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História Are you my clarity? - Bad news


Escrita por: itsmejubs

Capítulo 1 - Bad news


Se alguém me dissesse há uns anos atrás que a minha vida daria a reviravolta que deu, eu não acreditaria. Sabe aquela fase em que as coisas estão tão bem que você até sente medo que comecem a dar errado? Eu me sentia assim. Não vou dizer que estava no período mais feliz da minha vida, mas estava tranquila, estável, e era isso que me agradava. Algumas pessoas diriam que é monotonia. De fato, acho que eu não sabia distinguir o tédio da tranquilidade, mas não me importava. Minha vida estava nos trilhos e eu passava a maior parte do tempo tentando não tirá-la de lá.

Na manhã de segunda-feira daquela fatídica semana, eu estava com os olhos fechados e a cabeça encostada no vidro do carro enquanto minha mãe me levava para o colégio. Era a segunda semana de aulas do terceiro ano, mas eu ainda não tinha me acostumado a voltar a acordar cedo. Minha mãe conversava com Guilherme, sentado no banco de trás do carro. Guilherme é meu irmão mais novo. Um pentelhinho de 14 anos, naquela fase da idade que acha que pode ser rebelde e fazer o que quiser e quando quiser. Na maioria das vezes em que ele apronta, eu sou a santa que intercede por ele nas brigas com os meus pais, mas hoje eu estava com sono demais para isso. Minha mãe reclamava com ele pelo fato de ontem ele ter saído e não ter dado notícias, só aparecendo em casa lá pelas três da manhã.


-- Isso não está certo, Guilherme -- minha mãe continuava, um tom de voz bem chateado. -- Quantas vezes a gente vai ter essa mesma conversa? Você não é dono de si mesmo, não pode fazer o que bem entende.
-- Eu já disse que meu celular descarregou, não tive como avisar onde estava! -- meu irmão devolvia. -- Pode ligar para a mãe do Pedro e confirmar. Estávamos na casa dele jogando videogame.
-- Certo, depois eu vou querer saber o número da mãe desse garoto. -- minha mãe respirou fundo, sentia que ela ia queria acabar com aquela conversa para não se estressar mais. Sentia também que ela não fazia a mínima ideia de quem era Pedro, ela é péssima em gravar nomes. -- Renata, filha, tá sentindo alguma coisa?


Eu nem ousei abrir os olhos para responder. Apenas grunhi em resposta, confirmando, e disse numa voz rouca:


-- Sono. Muito sono.


Chegamos ao colégio mais rápido do que eu gostaria. Guilherme saiu voando do carro sem ao menos dar tchau. Eu calmamente arrumei minhas coisas, peguei meu caderno, dei um beijo na bochecha de minha mãe e me despedi. Mais um dia de aula, né? Pra quê mesmo a gente tem que estudar?


Caminhei pelos corredores cumprimentando as pessoas conhecidas e me dirigi à fila de armários. Ali, parado bem na frente do meu, estava um garoto moreno, alto, forte, um sorriso arrebatador e os olhos verdes brilhando me esperando logo a essa hora de manhã. Não pude evitar sorrir também. Ele era muito, muito lindo. 


-- Bom dia, amor -- Eric me cumprimentou, me dando um selinho demorado. -- Ainda não se acostumou a acordar cedo?
-- É humanamente possível se acostumar a isso? -- eu sorri de novo e abri o armário, pegando um livro de matemática e voltando a fechar.
-- Se for pra me ver, sim -- ele disse, e eu bati no braço dele. -- Ai! Que foi, não tô falando a verdade?
-- Convencido! -- eu retruquei, mas passando meu braço pelo dele e dando um beijinho em seu rosto.


Ele pegou o livro da minha mão e me acompanhou até a porta da minha sala. Ele era de outra turma, geralmente só nos víamos nos intervalos. 


-- E aí, quais os planos para a semana? -- ele perguntou, encostando na parede e me puxando para perto dele. 
-- Até agora só penso na prova de Geografia da semana que vem e em como eu não sei absolutamente nada dos assuntos.
-- A gente pode estudar juntos. Eu não sei nada de Geografia também, mas duas cabeças pensam melhor do que uma.


Essa é a resposta padrão do Eric para todas as perguntas relacionadas a provas. Ele nunca tá por dentro de nenhum assunto. Geografia, por outro lado, é a matéria que é o meu ponto fraco. Nas outras eu até que tiro notas boas, me esforço para manter a minha média. Aliás, a NOSSA média, já que se eu não o ajudasse o Eric já teria repetido de ano várias vezes.


Falando no Eric, ele é simplesmente o sonho da maioria das meninas do colégio. Ele estuda comigo desde que éramos crianças, mas na maior parte desses anos nós éramos só amigos. Andávamos juntos, no mesmo círculo social, mas eu nunca havia notado nenhum interesse por parte dele durante esse tempo. O resto da galera, pelo contrário, vivia dizendo que ele era apaixonado por mim, fazia tudo por mim e eu não percebia. E juro que não percebia mesmo! Ele ficava com outras garotas (que por sinal não eram poucas), e eu tinha lá os meus esquemas também. Mas um belo dia, numa festa na casa da Gabriela, uma amiga nossa, o Eric ficou bêbado, declarou-se para mim e a gente ficou. Eu nem acreditei que aquilo realmente estava acontecendo, que aquele menino tão lindo, simpático, perfeito estava apaixonado mesmo por mim. E fomos ficando por algumas semanas até que ele me pediu em namoro. Isso já vai fazer dois anos. 
Não tenho o que reclamar do Eric. Ele é meu primeiro namorado, então não tenho muito com quem comparar, mas ele foi o garoto mais incrível que conheci até hoje. Ainda que tivesse seus defeitos, principalmente o jeito meio cafajeste que já era natural dele, ele me tratava super bem e eu estava feliz. Só tinha algumas dores de cabeça porque metade do colégio arrastava asa para ele, ainda que ele não desse muita atenção às "fãs", que era como eu chamava as meninas que só faltavam babar quando ele passava.

-- Bom dia, meu casal lindo! -- não morre mais a miserável. Gabriela apareceu, toda animada, cumprimentou eu e Eric com um beijo no rosto. 
-- Bom dia, Gabi -- cumprimentei de volta. -- Posso saber o motivo dessa felicidade toda a essa hora da manhã?
-- Ué, não posso estar animada? Só porque você acorda de mau humor não quer dizer que todo mundo também tá. -- ela devolveu, um ar de riso pairando todo o seu rosto. Ela não se conteve: -- Tá, vou contar! Adivinha quem me chamou para sair esse final de semana?
-- Quem? -- eu perguntei.
-- O Ítalo! Você acredita nisso, amiga? Que eu acabei de realizar um sonho? -- ela jogou os cabelos loiros tingidos para o lado e bateu palminhas, toda alegre.
-- Você sabe que ele só quer te comer, né? -- o Eric comentou, e eu bati de novo no braço dele, dessa vez mais forte. -- Ai! Sua mão é muito pesada, sabia?
-- Eric, não fala essas coisas! -- eu repreendi, brava. -- Não escuta isso, Gabi. Sai com ele sim, o Ítalo é super gente boa. Se rolar, rolou, não precisa criar expectativa nenhuma.
-- O mal dos homens é esse, achar que todos agem igual -- Gabi disse, revirando os olhos. -- Que eu bem me lembre, você também era assim há alguns anos, Eric. Vai que eu sou a Renata da vida do Ítalo, ele se apaixona por mim e muda o jeito dele pra gente ficar junto.
-- Impossível você ser a Renata dele -- Eric disse -- porque só existe uma e ela já está comigo.

Eu sorri, sentindo meu rosto ficar vermelho, e ele me deu um beijo no rosto. O sinal tocou e nos despedimos, ele foi para a sala dele e eu e Gabi fomos para a nossa.

-- Eu sei que o Ítalo é meio galinha, mas eu não consigo fazer meu coração obedecer a minha cabeça. E ela também não obedece. -- Gabi continou enquanto sentávamos uma ao lado da outra na sala.

-- Ela quem? -- perguntei, confusa. Minha cabeça só funciona direito depois das 10 da manhã.

Gabriela revirou os olhos, como se a resposta fosse óbvia, e lançou um olhar para o meio das pernas. Eu abri a boca de surpresa.

-- Você não vale nada! Combina direitinho com o Ítalo -- eu disse, rindo. Interrompemos a conversa porque o professor já entrava na sala.

Terceiro ano é aquela pegada de "agora ou nunca". O vestibular tá batendo na nossa porta e a gente não sabe direito qual rumo vai tomar na vida, só sabe que tem de se matar de estudar pra tentar passar numa faculdade boa. Eu não fazia ideia ainda de qual curso eu queria. A tríade clássica, Medicina, Direito ou Engenharia não me atraía em nada. Eu ainda procurava um curso que unisse paz de espiritual e bom mercado de trabalho, com o combo de ser algo que eu goste de fazer, mas eu não conseguia pensar em nada. Dali a algumas semanas haveria uma palestra sobre orientação vocacional e eu já tinha me inscrito para participar.

As aulas antes do intervalo passaram arrastadas. Início de ano é sempre aquela preguiça de entrar no pique dos estudos de novo. Na hora em que o sinal tocou, eu e Gabriela saímos para encontrar o resto do pessoal.

-- Oi, gente! -- eu cheguei cumprimentando. Nossos amigos já estavam reunidos: Cássio, Juliana, Amanda e Felipe. O Eric veio se aproximando também, sentando do meu lado na mesa do pátio.

-- Hello, people! -- a Gabriela efusiva. -- Animados para o fim de semana?

-- Fala logo, Gabriela, o que é que você quer contar? -- Amanda bem direta.

-- Ai, como você é grossa! Tenho nada pra contar não, queria saber de vocês mesmo...

-- Meus pais programaram a viagem mais chata da minha vida -- a Ju falou. -- Visitar uma família do meu pai no interior. Sabe aqueles interiores bem interiorzão, onde só tem bicho e mato? Nem internet pega lá.

-- Aproveita para relaxar, tirar umas fotos que eu sei que você gosta -- eu tentei animá-la. Juliana é a fotógrafa oficial da galera, e é muito boa nisso. -- Geralmente interior tem muita paisagem bonita...

-- Seu pai é fazendeiro, é? Você nunca contou pra gente que tinha fazenda. -- o Cássio se pronunciou. Ele era o único entre nós que não era do terceiro ano. Era do segundo, um ano mais novo que nós. Conhecemos ele porque é do time de futebol do colégio, o mesmo que Eric jogava.

-- Não é uma fazenda, tá mais pra um sítio. Se vocês quiserem, dá pra programar uma viagem e irmos todos juntos, tem espaço na casa lá. Mas já vou avisando que vai ser chato.

-- Não, obrigada -- o Felipe dispensou. -- Prefiro cidade grande mesmo. Shopping, boate, gente bonita...

-- Estou com fome, vamos ali na cantina comigo? -- o Eric sussurrou no meu ouvido, estava me abraçando por trás. Eu sorri e assenti.

Nos afastamos do pessoal e eu fiquei na fila com ele. Ele parecia diferente. Não tinha dado uma palavra na conversa com o pessoal e parecia meio triste, meio tenso.

-- Aconteceu alguma coisa, amor? -- eu perguntei, fazendo um carinho em seu rosto. Ele olhava para o chão.

-- Não sei dizer ainda. A Alison me mandou uma mensagem na hora da aula, disse que nossos pais estavam brigando em casa. Brigando feio.

-- Mas por quê?

-- Eu também queria saber. Ela disse que também não sabe e nenhum dos dois quer contar, mesmo ela perguntando. Eles quase nunca brigam, Rê. Deve ter sido algo grave pra isso acontecer.

-- Ei, calma, não deve ser nada -- eu segurei sua mão com força. -- Como você mesmo disse, eles quase nunca brigam, então seja lá o que for, vão se entender logo. Promete que me dá notícias quando chegar em casa?

-- Prometo -- ele deu um sorrisinho forçado e eu sorri também.

O intervalo acabou e voltamos para nossas salas. Segunda-feira por si só já é um dia chato, mas ó... Parabéns para quem programou nossa grade de aulas. Os professores mais insuportáveis caíam justamente no primeiro dia da semana. Dava vontade de sair correndo da sala.

Na saída, encontrei o Eric mais uma vez e ele continuava preocupado. Nos despedimos, avisando a ele que me ligasse quando conversasse com os pais. Eu e Guilherme esperamos nossa mãe na porta e voltamos para casa.


Notas Finais


Galera, o primeiro capítulo é só pra vocês irem conhecendo a história e os personagens. As coisas começam a caminhar a partir daí. Essa nao é a primeira fic que eu escrevo, mas a primeira que eu posto aqui kkkk Espero que vocês gostem!


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