História Aquilo que arde sem se ver- Zoróscopo - Um dos significados de amor- parte 2

De repente, acordo com um pulo na cama, minha respiração estava demasiadamente acelerada. Quando olhei pro lado do criado mudo vi o Capricórnio que me olhava meio assustado.

_ Câncer, o que houve? Teve um pesadelo? Está pálido._ disse o mais velho enquanto se sentava ao meu lado.

_ ...Sim, mas não foi nada, estou... Bem._ tentava recuperar o fôlego, há tempos não tive um pesadelo._ Mas... O que faz no meu quarto?_ pergunto com certa curiosidade.

_ Eu vim aqui porque queria saber se estava bem, pelo tempo que levei para te achar ontem, você tomou muita chuva._ ele me mostrou o termômetro em sua mão esquerda._ Então eu... Vim tirar sua temperatura para ter certeza de que estava bem..._ ele desviou novamente o olhar para um canto aleatório do quarto, ele não me olha muito nos olhos, será que foi o beijo de ontem que o deixou assim comigo?

Bem... Isso explica o porque de ele ter entrado no meu quarto, mas... E o fato de ele ter ficado abaixado perto da minha cama me observando!?
Pode ter sido realmente por preocupação, de qualquer forma não vou desconfiar dele, Capricórnio sempre esteve perto de mim desde a nossa infância, mesmo que agisse com certa frieza e ironia para com os outros, eu sempre senti sinceridade de sua parte quando falava comigo.

_ Capri..._ eu só o chamava assim quando me sentia mal, era como uma coisa que apenas nós sabíamos. E assim que falei seu apelido, o maior pareceu me ouvir com mais atenção._ Acha que... As pessoas da casa estejam certas sobre.. Nós?_ falei com certa insegurança e tristeza em minha voz.

Ele pareceu ponderar, mas respondeu rapidamente.

_ Ainda falam sobre isso? Sabe que não é verdade..._ pausou por um instante._ Não deve ligar para o que dizem, você é alguém importante, tanto na casa quanto para mim... _ o maior virou seu rosto para o lado e pôs uma mão em sua cabeça em sinal de constrangimento.

_ Eh... Aqui, coloque o termômetro na boca, vou... Pegar uma vitamina para você tomar._ ele me entregou o termômetro e rapidamente se retirou do quarto dando largos passos e encarando o chão.

Fiz o que o maior mandou, coloquei o termômetro em minha boca e fiquei fitando de forma fixa minhas mãos apoiadas em meus joelhos, apenas esperando o capricorniano voltar, e nesse curto período suas palavras ficaram rondando minha mente.

Alguns minutos depois, ele retorna segurando uma maleta branca em suas mãos.
Capricórnio segurou Nestor com cuidado e o pôs em meu colo, e depositou a maleta de primeiros socorros em cima do móvel ao lado da "cama" do meu caranguejo.

_ O-o que é tudo isso? Não ia buscar apenas o remédio?_ pergunto realmente espantado pelo exagero do ser ao meu lado de ter trago uma maleta como aquela para uma simples gripe.

_ Sim e aproveitei para trazer um medidor de pressão, remédios para febre, dor de cabeça, dor muscular e um copo com água para toma-los.

_ C-capricórnio, eu estou_ acabo tossindo um pouco antes de acabar a frase._ bem...

_ Estou vendo..._ ele me encara com uma das sobrancelhas arqueadas._ pode me dar o termômetro?_ ele estendeu uma das mãos em minha direção.

Quando entreguei o termômetro para ele, Capricórnio ficou boquiaberto e com o olhar estatístico nas medidas do aparelho.

_ O-o que foi?_ pergunto curioso e com certo  medo de sua resposta.

_ VOCÊ VAI PARA O CHUVEIRO AGORA, ESTÁ COM DOIS GRAUS E MEIO DE FEBRE!_ Nestor subiu em minha blusa pelo susto que provavelmente levou. O maior se exultou e acabou por falar alto demais, sua voz soou alta demais para mim, eu deveria estar com dor de cabeça também.


_ Anda, o que está esperan-_ ele puxou o cobertor que antes me cobria de forma brusca. Sua ação foi tão repentina que eu nem tive tempo, e muito menos reação para tapar a visão da única peça de roupa inferior que eu usava.

Ambos estávamos em uma citação desconfortável, eu com o rosto ardente de tanta vergonha e o Capricórnio com o rosto mais vermelho que a carapaça do pobre Nestor que estava assustado com o ocorrido.

_ D-descul-pe, eu... Não sabia que... Estava somente de... Aaahh, perdão!!_ o Capricórnio vira-se de lado para mim e põe sua mão em seus olhos por de baixo de seus óculos e abaixa sua cabeça.

_ Ta tudo... B-bem!_ digo nervoso e envergonhado pela situação desconfortável, enquanto tiro o Nestor de mim e o coloco no travesseiro.

Quando me levanto da cama e fico de pé por alguns segundos, mas acabo por sentir uma fraqueza enorme, o que resultou em minha quase queda que foi amparada pelo maior me segurando com força em seus braços.

_ Você está bem? O que aconteceu?_ perguntou o maior um tanto assustado com o ocorrido.

_ Estou me sentindo fraco..._ disse achando estranha a situação já que nada do tipo nunca aconteceu comigo._ Mas estou bem, não precisa-_ ele me cortou enquanto falava.

_ Câncer, você esta com febre e fraco! Não tem como você estar bem!_ o maior deu uma breve pausa e logo continuou_ Vou... Primeiro te dar um banho e buscar algo para você comer depois. Entre no banheiro e enrole uma toalha na sua cintura, quando me disser que já terminou, ...eu entro... Tudo bem para... Você?_ sua voz soou constrangida no final de sua última frase. Como eu não podia discutir com ele, apenas assenti positivamente com a cabeça.

E assim foi feito, eu tomei os remédios e fui para o banheiro com sua ajuda, coloquei a toalha em minha cintura e ele me ajudou no banho. Apenas duas coisas me incomodaram, a temperatura fria da água e o fato de que o capricorniano estava comigo naquele tipo de situação.
Após o banho vesti uma camisa de manga longa preta decotada e uma jeans escura, e com sua ajuda fomos até a cozinha.

_ O que quer comer?_ me perguntou mórbido olhando a geladeira enquanto eu me sentava à mesa.

_ Poderia ser algo como... Uma sopa eu acho..._ respondi pensativo.

_ Hum..._ ponderou um pouco enquanto parecia procurar por algo_ Não tem nada assim aqui na geladeira, acho que vou tentar preparar, se importa?

_ T-tudo bem... O livro de receitas está na gaveta, junto do avental._ seria isso um sonho? Capricórnio cozinhando para mim? Ou melhor, CAPRICÓRNIO COZINHANDO!?!

Sua voz se fez presente no cômodo novamente.

_ Mas... Aqui só tem o avental do Peixes..._ falou devagar enquanto mostrava a peça rosada com babados e um coração branco no centro. Seu rosto estava cômico, mas aquela situação não era culpa minha, afinal o meu estava lavando.

_ O meu estava sujo, desculpa_ engulo a risada que queria dar e falo tentando parecer sério. O que se era difícil com o olhar dele sobre mim.

Ele pareceu se conformar e colocou o avental, a situação estava no mínimo engraçada, pois o acessório havia ficado justo em seu corpo, o comprimento dele chegava a cobrir parte das cochas do maior.

_ Uau, Capricórnio cozinhando? Isso realmente é raro!_ disse o leonino entrando de repente no cômodo.

_ Leão?_ era perceptível pela minha voz, dizer que eu obviamente estava mais assustado do que surpreso.

_ Câncer você pagou para ele se vestir assim também?! Capricórnio, essa cor te favoreceu bem, esse avental cor de rosa ficou lindo em você._ maior pareceu ignorar os comentários do felino.

_ E vejo que também caprichou no visual._ ele fez um breve assobio_ E ficou lindo se quer minha opinião, claro que não tanto quanto um rei. Mas parece um príncipe com essas roupas coladinhas e cabelo solto._ piscou para mim se sentando a mesa à uma cadeira de distância de mim.

Capricórnio ouvia aquilo calado mas seu silêncio era mortal, pois era possível sentir uma áurea negra vinda dele. Ele era muito ciumento quando se tratava de elogios, mas prefere discutir isso em particular à ter que criar um furdunço para qualquer tipo de plateia.

Após pegar tudo que precisava, tanto na geladeira e armários quanto na gaveta de talheres, começou a seguir uma receita simples de sopa que escolhi no livro.
Enquanto ele cozinhava, a cozinha era preenchida pela voz animada de um felino ansioso.

_ E então ruivinho, o que te levou a se produzir todo? Meu brilho te inspirou a seguir meus passos?_ ele pôs seu cotovelo na mesa colocou sua bochecha em sua pata espalmada, e ficou me olhando com divertimento e um sorriso radiante.

_ Bem... Se tem algo que admiro em você é esse bom humor todo quando acorda._ digo olhando para ele sem graça.

_ Eu sou realmente incrível, não acha?_ com a mão livre ele mexeu em seus cabelos de forma convencida, mas admito, ele é bonito e tem estilo.

_ Incrivelmente irritante._ Capricórnio falou com frieza sem nem ao menos olhar para ele.

_ I-isso é uma inveja compreensível de sua parte meu caro. Porque não tenta ser mais como eu?_ deu uma risada esnobe.

_ Me recuso.

_ Não vejo graça alguma em ficar preso no escritório todos os dias..._ disse desafiando sua paciência, agora mudando seu olhar divertido para algo serio enquanto olhava em sua direção.

_ Não é para se ter graça, é trabalho..._ ele olhou para o leonino com um olhar desafiador.

Naquele momento seus afiados olhares de cruzavam. Eles estavam discutindo de forma indireta, estava acontecendo algo entre eles que eu não tinha conhecimento, e aquilo estava me assustando. Porém aquele momento em que faíscas eram trocadas entre seus olhos, foi interrompido por uma crise de tosse que tive.

_ Câncer, você ta bem?_ falaram em uni som.

Fiz que sim com uma mão e com a outra tapei minha boca.