História Arma final de Atena - The Price of Love

Os dois semideuses respiraram fundo pela última vez enquanto, de forma lenta, abriam a entrada secreta da Cabana de Rômulo. Para Zoe, toda a arquitetura era desconhecida e, mesmo que escondida parcialmente pela falta de luz, era possível notar que foi pensada por um arquiteto brilhante.

    Percy, no entanto, conhecia bem aquele local. Todos seus sonhos agora queimavam sua mente, com a voz desconhecida ao fundo, com a imagem de sua mãe e também do pretor.

— Já estou farto desse lugar… — Pensou angustiado.

    Inconscientemente, o garoto tomou a liderança da caminhada, por já ter visto o caminho em seus sonhos, mas a mais velha pôde notar que quanto mais tempo se passava, mais a feição dele se tornava inquieta. Não tinha bons pressentimentos sobre aquele local.

    Assim como no labirinto, a Cabana mudava de arquitetura conforme se adentrava mais em seus domínios, trazendo um desconforto ao grupo pois não sabiam o que esperar da situação. Estavam bastante expostos.

— E essa sensação de estar sendo observado… não consigo deixar de me preocupar… —

— Percy se mantenha perto… podemos nos perder facilmente aqui dentro… — O garoto somente concordou com a mais velha.

O corredor se abriu novamente em uma sala espaçosa porém, diferente das outras em que passaram, esta trouxe calafrios para o Campeão de Atena. Desde que teve o primeiro sonho com Atena, não pôde deixar de notar que o local se assemelhava muito a uma arena de gladiadores e nesse momento, em que estava presente de forma física, o garoto entendeu que estava certo.

— Ei Percy… por que paramos? — Perguntou Zoe, mas não precisou de respostas, ao ver o olhar desesperado que tinha nos olhos do companheiro. — Parece que finalmente chegamos… mas onde está o Pretor e Atena? —

— Finalmente meus convidados de honra chegaram… — Disse uma voz desconhecida, vinda da escuridão, da mesma forma que ocorria nos sonhos.

— Não acha que é um falta de educação não mostrar o rosto ao seus convidados? — Disse friamente Percy, com a paciência esgotada pelos últimos eventos.

— Ora ora… como sou descuidado… — Soltou uma pequena risada.

    Uma figura humana começava a se formar, enquanto o desconhecido se tornava uma figura familiar para o garoto. Em frente aos semideuses, o Pretor Jason Grace, aparecia com os braços abertos e um pequeno sorriso irônico em seus lábios.

— Muito prazer Percy Jackson… sou o Pretor de Roma… Jason Grace… —

— Você parece bem para alguém que deveria estar em cárcere privado… — Disse Percy, arrancando uma pequena risada do romano.

— De fato… afinal desde o começo eu estou aqui por vontade própria… —

— Parece que o julgamento de Percy estava correto… ele não foi sequestrado — Pensou Zoe — Qual é o seu objetivo… Jason Grace? —

— Sabe… na Antiguidade nós romanos éramos o maior império… muito maiores que os gregos… mas parece que com o passar dos anos… foi esquecida nossa grandeza e hoje até mesmo aceitam que sejamos inferiores aos semideuses gregos… — Começou Jason — Mas essa era acabou… eu vou trazer Roma novamente ao topo… e preciso começar exterminando nossos eternos rivais… vocês gregos —

— E por isso forjou esse falso sequestro… para que os romanos acusassem os gregos e assim começasse uma guerra… — Concluiu Percy.

— Exatamente Campeão de Atena… naturalmente eu não conseguiria meu objetivo sozinho… pois era fraco demais… mas veja como tenho sorte garoto… — Disse com um sorriso maníaco. — Meus objetivos coincidem com os do Deus da Guerra e aquilo que eu não conseguiria… com a ajuda Dele eu posso alcançar… —

— Isso é pior do que eu imaginava… pelo rumo dessa conversa não vejo outro fim senão uma luta com o Pretor… mas se ele realmente tiver a benção do Deus da Guerra… será possível que eu possa vencê-lo no estado que estamos agora? — Se perguntou Percy.

— Nas visões que tive nesse lugar… a Deusa Atena estava aqui… onde ela está agora? — Tentou ganhar tempo, para pensar em alguma estratégia.

— Ah… a Deusa da Sabedoria… ela sim sofreu o sequestro que eu supostamente sofri… — Deu uma risada. — Ela foi somente uma isca para trazê-lo até aqui… Lorde Marte tem um interesse particular em você e por isso a sequestrou… me pergunto o que ele viu em você… me parece tão frágil… —

— Se ela era só uma isca então não devem ter feito nada com ela… ainda bem… —

— Não me interessa os motivos que levaram Ares a armar tudo isso… agora a única coisa que me interessa é resgatar minha mãe e levar você de volta para Roma… —

— Esse olhar… começo a entender… você é realmente compatível com a Guerra… Jackson… — Pensou Jason.

— Entendo… no entanto eu não pretendo largar meus objetivos e Lorde Marte me fez um único pedido em troca de me ceder sua benção… que eu a utilizasse em uma luta contra você e o destruísse…Percy Jackson… — Gritou o pretor, enquanto partia em direção aos dois semideuses, encerrando qualquer tipo de diplomacia.

A vantagem inicialmente parecia ser de Percy e Zoe, por ser um dois contra um, porém logo notaram que o Pretor era diferente dos demais. Seus sentidos, movimentos e experiência em batalha não podiam ser comparados a monstros ou os guerreiros romanos que enfrentaram.

    Zoe, que havia ido para a linha de trás, para dar suporte com suas flechas, não conseguia disparar nenhuma, visto que o Pretor se posicionava exatamente atrás de seu companheiro.

    Percy, por sua vez, somente conseguia ficar na defensiva, enquanto tentava encontrar alguma brecha para sua espada, ou criar alguma situação favorável para sua companheira, mas não estava tendo sucesso.

    Os dois guerreiros continuavam numa dança sincronizada, mas com o passar do tempo o romano parecia crescer cada vez mais na luta, dominando todos os movimentos que antes o Campeão de Atena conseguia contrapor.

— Para alguém tão bem visto pelo Deus da Guerra… você me decepciona… Jackson — O pretor o menosprezava, mas o garoto não via como retrucar, pois estava realmente em dificuldades. — Se não me mostrar seu verdadeiro potencial… eu vou destruí-lo junto com a menina bonita que o acompanha... —

— Como se eu fosse deixar você fazer isso…idiota — Retrucou dando um golpe forte, desestabilizando por um instante o equilíbrio perfeito que seu adversário demonstrava.

— Parece que você consegue fazer algo quando quer… talvez eu devesse somente lhe pressionar mais… — Pensou de forma sádica.

    Com um grito animalesco, o Pretor se apresentou de forma totalmente diferente para os dois. Com um assombro, Percy notou que ele estava mais perigoso que nunca, com uma fina aura vermelha sangue o cobrindo e seus olhos totalmente tomados pela mesma cor.

    A benção de Marte mostrou sua forma.

    A luta, que já estava tendendo para o lado romano, agora era unilateral. Com a ativação da benção de Marte, o pretor que já era forte, se tornou imparável e somente o esforço de se segurar no combate já tirava todas as energias de Percy.

— Vamos Jackson… me mostre seu verdadeiro poder… ou será que você não é capaz de ativá-lo sozinho? — Zombou, enquanto o garoto arfava, tentando desesperadamente aproveitar o momento de calma para retomar as energias. — Talvez eu devesse lhe demonstrar um pouco mais de desespero para que me leve a sério? —

    Jason levantou a mão direita aos céus e com um pequeno grito um raio se condensava em volta dela e ao apontar na direção de Percy, ele lançou com força total.

— DESVIE ZOE… — Berrou o garoto, se jogando para longe da direção do ataque inimigo.

    A arquitetura, antes perfeita, agora é somente destroços que tentavam, de forma inútil, relembrar a beleza que antes predominava no local. Com um assombro, o Campeão de Atena entendeu a situação.

— Além de ser um guerreiro excepcional com a benção de Ares ele ainda é filho de um dos Três Grandes Deuses? —

    Não era por coincidência a aura assustadora que emanava do Pretor, pois ele realmente está acima de qualquer desafio que o filho de Atena jamais pudesse ter imaginado enfrentar ali.

— Eu o subestimei achando que poderia lhe enfrentar sem usar meus olhos… — Pensou Percy.

    Era óbvio naquele momento que o rumo da luta estava para mudar drasticamente, com o Pretor utilizando a benção de Marte, era natural que Percy utilizasse sua carta na manga.

— Wow… parece que você realmente não estava me levando a sério… — Disse ao se deparar com os olhos modificados do menor.

    Uma sensação estranha se passou no filho de Júpiter ao fitar os olhos totalmente cinzentos do menor. Mas não era somente os olhos que se modificaram, sua postura estava diferente e suas emoções, mais controladas. Um calafrio trouxe uma lembrança para Jason, pois ele tem visto esses mesmos olhos dia após dia.

    São os olhos de Atena.

— Não há o que colocar nem tirar… são exatamente os mesmos… —

    Marte havia o deixado em cargo de vigiar a Deusa da Sabedoria enquanto estivesse na Cabana de Rômulo e sempre que ela abria seus olhos, era como se o mundo congelasse. Jason tinha total consciência de que ela estava sob controle enquanto estivesse presa naquelas correntes, mas a confiança e imponência que ela lhe passava com o olhar o deixava com as pernas bambas. E agora estava novamente em frente a esses mesmos olhos, mas com uma diferença.

Não há correntes que prendessem Percy.

— Ele não é Atena… não há o que temer… —

    O garoto avançou rapidamente em direção ao mais velho, com seus olhos analisando todos os movimentos de seu inimigo e memorizando-os. Todo ataque que lhe lançava, se tornava inútil quando em uma segunda tentativa. A benção de Marte, que outrora lhe dava vantagem, agora somente terminava de lhe esgotar a pouca energia que restava.

— Percy está no controle da luta… mas mesmo assim… o Pretor não se deixa errar — Pensou abismada Zoe. — Não há espaços para mim nessa luta… por mais que eu tente rotacionar para achar um ponto cego de Jason é muito arriscado… posso acertar o Percy também… que droga —

    Em uma batalha de espadachins, já não havia espaço algum para Jason, pois seu adversário estava em um nível absoluto se comparado a ele. Mas aquela não era somente uma luta entre especialistas em espadas, mas sim, uma guerra entre semideuses e, nesse terreno, o Pretor ainda era superior.

— Não sei qual é o seu parentesco divino Jackson… mas eu sou filho do Rei dos Deuses… sou o mais poderoso semideus de todos… — Sorriu com a constatação.

    Novamente apelando para os poderes divinos de seu pai, o Pretor formou um raio, porém, utilizando dessa vez as duas mãos, para ampliar tanto o raio de contato quanto sua potência.

— Esse ataque é uma loucura… por ser uma sala fechada quase não local que esse ataque não atingirá… mas essa posição… não parece adequada se ele pretende mirar em mim… — Arregalou os olhos, ao notar que Zoe estava terminando de se posicionar em um ponto atrás do Pretor — Ele não pode ter notado ela ali… pode? —

    A resposta de sua pergunta veio com o pequeno movimento, quase imperceptível, do pretor em direção a caçadora, que em seu esforço em se movimentar, não conseguiu perceber a intenção do inimigo.

— CORRA ZOE… — Gritou Percy, desesperado. — Em nenhum momento ele mirou em mim… maldito romano… mas essa intensidade não parece normal… de onde vem esse poder? —

    Parecia certo que o ataque a atingiria, tendo somente uma pequena porção de terreno a alguns metros que ela poderia se refugiar.

— NÃO ME SUBESTIME… — Gritou Zoe, enquanto carregava um ataque com três flechas paralelas em seu arco e com um encantamento, suas flechas tomavam uma aparência mágica.

    Com um pequeno salto em parábola, a menina usou o resto de magia que detinha para realizar o ataque em direção a bola de relâmpago e com um assombro, tanto de Percy e principalmente de Jason, o ataque foi perfurado pelas flechas que, imponentes, seguiam em direção ao Pretor de Roma. O ataque surpresa além de dispersar a bola de energia, conseguiu ferir de forma efetiva na região da costela e por pouco não atingiu também seu olho esquerdo.

— DESGRAÇADA… — Rugiu o Pretor, enquanto sentia o sangue fluir de seu corpo e sua visão ficar turva.

    Ao ter sua técnica secreta totalmente anulada pela Tenente das Caçadoras, a situação começou a ficar desesperadora para o Romano. A benção de Marte começava a cobrar seu preço, sugando sua energia vital, pois diferente da benção de Atena que é regida pela força mental, o poder do Deus da Guerra se apoia na força vital do utilizador e, portanto, se o usuário ficar “seco”, sua força física zera, resultando em sua morte.

— Parece que chegou ao seu limite… Jason Grace… — Uma voz falou em sua cabeça, mas não era qualquer voz.

    Marte estava se comunicando com ele.

— Ainda não Senhor… eu vou terminar com eles… —

— Você não é mais capaz de cumprir com sua parte do acordo… você lembra qual era a condição para que eu lhe desse os poderes… não se lembra? — A pergunta fez com que Jason arregalasse os olhos.

— Sim Senhor… eu me lembro — Os olhos do Pretor se tornaram vazios. Tanto Percy quanto Zoe não entendiam o que se passava com seu inimigo, que de um instante para o outro, ficou estranhamente quieto.

— Saudações Percy Jackson… Zoe Nightshade… — Disse uma voz que vinha de Jason, mas não era a natural dele. — Agradeço pelo entretenimento que me ofereceram até o momento… foi realmente belo —

— Quem é você… e o que fez com o Pretor? — Perguntou Zoe.

— Ora caçadora de Ártemis… eu sou aquele que trouxe todo o potencial que Jason Grace demonstrou… mas como ele se demonstrou inútil para os meus objetivos tive que fazê-lo… desaparecer… — Disse em uma pequena risada.

— Entendo… finalmente decidiu aparecer… — Disse Percy. — A figura escondida em meus sonhos… o Deus da Guerra… Ares —

— Não parece surpreso com a minha aparição criança… devo dar os critérios a Atena por seu poder dedutivo? —

— É natural que você aparecesse afinal você está interessado em mim… não é mesmo?... — Disse com os olhos frios.

— Esses olhos são irritantemente parecidos com os Dela… me dá vontade de arrancá-los agora mesmo… — Disse com um sorriso sádico. — Mas realmente garoto… você despertou meu interesse… mesmo sendo tão jovem já demonstra um potencial enorme… mas ainda não é o suficiente… você ainda não é bom o bastante… —

— E o que me falta… Deus da Guerra? —

— Não é sobre o que lhe falta… mas sim o que você tem em demasiado… — Explicou Ares — Sua bondade… amor… gentileza… esses sentimentos lhe impedem de ser o maior guerreiro de todos… e é por isso que decidi lhe ajudar a perdê-los — Terminou com um sorriso perturbador.

— E como pretende me dar essa ajuda? — Perguntou, com as mãos tremendo, não conseguindo acreditar que aquele evento pudesse ter sido por conta do Deus da Guerra.

— Ah criança você já notou… eu já coloquei meus planos em ação a tempos… o ataque no acampamento das caçadoras… a horda que lhe esperava na colina que ficava com Atena… o ataque Romano logo que chegaram… tudo estava dentro do que eu queria que acontecesse — Disse rindo. — Vocês somente jogaram meu jogo… e agora eu sou o chefão final… —

    O garoto já esperava algo como aquilo de resposta, mas ter seus pensamentos confirmados, ainda mais ditas de uma forma tão cruel, como se tudo aquilo que ele passou não passasse de uma provação doentia para se tornar algo que o Deus queria que ele se tornasse.

— Diga-me Ares… se tudo foi obra sua eu posso colocar a morte de Phoebe como sua responsabilidade… não é? — Disse com o olhar totalmente frio, voltando para o cinza absoluto de Atena.

— Essa segunda personalidade… ele já havia mostrado antes… mas nunca tão forte quanto agora… eu sinto a sede de sangue dele… — Pensou Zoe, preocupada com o que poderia acontecer com o garoto ao desafiar um deus. — Não faça isso Percy… —

— Parece que não vou precisar esperar mais pra ter a minha vingança… — Disse Percy com um olhar maníaco, semelhante ao do Deus.

— Isso criança… me odeie o máximo que puder… transforme todos seus sentimentos em ódio e será o mais forte de todos… — Pensou Ares.

    Com um berro, o garoto investiu em direção a Ares, sem ao menos se preocupar em se defender ou em pensar algum tipo de estratégia. Seu único pensamento era de esmagar o culpado pela morte de sua companheira e por todo sofrimento que ele teve nos últimos dias.

    A velocidade do garoto ficava cada vez maior, mas não importava em nada, pois seus ataques continuavam não encontrando seu alvo, sempre parando na espada de Ares, que rindo, zombava do menor, deixando-o cada vez mais enfurecido.

— Mais rápido… preciso ser mais rápido — Pensava Percy, aumentando seu ritmo.

    Ao tentar mais um dos ataques unilaterais, Percy acabou abrindo demais a guarda e Ares golpeou com a parte chata da espada na parte esquerda do abdômen do garoto, tirando totalmente seu fôlego e lhe deu um soco, fazendo-o voar alguns metros para trás.

— Parece que todo o sofrimento que lhe trouxe não foi o suficiente… acho que teremos que brincar um pouco mais… —

    Enquanto o Campeão de Atena se apoiava em sua espada para se levantar, pôde ouvir gritos femininos vindos do outro lado da sala. Ares agora levantava Zoe pela camisa, com a espada apontada para seu peito.

— Sua última chance Percy Jackson… se realmente ama essa garota como amava Phoebe... perca toda a razão… se jogando em um mar de ódio e desespero — Com aquela frase, o mundo de Percy congelou.

— Se eu tivesse sido forte eu poderia ter salvado Phoebe… mas eu fraquejei… — As memórias do último momento de Phoebe apareciam na mente de Percy.

Início Flashback

— Desculpe Phoebe…eu jurei…eu jurei que ia te proteger — Disse Percy, enquanto as lágrimas escorriam livres pelo seu rosto. — Me perdoe… por favor —

— Não há nada que eu deva te desculpar Percy… eu sabia o que ia acontecer quando me joguei na frente daquela espada… — Disse rouca.

— Eu acredito fielmente Percy…que você é diferente dos outros homens… então é por isso que confio a você o meu sorriso… aquele que você tanto queria — Ela olhou para ele com um sorriso aberto, o mesmo que dava para as irmãs da caçada.

— Mesmo sentindo tanta dor… ela ainda é capaz de dar um sorriso desses — Pensou Percy com os olhos lacrimejados.

— Pho… eu te prometo… eu vou ser o melhor homem que eu puder ser… eu vou ser diferente daqueles que fizeram mal para vocês e lhe dar orgulho de lembrar seu irmão mais novo… eu prometo — Disse beijando a testa da garota, que sorriu com o ato.

Fim Flashback

— Nós fomos fracos… mas não podemos deixar isso acontecer novamente… — Uma voz parecida com a sua própria, lhe dizia.

— Quem é você? —

— Eu sou você… fui criado pelo seu desejo intenso de defender aqueles que ama… —

— Eu quero protegê-la… mas sou muito fraco… não há como vencer um deus —

— Mesmo dizendo isso… você não quer desistir… não é? —

— Não quero passar por aquilo nunca mais… ver alguém que amo morrer na minha frente… —

— Há um jeito… mas o preço é extremamente alto… —

— Diga-me como… —

— O amor é o sentimento mais forte de todos… mas o mais caro… a benção de Afrodite pode lhe dar o poder que nem mesmo Ares conseguiu vencer… —

— Qual o preço? —

— Para proteger aquilo que ama… você terá que perder aquilo que lhe é mais importante… então quanto mais poder da bênção  você usar mais ela lhe custará… — O garoto arregalou os olhos. — Como a companhia das pessoas que ama é o seu bem mais precioso… você será obrigado a viver anos assistindo elas viverem... terá que assistir elas sofrendo... morrerem e outros situações que podem te levar a loucura e esse tempo se passará no tempo de um segundo humano… você aceita? —

— Faça… —

— Eu fiz uma promessa a você Phoebe e mesmo que tenha que entregar anos da minha vida para cumpri-la… eu não vou deixar Zoe morrer —

— ARES…— Berrou Percy, com uma aura vermelho sangue imensa em volta de si.

— Finalmente garoto… me divirta mais… —

— Percy… é realmente você?... — Sussurrou Zoe, vendo o estado que o menino estava.

    Ares em um pequeno movimento, jogou a garota para longe, pois não queria que nada atrapalhasse aquele momento. O garoto, que antes já atacava com pouca proteção, agora não tinha intenção nenhuma de se defender contra seu inimigo. Sua intenção era somente uma.

    Matar Ares a qualquer custo.

    A velocidade de Percy agora estava em um nível sobre-humano, enquanto pressionava Ares para tentar feri-lo, mesmo que minimamente. Mesmo sendo o Deus da Guerra, o corpo ainda era o de um mortal e no estado que o Campeão de Atena se encontrava, dificilmente Ares aguentaria por muito mais tempo.

— Interessante… muito interessante… — Sorriu Ares. — Você é realmente quem eu achei que seria… você é o semideus que vai abalar as estruturas do Olimpo… Percy Jackson —

    Com o combo que Atena havia lhe ensinado, Percy conseguiu desarmar Ares que, com um sorriso, entendeu que havia chego no limite que o corpo de Jason Grace o permitiria duelar com o Campeão de Atena.

— Parece que eu fui derrotado… você é realmente diferenciado garoto… vou lhe dar os créditos por essa vitória… mas esse poder… parece que ganhou até mesmo a atenção de Afrodite… — Se rendeu Ares. — Esse poder sempre foi problemático… Em um futuro próximo nos encontraremos novamente e vou querer minha vingança… Percy Jackson… —

    Os olhos de Jason Grace voltaram ao normal e sua aura logo desapareceu. O mesmo caiu no chão sem nenhuma energia e pela primeira vez desde que entraram na Cabana de Rômulo, Zoe conseguiu relaxar seu corpo.

    Sua calma, no entanto, logo se esvaiu quando viu Percy levantando o Pretor do chão e puxando sua espada lentamente. O olhar do garoto não era tão sanguinário quanto quando lutava com Ares, mas ele parecia querer o suficiente do sofrimento do Romano, para deixá-lo sair vivo.

— Percy não faça isso… — Gritou correndo em direção ao mesmo, o abraçando antes que ele pudesse matar o Pretor.

— Z…O….E — Sussurrou as letras com dificuldade.

— Sim… sou eu… já acabou então por favor… abaixe a espada…— Lhe pediu chorando, enquanto segurava a mão do companheiro.

    O garoto somente soltou a espada e o Pretor no chão e no mesmo instante, abraçou com todas as forças a menina que estava ao seu lado, que deu uma pequena corada com a ação do amigo.

— Está tudo bem… acabou… — Consolou o garoto enquanto passava a mão em seus cabelos.

— Zoe… eu… para usar aquele poder… — As palavras não saíam com facilidade, então a garota deu tempo para ele, mesmo morrendo de curiosidade.

— Eu estou aqui… não vou fugir… então acalme-se… ok? —

— No momento que Ares levantou você… eu senti tanto medo que você morresse… então meu subconsciente falou comigo… —

— E o que ele lhe disse? — Disse com uma voz calma, para confortar o amigo.

— Ele me mostrou o caminho… o que eu deveria fazer para não deixar mais uma pessoa que amo morrer na minha frente… — Disse de uma forma tão simples, que fez com que a garota sentisse seu coração falhar algumas batidas com a palavra “amor” na frase. — Eu usei a bênção de Afrodite… —

— Foi por isso que você ficou tão forte de uma hora pra outra… —

— Exato… mas havia um preço… —

— Tenho uma noção de qual foi afinal você está totalmente diferente de antes… mas qual foi? —

— Eu tive que assistir a dez anos de futuros em que as caçadoras estavam presentes… mas eu não podia interferir… — Começou. — Eu passei dez anos sozinho… assistindo todas viverem sua vida… sem mim…—

— No começo era só como se eu fosse somente um observador… mas em alguns futuros eu era obrigado a assistir a morte tanto sua quanto de Phoebe de maneiras cada vez mais perturbadoras… e eu não podia fazer nada — Dizia chorando, enquanto Zoe ficava com os olhos arregalados.

— Que preço absurdamente caro a se pagar por um poder… e durou tão pouco tempo… — Pensou Zoe.

— Mas agora você está de volta… se eu ficar em perigo você poderá me ajudar… então não chore Percy… — Disse com lágrimas nos olhos, só de pensar no sofrimento que o amigo passou para salvá-la.

— Você me disse que eu estava diferente… o que quis dizer? — Percy perguntou, mudando de assunto.

— Bem… antes você era um menino bonitinho de oito anos… agora é um homem de dezoito… sua aparência mudou muito... — Disse com o rosto um pouco vermelho.

    O garoto por ter vivido os dez anos na escuridão da benção de Afrodite, não notou a mudança em seu corpo, por sempre estar prestando atenção no que acontecia com as caçadoras e Atena.

— Eu tinha notado que meus ataques estavam chegando mais cedo… mas nunca pensei que era porque eu tinha ficado maior… — Disse com uma risada cansada. — E então… precisamos terminar a missão… —

— Certamente… precisamos libertar Atena e levar o Pretor para ser julgado pelos Deuses… — Concordou Zoe.

— Creio que não será necessário me libertar… — Disse uma voz familiar a Percy.

    Ao virar em direção a voz, os olhos do garoto marejaram com a visão de ninguém menos que sua mãe com um sorriso, porém com o olhar triste. O Campeão correu em direção a Sua Deusa, a envolvendo com um forte abraço, que foi correspondido pela mesma.

— Senti tanto a sua falta mamãe… — Disse com uma voz nostálgica.

— Desculpe meu menino… pelo meu erro em não conseguir enganar Ares você teve que passar por tudo isso… por tanto sofrimento… — Disse Atena com uma voz culpada, deixando o garoto desacreditado com o que via.

— Mamãe.. não há nada que eu precise lhe desculpar… você me aceitou como seu Campeão e me criou para ser o maior guerreiro de todos… — Disse enquanto limpava uma pequena lágrima nos olhos de Atena. —  Já é hora de eu devolver a confiança que depositou em mim… —

— Mesmo querendo lhe proteger do sofrimento que sofreu… parece que é hora de eu deixar você andar pelas próprias forças… Percy… — Pensou Atena.