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História Arrimo - Capítulo 2


Escrita por: sichlng

Capítulo 2 - Capítulo 2


— Ah, não. Não preciso de nada, ele só me pediu pra passar um tempo aqui, e a casa parece estar bem abastecida. De qualquer jeito, vou tirar um dinheiro pra deixar e compensar o que eu for usar… – Jisung se encostou na bancada da cozinha, segurando o celular ao ouvido esquerdo e escutando as orientações da mãe. – Eu acabei de chegar aqui. Preciso trocar de roupa, eu nem passei em casa, porque eu tava muito apressado pra poder dar comida pra cachorrinha. Nem achei ela ainda, acredita? Vou atrás dela. Eu te ligo mais tarde.

Quando a chamada foi encerrada, ele saiu andando pela casa. Deixou os tênis na porta, e foi percebendo o minimalismo do lugar. Uma estante enorme de livros tomava conta de metade da sala, junto de vários porta-retratos sob o rack da TV.

Logo vinha a bolinha de pelos correndo pelo corredor, e latiu estridente vendo a imagem desconhecida logo à frente. Han sorriu.

— Ah, então é você que eu vim tomar conta? – Ele se sentou no chão, recebendo o cachorrinho no colo e já sendo tomado por várias lambidas. – Eu achei que seria maior. Seu tamanho deve compensar o amor que seu dono tem por você, não é?

Depois de enrolar uns minutos lotando a tal da Berry de carinho, foi hora de levantar pra poder encher a tigelinha pequena, etiquetada com seu nome. Christopher parecia ser um dono bastante babão e carinhoso, confirmou tal fato ao ver uma sequência de retratos na parede só com fotos dela. 

Jisung tinha um único trabalho dentro daquela casa, e já havia até mesmo o cumprido. Foi caçando até achar a suíte, precisava tomar banho e se livrar das roupas sujas. A música tocava no celular, estourando o volume, enquanto tagalerava a pronúncia toda errada, mas se divertindo. Até mesmo sentia estar em casa, o cheiro do shampoo era o mesmo que usava. Quando fechava os olhos, podia se sentir no seu próprio banheiro.

— Ah, não. – E foi só depois de desligar o registro, que se lembrou: não haviam roupas suas ali. – Meu Deus. Como eu cheguei nesse semestre sendo tão lerdo? Que droga.

Suas roupas estavam inutilizáveis.

— Espero que o Christopher me perdoe por isso.

A toalha foi enrolada na cintura, o resto do corpo não estava tão molhado a ponto de pingar. Saiu na ponta dos pés até o quarto, abrindo o guarda-roupa, e pegou de lá de dentro, tudo o que precisava, mas sem abusar demais. Até porque, as roupas dele eram exageradamente maiores que o corpo tão magro de Jisung. Mas dava pra entender o porquê: havia reparado no quão musculoso Christopher era, enquanto ele estava deitado no meio do asfalto. Não que isso tivesse chamado sua atenção mais do que o ferimento e a gravidade do acidente, claro. Aos poucos, era domado pelo cheiro gostoso do amaciante, sem se esquecer do perfume amadeirado e forte que tomava conta dentro do armário.

Saiu andando pela casa, e na cozinha, preparou um macarrão instantâneo para comer. Até mesmo separou um papel para anotar tudo o que ele tinha consumido ali dentro, não se esqueceria de pagar a conta mais tarde. Depois, na sala, sentou no chão pra poder ver qualquer coisa que estivesse passando na televisão. 

Antes de poder acomodar sobre o tapete bem felpudo — e com certeza, bem caro —, os mesmos porta-retratos que havia reparado lhe puxaram para trás; as fotos eram familiares.

“Diploma médico”

O jeito de agir de Christopher passou a ser mais familiar depois daquilo. As fotos também mostravam ambientes hospitalares, até uma delas surpreender Jisung de vez:

Sua mãe estava ali. 

No dia que ela havia levado alta do hospital, após um acidente de carro gravíssimo. Se lembrava perfeitamente daquele dia, até porque, não se lembrava de ter chorado e ficado tão em pânico quanto aquela vez. Lagrimou enquanto tomava o porta-retrato em suas mãos, afinal, o homem que havia salvado aquela mesma tarde, tinha sido o mesmo que salvou a sua mãe, anos atrás. Pensando em que tipo de coincidência havia se enfiado, entrou em prantos, abraçado com aquela foto.

O instinto. O fogo. A vontade de correr. Agora tudo fazia sentido. Ele esteve lá, no lugar certo, e no momento certo.

A pessoa que o abraçou quando recebeu a notícia de que sua mãe estava bem. E a pessoa que recebeu em seu colo quando precisou colocar a maioria de seus aprendizados em prática.

O sorriso de Christopher quando Jisung reconheceu seu nome, mas não seu rosto.

 



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