— Ah, mas você sabe de onde é a foto? — a pessoa do outro lado da linha disse, em tom provocador.
Sim, é claro que ela sabia, havia sido publicada em diversos jornais, dos mais famosos aos tabloides da cidade, mas um deles era a fonte, como o Quarteto descobrira. O investigador voltou para junto do telefone, irado por aquela ousadia insana. — Não envolva mais civis inocentes nisso. — Pain ameaçou, usando o tom de voz mais autoritário que tinha.
— Mas é só encontrá-lo então. Tenho a impressão de que não há lugar na terra em que ele gostaria de estar mais do que aqui... Vocês têm uma hora até que ele morra. Boa sorte tentando encontrá-lo. — o Arcano falou — Aliás... Você sabe quem tirou a foto, delegada?
A pergunta pairou no ar por três segundos, mas antes de falarem qualquer coisa, a ligação já havia sido encerrada.
O investigador Sato já havia perdido toda a paciência, abrindo a porta novamente e falando para todos do lado de fora, em um tom de voz mais elevado do que o normal: — Temos civis em risco, pode ser o caso de um refém. Pelo amor de todos os deuses, de tudo que é mais sagrado, rastreiem isso rápido. Temos menos de uma hora para conseguir encontrar o lugar de onde essa ligação foi feita.
Era óbvio que todas as pessoas estavam trabalhando com toda a velocidade que conseguiam, e mesmo assim, todos eles estavam desesperados com tudo aquilo: não era mais a busca de um cadáver, de alguém que não pode ser ajudado, mas a busca de uma pessoa viva, e que por um mero deslize que custasse um segundo sequer, poderia ter sua vida acabada ali mesmo. O peso dessa responsabilidade era gigantesco, e todos o sentiam oprimi-los de forma cruel.
— O autor da foto era aquele moleque, Sai Sasaki, não é? Ele deve estar sendo mantido como refém. — Pain concluiu.
— Sim, exatamente. Nós ouvimos algum barulho de carros na ligação? Não, acho que não... Estava quieto. Não tinha tráfego lá perto... Onde isso pode ser? — a delegada perguntou, em voz alta, falando consigo mesma e com o namorado.
— Eu não faço ideia. Não há lugar na terra em que ele gostaria de estar mais do que aqui... O que isso quer dizer? — ele questionou.
— Lugar na terra... — Konan pensou alto, e de repente, uma epifania a atingiu, como se soubesse de tudo. Ela arregalou os olhos, levantando-se da cadeira num pulo — Eu descobri, eu sei onde ele está! Anda, vamos chamar o Itachi, chamar um esquadrão, precisamos ir agora! Sai Sasaki está no cemitério municipal, Pain. Nós achamos terra na boca do Orochimaru... Terra que pode ser de lá. Se levarmos o que o Arcano falou a sério... Ele pode ser enterrado vivo, ou sei lá!
(...)
O Quarteto se dirigiu para o cemitério de imediato, com quatro viaturas os acompanhando até lá. Ao chegarem, cada uma das viaturas ficou estacionada em uma ponta do cemitério, e assim tinham cobertura total do lugar, enquanto a delegada, os dois investigadores e mais alguns policiais entravam lá, e mais alguns outros policiais de suporte ficavam do lado de fora, esperando por notícias. Como esperado, o cemitério estava vazio, pois naquele dia não havia nenhum enterro sendo realizado.
Aquilo, é claro, era muito conveniente para o assassino. Ele podia até querer que o local onde sua próxima vítima fosse encontrada fosse o cemitério, mas em um dia de enterro isso seria difícil. Teria que esperar a data certa e, por coincidência, não teve que esperar muito.
Eles entraram, espalhando-se entre colunas e fileiras de túmulos; alguns eram simples, outros eram belamente decorados com estátuas de mármore e granito, um contraste certamente notável entre as variadas pessoas e classes da cidade. Alguns túmulos tinham flores, outros tinham velas, outros nada disso, mas um deles tinha algo de especial: uma pessoa amarrada na pedra.
A atenção dos quatro foi chamada ao ouvirem alguém murmurando, tentando dizer algo de maneira abafada, enquanto procuravam pelo jornalista ou qualquer outro refém. — Vocês ouviram isso? — Hinata questionou.
O som parecia cada vez mais distinto, e procuraram ao redor. Quem conseguiu achá-lo foi Itachi: — Olhem ali... É uma pessoa. — ele falou, apontando para um túmulo algumas fileiras distante.
Eles correram até lá, e acharam Sai em péssimo estado: ele tinha um olho roxo, proveniente de um soco, estava desgrenhado, sujo de terra e amarrado na pedra de um túmulo ainda sem nome, com uma mordaça na boca. Ao seu lado, havia um buraco, cavado na terra para enterrar alguém: pelo jeito, aquele túmulo seria usado para enterrar alguém em um futuro próximo, provavelmente no dia seguinte ou no máximo, daqui a dois dias. Isso, é claro, parecia como uma medida de precaução, para fazer a possível vítima ser encontrada inevitavelmente: se eles falhassem em cumprir o objetivo de encontrar Sai, alguém encontraria o corpo dele, nem que seja quando fossem enterrar o verdadeiro "dono" do túmulo, eles pensaram.
Conseguiram desamarrá-lo algum tempo depois, e em seguida, tiraram a mordaça. Ele parecia aliviado em ver a polícia ali para salvá-lo, mas ficou ainda mais aliviado após retirarem o pano que amarrava sua boca, e pôde cuspir algo que havia sido colocado ali já. Uma carta cortada pela metade. Era o próximo arcano maior do tarot, o quinto, o Hierofante. A carta, cuidadosamente envolvida em plástico filme, parecia sorrir para todos eles, de maneira estranhamente ameaçadora.
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