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História Arrebatado pelo amor - Capítulo 11


Escrita por: emy_midgar

Notas do Autor


Por eu ter costume de usar apenas o AO3, minhas histórias ficam desatualizadas por aqui.
Vou fazer um teste colocando alguns "pares raros" por aqui e ver como ele é recebido pelo público.


*Passando mais uma vez para lembrar que eu não tenho um beta, e pelo pouco tempo disponível, tenho apenas a correção do Word.

Capítulo 11 - Capítulo 11


Faltavam dez minutos para Severus e Tom chegarem pela chave de portal programada.

Se alguém dissesse que ele iria preferir seu tempo com Lucius, Harry com certeza iria prende-la na ala Janus Thickey.

Foi bom aprender sobre seus pais em um ponto de vista diferente. Lucius dividia seu tempo em conversar sobre suas melhores memórias com James e ensinando-o sobre o mundo bruxo.

Claro, Yara e Amos sempre lhe davam livros sobre a estrutura do ministério, mas com Lucius era diferente. Ele estava aprendendo sobre ser um Lorde e a carreira que ele poderia seguir assim que tudo acalmasse.

Um ponto que ele gostaria de fugir era sobre seus pais, se estariam vivos ou não. Ele queria negar tudo, mas Lucius não permitiria, então eles estavam estudando vários assuntos e a linha do tempo, tentando descobrir o que poderia ter acontecido. A chave de tudo podia ser Tom.

Não seria fácil, claro, nunca foi. Sua vida foi profetizada para sofrer, isso foi claro. Ele não sabia se estava pronto para conversar com Tom, mas seus companheiros estavam lá, assim como Lucius e Narcisa, que segurava a pequena Celine. Yara e Amos viriam ver a neta no jantar, então seriam um reforço adicional.

Um barulho o despertou de seus pensamentos e lá estava seu tio avô, aparentando ter idade para ser seu tio. Foram segundo de silêncio constrangedor.

— Senhor Gaunt, Senhor Snape. Sejam bem-vindos ao nosso Castelo. — Marcus, que estava mais relaxado do que os outros dois Volturi, se aproximou dos dois bruxos e estendeu a mão. Apertos foram trocados.

— Muito obrigado, senhor Volturi. Meu nome é Severus, esse é Tom.

— Claro, que tal eu pedir para um elfo doméstico levar suas malas para seu quarto e vocês nos seguirem para a sala de reuniões?

— Nos mostre o caminho, por favor.

Foi decidido mais cedo usar a sala com vista para o Jardim, era onde eles resolviam a papelada enquanto deixavam a porta aberta para que pudesse ver Harry e Celine se divertindo no sol da tarde.

Foi uma curta caminhada, mas parecia uma eternidade para Harry, que caminhava entre Caius e Aro. Perguntas e perguntas giravam em sua mente não sabendo qual faria primeiro. Assim que todos estavam acomodados, Harry e seus companheiros dividindo um sofá, Lucius e Narcisa em uma namoradeira com Celine e Tom e Severus dividindo outra namoradeira, Lucius se ofereceu para preparar bebidas, na esperança de que isso os acalmasse.

— Devo dizer que fiquei surpreso, Harry. Depois de tudo o que aconteceu e você saindo assim que minha alma foi restaurada, não imaginei que um dia receberia algo seu.

— Não foi algo tomado de ânimo leve, Tom. Esperei ignorar tudo e seguir com minha vida, mas as pessoas ao meu redor jamais permitiriam que eu ficasse sem respostas.

Ele foi sincero. Se tivesse o poder da escolha, jamais falaria com Tom. Até mesmo cogitou um leve obliviate para não ter que passar por isso.

— Não te julgo, você tem todo o direito. Já que estamos aqui, você quer começar pelas perguntas? — Tom sentiu Severus roçar suas mãos trazendo um pouco de calma.

— Acredito que seria bom você começar do início e se houver alguma questão, partiremos daí. — Tudo devidamente ensaiado em sua mente.

— Bom, por que não?! — Assim que Lucius entregou as bebidas, Tom tomou um longo gole esperando que relaxasse ainda mais. — Mérope Gaunt veio de uma família puro sangue incestuosa, um dos ramos da família Slytherin. Ela não tinha chance alguma, seu pai e irmãos loucos e presos, sua mente completamente quebrada e uma nova obsessão. O que poderia dar certo?

Severus sabia que aquilo era difícil para Tom, por mais que ele tentasse demonstrar o contrário.

— Tom Riddle era um trouxa que vivia próximo ao barraco dos Gaunt. Filho de um antigo senhor, rico e bonito. Mérope sabia que não tinha chance com ele, mas para seu grande deleite, era ótima em poções. Juntando o útil ao agradável, surgiu a ideia de uma poção do amor.

Harry sabia dessa parte, sabia das partes sombrias da história, mas ouvir isso de Tom o fez enxergar por outros olhos. Como ele conseguiu lidar com esse passado obscuro estava longe de si. Por mais que ele tivesse sofrido maus bocados com os Dursley, ele estava ciente de seus pais, do amor deles e ele floresceu com os cuidados dos Weasley.

— Ela engravidou e, mesmo a contragosto, Riddle Sr e sua esposa a aceitaram, afinal, carregava seu neto. Assim eles seguiram os meses, até que quase na marca dos oito meses, Mérope pensou que durante aquele tempo, tivesse conseguido fazer com que Tom a amasse.

O restante da sala ouvia atentamente a história. A loucura da família Gaunt seguia o incesto, mas por incrível que pareça, agora com a alma restaurada, não parecia que Tom a carregava. Provavelmente o sangue novo.

— Largada e grávida, sobreviveu o suficiente para chegar à porta de um orfanato trouxa, dar à luz e nomear a criança. Tom para o pai da criança, Marvolo para o avô e Riddle como seguia a tradição, da família do pai. Uma criança mágica, em um orfanato trouxa... Bem, é lógico não se esperar nada de bom, principalmente quando pode haver explosões de magia e ninguém ali estava preparado para lidar com isso.

Os Volturi sabiam como pessoas diferentes sofriam. A sociedade era cruel e não aceitava "anormais".

— Todos me ignoravam. Era conhecido como a cria do diabo. — Puro escárnio pingando de sua voz. — Perdi as contas de quantas vezes um padre foi até lá para me exorcizar. Minha pele vivia aberta, cortes inflamados, muita perda de sangue... Algo que eu gostaria que ninguém passasse.

Severus conhecia essa parte, então segurou firmemente as mãos de seu amante e empurrou calmaria e segurança através de seu vínculo, uma poção já preparada para caso o pior acontecesse. Ele sabia das crises que ele tinha quando as memórias voltavam.

Narcisa tinha uma leve ideia do que viria a seguir, apenas pelo modo de agir de Severus. Sem estômago para isso, ela carregou Celine para fora da sala.

— Quando viram que não estava funcionando, um dos padres disse que eu deveria entrar na casa de deus para que funcionasse corretamente. E assim foi. Todos os domingos após a missa eu era deixado nas mãos dele. Fora os abusos físicos, o abuso sexual começou. Eu tinha apenas cinco anos! — Sua magia explodiu na última parte. Dor era tudo o que ele sentia, sua alma completa ainda parecia dilacerada.

Harry segurou um soluço enquanto estava tremendo, lágrimas rolando pelo seu rosto. Seus companheiros dando total apoio e ajudando através de seu vínculo. O pior crime cometido era aquele. Eles não conseguiam imaginar como alguém poderia fazer isso.

— Não é novidade que aquilo me perturbou. Minha magia ficou fora de controle e eu me tornei apenas uma casca, sem vida alguma. Quando descobri ser um bruxo e ir para uma escola ao longo do ano, fiquei feliz. Pensei que o inferno tivesse acabado. Foi pior. Todos me evitavam, até mesmo minha própria casa.

Lucius não tinha certeza se queria continuar ouvindo a história, só conseguia pensar se fosse seu filho no lugar de Tom. Ele esperava seriamente que essas pessoas estivessem sendo punidas.

— Apenas uma pessoa me aceitou e me ajudou. Abraxas Malfoy. Ele viu o abuso e me colocou sob sua asa. No final do meu primeiro ano, implorei a Dippet que me permitisse ficar em Hogwarts, como eu não aguentava os abusos, mas Dumbledore disse que eu estava exagerando, que por mais que eu amasse Hogwarts, meus tutores estariam esperando por mim. Ninguém pensou em investigar. Fui tomado como desequilibrado e mentiroso.

Aquele dia estava cru em sua mente. Abraxas bolou um plano para salvá-lo, mas Dumbledore, suspeitando de algo, fez questão de o levar até a porta do orfanato. E aquilo se seguiu.

— Assim que voltei, os abusos pioraram e como já era mais velho, ninguém quis me adotar, algumas pessoas até criavam histórias horríveis sobre mim. Houve alguns casais que estavam interessados em crianças mais velhas e eu estava ali, mas os absurdos ditos os afastavam. Para "pagar minha estadia", a Senhora Cole, dona do orfanato e a própria encarnação do mal me vendia. Toda noite alguém chegava para me pegar e se seguia o abuso sexual. Eu era entregue logo de manhã.

Magia e Morte mascararam sua presença e ficaram no canto da sala, apenas ouvindo. Havia muito a que ser feito e seus meninos mereciam a mais pura felicidade. Claro, nem tudo permaneceria o mesmo, mas para seu plano, aquilo devia ser feito, pensando apenas na felicidade.

— Tudo decaiu quando iniciou a segunda guerra mundial. Anos se passaram e quando eu tinha quinze anos, descobri ser herdeiro de Salazar. A escola começou a me respeitar a partir daquele dia. Eu ainda era obrigado a voltar para o mundo trouxa e ainda tinha vezes que eu implorava pela morte. Agora, mais velho, o abuso piorou. Eles me amarravam e um atrás do outro me visitavam. Havia noites que eram, no mínimo, sete homens. Vez ou outra aparecia alguma mulher.

Um silêncio se seguiu. Harry estava a ponto de implorar que Tom parasse. Os abusos eram demais. Severus estava desolado sem saber o que fazer para dar ainda mais segurança para Tom.

— Dumbledore me temia e tinha vezes que eu apreciava aquilo. Até que um dia tudo mudou. Ele tinha aquele olhar estranho, como se soubesse de um grande segredo e ele era o único ciente. Eu ignorei aquilo. Pensei que tudo melhoraria assim que me formasse. Abraxas ia começar cuidando dos negócios da família, agora que era um Lorde, eu tinha planos de ensinar em Hogwarts, então ignorei quando Abraxas se ofereceu para me conseguir um emprego no ministério. Passei um ano cuidando de uma antiga cabana de Salazar, estudando e finalmente conseguindo me tornar mestre em defesa. Mal sabia eu que no dia que eu fosse atrás do emprego, as coisas iriam piorar.

Magia sentia a dor de seu filho, ela assistiu a tudo incapaz de ajudar. Não estava na hora. Morte sempre o ouvia implorar pela morte, incapaz de suportar tanta dor.

— Dumbledore não me permitiu o emprego. Tinha alguém na sala com ele, o capuz estava cobrindo seu rosto, mas sua magia era forte, sombria. Algo estava errado. Eu não tive tempo de sair dali. Um feitiço me atingiu e me deixou imobilizado. Senti a magia estrangeira na minha mente e então eu era apenas um expectador, observando as ações do meu corpo, incapaz de parar. Era como um imperius, mas mais forte.

Parte agora foi explicada. Como tudo iniciou. Harry não sabia o que sentir em relação a Dumbledore. Mérope, Tom, Dumbledore, Cole, os padres... Ninguém merecia aquela dor.

— Eu nunca vi o rosto do bruxo, mas ele sempre estava lá. Até que na quinta horcrux, minha magia perdeu o controle e eu enlouqueci. A morte da minha família, descobrir que Lily também era da família... Cada morte me quebrou ainda mais. Sabia que Dumbledore tinha medo da minha herança, mas nunca soube o motivo, e provavelmente nunca vou saber agora que ele está morto.

Lucius queria tanto esganar aquele velho. Ele ouviu as histórias de seu pai, sentiu a dor através das palavras compartilhadas.

Severus queria apenas levar Tom, levar para sua casa e deixá-lo seguro, longe de toda essa bagunça.

— Eu só tenho a te agradecer, Harry. Através do ritual você salvou minha vida de uma maneira que jamais serei capaz de devolver. Sempre amei Severus e sofri quando a loucura piorava e eu o machucava, mas ele permaneceu ao meu lado, sabendo que aquilo não era eu, o verdadeiro Tom.

— Tom... — Harry se levantou de seu lugar e se ajoelhou em frente ao homem, segurou suas mãos e trancou seus olhares, esperando que ele pudesse ver toda a verdade em suas próximas palavras. — Eu não posso imaginar o tanto que você sofreu. Devo agradecer a Severus por ter te ajudado a passar por tudo isso. Não sei se conseguiria voltar aos trilhos se passasse por tudo o que você passou. Você foi forte e ainda é. Merece apenas a felicidade e eu sinto muito por ter demorado. Espero que um dia você possa me perdoar pelo tanto que demorei a entrar em contato. Desejo que você faça parte da minha vida e de Celine, você é família.

Um soluço alto e então Harry se viu sendo puxado para dentro de braços forte e seguros. Uma dor silenciosa sendo compartilhada. Todo sofrimento sendo lavado. Os laços familiares se fundindo e fortificando como um bálsamo. Eles queriam permanecer naquele abraço para sempre, até que um breve choro cortou a reunião.

— Venha pro papai, filhote. — Harry sorriu e abriu os braços para que Narcisa entregasse sua filha. Ele não percebeu quando ela entrou novamente na sala. Assim que a menina estava no colo do pai, ela encarou o homem desconhecido. Depois de estudar o rosto, ela se virou para seu pai, balbuciando na linguagem dos bebês que só seu portador entendia. — Celine, conheça Tom, ele é família. — Sua cabeça caiu para o lado, o que só fez Harry rir ainda mais.

— Prazer em conhecê-la. — Tom disse, segurando sua diversão vendo a criança inteligente. — Você se comportou bem com Narcisa? — Outro resmungo e um semblante sério, como se ele tivesse dito uma calúnia contra sua pessoa.

Os ocupantes da sala não seguraram por muito tempo e caíram na gargalhada. Nada como um ser tão inocente tirando risadas depois de uma história tão sofrida. Caius se divertiu quando viu que Celine começou a compartilhar de suas expressões faciais, o resmungo de Aro e a lividez de Marcus.

A criança deu mais uma olhada para seu pai e exigiu ser entregue ao homem. Tom, não acostumado a segurar uma criança, a pegou desajeitado. Suas magias dançando ao redor da outra se conhecendo antes que elas pudessem se entrelaçar. Celine bocejou alto e resmungou enquanto se ajeitava nos braços de Tom. Logo ela estava cochilando.

— Você fica ótimo segurando uma criança, amor. — Severus sussurrou em seu ouvido, passando os dedos levemente pela bochecha rosada da criança.

Um som de contentamento veio de Tom e então ele sentiu Harry se acomodando, ainda de joelhos no tapete fofo, mas com a cabeça em sua perna livre. Com um braço ele segurou Celine e com a mão livre passou os dedos no cabelo de Harry.

Severus entrou em uma conversa baixa com os Volturi, Narcisa e Lucius os deixou sozinhos e saíram para um tempo na biblioteca. Eles queriam deixá-los aproveitar o breve momento, mas tinham que continuar a pesquisa sobre Lily e James.

O castelo caiu em um silêncio e todos os ocupantes sentiram uma necessidade avassaladora de estar com seus entes queridos, como se algo ruim estivesse chegando, mas nada atrapalhou aquela sala em que uma grande família se reunia até a hora do jantar. Tom havia adormecido nos ombros de Severus.

— Venha, meu amor. Logo Yara e Amos chegarão. — Aro acordou seu jovem companheiro com leves beijos no rosto. Um resmungo fofo e atrás Marcus e Caius rindo.

— Mais cinco minutinhos...

— O jantar logo será servido, Harry. — Tom riu do desgosto escancarado no rosto do jovem.

— Venha, Amos e Yara se ofereceram para ficar com a neta essa noite. — Aro ajudou seu companheiro a se levantar e esperou que ele despertasse antes de seguirem para fora da sala em direção ao salão de jantar.

Tom ainda segurava Celine e concordava com as palavras desconhecidas. Severus ao lado com amor estampado em seu rosto vendo como a união de laços familiares o deixou mais leve.

Todos se sentaram na mesa, familiares e amigos conversando enquanto os elfos serviam o jantar. A atmosfera era leve e Harry não conseguia parar de sorrir, seu coração calmo. Até que um dos guardiões entrou correndo.

— Pois não? Espero que sua interrupção signifique que Volterra esteja pegando fogo. — Marcus perguntou com um leve arquear de sobrancelha.

— Sinto muito, meus reis. Mas lorde e lady Diggory estão com certa urgência e perguntam se eles podem entrar com um tal de ministro Shacklebolt, dizem algo que envolve todos os bruxos.

— Então permita que entrem. — Aro deu a permissão e segurou Celine enquanto Marcus e Caius se juntavam a ele em um canto da sala. Todos os bruxos presentes olharam confusos e com certa apreensão.

Não demorou muito para que os três bruxos entrassem na sala, deixando todos mais tensos. Antes que as perguntas pudessem ser feitas, o ministro, um homem negro, careca e com vestes roxas falou.

— Boa noite a todos. Eu não gostaria de interromper o jantar de vocês, mas como Ministro, venho dar um comunicado e um pedido de ajuda. — Kingsley se aproximou mais da mesa e alterou seu olhar entre Tom e Harry. — Vocês podem ter pensado que a guerra havia sido evitada, mas há uma outra batalha à qual estamos lutando faz anos. Antes mesmo de Voldemort surgir.

— Nunca soube disso, nem mesmo nos meus tempos de Hogwarts. — Tom comentou.

— É uma batalha silenciosa. Nós não sabemos quem está envolvido, os tipos de rituais ou quando realmente começou.

— Então como vocês lutam se não têm informação alguma? — Aro questionou enquanto passava Celine para Caius.

— Para isso, vocês precisam saber como funciona nossa lei, como o ministério é constituído e um pouco da história da magia, quando ela ainda era senciente por todo o nosso mundo. — Lucius entrou na conversa. — Minha família é francesa, mas um ramo veio para a Grã-Bretanha. Fomos um dos fundadores aqui e temos muita influência na França e Grécia por sermos descendentes de influentes séculos atrás.

— Sim, as famílias mais antigas detêm esse conhecimento. Os Potter poderiam ter lhe passado, Harry, mas devido as circunstâncias..., mas creio que em algum lugar deve ter livros e diários informando ou, até mesmo, retratos antigos que podem lhe dar um resumo de nossa história.

— Tudo bem, ministro, vou procurar saber mais. Mas ainda não entendo por que precisamos saber tudo isso agora. — Harry não sabia o que esperar, mas sabia que coisa boa não era.

— Harry, antes de tudo, todos vocês aqui — Kingsley olhou ao redor da sala demorando em casa rosto — precisam saber que nem sempre houve essa distinção de magia negra e magia clara, todos eram iguais, tudo vindo de um só lugar. Qualquer feitiço pode ser bom ou ruim, depende da intenção de mago. Mas conforme o governo foi mudando e como as pessoas passaram a usar a magia, foi decretado essa separação. O que alguns magos que praticavam a tal magia negra sofriam podia ser comparado à caça às bruxas nas mãos trouxas.

— Ainda hoje há essa distinção e muitos magos que ainda realizam até mesmo a roda do ano sofrem preconceito porque é considerado magia negra quando estamos apenas agradecendo e pedindo bençãos à mãe magia. — Tom comentou. Ele mesmo já sofreu preconceito de outros bruxos por comemorar algo que era obrigação de todos os seres mágicos. — Até mesmo criaturas mágicas hoje sofrem quando são elas que estão mais perto de mãe magia.

— Isso é outra coisa que precisamos mudar. Mas o problema agora é que quem está por trás de tudo isso não faz distinção de magia. Estão atacando a raiz do nosso mundo, mexendo com pequenas civilizações, roubando materiais de estudo dos indizíveis e até mesmo invadindo cemitérios.

— E quando isso deu início? Ninguém fez nada?

— Não tem como tomar providências se não sabemos o que eles são e o que querem. Não há muitos documentos sobre, mas o mais antigo surgiu logo após a batalha de Dumbledore e Grindelwald. — Kingsley recitou o que sabia. Não era muito, mas podia ser um ponto de partida. — Não vim aqui para dar uma aula de história. Por mais que sejam confidenciais, trouxe os documentos que temos e peço que trabalhem em cima disso, todos vocês. Temos pouco pessoal para trabalhar nesses problemas e não temos muito tempo. Parece que agora estão intensificando os ataques.

Harry pregou os documentos estendidos por Kingsley e olhou por cima dos papéis. Eles precisariam montar grupos de acordo com seus pontos fortes e dividir as tarefas.

— Eu agradeço, Kingsley. Iremos trabalhar com essas informações e te manteremos informado do progresso feito.

— Muito obrigado, Harry. Desculpe por chegar assim, mas estamos desesperados.

— Eu entendo. Já está ficando tarde. Que tal você voltar para seus afazeres enquanto decidimos como fazer isso daqui?

Quando Kingsley concordou, todos sabiam que não havia tempo a perder. Enquanto um dos guardas escoltava o ministro britânico, os bruxos foram para uma sala maior seguidos por seus anfitriões.

— Vamos nos dividir em grupos. — Lucius informou. — Essa divisão será de acordo com suas habilidades. Aqueles que são bons em Poções, fiquem com Severus. Os melhores em defesa, ao lado de Harry. Aqueles que conhecem bem a história da magia vá com Tom. Bons em costumes bruxos, com narcisa. Aqueles que se dão bem em política, fiquem comigo.

— Eu posso cuidar das Runas enquanto Cassius fica com Aritmancia. — Marcus Flint avisou Lucius que ainda estava esperando as pessoas se acomodarem em seus grupos escolhidos.

— Sigam o que Flint falou. Ainda temos Criaturas, Herbologia, Feitiços, Trouxa, Adivinhação, Alquimia, Astronomia, transfiguração e Leis. — Lucius esperou que as pessoas se manifestassem para iniciar a procura.

— Rolf e eu podemos liderar as criaturas. Nossas famílias obtém um vasto conhecimento. Neville é bom em Herbologia, tem um talento natural.

— Tudo bem, herdeira Lovegood. Alguém mais?

— Conheço alguns antigos comensais que lideram os outros assuntos, tendo até mesmo a maestria na área. Se estiver tudo bem, posso contatá-los. — Tom ofereceu já esperando uma recusa.

Alguns olharam estranho e até mesmo deram um passo para trás, ninguém confortável com a ideia.

— Muito obrigado, Tom. Nós precisamos do maior número de pessoas possíveis. Agora não existem mais lados, precisamos unir forças para parar o mal que nos assombra.

Harry olhou para cada um dos jovens e depois deu um aceno para Tom, deixando-o saber que era necessário entrar em contato o mais rápido possível.

 

-

 

Nos dias seguintes, ninguém descansou bem. Alguns associados de Tom vieram para ajudá-los, assim como os Weasley, Diggory, Lupin, Tonks e indizíveis escolhidos à dedo por Shacklebolt.

Harry dividia seu tempo tanto no Castelo Volturi quanto dentro de seus cofres e nas casas de sua família. Alguns outros de famílias antigas também ajudaram trazendo livros e emprestando para cada grupo. A cada poucos dias eles tiravam um tempo para descansar a mente. Era nesses momentos em que Harry gostava de ouvir histórias sobre seus pais e até mesmo conhecer melhor Tom e Severus.

As noites eram apenas para seus companheiros e seus filhos. Charlie voltara para ajudar, mas Jane ainda estava em seu mundinho. Gabrielle e Alec eram outra história. Estava bem claro que dominava a relação, mas parecia que Alec não se importava muito com isso.

Havia noites que eles e os Lupin se ajudavam. Ora ele cuidava de seu afilhado, Teddy, para que Remus e Dora tivessem um momento de casal, ora eles ficavam com Celine para que Harry pudesse passar um tempo com seus companheiros.

Lidar com essa parte do vampiro em si não foi fácil. Ele ainda estava se acostumando com os sentidos e ainda tentava ficar confortável com o vínculo formado.

Sulpicia e Athenodora estavam encantadas pelos gêmeos Weasley, então nada como um empurrãozinho dele para ajudar os dois casais. Elas precisam de alegria na vida delas e os gêmeos precisavam de um pulso firme.

Por mais que todos estivessem preocupados e dando tudo de si para enfrentar o que quer que estivesse à espreita, eles conseguiam aproveitar os bons momentos. Eles jogavam uma partida de quadribol e algumas vezes se reuniam para colocar o assunto em dia.

Harry sentiu seu coração leve ao ver os casais ao seu redor. Por mais inusitado que fosse, ao longo das semanas ele percebeu como eles se encaixavam e como as situações da vida os colocaram no mesmo caminho. Podia parecer que não, mas agora ele entendia que magia e destino nunca erravam.

Foi difícil para aceitar o vínculo, mas finalmente chegou o momento. Seus companheiros o respeitavam e cuidavam dele, assim como ele sabia que veio a compartilhar isso com eles. Seus filhos foram bônus para ele. Uma parte de si sempre iria pertencer à Cedric, mas agora ele foi capaz de seguir em frente.

Seus companheiros nunca se sentiram ofendidos com isso. Com anos de existência esperando por seu companheiro, eles já se apaixonaram por outras pessoas. Então à noite, na cama compartilhada, eles compartilhavam seu passado e as pessoas que já lhes interessaram. O último romance de Marcus antes deles ficarem todos juntos havia sido Didyme. Aro e Caius já estavam juntos exclusivamente a alguns anos, anos esses bem antes de James nascer. Ambos encontraram conforto um no outro enquanto Marcus sofria pela irmã de Aro e Harry ainda não se apresentava.

Mesmo tendo um vínculo estreito com Magia e Morte, Harry não as via fazia semanas. Provavelmente o mesmo de sempre: "nós não podemos interferir nesses assuntos". Como se esses seres não colocassem o focinho onde não devia.

Mas fora os grandes questionamentos e a incansável busca por mais pistas, parecia que eles estavam chegando em algum lugar. Luna havia surgido mais cedo com um antigo livro em mãos. Dizia ela que era raro e sua família tinha a primeira edição.

Harry decidiu ler sozinho enquanto marcava em um caderno partes importantes para revisar novamente. Por mais que Luna fosse ótima com criaturas ela tinha fracos lapsos em Adivinhação, então se ela pediu para ler com atenção e calma, era o que ele faria. A herdeira Lovegood não podia ver um futuro, mas tinha pressentimentos que sempre estavam corretos.

Dito isso, ele voltou seu foco para a leitura, não era muito grande, mas já estava sentado naquela cadeira a quase três horas. Ele descobriu criaturas interessantes, mas nada que despertasse algo. Aquilo foi até ele ir para a página seguinte. Harry consertou os óculos no rosto e leu cada palavra intensamente.

Naquele capítulo em específico falava um pouco sobre os esqueletos. Era pura necromancia, mas usava rituais proibidos há séculos. Basicamente eram magos quando vivos, mas que após a morte seus corpos foram usados em um ritual macabro e após caminhavam pela terra, sem consciência e obedecendo apenas ao conjurador. Algumas pessoas os usavam como guerreiros e outros como escravos. Não havia muitos detalhes sobre o ritual e como funcionava todo o resto, mas por já terem morrido e ainda assim caminharem pela terra com seus corpos humanos, tinham o status de vivo.

Antes que sua mente começasse a trabalhar, seu corpo seguiu até o escritório que Lucius estava usando. Dane-se que todos concordaram em dividir durante o jantar o que aprendeu, isso era urgente. Sem bater na porta, ele entrou e gritou por Lucius, o barulho quebrando o silêncio e um Lucius de uma aparência desgostosa o olhando criticamente. Ora, não era hora dele exigir etiqueta.

— Para que essa gritaria, Harry? Alguém está morrendo? O castelo pegando fogo?

— Não. O castelo não está pegando fogo e não tem ninguém morrendo. Na verdade, eles já estão mortos, quero dizer... Agora eles estão vivos, mas ainda estão mortos. — Harry se atrapalhou na explicação e apenas soltou um grito de frustração. — Merda! O que quero dizer é algo importante e que merece a atenção de todos, acho que posso ter encontrado uma ligação sobre o que está por trás de tudo e sobre Lily e James. — Harry sabia que citar seus pais era a chave certa, na hora Lucius pediu para que os guardas informassem que todos precisavam se encontrar no salão de reunião porque haviam achado algo.

Harry não explicou, preferiu esperar todos se encontrarem para falar apenas uma vez e não ter que se repetir. Lucius estava a ponto de arrancar os cabelos pela curiosidade que o jovem trouxe. Depois de passos rápidos e enfim todos se acomodando na sala, Harry tentou explicar do início para os desavisados. Seus companheiros atrás dele.

— A primeira coisa que todos vocês precisam saber é sobre os Potter. Quando descobri Celine, os goblins me mostraram algo um tanto quanto estranho no meu teste de herança. Enquanto nós pensávamos que Lily e James havia morrido no Halloween de 81, o teste informava que estavam vivos, ou pelo menos esse foi o status dado.

Um silêncio ensurdecedor surgiu na sala enquanto todos ouviam com atenção essa nova descoberta. Marcus, sentindo a tensão vindo de seu jovem companheiro, se aproximou mais e mandou conforto através do vínculo.

— Hoje Luna entregou esse livro antigo e disse que eu encontraria algo, mas ela nunca o leu, foi apenas mais uma intuição que deu como correta. — Harry olhou para sua amiga e viu ela acenando para ele. Engoliu em seco e retomou o assunto. — Depois de passar por diversas criaturas como vampiros, ghouls, zumbis, poltergeists e muitos outros, eu cheguei ao capítulo especial que fala sobre os esqueletos.

Tom e Lucius franziram o rosto com aquilo. Eles nunca ouviram falar sobre os esqueletos. E foi isso que Tom falou.

— Esse conhecimento não é para qualquer um. Minha família é umas das quatro que ainda possui esse livro. Séculos atrás muitos foram queimados e proibidos por conta de rituais profanos que tomou grande conhecimento e estava em alta. O conhecimento passado de geração para geração não sobreviveu. Nem mesmo papai se lembrava desse livro até que pedi para que ele me acompanhasse até nossos antigos cofres para buscar livros que poderiam ser necessários na nossa busca. — Luna disse em um tom sério que ninguém já havia ouvido.

— É compreensível. — Tom concordou e se virou para Harry esperando explicação.

— Esqueletos são magos mortos, mas que foram usados em uma parte proibida da necromancia. Eles recebem status de vivo, mas ainda caminham pela terra. A única maneira de acabar com um esqueleto é se o conjurador reverter o ritual. Se o conjurador morrer antes, os esqueletos os seguem e toda a descendência, mesmo que ainda humanos.

Aquela informação trouxe um arrepio sombrio pela espinha de cada um, mas ninguém se atreveu a falar ainda, esperando que Harry chegasse ao ponto.

—Por mais que seja necromancia e ainda mais sua parte proibida, ela nunca teve uma classificação, justamente porque o conhecimento sobre isso foi perdido. Ninguém poderia dizer se é magia leve ou não. Quando Kingsley citou a invasão em cemitérios e os ataques a pequenas comunidades, tudo fez ainda mais sentido. Quem quer que esteja por trás de tudo isso, está criando um exército. Não há como rastrear.

— Não, não há como. Mas vocês podem rastrear as famílias que ainda tem esse livro e em quais mãos ele já passou no último século. Isso vai restringir a busca. — Aro os guiou.

— E então vocês precisam aprender mais sobre esses rituais e esperar pelo ataque, se a pessoa não quiser aparecer, vocês não vão encontrar. — Caius avisou, deixando todos ainda mais tensos.

— Nós precisamos informar o ministro sobre as descobertas e então nos preparar. Ele disse que os ataques têm se intensificado e ocorrido com um espaço de tempo mais curto. Não houve um padrão, mas está silencioso demais. — Severus informou os ocupantes da sala. Agora todo o foco seria na busca desse ritual para saber o que a pessoa estava usando e assim restringir a área.

Ninguém ali se achava pronto para uma guerra. Eles pensaram que tudo já havia passado, a dor e o medo longe de suas mentes, mas parecia que nunca teria um fim. O momento de paz não durava muito.

Harry pediu para que Severus e Tom entrasse em contato com Kingsley, ele queria tirar um tempo com sua família para tentar acalmar a mente. Ele se despediu de Ron e Hermione, seus melhores amigos que agora estavam no castelo e se retirou para seus aposentos.

Jane e Alec com Celine em seu braço se juntaram aos seus pais no quarto em frente à lareira. O clima era completamente diferente do que Harry estava acostumado, mas olhar as labaredas do fogo o acalmava, por isso sempre que precisava de um tempo como esse, ele lançava um feitiço para conter o calor.

Os três Volturi mais velhos se sentaram no sofá enquanto Harry se sentava no chão entre as pernas de Aro. Jane e Alec ocupando cada lado dele e Celine em seus braços balbuciando enquanto tinha um mordedor em mãos.

Essa era a sua família agora e ele tinha medo de perdê-la. Não foi fácil chegar até aqui, então teve que aprender a aproveitar cada momento curto que tinha.

Algo espreitava por trás de sua mente. Um sentimento ruim o estava perseguindo nos últimos dias, mas ele optou por ignorar. Sabia que seus companheiros também estavam sentindo algo, mas não tinha certeza se queria conversar sobre aquilo.

— Eu tomei uma decisão. — A voz de Jane interrompeu seus pensamentos. Ele se virou para sua filha mais velha e esperou que ela elaborasse. — Eu vou concluir o vínculo com Charlie, mas não ficaremos juntos. Depois de tudo isso ele vai voltar para a Romênia e eu vou ficar aqui em Volterra. Desenvolvi sentimentos por ele, mas não românticos.

— Você já falou com ele, querida? — Harry perguntou antes que seus companheiros pudessem assustá-la com seus questionamentos.

— Eu escrevi uma carta para ele. Não sei como funciona esse sistema de entrega, mas espero que a coruja chegue logo.

— Então em quem você tem interesse? — Caius, sem tato, perguntou.

— Ninguém. Eu só... Acho que nunca vou encontrar alguém para um par romântico. Estou bem como estou. — Jane respondeu, com certo receio.

— Claro, querida. O importante é você estar bem e feliz. Charlie é um bom homem, ele vai entender. Talvez a amizade de vocês mude algo nele para que ele finalmente sossegue. — Harry sorriu enquanto brincava, esperando que seus companheiros não insistissem. Em outro momento ele explicaria em termos.

— Mas...

— Nós estamos felizes que você pode tomar uma decisão sábia e madura sozinha. Não é mesmo?! — Na última ele encarou seus companheiros. Mesmo que eles fossem os pais dela, ele não deixaria que dissessem algo que pudesse machucá-la.

— Claro, seu bem-estar é o mais importante. — Marcus, o mais rápido, concordou. Vendo a fúria nos olhos vermelhos de seu companheiro mais novo, Aro e Caius também concordaram.

Jane sorriu feliz e se aconchegou com a cabeça nos joelhos de Marcus enquanto fechava os olhos. Harry aproveitou para mirar em seu filho.

— E você, Alec. Como estão as coisas com Gabrielle?

— Nós estamos nos conhecendo ainda. Mas já conversamos com o concelho veela sobre nosso vínculo e eles fizeram algumas perguntas sobre. Nós precisamos entregar uma ficha preenchida para eles antes de concluirmos o vínculo, Gabrielle só pode continuar com a aprovação deles.

— Fico feliz por vocês dois. Vocês merecem a felicidade. Ambos já passaram por tanto e agora precisam colher os frutos. — Harry sorriu para ele antes de ficar na tal ficha. — E quais informações eles pedem? São tantas coisas a serem preenchidas que vocês nem tiveram tempo para entregar?

— Não é bem isso... — Alec ficou envergonhado. Por mais que ele não corasse como um humano normal, isso transpareceu em seu tom de voz. — Antes, eu queria conversar sobre algo com você.

Harry não sabia o que esperar, mas concordou. Ele se levantou e deixou Celine com Caius.

— Vou até as cozinhas com Alec pegar um lanche para a gente. Que tal vocês esperarem aqui por nós? — Harry não deu chance de falarem algo e se retirou do quarto com Alec em seu calcanhar.

Eles caminharam calmamente pelos corredores. Poderiam ter pegado um atalho, mas precisavam de tempo. Harry não questionou nem fez comentários, esperou o tempo de Alec.

— Como você lida com seus companheiros? — Alec indagou. Era amplo, poderia dar qualquer resposta evasiva ou deixar em aberto, mas ele precisava ajudar seu filho, seja o que for.

— Em que sentido você está falando? Precisa ser mais específico. — Harry caminhou lado a lado com Alec e nenhuma vez olhou para ele, apenas seguiu em frente com passos firmes e uma postura ereta, como ensinado por Lucius.

— Você é o companheiro submisso deles. É... É fácil lidar estando desse lado? — Oh, agora ele entendia.

— O que você precisa saber, meu filho, é que eu não tive uma boa infância, não fui cuidado, não recebi atenção e carinho, eu fui jogado de lado, apenas um peso, indesejado. Então desde novo tive que aprender a me virar, eu vi o pior das pessoas e isso me fez ser desconfiado. — Harry não gostava de falar sobre essa parte, mas ele precisava guiar seu filho de uma forma que ele não foi. — Quando comecei a frequentar a escola bruxa aos onze anos, eu passei por coisas que nenhuma criança deveria, eu vi minhas preocupações serem jogadas de lado e nunca fui questionado, nunca me levaram a sério. Isso fez com que eu não confiasse facilmente nas pessoas, principalmente nos mais velhos. Ter que aprender a me virar foi algo que mexeu comigo.

Eles continuaram caminhando, agora mais devagar. Harry respirou fundo e organizou seus pensamentos enquanto Alec apenas digeria suas palavras.

— Eu me apaixonei pelo pai de Celine e no dia seguinte a sua concepção, ele foi assassinado na minha frente. Eu já tinha perdido meus pais e via sempre minha mãe implorando por minha vida até que Tom a matasse, eu quase fui morto por uma cobra gigante, quase recebi o beijo do dementador, matei um professor com minhas próprias mãos, vivi com parentes que não me desejavam e abusavam de mim até e então perdi meu noivo, você pode pensar de que tem uma ideia de como eu fiquei e me senti, do mal momento que passei, mas isso não é uma grama da realidade. — Harry deu um resumo do que ele passou e então parou no corredor, ainda sem encontrar os olhos de Alec.

Agora não doía tanto, foi aliviado. Mas as lembranças e a dor fantasma nunca iam embora. Uma ferida cura, mas a cicatriz permanece, jamais vai embora. Ele tocou a cicatriz em forma de raio na sua testa enquanto sentia as emoções tomando conta do seu coração.

— Você e Jane não tiveram uma boa infância, mas encontrou seus pais ainda cedo. Vocês tiveram tempo o suficiente para lidar com tudo e se entenderem como pessoas. Eu não tive o que vocês tiveram. Enquanto recebi apoio de amigos e sogros, eu ainda estava carregando Celine e passando por uma guerra. — Harry dessa vez olhou para seu filho e tentou passar o que estava sentindo através do olhar. — Quando fui confrontado por ter três companheiros vampiros e que além de tudo eu era a parte submissa, me rebelei contra isso. Eu pensei que mais uma vez alguém dominaria minha vida e eu seria novamente preso.

— Mas os companheiros cuidam um do outro, eles se protegem e sabem o melhor para preservar esse vínculo. Magia nunca erra.

— Nunca erra, mas cheguei a pensar que sim. Nada como um puxão de orelha de minhas entidades favoritas para que eu finalmente entendesse e chegasse a um acordo comigo mesmo. — Harry sorriu e voltou a caminhar. — O que eu quero dizer é que foi difícil de entender tudo o que vinha com esse vínculo e ser um submisso. Não é fácil, mas também não é a pior coisa do mundo. Sim, isso vai interferir nos cuidados dos filhos, você vai ser mais cauteloso, vai ansiar por toques, se tornará suave em certas ocasiões e também muda no aspecto sexual da coisa.

Alec apenas grunhiu envergonhado enquanto ficava inquieto com o rumo que essa conversa estava tomando. Eles chegaram às cozinhas e fizeram o pedido para um dos elfos domésticos que estavam ainda em serviço, uma boa parte já estava dormindo em seus quartos.

Esperaram calmamente pela bandeja e assim que se despediram e agradeceram à elfa, eles retomaram a caminhada de volta para seus aposentos. Harry esperou que Alec fizesse a pergunta certa.

— Então está tudo bem comigo? Em ser o submisso da relação? — Alec perguntou calmamente.

— Isso não me surpreenderia. Gabrielle é forte e implacável, sempre protegendo os seus. Você já é mais suave, busca por toques e responde a qualquer ordem com felicidade. O relacionamento de vocês é diferente do meu, mas ainda com a mesma essência.

— Mas e se questionarem que eu sou homem e devo ser o dominante? — A preocupação estava clara em seu tom de voz.

— Eu digo que essas pessoas são idiotas. Não há essa distinção de gênero. Você não deve ter vergonha por quem você é. — Por mais que ele ficasse envergonhado, ele precisava abordar essa parte com Alec. Não é porque ela é dominante que vai ter um pênis e você vai receber isso. Se você quiser, já é uma outra história e juntos vão explorar essa parte e procurar pelos brinquedos certos. Ela ainda é uma mulher com vagina e você um homem com pênis, então não há diferença nisso, apenas que ela vai comandar tudo no quarto.

— Não sei se quero ouvir mais disso. É estranho ter essa conversa com você. — Alec murmurou e tentou andar mais rápido para fugir de seu pai.

— É e vergonhoso, mas é necessário. Você prefere ter essa conversa comigo, que entende seu lado submisso ou prefere conversar com seus outros pais? — Harry levantou uma sobrancelha e parou no meio do corredor esperando por uma resposta.

— Tudo bem, continue. Mas me prometa que não dará detalhes dessa conversa para eles. — Alec estava a ponto de implorar.

— Eu jamais faria isso com você, respeito sua privacidade, meu filho. — Harry voltou a andar devagar com seu filho. — Veja, não é nada de errado em ter uma mulher dominante, seu relacionamento não é feio. Você pode observar isso com suas tias Picia e Athy. Ambas são dominantes e cuidam bem dos gêmeos. Esses pestinhas não tem vergonha alguma de pedir afeto em pública e ficam felizes quando as mulheres mostram sua raiva e lutam para proteger eles.

Alec pensou bem nisso. Ele e Gabrielle não era inusitado. Se observasse bem, poderia ver que suas tias e até mesmo pessoas que não tinham companheiros como eles se davam bem. Ele pode ver isso com Oliver e Angelina. Ambos eram casados e Oliver tinha o desejo de ficar em casa com seus futuros filhos enquanto Angelina continuasse trabalhando. Até mesmo Viktor que era o dominante na relação obedecia a Adrian. Eram casais diferentes, mistos, completamente inesperados, mas que davam certo, tinha amor e companheirismo.

Não tinha nada de errado em ser como era, como magia ditava, mas ele ficou receoso com o que seus pais esperariam dele. Conversando agora, ele se imaginou um tolo por se preocupar tanto com tão pouco. E eles nem questionaram Jane quando ela disse que não ficaria com Charlie. Talvez ela precisasse se encontrar sozinha, entender seu caminho. Ambos foram criados na mesma situação, mas Jane sempre se preocupava e o protegia, enquanto ele sempre tinha a necessidade de ser cuidado.

Quando ele encontrou Gabrielle, foi como um choque. Ele sentiu alguma coisa o puxando, mas quando ela estendeu suas mãos e o tocou, tudo fez mais sentido. Seu coração trovejava e ele rapidamente sentiu suas pernas ficarem bambas.

A vela foi cuidadosa com ele. O deixou se aconchegar nela e fez cafuné enquanto cantarolava uma melodia suave. E então as pessoas dentro dele se encaixaram, ele havia se encontrado.

— Converse com Gabrielle e cheguem num acordo. Sei que vocês se gostam e não vão se deixar facilmente, mas tudo precisa ser conversado e esclarecido.

Alec apenas concordou e deu mais alguns passos até chegar à porta dos aposentos de seus pais.

Harry deixou a bandeja na mesa de centro e pegou Celine em seus braços enquanto entrava numa conversa seus companheiros. Ele se sentou mais próximo ao fogo e sentiu Jane se aproximar.

— Está tudo bem, irmão? — Seu rosto ainda não demonstrava emoções facilmente, mas ele passou a atender o tom de voz.

— Um peso foi tirado das minhas costas. Eu estou bem. — Alec sorriu e a abraçou.

— Por que teve que ser nosso pai bruxo especificamente?

— Em um outro momento conversamos. — Alec assegurou sua irmã e pegou um dos sanduíches na bandeja.

Harry observava seus filhos mais velhos de longe, sentindo um aperto no peito. Ele sentiu Marcus se aproximar e passar os braços ao redor de sua cintura.

— Não vamos preocupar as crianças com isso, eles são fortes. — Um sussurro foi deixado em seu ouvido para que Alec e Jane não ouvissem.

— Você também sente? — Harry perguntou e olhou para Aro e Caius enquanto eles se aproximavam também.

— Todos nós sentimos, mas não é hora para isso.

Harry tentou deixar suas preocupações de lado e apenas acenou para eles. Não estava confiante sobre os eventos futuros, mas estava esperando o melhor deles.


Notas Finais


Então o que tenho feito até aqui:
- "Arrebatado pelo amor" entrou em fase final e termina no capítulo 15 + epílogo.
- Iniciei um desafio Inktober 2022 e ainda estou tentando terminá-lo.
- Planejei algumas histórias separadas em séries (Vou criar lista de leitura para ficar mais fácil a compreensão).
- Iniciei uma outra LongFic que entra em uma dessas séries.

As séries separadas que já dei início (Há outras):
- Inktober 2022
- Crossover (Crepúsculo, Shadowhunters, etc)
- Trans Fem! Harry
- Rare Pairing
- Slytherin
- Harém

° Estou revisando antigas histórias e aa reescrevendo agora que peguei a manha disso.

*Procuro atualizar com mais frequência, mas isso depende da minha agenda. Entre faculdade, trabalho e cuidar de casa não me resta muito, mesmo não tendo uma vida social saudável.


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