História .aquele clichê - Como os do Starbucks. (único)

O lado de cá do balcão.

segunda, 15 horas

   -Boa Tarde! Hum… Como é minha primeira vez aqui, quero a especialidade da casa!

   Sabe aqueles clichês de fanfic…

   “Que pessoa bonita…”

terça, 15 horas

   -Boa tarde! Nos encontramos novamente… Como amei a massa folhada e o mochaccino de canela, resolvi voltar hoje, o que me recomenda?

   ...nos quais a protagonista está no Starbucks com um coque frouxo, óculos e escrevendo alguma coisa?

quarta, 15 horas

   -Olá! Amei o cappuccino com caramelo e o croissant de chocolate ontem, mas acho que hoje quero meus favoritos: frapuccino de morango e mini pães de queijo! 

   A questão é que não sou tumblr, bonito, ou estou à espera do meu príncipe encantado…

quinta, 15 horas

   -Tarde! Acabei de perceber que não sei o seu nome, apesar de já ter me ajudado por tantos dias seguidos. Desculpe a grosseria, meu nome é Kim Taehyung e o seu?

   ...e muito menos sou uma garota. 

-Park Jimin.

sexta, 14 horas

   -Yo Jimin!!! Saí mais cedo da faculdade e quero comemorar com esse aparentemente delicioso milkshake de chocomenta!

   No entanto, não posso negar que me apaixonei em uma cafeteria.

   E ele continuou vindo todos os dias da semana, no mesmo horário, exceto nas sextas quando saía mais cedo.

   Tinha um estilo de pedido para cada dia (normalmente sendo eu quem sempre escolhia o prato definitivo) como doces na segunda e na terça, seu favorito na quarta, salgado na quinta e sorvete na sexta, quase sempre acompanhados de alguma bebida com cafeína.

   -Já disse que não.

   -Vai Jimin!!! Que custa chamá-lo para sair? Não é como se todos os funcionários já não tivessem percebido a aura de amor que paira entre vocês todos os dias. -Seokjin, meu colega de trabalho e único amigo, tentava me convencer a chamar Kim Taehyung para sair.

   -Nem fodendo. 

   -Olha a boca moleque!

   -E se eu estragar tudo?

   -Como você vai estragar o que nem existe?

   Talvez meu suspiro saiu um pouco mais frustrado dessa vez.

quarta, 15 horas

   -Jiminie…

   ...arrepiei. Mesmo que sempre me arrepiasse ao ouvir sua voz, quando proferia meu apelido, a coisa parecia se intensificar.

   -...você acredita nessa história de que se esperarmos, um dia encontraremos o amor de nossas vidas?

-Você espera alguém?

   Mordi os lábios.

   -Acho que não adianta nada esperar. Podemos cruzar com nossos amores todos os dias e nunca saberemos se não dermos um passo adiante.

   E ele se levantou de seu banquinho. Aproveitando que eu estava do seu lado do balcão (limpando as mesas), Kim Taehyung simbolicamente deu um passo. Na minha direção.

   “Hoje é dia do favorito dele…”

quinta, 15:30

   Os minutos se arrastavam à medida que Taehyung não aparecia.

   “Eu sabia. Aquela coisa de ontem foi só uma brincadeira.”

-E o relógio vai bater as q…

   -Whoa!!! Não acredito que consegui chegar vivo!

   “Nem estou tão feliz assim.”

   -Me desculpe Jiminie, você estava esperando, né? Hoje o metrô estava um caos por causa de um acidente e tudo foi atrasando.

-Tudo bem, Tae.

   -Tae?! Socorro, repete! É a primeira vez que você usa um apelido carinhoso comigo!

   Ele repara na embalagem de wrap e o copo de café gelado que eu estava guardando com zelo.

   -Isso é para mim? Meu deus, você é um amor ChimChim. Posso te chamar assim né? Combina com a sua fofura.

-...

   um celular na minha cara.

   -Para isso não acontecer de novo, vamos trocar nossos números. Assim, consigo te avisar se acontecer qualquer coisa, ou podemos jogar conversa fora!

   Dessa vez foi um suspiro de alívio, ou seria de finalmente?

-Tá bom, Taetae.

O lado de lá do balcão.

   Sabe aquela sensação de finalmente ter acertado?

   Sempre me perdi, sempre fiz as escolhas erradas, nunca desci no ponto certo, não tive as melhores amizades, minhas escolhas…

   Vida amorosa então, nem se fale.

   Mas no momento em que pisei naquela cafeteria, senti uma brisa aconchegante e botei meus olhos nele, soube que finalmente tinha feito uma coisa certa, apesar de ter brigado com meus pais, e ter tirado uma nota vermelha, e ter perdido o metrô, consegui acertar sendo atraído por aquela fachada fofa.

   O que me manteve indo lá todos os dias foi alguém mais fofo ainda.

   Não vou mentir, passei a sair uma hora mais cedo da faculdade para não correr o risco de me atrasar, e me perdi só na primeira semana. Na segunda semana, parecia que até meus pés queriam encontrá-lo.

   Park Jimin, é o nome do meu acerto. Do meu certo. Do meu clichê e do amor da minha vida. (da minha definição de fofura também).

   E hoje, só quero dizer uma coisa. Na verdade, duas coisas: Jimin e sim.

   Eu aceito. E estou muito feliz por você me aceitar também. 

   Agradeço ao meu ímpeto de coragem, ao metrô caótico, por aquele dia em que consegui seu número.

   Agradeço ao Jin, nosso padrinho, boleiro, e cupido. Nem esse casamento sairia sem ele.

   E agradeço você. Por me aceitar todos os dias, todas as vezes. E por falar sim antes de mim.

   Obrigado.

   Eu te amo, Park Jimin. 

   Por muitos cafés e clichês românticos nas nossas próximas existências.