História Aqueça o Submundo - SH - Are buried in the past forever

AQUEÇA O SUBMUNDO

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34

O mundo está se aproximando
…
Leve-me à magia do momento
Em uma noite de glória
Aonde os filhos do amanhã sonham
No vento da mudança
…
São enterrados no passado para sempre

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Após o jantar, Sasuke cobriu o filho com o edredom por conta do frio intenso que fazia no Submundo. Contente e quentinho debaixo da coberta, Akio envolveu a mão grande do pai, levando ao seu rosto, fazendo os olhos negros do Uchiha se abrirem um pouco mais, sentindo uma certa emoção se apossar do seu corpo. Hinata havia os deixado a sós, para que tivessem realmente um momento  de pai e filho, e ele agradecia tanto pela esposa ser tão atenciosa e o encorajar constantemente.

Devagar, o menino removeu o edredom, puxando Sasuke para que deitasse consigo, e embora em choque e assustado com tudo aquilo, pois sequer sabia lidar com o turbilhão de emoções ao mesmo tempo, apenas deitou e sentiu quando o corpinho pequeno e infantil do filho se aconchegou no seu colo. Manhoso, Akio descansou o rosto na curva do seu pescoço, amando a sensação de proteção que seu pai lhe proporcionava. Madara mentiu. Madara estava errado. Madara não era honesto. Madara que era o mau.

— Papai..— o menino chamou, ouvindo um murmúrio de Sasuke — Como você e a mamãe se conheceram?

Surpreso pela pergunta, Hades acaricou os fios negros do filho, sentindo-se nostálgico com aquelas lembranças. No entanto, já haviam extrapolado o horário do pequeno Uchiha, então a história ficaria para a próxima. — Posso contar outro dia? Se você passar do horário de dormir, sua mãe não vai gostar.

— Mamãe não vai se importar, papai. — Ele direcionou os olhinhos pretos brilhantes, querendo pegar o emocional de Sasuke, mas não funcionou. — Você tem medo da mamãe, não é, papai?

Com as sobrancelhas arqueadas, Sasuke franziu os lábios pela pergunta correta. Sua esposa era um amor, um doce, delicada, mas honestamente, ele já havia sentido a fúria dela uma vez, tanto que não se daria ao luxo de outra amostra. Hinata assumindo a pose de deusa raivosa não era uma experiência muito boa. — Podemos dizer que sim. — confessou. — Você quer deixar a sua mãe zangada? Eu não.

Akio riu sapeca, deixando um beijinho do rosto de Hades. — Então eu já vou dormir pra não deixar a mamãe zangada e nem fazer com que ela brigue com você.

— Ótimo, bom garoto. — Dizendo isso, Akio voltou para debaixo das cobertas, amando aquela maciez É quentura.

— Papai? — Ele chamou baixinho, levantando o edredom até o nariz, o cobrindo como se estivesse envergonhado — Eu..Eu a..amo você e a mamãe.. — Sasuke sentiu o coração bater mais forte no peito — Vo..Vocês são bons pra mim, me dão comida, banho, brincam comigo..e me dão carinho. Eu me sinto amado, e..nã..não quero ir embora.

— Ei..— mesmo que estivesse atordoado, Sasuke se aproximou, levando as mãos ao rostinho infantil, limpando as lágrimas que já caíam — Você não vai embora. Ficará conosco até o dia que quiser, ok?

— Eu não vou embora? — Akio fungou mais aliviado.

— Não. — Sasuke sussurrou de forma mansa, querendo acalmar o filho. — Agora descansa. Amanhã iremos tomar café com Deidara, Obito e as harpias, certo?

— Uhum! — Akio concordou mais animado — quero muito conhecer eles!

Se pondo de pé, Sasuke olhou carinhoso para o ser que era a sua cópia — Boa noite, filho..

— Boa noite, papai. — O menino murmurou sonolento, virando o corpinho para agarrar um travesseiro.

Da porta, Hades encarou o filho emocionado. Agora o seu medo de perder mais alguém havia aumentado, mas também aumentava a sua vontade de ficar mais forte para proteger sua família. E ele não deixaria que ninguém destruísse o bem mais precioso de sua vida.

~•^•~

Na madrugada fria e úmida do Submundo, Hinata despertou sentindo falta dos braços calorosos do marido. Erguendo o rosto, as pálpebras piscaram tentando se focar, deparando-se com as costas largas e desnudas de Hades, que estava encostado no parapeito da varanda, com um olhar distante. Estranhando aquilo, Hinata saiu das cobertas, pondo os pés pequenos sobre o tapete felpudo, sentindo o vestido de seda deslizar pelo seu corpo até os tornozelos. Levando as mãos ao cabelo, a mulher o colocou atrás da orelha, pousando as mãos nos seios fartos.

Caminhando até o marido, Perséfone percebeu uma certa preocupação no semblante dele, e querendo descobrir o que havia acontecido, o abraçou, sentindo os músculos das costas fortes rígidos. Carinhosa, Hinata deixou um beijo ali, olhando para cima, ouvindo um suspiro do esposo. — Deveria estar descansando. — A voz grave de Sasuke soou.

— Você também. — Rindo, a morena se colocou na frente dele, ainda agarrada ao tronco forte — Não está com frio? Aqui fora está congelando.

— Estou acostumado. — Ele respondeu, levando a mão ao rosto delicado, passando o polegar lentamente pelos lábios cheinhos. — Vem cá.

Hinata não precisou falar, ficou na ponta dos pés o envolvendo pelo pescoço, colando os lábios nos dele, sentindo as mãos grandes e grosseiras deslizando e intercalando entre a sua cintura e o quadril arredondado. Enquanto se deliciava nos lábios finos do marido, sentia-o aperta-la, provocando, sugando a língua, a envolvendo naquela dança gostosa e quente. Chupou o lábio inferior dela, voltando a enfiar a língua na cavidade morna, sentindo todo o corpo feminino colado ao seu.

Abandonando os lábios dele, Hinata os moveu deixando um beijo no queixo aristocrático, para então pousar a mão sobre a marca de união deles, sentindo as batidas calmas do coração de Hades. — Que tal me contar o que está acontecendo? A insônia voltou?

Sasuke tinha um péssimo sono, e Hinata sabia que ele não dormia como deveria, passando noites em claro.

— Estou preocupado..— ele confessou a apertando mais nos braços fortes, como se ali ele pudesse protegê-la de todo mal.

— Quer me contar? — Perséfone questionou, descansando o rosto no peitoral masculino, suspirando agora, preocupada.

— Algo está errado. — Sasuke murmurou, perdendo o olhar no horizonte, podendo ver os muros altos do seu território. — Está quieto.

— Você acha que ele virá atrás de nós? — Hinata indagou, sentindo-se mal só em pensar na sua família se despedaçando novamente. Sasuke, Akio e ela já haviam sofrido tanto, eles mereciam uma trégua. Mereciam que os deixassem em paz. Por que algumas pessoas achavam que poderiam ter o controle da vida alheia? Seria tão mais simples se cada um vivesse os seus próprios sonhos. — Ela pensou.

— Sim. — Sasuke foi sincero, ainda com o olhar fixo acima dos muros. Algo estava muito errado. — Vamos entrar.

— O Submundo é seguro. — Hinata disse, segurando a mão dele — Querido, você sabe disso melhor que eu. Acha mesmo que seu pai seria louco o suficiente para atacar onde ele estaria em desvantagem? Seria suicídio.

— Madara não mede esforços para conseguir o que quer. — Sasuke a observou subir na cama, para então ele próprio sentar, escorando as costas na cabeceira acolchoada. Apenas a luz azulada da lua atravessa a fina cortina, iluminando o quarto minimamente. — Ele seria capaz de sacrificar qualquer pessoa, porque não se importa.

— Querido..— Hinata chamou, se aproximando para deitar sobre o peitoral másculo, os cobrindo com o edredom quente. — Escute, não importa o que aconteça, nós sempre estaremos juntos.

Hades assentiu, deixando um beijo suave na franja farta, sussurrando: — Agora descansa.

— Só se você também descansar. — Doce, Perséfone acaricou a face bonita que ainda carregava uma preocupação visível. — Eu amo você e me preocupo com o seu bem estar.

— Eu aprecio isso, vida. — Sasuke murmurou, deixando mais um beijo nos lábios cheinho — Vem..— com cuidado, a aconchegou no seu corpo, sentindo Hinata mais leve com aquele ato carinhoso. Mesmo preocupado, ele se convenceu que o melhor era realmente dormir, mas com o passar das horas, chegou a conclusão que não conseguiria até que verificasse, e foi o que fez.

Se certificando que sua esposa dormia profundamente, Sasuke a deitou no outro lado do colchão, calculando que não demoraria. Contudo, cuidadoso, deixou a cama e andou até a varanda. As asas negras como a noite se abriram, e num só movimento, Hades já estava no ar, olhando todo o seu território gelado com precisão. Aquele incômodo não o deixava por nada, e quando pousou no grande muro, olhou para baixo vendo um completo breu. Fechou as pálpebras, e quando voltou a abrir, as íris estavam vermelhas como sangue.

Sasuke varreu todo o território com sua visão, ficando ainda mais atormentado por não conseguir ver nada fora do normal. No entanto, aquela presença estava tão viva, que sequer conseguia explicar. Talvez estivessem em maus lençóis, talvez ele devesse se preparar.

Uma nova batalha se aproximava.

                                        ~•^•~

— O que? — Escandaloso, Deidara berrou aos quatro ventos, recebendo um olhar de reprimenda da ruiva.

— Mixi, mixi..— Clotilde ficou corada, pousando no ombro de Karin — Mixi, mixi, mixi, mixi..!

A comandante havia chegado no castelo junto de Darui, que conversava com Obito sobre algo sigiloso. A sala de jantar estava cheia de anjos dos mais importantes, desde os oficiais ao general. Hades havia os convocado na noite anterior para a apresentação de Akio como herdeiro do Submundo, e todos estavam ansiosos para conhecer o seu príncipe e dar as boas vindas que ele merecia. O boato que Akio estava nas mãos de Madara nesses séculos corria como o vento pelo local, e os anjos sentiam-se mal por uma criança tão pequena já haver sofrido tanto.

A sala era enorme, tendo 25m por 30m de largura, com uma mesa de 15m para o café da manhã que seria servido.

— Clotilde, por Hades, você está me envergonhando..— A ruiva murmurou com a fala depravada e manhosa da harpia. — Neji é tudo o que dizem sim, mas não podemos ficar juntos.

— Mixi, mixi...— Margareth olhou feio para Clotilde, a chamando de sem vergonha.

— Ai, amiga..— Deidara se aproximou, pegando a mão da ruiva — Conte os detalhes, please. Como foi dar para o deus da paixão?

— Dei..Deidara! — Karin ficou tão vermelha quanto seu cabelo. — Ashi, por que eu fui contar justo pra você?! — lamentou.

— Porque sou um arraso, dou os melhores conselhos e sou divertidíssimo! — se gabou, mexendo nas madeixas loiras.

— Mixi, mixi..— Clotilde sussurrou com deboche.

— Como assim cuidado pra não cair? Ora, sua harpiazinha. Me respeite porque eu sou tudo e mais um pouco..— jogou beijinho para Clotilde, que revirou os olhos.

No entanto, chamando a atenção, a família Uchiha entrou no campo de visão dos presentes, e eles estavam tão imponentes, que rapidamente os súditos fizeram reverência saudando o seu rei e sua rainha, mas agora, havia o pequeno Akio que exalava nobreza junto aos pais. Apressadas, as harpias se posicionaram nervosas, pois era a primeira vez que viam o jovem príncipe e queriam que tudo fosse perfeito. Seu senhor havia sido muito claro, então elas fariam mais que o necessário para que fosse perfeito.

Acanhado, Akio segurava nas mãos dos pais, recebendo olhares carinhosos e cheios de admiração. Ele pôde sentir com fervor o quão gentis eram aquelas pessoas que estavam ali, e não sentiu medo. Seu papai estava certo quando disse que todos faziam parte da família, e que família não fazia mal mesmo que não tivessem o mesmo sangue. Emocionado de finalmente ver aquele ser que parecia tão frágil, Deidara envolveu a mão do seu marido, sentindo o rosto molhar com as lágrimas.

O loiro cuidaria de Akio com sua vida, e já sentia um carinho sem igual pelo menino.

Sorridente, Hinata ostentava um vestido azul marinho colado ao corpo curvilíneo, com algumas pedrarias nos ombros, no qual descia um tecido da mesma cor até o chão, digno da rainha que era. O anel de noivado junto a aliança brilhavam em seu dedo, e tudo nela exalava elegância. Já Hades continuava com suas costumeiras vestes negras, embora aquelas fossem bem mais requintadas, com alguns detalhes em ouro branco no colete que carregava o símbolo Uchiha.

A capa imperial balançou, deixando a presença do deus mais imponente. Akio se vestia com roupas semelhantes às do pai, mas não havia uma capa, embora ele também quisesse uma. Sasuke, naquelas poucas semanas havia se tornado o seu herói, o pai que ele sempre quis ter.

— Muito bem — Hades disse, constatando que todos estavam olhando para si — Hoje é um dia extremamente importante para o Submundo. Vocês todos fazem parte da minha família e me acolheram, acreditando que eu poderia tornar este lugar os seus lares. Agradeço pela confiança, e continuo a manter minha promessa de lutar por cada um, se estiverem dispostos a fazer o mesmo por mim. — Hinata sorriu, orgulhosa de estar ao lado de alguém tão nobre e íntegro como Sasuke.

— Vosso rei tem nossa palavra. — Obito, o general falou por todos. Cada anjo do Submundo admirava Hades, e sobretudo, sentiam-se honrados por tê-lo como seu deus. 

— Obrigado. — Sasuke era alguém de poucas palavras, mas pela aquela gente, que era o seu povo, tentaria expressar sua gratidão, e aquilo era o mínimo. — Vocês já conhecem minha esposa Hinata, e sabem o que todos nós passamos. — Hades incentivou a mulher a dar um passo a frente — Ela é a minha rainha, e voltou ao lar ocupando um posto que sempre pertenceu a ela.

Animados, os anjos bateram palmas, contentes e cheios de amor ao verem as bochechas da Uchiha vermelhinhas. Ninguém se perguntava como ela amava Sasuke, pois eles conheciam o seu senhor muito bem para saberem que com ela, ele era alguém completamente diferente. Hades fez uma amostra grátis do que poderia se transformar se alguém tocasse a sua esposa, no episódio Kakuzu.

Ninguém gostaria de ver aquilo novamente.

— Obrigada. — Doce, Hinata sorriu para os oficiais ali presentes, criaturas e anjos negros. — Mas hoje a atenção será exclusiva no nosso filho. — A criança estava atrás de Sasuke, agarrado a perna direita do pai. — Meu amor, vem..— A mulher estendeu a mão, convidando o menino.

Akio olhou para cima, querendo que Sasuke o acompanhasse, e foi o que o pai fez. Envolvendo a mão do filho, deu um passo a frente, observando Hinata pegar na outra mão disponível. — Creio que vocês também já devem saber que o nosso filho permaneceu com Madara..— Os presentes engoliram em seco, afinal, não gostavam de Cronus — Minhas memórias foram inibidas, então muitas coisas não estão tão claras para mim. Mas este é o nosso filho, fruto do meu amor com Sasuke.

O Uchiha sorriu minimamente, o que não passou despercebido por ninguém. O olhar sereno e cheio de orgulho do deus do Mundo Inferior alcançou Hinata, e então o anúncio veio forte, fazendo alguns raios cortarem o céu avermelhado: — Lhes apresento Uchiha Akio, o herdeiro do Submundo!

Assobios, palmas e risadas soaram na grande sala de jantar, mostrando como todos estavam contentes com o anúncio. Cérberus no lado de fora da janela, latiu feroz, todo animado. Deidara ainda se debulhava em lágrimas, sorrindo abertamente, e as harpias fungavam no parapeito das janelas, todas emociadas pela volta do seu príncipe. Todos sentiam que as coisas voltavam ao seu lugar de origem, e desejavam que aquela paz reinasse por muitos séculos.

— Você é um príncipe, meu amor! — animada, Hinata se abaixou, abraçando o filho que agora finalmente entendia o que estava acontecendo.

— Diante disso, comecemos o nosso café de comemoração! — Hades finalizou, vendo as harpias se posicionarem para servir as pessoas.

— Akio! — um loiro afoito chegou gritando — Eu sou Deidara, o seu novo titio! — o menino arregalou os olhinhos negros — Titio vai ensinar muitas coisas pra você, e ah, aquela macaca velha ali também — O ser elétrico apontou para Clotilde, fazendo o menino rir timidamente — Você vai gostar muito de funk, tenho certeza. Vou ensinar você a dançar e...— Deidara sentiu um frio na espinha, com o olhar mortal de Sasuke sobre si — Se seu pai não me matar antes, é claro.

— O que é fun..funk? — O menino murmurou curioso.

— Ah, pode deixar que o titio vai apresentar tudo pra você! — novamente, aquele frio na espinha — É, de novo, se seu pai não me matar antes..

Hinata caiu na gargalhada, se agarrando ao braço do marido que estava com uma cara de poucos amigos.

E naquele clima amistoso, havia um Rock Lee nos portões do Submundo implorando aos guardas para ver Hades, e quanto mais ficava ali, mais sentia que algo muito estranho acontecia.