- Eh?!? - Naruto arregalou os olhos, perguntando-se se ouvira direito.
Hinata, muito vermelha, pôs as mãos sobre a face, escondendo-se. Sua voz saiu abafada.
- D-desculpa!!! Ah, o que você vai pensar?!? E-eu só... A chuva... n-não quero... v-você...
- Calma, Hina! - Naruto disse, colocando as mãos sobre seus ombros. - tá tudo bem. Eu sei que você se preocupa... eu também, por isso acho melhor mesmo ficar aqui. De qualquer jeito, não ia conseguir dormir pensando em você sozinha aqui.
Hinata afastou as mãos do rosto, porém continuou olhando o piso. Naruto segurou seu queixo entre o polegar e o indicador e puxou para cima, fazendo-a encara-lo. Aproximou seus rostos e deu um beijinho na ponta de seu nariz, sorrindo para ela em seguida. Mais tranquila, a Hyuuga devolveu o sorriso.
- Só tem uma coisa. Com toda a segurança em volta da casa, vão notar que eu passei a noite aqui e o seu pai vai desativar minha corrente de chakra definitivamente...
Hinata fez um O perfeito com a boca, tapando-a em seguida com a mão.
- Não tinha pensado nisso... Talvez se eu explicar pro papai que foi por causa da chuva, ele entenda...
- Duvido muito, acho que não vai dar tempo. Antes de qualquer explicação, ele me mata. - Naruto falou, com um sorriso amarelo.
Os dois ficaram em silêncio por um momento, pensativos.
- Bem, eu tive uma ideia...
- Qual, Naruto-kun?
- Eu posso criar um clone e mandar ele pra casa em meu lugar. Assim eles vão me ver indo embora.
- Sim, é isso!
Naruto posicionou as mãos no conhecido selo.
- Kage Bushin no Jutsu!
Poof!
Um clone surgiu.
- Oi, Hinata! - o clone cumprimentou a garota, todo sorridente.
- O-oi, Naruto-kun...
- Ei, isso não é hora de ficar paquerando a Hinata! - O original falou, emburrado - Preciso que você vá pra casa, pra que os guardas te vejam e não desconfiem que eu fiquei aqui.
O clone olhou pra janela, de onde diversos clarões irrompiam, seguidos de trovões.
- Deixa eu ver se entendi. Você quer que eu vá embora, debaixo desse dilúvio, enquanto você fica aqui, no bem bom, com a Hina?
- Bem, basicamente é isso.
O clone cruzou os braços, virando o rosto para o outro lado, não sem antes demonstrar uma expressão furiosa.
- Hmpf! Não vejo o porquê eu deva fazer isso.
- SEU IDIOTA! - Naruto vociferou.
- Calma, Naruto-kun... - Hinata tentou apaziguar.
- Baka, vou te dar um excelente motivo. - Naruto retomou a palavra. - Caso você não vá, o pai da Hinata me mata. E comigo morto, você deixa de existir definitivamente!
O clone pareceu ponderar por um tempo, mas ainda não havia se dado totalmente por vencido.
- Eu posso ir, mas com uma condição.
Naruto fechou os olhos, colocando os dedos na ponte do nariz, tentando manter o pouco de paciência que lhe restava.
- E qual seria? - perguntou, numa voz grave e ameaçadora.
O clone não se deixou intimidar.
- Que a Hinata me dê um beijo antes de eu ir.
Hinata, que até então assistia a tudo atônita, corou, voltando a olhar pro chão e retomando o gesto com as pontas dos indicadores. No entanto, percebendo que o Naruto ao seu lado estava a ponto de perder a cabeça, segurou seu braço, dizendo.
- Calma, Naruto-kun. Coitado, ele vai precisar pegar toda essa chuva... - e então, virando-se em direção ao clone - Pode ser um beijo no rosto, sim?
O clone corou um pouco, parecendo, pela primeira vez, um pouco desconcertado.
- O-ok, tudo bem...
-Então vamos logo com essa baboseira! - O original apressou, com os braços cruzados.
Hinata se aproximou, hesitante e aproximou os lábios da bochecha do outro. Entretanto, na última hora, o clone virou o rosto, fazendo com que seus lábios se tocassem num selinho.
A garota se afastou surpresa, enquanto o clone saiu correndo em direção à saída, com o original em seu encalço, soltando xingamentos.
- Naruto-kun, se você sair atrás dele, todos vão perceber!
Naruto parou, abruptamente. O clone saiu, batendo a porta atrás de si. Hinata foi até as janelas, fechando as cortinas, para que ninguém visse o Naruto original ali dentro e ativou o byakugan.
- Será que eles não vão para-lo pra checa-lo, antes de ele sair?
- Acredito que não, só se eu estivesse junto. Mas estou verificando.
Hinata observou, através das paredes e telhado. Primeiramente, em busca dos ninjas de elite.
- Estou vendo dois ANBUs sobre os telhados. Eles estão observando seu clone, mas não parecem alarmados. - ficou em silêncio por alguns segundos. - Sim. Eles não estão seguindo ele. Voltaram a observar os arredores.
Hinata posicionou os olhos então em direção ao local onde Naruto imaginava ficar a entrada do distrito.
- O clone cumprimentou os guardas. Eles estão acenando pra ele. - ela desativou seu doujutsu. - Tudo ok! Ele conseguiu sair sem problemas.
- Que bo... atchim!
O tempo estava esfriando cada vez mais, e a roupa que Naruto usava, além de úmida, não oferecia proteção ao frio.
- Naruto-kun, eu vou preparar um banho quente pra você. Espero que não se resfrie. Mas, antes, vou fazer um chá, pra você tomar enquanto espera.
Naruto não queria dar trabalho, mas era impossível não sentir seu coração aquecer ao se ver sendo cuidado por alguém. Após ter tomado o chá, Hinata pediu que ele a acompanhasse. Eles subiram os degraus da escada que dava acesso ao pavimento superior. Entraram por uma porta e o rapaz se viu em um quarto muito bem arrumado, decorado em tons delicados e de forma simples, porém muito aconchegante. Havia uma cama no centro, ladeada por um criado mudo, de um lado, e uma cômoda do outro. Uma janela e uma porta na outra parede.
- E-esse é o meu quarto... Seja bem vindo... Vou preparar seu banho, espere um pouquinho, por favor.
Ela entrou pela outra porta. Naruto aproximou-se da cômoda, atraído por um porta-retrato que ali se encontrava. Era a família Hyuuga: Hinata e Hanabi, no centro, ladeadas pelo Sr. Hiashi e Neji. Uma pontada de dor atingiu o peito de Naruto, relembrando o amigo que se sacrificara para lhe proteger. A foto parecia ter sido tirada pouco antes do início da quarta guerra ninja. O semblante de todos estava sereno.
Havia outros objetos sobre o móvel. Alguns bibelôs, uma escova de cabelo, agulhas de tricô e um novelo vermelho. Talvez a namorada ainda não tivesse desistido de lhe presentear, afinal. A gaveta estava entreaberta e deixava à mostra algo que parecia ser um cachecol. Curioso, para saber se ela estava empenhada naquele difícil empreendimento mais uma vez, ele abriu a gaveta mais um pouco e retirou o que já era metade de um cachecol vermelho. Feliz, por saber que em breve seria presenteado, sem nada para estragar seu presente dessa vez, ele rapidamente retornou o objeto ao lugar, mas não sem antes reparar nas outras peças que ali jaziam. Pequenas e delicadas peças de algodão. Naruto corou violentamente ao perceber do que se tratavam: as peças íntimas de Hinata. Naquele momento, ouviu o barulho do girar do trinco do banheiro. Rapidamente, fechou a gaveta e sentou-se na cama, desajeitado, tentando agir naturalmente. Hinata saiu do banheiro vestida num pijama de flanela, mangas longas e calças compridas.
- Pronto, Naruto-kun, você pode ir tomar seu banho. Não precisa ter pressa, enquanto isso, eu vou arrumando o futon pra você - então ela notou a cor em sua face e a forma desajeitada como estava sentado. - Você está bem?
- S-sim... E-eu... melhor ir tomar banho!
E levantou-se apressadamente, entrando no banheiro como um raio e batendo a porta atrás de si. Hinata preocupou-se, achando que talvez ele pudesse estar com febre e não queria que ela percebesse.
No banheiro, havia um ofurô à espera do ninja. Ele despiu-se e entrou na água, que exalava vapor. A temperatura estava agradável e ele sentiu-se aquecido. Estava sentindo-se muito culpado por haver espiado as coisas de Hinata. No entanto, uma vozinha em sua cabeça ousou dizer que aquilo não era nada demais, já que agora eram namorados e, mais cedo ou mais tarde, teriam esse tipo de intimidade. Quando percebeu seus próprios pensamentos, Naruto sentiu-se horrível. Logo ele, que criticara tanto o Ero Sennin, agora estava mais parecendo Jiraya falando. Infelizmemte, o estrago estava feito e agora a imagem das calcinhas não parava de rondar sua mente, assim como o rubor não deixava a sua face.
Hinata arrumou um futon, ao lado de sua cama, e voltou à sala para ver se as roupas de Naruto estavam secas. Infelizmente, mesmo próximas ao fogo, continuavam muito úmidas, então ela não teve outra escolha se não ir até o quarto de seu pai, para pegar um pijama emprestado. No dia seguinte, ela lavaria e deixaria de volta no local, da mesma forma, para que seu pai não notasse nada. Retornou ao seu quarto, segurando o pijama. Porém, antes mesmo de tocar na maçaneta para entrar, a porta foi aberta e a garota deparou-se com uma visão totalmente inesperada. Quase desmaiou. Naruto estava lá, apenas com uma toalha amarrada à cintura. Os cabelos molhados, o torso completamente nu, os músculos talhados: bíceps, tríceps, peitoral, os gomos do abdômen... A kunoichi teve uma pequena vertigem e largou a roupa que carregava. Naruto adiantou-se para ela.
- Hinata, o que foi? Você está bem?
- S-sim... f-foi só uma t-tontura...
- Eu chamei você, mas você não respondia... Fiquei preocupado... então eu saí pra ver o que tinha acontecido... Desculpa se te assustei...
- N-não, t-tudo bem... - a garota disse, absurdamente corada e o olhar fixo no piso do próprio quarto. Então ela percebeu que soltara o pijama e se abaixou para pega-lo. O Uzumaki tivera a mesma ideia, então suas cabeças acabaram se chocando no movimento. Massagearam a testa, mas acabaram rindo de seu infortúnio. Naruto respirou aliviado, pois o clima havia ficado estranho e aquilo servira para descontrair. Consciente de quê apenas um pequeno pedaço de tecido o cobria, levantou-se com cuidado, para não deixar nenhuma parte íntima à mostra. Estendeu a mão para a namorada, ajudando-a a levantar. Hinata continuava desviando o olhar e estendeu a muda de roupa que tinha nas mãos em sua direção.
- Suas roupas ainda estão bem molhadas. Eu trouxe isso pra você vestir. - dizia muito rápido, com o rosto totalmente virado para o lado.
Naruto pegou o pijama e voltou ao banheiro, sem nada dizer. Diferente do que pensara, o clima continuava constrangedor e era sua culpa, por ter saído só de toalha. Hinata devia estar o achando o maior pervetido.
Enquanto Naruto se trocava, Hinata sentou-se na beirada da cama, com as pernas bambas. Não sabia o que dera nela. Claro, era constrangedor ver alguém só de toalha, mas não era apenas isso. Quando viu o corpo de Naruto, ela... Achou-o muito bonito e... Sentiu algo estranho. Não saberia explicar. Sentia seu corpo quente, apesar do frio, e o rosto mais parecia uma beterraba em fúria, de tão vermelho. Pôs a mão sobre o coração, que retumbava em seu peito. Não queria mais pensar sobre aquilo, embora fosse difícil esvaziar a mente e esquecer aquela visão.
Naruto saiu do banheiro, já vestido no pijama, e chamou por Hinata, que sobressaltou-se ao ouvir sua voz.
- Hinata, me desculpe por sair só de toalha... é que eu me assustei quando chamei e você não respondeu... então, não pensei direito, apenas me enrolei na toalha e saí pra te procurar.
- Não, Naruto-kun, não tem problema. - a garota respondeu, ainda sem encara-lo.
- Mas eu sei que você ficou chateada. Nem quer olhar pra mim...
- Não é isso! - ela se levantou, de supetão e pôs-se a frente dele, finalmente olhando-o nos olhos - Por favor, é s-só que e-eu não estava esperando...
- Tudo bem, me desculpa mais uma vez! Vamos dormir, eu sei que você está com sono.
Hinata sorriu para ele e encaminhou-se ao interruptor, para desligar a luz. O quarto ficou mal iluminado, pelo pequeno abajur sobre o criado-mudo. A kunoichi foi para sua cama, enquanto o shinobi agachava-se para deitar no futon. Aconchegaram-se, em seus respectivos leitos e cobertores.
- Boa noite, Naruto-kun.
- Boa noite, Hinata.
- Posso desligar o abajur?
Repentinamente, Naruto lembrou-se de quanto tempo fazia que os dois não se beijavam. Ele fora até ali, direto de sua missão, por baixo de chuva, só para vê-la e sentir os lábios que tanto ansiara durante aqueles dias que passaram arrastando-se. Permanecera ignorante por muito tempo, mas, agora que os provara, seu gosto não saia de seus pensamentos. A atmosfera estava tão densa, após o incidente com a toalha, que poderia ser cortada com uma kunai. Porém, o desejo era mais forte.
- Hinata?
- Sim?
- Será que... a gente poderia... d-dar um beijo, de boa noite?
O quarto só não se fez mais silencioso por conta da chuva e trovoadas lá fora. Naruto teve vontade de bater-se, por ter feito aquele pedido tão fora de contexto, após ter se comportado igual a um pervertido, andando semi nu por aí. Estava prestes a pedir desculpa mais uma vez, quando viu a garota se levantar de sua cama.
- S-sim...
O herói levantou-se, envergonhado, porém, havia algo mais forte que o impulsionava a não perder a oportunidade.
Eles ficaram frente a frente. Hinata ainda estava envergonhada, olhando para baixo. Naruto não queria força-la a nada, então ficou apenas a observando, impossibilitado de se aproximar ou toca-la. No entanto, após alguns segundos, Hinata ergueu os olhos por conta própria, fitando-o, com uma expressão corajosa. Naruto aproveitou para chegar mais perto e sorver todos os detalhes de seu rosto. A franja, tão negra e sedosa. Os olhos amendoados, de longos e espessos cílios, com pérolas lilases que brilhavam como joias reais. O nariz, delicado e fino, adornado pelo rubor que caia tão bem na pele de marfim. A boca que, nos últimos tempos, preenchia seus sonhos. Uma boca de lábios tão macios e quentes! Seu coração batia tão forte, que confundia-se com o barulho dos trovões do lado de fora.
Dentro de Hinata, havia uma confusão de sentimentos. Vergonha, a lembrança da visão de seu corpo e, ao mesmo tempo, vontade de sentir o toque dele. Os olhos azuis como o mar pareciam percorrer sua face, até pousarem em seus lábios. Sempre que isso acontecia, despertava em Hinata um desejo enorme de receber o seu contato. Mas ele parecia hesitar. Talvez aguardasse algum sinal, o que era complicado, devido à sua timidez. Mas ela queria. Muito.
- Naruto-kun, eu senti sua falta. - foi tudo o que pôde dizer.
Sem conseguir resistir mais, após essas palavras, Naruto tomou-a nos braços, envolvendo sua cintura e puxando sua nuca, com as mãos. Pressionando seus lábios com certa força e urgência, girando o rosto para permitir-lhe um acesso completo. As mãos inseguras de Hinata tocaram de leve seus ombros. Naruto desceu a mão que estava em sua nuca para suas costas, pressionando-a contra si, o que fez com que ela passasse os braços por cima de seu ombro, envolvendo seu pescoço. Esse movimento permitiu que seus corpos se tocassem amplamente, o que aumentava o nível de adrenalina correndo por suas veias. Sem perceber, aquilo fez Hinata suspirar dentro do beijo, o que arrepiou Naruto da cabeça aos pés. Em resposta, Ele sugou a língua da namorada de forma intensa, enquanto acariciava suas costas.
Separaram as bocas, respirando profundamente, em busca de ar, ainda abraçados.
- Eu também senti sua falta, você não sabe o quanto...
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