E talvez um dia nós nos encontremos
E iremos conversar e não apenas falar
Não acredite nas promessas
Porque eu não as cumpro
E minha reflexão me incomoda
E aqui vou eu
Same Mistake, James Blunt
***
—Você não pode está falando sério Shikamaru! –O loiro encarava o amigo atônito. Á duas horas permaneciam dentro do escritório da prefeitura discutindo sobre a campanha do loiro, e a pouco o Nara lhe dera uma notícia desgostosa.
—Por que eu mentiria sobre isso? –O moreno encarou o amigo, estava cansado de ter essa conversa. Em um mês não conseguira avançar com aquela campanha e estava sendo uma tremenda perca de tempo em que ele poderia está dormindo ou com sua amada esposa e filho.
—Isso é um absurdo! O que meus problemas pessoais têm haver com politica? –O loiro andava de um lado para o outro, sua vontade era de jogar tudo que tinha na mesa para bem longe, mas seu pai odiaria saber que ele destruíra o gabinete.
—Você é idiota ou o que? Está nos Estados Unidos, aqui tudo importa para uma vida na política. Com quem anda, com quem já andou, com quem se deitou, com quem deixou de se deitar, se é homem ou se é mulher, seus desafetos e amores. Tudo, tudo isso faz diferença.
—Mas...
—Mas nada! Eu estou cansado de ti falar sobre isso. Você tem que fazer as pazes com a Hinata, ou esqueça seu sonho de ser prefeito.
—Hinata não tem nenhuma influencia nessa cidade!
—Você é muito burro! –O moreno encarou o amigo de longa data, apertou os dedos sobre a ponte do nariz e soltou suspirando cansado. Será que era tão difícil assim ele entender? –Naruto, eu vou explicar mais uma vez, e dessa vez entenda.
–Certo.
—Harper é uma cidade minúscula de menos dois mil habitantes, aqui possui o conselho de moradores, nas eleições os votos que mais pesam é o do delegado da região e o Colégio eleitoral. O Colégio Eleitoral da nossa cidade depende do voto dos moradores da nossa cidade, o que leva muito em conta o Conselho de Moradores. E quem comanda o Conselho?
—Hizashi... –Naruto suspirou cansado.
—E Hizashi é o que da Hinata? –Perguntou o obvio.
—Tio...
—Está vendo o caminho que eu estou tentado trilhar aqui? Você brigou com a pérola dos Hyuugas e você sabe por a mais b que para você obter apoio do Conselho no mínimo você tem que ter a simpatia deles.
—Mas ainda temos o Sai, ele vai nos apoiar.
—Você escuta quando eu tento ti dar concelhos? Sai não é mais o Delegado, Shinno é que é!
—Puta merda! –Voltou a andar de um lado para o outro, as mãos sobre a cabeça.
—Puta merda mesmo! Você só tem uma chance contra todas essas pessoas, por que você conhece e sabe muito bem, que é mais fácil todos eles afundarem Harper nas mãos de um incompetente, do que dá as chaves da cidade a você.
—Ela não vai me escutar!
—Então desista dessa sua ideia de prefeito e vá arrumar outra coisa pra fazer da vida.
—O que? Eu perdi tudo! Não sou mais o astro de futebol, vivo as custa dos meus pais e a minha esposa está cada vez mais sem pacientes! O que me sobrou?
—PERDEU TUDO? –Shikamaru se alterou. Estava no limite com toda aquela conversa, todo o drama do Uzumaki e seu alto flagelo sem fundamento, ele sabia de algumas coisas sobre Hinata, ouvira demais e sabia que sofrer realmente isso só ficou para a Hyuuga.
—Eu não posso mais ser condenado por um mau passo! Me apaixonei Porra! Será que eu não mereço isso? Eu estudei, eu lutei para que as pessoas me vissem além do jogador, além do filho de Minato. –As veias do pescoço saltavam e ele encarava o amigo com fervor.
—Naruto... –Controlou a voz –Você não sofreu nada e a única coisa que você tem que fazer e está além das suas conquistas profissionais, é se desculpar com aquela mulher. Hinata merece que você se humilhe todos os dias pelo o que fez...
—Até você? Até você pensa assim? Você é homem como eu! Devia...
—Eu não lhe devo nada! E não me compare com você. Eu jamais faria o que você fez. E saiba, que mesmo sendo um antigo amigo seu, jamais passarei a mão na sua cabeça em relação a essa história –Shikamaru levantou-se recolhendo sua pasta de couro e caminhou em direção a porta –Lembre-se que só estou aqui por conta de seu pai, e vou cumprir com o meu papel de conselheiro. Comece com o perdão daquela mulher –E saiu, deixando o loiro sozinho.
Naruto não sabia como resolver sua questão. Sabia dos seus erros com a Hyuuga, não precisava que ninguém lhe jogasse na cara, mas do que adiantaria ir até Hinata se não teria nada o que falar? Ele não conseguia formular uma desculpa plausível, se sentia mesquinho e egoísta. Ele sempre fora um egoísta. Hinata fora uma conquista egoísta. Ninguém nunca mexeria com a filha do fazendeiro Hyuuga, mas ele sim. Fez por que queria se sentir o maioral, o poderoso, aquele por quem a garota mais rica da cidade era apaixonada, por que ele sabia dos sentimentos que a jovem Hyuuga nutria por ele. Não adiantou o primo tentar impedir, Neji sempre o encarou com asco e desconfiança, e quando menos esperou ele se viu preso aos olhos acinzentados.
A Hyuuga o atraia naturalmente. Na verdade o mundo era atraído por ela. Kiba, Shinno, Gaara, até Sai, se prendiam a violinista de voz doce. Linda e talentosa ele se via como o homem mais sortudo por ter alguém como ela ao seu lado, cuidando e velando por seu bem estar, e das vezes que disse eu te amo, nunca foram vagas, mas ele não possuía conhecimento sobre a dimensão que essas palavram tinham. E novamente fora egoísta por fazê-la escolher entre seus sonhos e ele.
Ele sabia que estava encrencado quando pôs seus olhos sobre a Haruno. Ela lhe surgiu num momento caótico, e mesmo com Hinata ao seu lado, fora difícil ignorar a médica recém-formada e seu jeito de ser, a altivez e arrogância, a sensualidade e seriedade, tudo nela era encantador e atrativo. Quando beijara Sakura, fora algo roubado, ele tomara a iniciativa durante um exercício com a fisioterapeuta. E mesmo que se condenassem pelo tal ato, naquele mesmo dia os dois se amaram sobre o tatame do escritório dela.
Seus erros só o fizeram ser mais covarde ainda. Não quis perder Hinata, alguém que perdera tanto por ele, mas perder Sakura estava fora de cogitação. Seu coração batia incessante pela Haruno e sua consciência pesava pela Hyuuga. Nem sexo conseguia mais ter com a morena, era tudo tão automático, mas um dia antes de seu casamento ele abdicara de sua despedida de solteiro e fora a casa da médica que se recusara a vê-lo durante as duas semanas que antecediam seu casório. Naquele dia entrou na casa da Haruno decidido a declarar seu amor e em prantos ela aceitara sua declaração. Os dois planejaram e conseguiram, ela tinha medo do que a cidade dissesse sobre ela e ele, então fugir foi a solução. Atitude boba de casal apaixonado e mesmo após um mês do ocorrido quando os dois voltaram, não houve nenhuma atitude de pedido de perdão, apenas aproveitaram cada dia de sua vida como casal.
Casaram em Vegas, sem testemunhas, sem pais, sem represálias. Seus pais passaram a mão sobre sua cabeça, sempre o defenderam e não foi diferente. Minato apenas tentou fazer com que ele pedisse desculpas o que não aconteceu. Soubera alguns meses depois que Hinata estava em Dallas. Durante aquele tempo Shinno e Kiba viviam lhe ameaçando, o Aburami conseguiu lhe dá dois socos uma vez. E os Hyuugas cortaram todos os laços que podiam com os Uzumakis, e mesmo que sentisse muito essa perda de apoio na cidade, seu pai continuara a defender ele e sua nova nora.
Não. Ele definitivamente não sofreu. Dizer aquilo era uma mentira em meio a todas que havia dizendo para si e para sua esposa. Nunca soube como fora esses três anos para Hinata, ninguém nunca comentou nada, e até mesmo as pessoas que passaram um tempo sem olhar na sua comentaram algo, mas ela sofreu, ele sabia que sofreria. E no dia em que ela cantou Jolene ele sentiu toda a canção como adagas em seu peito, o pavor dela era nítido e quando ela subiu na velha camionete com um desconhecido, ele sabia que ela preferiria ver o diabo em pessoa a chegar perto dele.
Ele teria que resolver essa questão logo, chega de covardia. Três anos era tempo demais, precisava enfrentar seus demônios e já sabia até por onde começar. Pegou a chave de seu carro e saiu em disparada, o segurança fecharia o gabinete, nada mais importava. Ele sabia aonde deveria ir.
***
O Uchiha encarava aquele lugar atônito. Será que Hinata enlouquecera de vez? –Ele pensava enquanto encarava aquele montante de gente debaixo da chuva fina e lama até os joelhos.
Lembrou que suas férias obrigadas com o irmão, passou á ser férias com a Família Hyuuga. Antes de chegarem nesse local estranho e sujo os dois passaram no rancho Blackbird, pois Dona Hikari o convidou para passar mais uns dias lá, e mesmo recebendo um olhar intenso do pai de Hinata, ele aceitara. Não estava ainda apto para ver seu irmão e terem uma conversa de verdade, então em acordo com uma Hinata animada, ele decidira passar uma semana na casa da violinista. Era algo estranho e inconveniente, mas qualquer coisa era viável á ter que ver Itachi e sua cara de cachorro que caiu da mudança.
Despedira-se de Aymi, que chorara baixinho, mas Hinata a acalmou dizendo que viriam pegá-la para um passeio somente ela e o casal. Itachi não olhou para o irmão quando o viu passar na frente de seu quarto com uma das malas indo em direção ao carro de Hinata. E Konan encarava sua amiga como se ela fosse a mulher mais maluca do mundo.
—Hinata você está maluca? Quer dizer, sua mãe está maluca! –Konan cochichava enquanto ele conversava com a sobrinha. Ele podia ouvir a cunhada questionar Hinata que mantinha o olhar sereno e calmo como sempre.
—Que mal há Konan?
—Vocês não se conhecem direito!
—Eu conheço mais dele do que vocês... –Sentiu o olhar sobre suas costas.
—Deus como Dona Hiakari concorda com isso? Como seu pai e...
—Chega Konan. –O tom fora baixo, mas cortante –Não se preocupe comigo ou com ele. Está decidido e é só por um tempo.
Saindo da casa chamou Sasuke e beijou a cabeça da pequena Uchiha. Quando os dois entraram no carro ele a olhou de esguelha e ela logo correspondeu com um sorriso rápido. Eles não conversavam sobre como as coisas iam acontecendo rápido demais, apenas iam vivendo o momento e fora dessa maneira, querendo viver, que ela anunciara um passeio.
—Vou lhe levar num lugar. –Ela falou enquanto zapeava pelas rádios do som velho do carro.
—Não posso ir a lugar que tem muita gente Hinata.
—Tenten e Hanabi vão nos ajudar... –Ela para numa estação que tocava musicas dos anos 80, rock clássico do qual ele achou que era somente para agradá-lo. Durante o caminho lembrou-se da irmã de Hinata, a cópia fiel, mas espalhafatosa. Que como Tenten, gritara desesperadamente quando dera de cara com Hinata abraçada ainda dormindo com o astro de rock. Ele acordara no susto e ficara imensamente irritado, mas como estava de favor na casa dos Hyuugas controlou a vontade de mandar a garota para puta que pariu! Fora preciso novamente uma conversa onde ele pode escutar de dentro do banheiro, Hinata contar por cima que estava em um tipo de amizade com benefícios com o roqueiro e que era importantíssimo ninguém ter ideia sobre a estadia dele em Harper.
Ao contrário da Mitsashi, Hanabi não se convencera em não tirar uma foto. Prometera pela morte dos pais que não divulgaria por enquanto aquela preciosidade de foto e alugara o ouvido do Uchiha durante o café da manhã, o que fora até bom, para desviar o olhar dos homens daquela casa. Também fora ideia da mais nova que ele ficasse mais tempo na fazenda. Indiretamente ela jogou palavras com a matriarca e inocentemente Hikari caíra na da filha caçula. Hinata aparentemente aceitara no ato, sem questionamentos ou evasivas. A verdade é que Sasuke percebera que desde que acordaram assustados com a Hyuuga mais nova aos berros, eles estavam unidos de uma maneira que ele não queria questionar, apenas sentir. Durante o café da manhã ela prepara panquecas junto com sua mãe e o tempo inteiro arrumava uma maneira de o tocar. Horas na mão por debaixo da mesa, horas no cabelo enquanto andava de um lado para o outro na cozinha. Ele por sua vez se mantinha sério, mas inteiramente com olhos voltados para ela, e mesmo que Hanabi não parasse de falar, sua atenção ainda era em tudo que Hinata fazia, seus movimentos, o quadril sinuoso indo de um lado para o outro enquanto ela dividia o peso do corpo de uma perna para outra, os cabelos que balançavam pelo vento do aquecedor que trabalharia muito naquele inicio de inverno. Logo depois os dois estavam na camionete dele indo de encontro ao racho pegar suas coisas e uma garantia de dona Hikari que quando ele voltasse teria um quarto só para ele. O que parecera para o Uchiha, uma maneira de avisar que sabia da estadia dele no quarto da filha, mas que aquilo não devia ficar ocorrendo.
Eis que agora estava no lugar que Hinata dissera que o levaria. O tal passeio.
Quando ela entrou com a camionete em um campo extenso indo de encontro a um grande pasto, ele não se agitou, achou que era algum campo como o da plantação de girassóis, uma chuva caía pesada, logo vários carros e motocicletas surgiram passando por eles a toda velocidade. Quadriciclos iam surgindo aos montes por trás das arvores que se espalhavam por toda parte e ele podia jurar que vira alguns tratores fazerem curvas no meio de alguns caminhos enlameados.
—O que é isso? –Ele perguntou assim que ela parara o carro.
—Isso é como os caipiras se divertem no início do inverno. –Ela mantinha um sorriso minúsculo nos lábios rosados.
—Hinata...
—Relaxa Sasuke. Vou mostrar como é divertido em Harper. –Antes mesmo que ele questionasse algo, sua porta fora aberta por uma minúscula Hyuuga, alguns pingos da chuva molhavam a roupa que ele ainda usava do dia anterior.
—Coloque isso Sasuke. –A pequena ordenou, lhe entregando um casaco grande e preto, ela também usava uma só que vermelho e Hinata ao seu lado usava um tipo de capa de chuva.
—Para que é isso?
—Não questiona. Isso é uma maneira de ti manter protegido de fofoqueiro. –Explicou Hanabi. Enquanto colocava aquela roupa, Hinata já tinha descido do carro, dava a volta cobrindo a cabeça com o capuz que a capa dela possuía.
—Suba a gola. –Hinata o ajudava enquanto Hanabi ia de encontro ao primo que empurrava uma motocicleta de trilha.
—Onde estamos Hinata? –Segurou o rosto dela para que o encarasse o que fez com que a Hyuuga engolisse em seco e ruborizasse.
—To-Todo se-segundo... –gaguejou nervosa –Todo segundo dia de inverno e durante alguns outros dias chuvosos, muitas pessoas veem para cá para correr nas trilhas. Está vendo ali naquele barranco? –Ela apontou para o que parecia um buraco onde as pessoas desciam e os barulhos motor aumentavam. –É um caminho lamacento, cada um corre com o que possui de melhor e quem ganhar fica com o dinheiro das apostas. –Ela tirou um par de óculos escuro aviador do bolso e colocou sobre o rosto dele.
—Esses óculos não me favorecem nenhum pouco Hyuuga. –Fez uma careta.
—Não seja mimado! Venha, coloque isso aqui também. –Puxou de dentro do porta-luvas um boné. –Prenda o cabelo e o bote para dentro. Use a gola para cobrir a parte de baixo do seu rosto caso alguém preste muita atenção em você, apesar de que eu duvido.
—Hum. –Ele achava impossível não chamar atenção, em sua mente ele era bonito mesmo em roupas horrendas como aquelas.
Após está devidamente empacotado, ela fechou as portas do carro e começou a andar na frente esperando que ele a acompanhasse, as botas que foram emprestadas do seu irmão ajudavam a pisar no chão molhado e a lama que começava a aparecer. Ele encara Hinata que cumprimentava as pessoas sorridente, o capuz dela caía de sua cabeça e alguns fios ficavam molhados, ao passarem por um grupo de motoqueiros, um deles assobiou para ela que ignorou. Sem pensar muito, Sasuke chamara a atenção de metade dos presentes e até mesmo dela, algo pegar na mão da moça e arrastar no meio da multidão curiosa, sobre quem era o misterioso cara com Hinata Hyuuga a eterna noiva abandona de Harper. Ou seria ex noiva abandonada?
***
—Estou chegando aí... –Naruto falava ao telefone. –Tem certeza que ela vai para a trilha?
—Sim... –A voz do outro lado respondeu.
—Pois me aguarde, estou bem próximo.
—Não acha que essa não é a melhor hora para você fazer isso? –Perguntou novamente a voz do outro lado da linha.
—Essa é a minha chance, ela não fugirá dessa vez. Eu preciso e vou falar com ela.
—Hanabi vai me matar por lhe dizer onde a irmã dela está.
—Ela não precisa saber, apenas segure a Hinata o maior tempo possível.
—Relaxa, parece que ela vem com um cara que ela anda saindo... –A voz parou de falar no ato.
—Hinata anda saindo com alguém?
—Eu... EU não sei de nada. Tchau. Preciso desligar. –E desligou.
Não houve tempo para questionamento, mesmo que Konohamaru não quisesse contar esse detalhe, pouco importava. Isso significava algo bom para o seu lado, Hinata seguia em frente e possivelmente as pessoas começariam a vê-lo de maneira menos tóxica. Por um momento pensou que aquele possível namorado seria um problema durante a conversa que teria com a Hyuuga, mas enquanto entrava no campo onde as trilhas aconteciam sua mente trilhou seu objetivo, era o dia, era chegada a hora de ter aquela conversa com a mulher que um dia ele pode dizer que fora sua. E contava com o que conhecia dela para que tudo se resolvesse e ele pudesse seguir seus sonhos em paz.
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