História Are We Just Sisters? BILLIE EILISH - Jogo De Xadrez

《BILLIE》

[22:28–02°graus]

Estávamos assistindo um filme, enquanto comíamos pizza.

Josh era um cara bacana, mas ainda assim eu não conseguia me sentir perfeitamente bem ao seu lado.

Ele conseguia atingir seus dois polos, sensível e frio. Mas tinha um bom senso de humor.

—Bom. Eu vou me deitar— Joyce se levantou levando consigo a coberta, me deixando sozinha com o cacheado que não desviou seu atenção da tv.

—Tá' com medo de mim Billie?— Seu timbre grosso e rouco soou em baixo tom.

—Não... por que eu teria medo de você?— Indago baixo encarando o mesmo que continuava fixado na tv.

—Me diz você, me olha estranho a cada 15 segundos— Mordi o canto da boca.

—Não é medo...— O rapaz sorriu, desviando sua atenção agora para mim.

—É desconforto— Assenti, logo o mesmo suspirou.

—Não vim aqui por visitas— Voltei minha atenção á ele, depois de alguns minutos em silêncio.

—Eu realmente estou feliz pela Joyce, ter encontrado alguém. Mas ao mesmo tempo tenho medo, o que você sabe da Clarice e a Joyce não é nem a ponta do iceberg.— Semicerrei os olhos enquanto tentava seguir a mesma linha de raciocínio.

—Você pode se tornar um alvo Billie, sua mãe, seu irmão. Não pra atingir vocês e sim a Joyce, ela tem medo, só não demonstra— O mesmo me olhou.

—O dinheiro— Falei me recordando e ele assentiu.

—Três milhões é muita coisa— O mesmo negou.

—Não pro patrimônio da Joyce— Minha feição de dúvida fez o mesmo negar.

—Prefiro deixar que ela te explique então— Falou e eu peguei meu copo levando até a boca.

—Então por que ela não paga e acaba com isso?— Questionei e ele riu.

—Pagar não vai acabar com isso, nós vamos pagar, ela vai voltar e vai pedir mais— O mesmo se sentou e me encarou.

—Tantos pontos de interrogações que nem em três vidas vamos conseguir entender, eu já enterrei gente demais, não quero enterrar você— Falou e se levantou com seu prato e copo nas mãos me deixando imersa em pensamentos.

—V-Você quer que eu deixe a sua irmã?— Perguntei adentrando a cozinha.

—O que você acha que sua mãe fez?— Uma ruga se fez em meio minha testa.

—Eu não vou deixar a Joyce, eu não vou ser tão covarde— Falei e ele se virou me encarando com os olhos brilhando por lágrimas.

—Então você vai ser morta... meu deus Billie, você faz noção de quantas pessoas eu já perdi por causa dessa sociopata? Acredite minha irmã está na lista. Você não conhece a Joyce que eu conheci, não conhece a garota doce que minha irmãzinha era. Isso é só uma película de frieza, que ela pôs só pra proteger o vazio existencial dentro dela— Ele passou a manga da blusa pelo seu rosto— E você não faz noção de como ela está bem com você, como você a faz feliz, e eu te juro, ela não vai aguentar mais ninguém morto por causa dela. Ela não vai aguentar te perder— Neguei com a cabeça.

—Josh... eu sinto muito, mas eu não posso, não posso sair do lado dela, não agora— O cacheado precionou os lábios e me encarou.

—Tudo bem, me perdoe, eu costumo ter um humor melhor que isso— Falou e deixou a cozinha.

Longos minutos depois subi as escadas adentrando meu quarto, escovando os dentes e me deitando, pegando meu celular.

A conversa de Josh passara como um mantra em minha mente.

Caminhei até a porta do quarto da Joy, encarei a mesma que estava de costas para a porta, no entanto não sabia da minha presença.
Decidi não incômoda-la, me afastando para deixar o local.

—Bill?—Sua voz soou baixa e a mesma se virou me encarando.

—Oi— Falei indo até a mesma.

—Aconteceu alguma coisa?— Neguei, me deitando ao seu lado.

—Joy... deixa pra lá— Suspirou deitando sobre meu peito.

—O que o Josh te falou?— Mordi o canto da boca.

—Eu não vou te deixar sozinha Joy, já passamos por tanta coisa— A mesma riu nasalado.

—Você deveria, você não conhece a Clarice...— Interrompi Joyce.

—Então me conta, me fala quem é ela, me fala do que ela é capaz. Juntas ou não eu vou continuar sendo um alvo— A loira suspirou.

—Lembra da vovó?— Assenti.

—Antes de toda aquela merda acontecer, antes da minha vida se tornar um inferno, ela transferiu toda a herança pro meu nome, eu só tinha 10 anos na época, não entendi do que se tratava— Suspirou.
—O ódio da minha mãe por mim, começou ali, ela não aceitou não ter nem 5% da herança. A vovó Cristine, a mãe dela era Ceo da Audi...— Interrompi a mesma.

—Audi? Carro?— Assentiu.

—Ela era cofundadora, tenho uma herança multimilionária Billie— Arregalei meus olhos.

—Por isso sua mãe quer o dinheiro, por isso as ameaças— Falei mas pra mim.

Agora tudo fazia sentido.

Uma filha que não teve direito a herança da mãe, porque a mãe transferiu toda essa herança pra neta. Não é como se a Clarice precisasse desse dinheiro, é somente vingança.

—Meses depois ela morreu em um acidente de carro, que eu sei que não foi um acidente, só nunca consegui provar— Falou e sentou me encarando.

—Tenho que te contar mais uma coisa— Assenti e a mesma mordeu o lábio inferior.

—Minha mãe tem uma doença, Síndrome de Hutchinson-Gilford, ela tem a versão menos severa mas de qualquer forma. Ela vive em mesas de cirúrgias plásticas— Franzi minha sombrancelha.

—No que você tá' pensando?— Indago e a mesma volta a se deitar em meu peito.

—Vou por um fim nessa vadia— Disse e em seguida bocejou.

《JOYCE》

•Domingo|04 de Novembro de 2018•

[10:29–08°graus]

Acordei tarde, tomei um banho, escovei os dentes e desci as escadas, me deparando com Josh no sofá.

Peguei minha caneca com café e me sentei no sofá.

—Cadê a Billie?— Perguntei e o mesmo desviou sua atenção até a mim.

—Saiu, disse que ia no stúdio e estaria de volta à tarde— Ergui uma sombrancelha.

—Josh olha, eu entendo que você se preocupa comigo, mas eu não quero que você se meta na minha vida pessoal— Falei ríspida e ele me olhou.

—Quê que a Billie te falou?— Suspirei.

—Não é o que a Billie me falou, eu quero que pare de encurralar ela, eu preciso que confie em mim— Disse por fim encarando os seus olhos verdes.

—A Megan quer terminar, ela sofreu um acidente, eu ouvi coisas horríveis e eu não posso culpa-lá— Uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

—Eu não quero que você passe por isso Joy— Sequei seu rosto.

—Tá' na hora de dar o troco maninho— Falei e ele ergueu a cabeça com as sombrancelhas franzidas.