaro" e daria um belo de um gancho de direita. Só que não.
Shigemoto falava sobre as espécies de flores, até dizer que não havia nem ao menos uma que chegasse aos seus pés. No segundo seguinte, ele aproximara-se, contornando sua cintura com os braços e abaixando seu rosto, para compensar a enorme diferença de altura, de modo que seu rosto ficou tão próximo que Sakura pôde sentir sua respiração brincando em sua pele.
— Sakura… eu sei que moramos em vilas diferentes e somos de extrema importância para nossas respectivas aldeias, mas… — Sakura podia sentir o perfume de seu hálito e seus olhos tinham um aspecto de ouro liquefeito na penumbra — eu só queria que essa noite, pudéssemos nos permitir… esquecer de tudo e de todos. Viver o aqui e agora. Nós.
Os olhos dele escapuliram dos seus para focar em sua boca e, então, retornaram, em um pedido mudo de consentimento. Sakura estava confusa até o âmago, mas ela sentia que precisava disso, não por uma necessidade urgente, mas para tentar dar um rumo em sua vida. Sentia-se tão perdida… queria apenas alguma tábua de salvação para se apoiar em meio ao oceano de tristeza que a afogava. Fechou os olhos e entreabriu os lábios.
A boca dele era quente e molhada. Sakura não tinha muita experiência em beijos, mas deixou-se conduzir. Abriu os olhos um pouquinho, meio sem saber como se comportar e achou ter visto o rodopio de uma capa negrume afastando-se, mas cerrou os olhos, novamente, com força. Sua mente traidora não iria interferir naquele momento.
A Haruno estava na sala de estar do Shigemoto. Ele havia lhe convidado para tomar um drink e ela forçara-se a aceitar. Queria ser inconsequente um pouquinho, fazer as coisas sem pensar tanto, embora uma parte de sua mente gritasse que ela estava fazendo aquilo por motivos completamente errados. Ela abafava essa voz, porque, se a escutasse, criaria consciência de coisas que não queria saber.
Ele trouxe uma taça e ela bebeu, de um gole só, o conteúdo.
— Nossa, você estava com sede, hein?
Sakura sorriu pequeno e agarrou uma mão na outra. Elas tremiam, levemente.
Hisaya serviu uma dose dupla e entregou-lhe novamente, sentando ao seu lado. Encarava-a de perto, colocando uma mecha solta de seu cabelo atrás da orelha, com a ponta dos dedos.
Sakura fitava as próprias mãos. O ninja médico segurou seu queixo entre o polegar e indicador e forçou seu rosto para cima, fazendo com que seus olhos ficassem no mesmo nível. Eles se encararam por mais alguns instantes, até que ele lhe beijou novamente.
Os beijos sucederam-se por muitos minutos. O coração da Haruno pulsava forte, mas não pelo motivo certo. Estava com medo do que viria pela frente. Ele se afastou um instante, permitindo que ela tomasse mais um gole de sua bebida, sendo imitada por ele que, em seguida, pegou as taças para depositá-las sobre a mesinha de centro.
Avançou sobre a rosada mais uma vez, beijando-a com ímpeto, enquanto uma mão agarrava sua nuca e a outra, sua cintura. Logo, os lábios dele deixaram sua boca para acariciar seu pescoço.
Sakura estava nervosa, o que não lhe permitia apreciar apropriadamente as investidas. Havia uma batalha em sua mente. De um lado, sentia-se equivocada, enquanto outro afirmava que aquilo era natural, ela apenas devia parar de pensar muito e deixar-se levar.
O sinal de alerta soou, entretanto, quando ele levantou a barra de seu vestido, enfiando a mão por debaixo, tocando a pele de sua coxa de modo firme e subindo cada vez mais, enquanto a outra mão traçava um caminho perigoso em direção ao seio.
Antes, porém, que as mãos nada bobas pudessem alcançar seus destinos, Sakura afastou-o, com veemência e deu um salto do sofá.
Hisaya a olhou, bastante confuso.
— Desculpe-me, eu… eu não posso continuar… preciso ir embora.
O Shigemoto levantou-se, passando uma mão entre o cabelo, exasperado.
— M-mas por quê? Eu lhe machuquei? Lhe ofendi de alguma forma? Eu não quis…
— Não, você não tem culpa. Com licença, eu preciso ir.
Sakura trotou, em direção à porta, pegando o xale, que estava pendurado num cabide ali próximo.
— Por favor, deixe-me acompanhá-la! Está tarde e esta não é a sua aldeia…
— Não precisa se preocupar. Eu sei me virar sozinha.
Sem dar tempo para que ele respondesse, ela partiu, rumo à noite fria.
Seus olhos arderam, pelo vento gelado, que os assolava, e pelas lágrimas que segurava. Martirizava-se por não ter sido capaz de se libertar, mas ela não iria chorar. Não.
O que havia de errado consigo? Hisaya era um homem lindo, charmoso, maduro e inteligente! Será que haviam ido rápido demais? Mas que droga! Ela era uma adulta e a única virgem do seu grupo de amigas. Kami-sama, a Ino-porca me mataria se soubesse a covarde que fui. Vou morrer uma virgem encalhada.
Ela chegou às dependências do Kazekage sem nem ao menos saber como. Porém, antes que entrasse, escutou uma voz inconfundivelmente penetrante chamá-la.
— Sakura.
Por Kami, será que a virgem encalhada não tem um segundo de paz nessa Terra?
Ela virou-se em direção a voz e deu um suspiro profundo e cansado.
— O que você quer, Sasuke?
As feições duras pareceram um pouco chocadas, mas ela não sabia se estava imaginando coisas. Os olhos negros varreram-na de cima a baixo, como que em busca de algo.
— Estou esperando, Sasuke.
Ele fixou novamente o olhar no seu.
— Por quê? Por que me chama assim agora?
— Desculpa? Acho que não entendi…
— Por que não usa o presente que te dei?
Sakura o olhou, bastante surpresa, como se estivesse diante de um bicho estranho. Parece que as emoções da noite estavam longe de acabar. Sua face mudou de chocada para indignada.
— Você quer saber por que não te chamo mais de Sasuke-kun? Isso é muito simples de explicar. Eu quero enterrar qualquer ilusão de proximidade que eu tinha em relação a você. Pra que continuar me enganando, não é mesmo? Eu já me enganei uma vida inteira! Não preciso mais disso. E o seu pingente? É lindo, mas do que adianta usá-lo se quem me deu nem ao menos me olha nos olhos?
Sakura estava vermelha e ofegante. As palavras foram proferidas com uma raiva mal contida e ela tremia levemente, não de frio.
— Sakura, eu… me desculpe.
— Você já me pediu desculpa uma vez para, em seguida, ir embora e me deixar pra trás. Esse tipo de pedido de desculpas é irrelevante pra mim!
Agora as lágrimas extravasaram a represa e ela não pode mais contê-las. Odiava-se por isso, mas estava tão cansada de sentir o que sentia e não ser retribuída.
— É cansativo, sabe? Quando nosso sentimento é uma via de mão única.
— E, por pensar assim, você se entregou àquele médico?
Sakura notou um distúrbio nos olhos imperturbáveis. Ela mesma sentiu-se perturbada, já que não fazia ideia de que ele havia visto aquilo. Seus olhos arregalaram-se e ela soltou uma interjeição de choque.
— E-eu… eu não… — Mas a raiva estalou como uma labareda de fogo dentro dela novamente, suplantando o choque — E o que isso importa pra você? Nada, não é mesmo? Nós não somos nada além de antigos companheiros de equipe.
Ela virou-se para entrar, mas foi impedida mais uma vez. Dessa vez, não pela voz, mas pela mão que fechava-se em torno de seu braço. Aquele toque a queimou, mesmo por cima do tecido de seu vestido.
Quando virou o rosto, os olhos bem desenhados estavam tão próximos como poucas vezes estiveram.
— Eu sei que minhas desculpas de pouco valem e eu sou indigno. Indigno da amizade do Naruto, da preocupação do Kakashi e, acima de tudo, indigno de você. Mas…
— Mas?
Sua pulsação estava acelerada. Ela podia sentir o hálito quente batendo contra sua pele. Esqueceu qualquer frio que estivesse sentindo. Tudo nele era fonte de calor.
A mão em seu braço, o peito que descia e subia, depressa, demonstrando que ele também estava sendo afetado por seja o que estivesse acontecendo ali.
Sakura não entendia, entretanto a sua capacidade cognitiva estar desligada naquele momento não a incomodava. Fora o que buscara a noite inteira, mas só agora conseguia. Sasuke era lindo. Ao ponto de tirar-lhe o fôlego, principalmente de tão perto. Cada linha de seu rosto parecia ter sido pensada com muito carinho por algum artista. Era errado encarar tão descaradamente cada detalhe daquele rosto? Ela achava que não, afinal, quando teria uma oportunidade como aquela de novo?
Era tudo ou nada para Sasuke. Ele gostava de ter as coisas sob controle. E era isso o que mais o assustava em relação à Sakura. A capacidade dela de tirar-lhe o chão. De fazer-lhe perder as rédeas de tudo. Mas estava cansado de ser covarde. Sim, o baka do Naruto tinha razão mais uma vez, porém ele não queria mais continuar com isso. Ele iria perdê-la. Se não fizesse nada iria perdê-la. Era real. E quem poderia culpá-la?
Então fez o que o coração mandou. Não confiava tanto naquele órgão, todavia sabia que estava sendo injusto. O coração podia ser um bom conselheiro, se você fosse um bom ouvinte.
Afrouxou o aperto de sua mão no braço da rosada e subiu até a curva do pescoço esguio. Depositou os dedos em sua nuca e puxou seu rosto para ainda mais perto. Sentiu-se encorajado pelas esmeraldas brilhantes, que vasculhavam cada canto de seu rosto. Sua boca era naturalmente vermelha, como um morango maduro e nada mais importava, além de sentir seu verdadeiro sabor. Três centímetros. Dois. Um.
Primeiro, um toque, tal qual veludo. Depois, a pressão. E então o Uchiha não se conteve em passar a ponta da língua, timidamente, naqueles lábios. Sakura esperava há tanto tempo por aquilo, que não se fez de rogada e capturou aquela língua acanhada, roubando-a para si, provando, envolvendo, testando, chupando.
O moreno respirou pesado, dentro do beijo, e ela sentiu-se viva. Era o que buscava, era o que lhe faltava. O que lhe preenchia. Era gosto de lar, mesmo longe de casa.
A kunoichi levou as mãos ao rosto dele e acariciou os cabelos sedosos. O ato deixou Sasuke mais solto, mais atrevido e o fez arriscar-se a explorar-lhe de maneira mais intensa, arrancando-lhe um arquejo desamparado.
Após o tempo de uma vida, separam-se, buscando por oxigênio.
— Sakura, eu sou indigno e tenho problemas em me relacionar e demonstrar meus sentimentos, além do medo dessa maldição do meu clã me possuir novamente… mas eu quero. Eu preciso tentar. Quando essa missão acabar, vamos passar um tempo juntos? Nos reconectar, conhecer um ao outro a fundo. Tentar…
— Como?
— Viajar juntos. Quero te mostrar as coisas belas que vi. Diga que sim, por favor.
Sakura olhou bem no fundo de seus olhos e reconheceu um pouco daquele menino ferido, de anos atrás. Ela aceitou seu destino. Apesar de todos os pesares, não seria feliz nem completa sem ele.
— Sim.
~◇~
Hinata chegou em casa, da missão, já após o ocaso. As sombras tomavam conta da casa dos Uzumaki. Ela entrou, removeu a faixa em volta da cintura e aproximou-se do interruptor. A sala foi banhada pela luz artificial, porém, ali no sofá, o sol brilhou em plena noite.
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