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História Arte - ABO Mpreg - Toque


Escrita por: ArcadeBurrito

Capítulo 24 - Toque


O garotinho corria pelos corredores, passando por vários guardas, que o olhavam de forma estranha. Por que o filho do rei estava correndo pelo castelo?

Rafael corria e corria com suas pequenas perninhas até finalmente chegar ao seu quarto. Subiu e se jogou, começando a chorar com vontade.

Depois de muitos minutos, a porta foi aberta e uma mulher entrou e se sentou na borda da cama.

"Filho..." Acariciou sua cabeça.

"Mãe eu não quero fazer essas coisas..." Soluçou sentindo uma agonia incomoda no fundo de seu peito.

"Você tem que fazer isso." Imediatamente tirou a mão dos cabelos castanhos da criança. "você precisa aprender a se comportar." A voz da mulher era tão firme e rígida que Rafael se encolheu mais ainda e voltou a chorar. "Engula esse choro, uma hora ou outra você terá que aprender, ficar chorando pelos cantos não ora adiantar." Se levantou e foi para a porta. "Volte para o salão principal, estarei te esperando." Fechou a porta.

Ele não queria ir, mal tinha idade e já estava sendo doutrinado de forma tão severa. Se cobriu na cama e tentou se acalmar aos poucos. Depois de muito pensar em sua cama, o pequeno menino de nove anos saiu de seu quarto, voltando de forma cabisbaixa para o salão.

Quando chegou, sua mãe o olhava com decepção.

"Até que enfim, as moças estavam ficando impacientes." Naquele lugar, tinha algumas servas que constantemente ajudavam a doutrinar o príncipe real, mas muitas vezes parecia que a mãe simplesmente o jogava para elas ensinarem.

Triste, caminhou para o lado delas e se sentou onde estava antes. As meninas se entre olharam tristes ao ver o estado daquela pobre criança, mas não podiam dizer ou fazer algo, com a família real ninguém se intrometia.

Elas estavam o ensinando a costurar, muitas tinham destreza em fazer aquilo, mas Rafael só queria sair correndo de novo. Enquanto tentava manusear a agulha, a ponta entrou em cheio em seu dedo e fez um baixo barulho de dor, largando a agulha e uma pequena gota de sangue saiu do dedo.

Rafael não aguentava mais se furar, era quase toda hora, seus dedos já se sentiam sensíveis de tantos machucados.

Olhou choroso para a sua mãe.

"Mãe, eu não quero mais fazer isso." Fez um bichinho triste e colocou o pano que estava bordando em cima da mesa.

"Você precisa." Ela se levantou parecendo estar furiosa e se aproximou rapidamente do filho, que se encolheu.

A mulher nunca bateu em seu filho, mas ela tinha pouca paciência em relação a rebeldia.

"M-Mãe." Sussurrou enquanto a mulher pegou novamente o pano e lhe deu em mãos.

"Você não vai sair daqui enquanto terminar de bordar esse pano." Sua feição era irada, ela deu as costas e sentou em sua poltrona, voltando a bordar seu próprio pano.

De cabeça baixa, tentava passar os fios no pano com sua agulha e todas as moças ao redor olhavam com pena para a criança, mas apenas voltaram a bordar.

Mesmo tão jovem, sua família era extremamente rígida com ele, sempre cobrando ser um ômega perfeito, habilidoso e delicado, com apenas move anos tanta cobrança foi posta em suas costas e aquilo o apavorava e deixava sem ar.

Diversos professores eram contratados para ter o ensino mais avançado de todos, crescer sendo um gênio.

"Mãe, pai... Eu não quero fazer isso..." Era o que constantemente seus pais ouviam. Rafael sempre suplicava aos mais velhos, mas eles nunca o ouviram realmente.

"Você tem que ser uma pessoa delicada, sem erros, SEM ERROS!"

Seus cabelos se arrepiavam e se sentia constantemente triste.

A pressão psicológica que seus pais faziam em cima de si era surreal.

Uma criança de apenas nove anos com tanta responsabilidade.

Confirme os anos se passavam, pior as coisas ficavam e cada vez mais sua vida ficava mais restrita. Ele nunca pôde sair dos muros, nunca pode fazer alguma coisa diferente, e nunca pode se divertir igual uma criança normalmente deveria fazer.

O mais próximo de diversão que tinha era poder sair para o jardim e se perder nas pinturas, era a sua única válvula de escape.

Mais os anos se passavam e mais responsabilidades eram postas nele, seus pais pareciam o tratar mais como um objetivo de alguma coisa como realmente um filho.

Eles o amavam, porém não se expressavam de forma alguma, nunca faziam carinho em sua cabeça ou o abraçavam, o tratavam igual um adulto desde criancinha, enquanto qualquer demonstração de afeto era motivo de estranhamento.

A única demonstração que tinha em sua vida era vinda de seu irmão, que também não tinha o carinho dos pais mas tinha muita menos cobrança em cima de si. Era extrapolado a diferença entre os irmãos.

Cada vez mais ele se sentia... Triste, preso, agoniado.

Quando descobriu sobre o seu casamento foi como terminar de quebrar um espelho completamente rachado.

Então era isso, o criaram para casar.

Sempre foi isso.

Afirmou suas dúvidas e aquilo foi sua destruição final, porém por incrível que pareça, repentinamente sempre que ia pintar no jardim para tentar esquecer seus problemas, a macieira parecia perder suas maçãs de uma forma completamente estranha e incomum.

•∆•

"Você está bem?" Leonardo perguntou tirando Rafa de seus devaneios.

"Hm? Estou sim..." Seu olhar era um pouco triste.

"Tem certeza?" Seu tom de voz era carregado de preocupação mas Rafa não estava com muita cabeça pra isso.

Ambos estavam deitados na barra do rio, descansando depois de uma tarde tão agitada, eles estavam se secando aos poucos, deitados um do lado do outro, olhando o céu escurecer aos poucos.

"Não é melhor a gente voltar? Está ficando de noite..." Rafael se sentiu com um pouco de medo, ele tinha medo da noite, geralmente era no escuro que o pior acontecia.

"Não se preocupe, eu te protejo!" Se virou para o ômega e sorriu, um sorriso brilhante e acolhedor. O menos apenas o encarou estranho sentindo seu coração palpitar com força.

"O-Obrigado..." Sussurrou e tentou não ficar encarando aquele sorriso.

"Não me agradeça, eu gosto de fazer isso." Deu de ombros e deitou novamente.

"Proteger a realeza?" Sua voz estava um pouco muxoxa e novamente ficou triste.

"Não, eu gosto de te proteger, de ficar na sua presença." Fechou seus olhos ouvindo o ambiente em volta e esperou alguma resposta mas o silêncio foi mortal. "Rafael?" Olhou ao lado e viu o ômega sentado o encarando, como se não acreditasse no que ouvir.

"Como assim?" Juntou suas mãos em sinal de nervosismo.

"Ora..." Também se sentou lentamente enquanto pensava no que dizer. "Eu gosto da sua presença."

"Mas você gosta tipo... tipo... você sabe, ahhaha." Riu extremamente nervoso e sentia seu coração sair pela boca. "Acho que nós somos ótimos amigos... nunca tive um amigo." Abaixou o olhar e encarou suas mãos juntas enquanto suava frio.

"Amigos?" Arrumou sua postura. "É... amigos, somos ótimos amigos eu acho." Olhou para o rio. O ar estava começando a ficar mais gelado e forte, sinal que a noite estava chegando. Se levantou e procurou suas roupas.

"O que foi?" Ele disse algo errado?

"Não é nada, só está ficando de noite, melhor irmos." Ajudou o menor se levantar de uma forma bem atenciosa. "Use meu casaco." Colocou o mesmo nos ombros de Rafael.

"Não precisa se preocupar com isso—"

"Use." Puxou os braços alheios e começou a vestir o enorme casaco. Aquele tecido chegava a arrastar no chão de tão grande que ficava no ômega, mas não se importou nem um pouco.

Começaram a caminhar em silêncio de volta para casa enquanto o silêncio mortal e desconfortável permanecia ali. Aquilo incomodou profundamente Rafa, que depois de um tempo teve coragem de olhar para Leonardo, ele encarava seus passos com as mãos atrás das costas, seus olhos vermelhos brilhavam um pouco mas também pareciam meio tristes.

Parou no caminho, chamando a atenção do lupus.

"O que foi?"

"Eu disse algo errado pra você?" Se aproximou do maior de forma direta, fazendo Leo acordar para a realidade e arregalar um pouco seus olhos pela aproximação brusca repentina.

"O quê? Não!" Levantou suas mãos.

"Então por que está tão triste?!" Colocou a mão direita no peito alheio.

Rafael estava sentindo seu coração pular pela boca ou quase quebrar dia caixa torácica, sua mente estava a mil. Nunca tinha sentido essa sensação em toa sua vida e parecia que todo o ar que tentava puxar para os seus pulmões escapava muito rapidamente. Ele nunca tinha tocado alguém assim ou sentido aquela sensação.

Leonardo não estava tão diferente.

"T-Triste?" Recuou uns passos até encostar em uma árvore. Quem diria? Um lupus sendo encurralado por um ômega. "Eu não estou triste." Engoliu em seco.

Rafa sentia suas bochechas formigarem e toda aquela sua coragem de antes se foi em menos de um segundo.

"Me desculpe." Começou a recuar imediatamente mas sentiu uma mão em seu pulso, o mantendo no lugar. "O que foi?"

"Você realmente acha que somos amigos?" Olhou sério para o ômega, que parecia estar um pouco assustado e sem saber o que fazer.

"Eu..." Engoliu em seco e desviou o olhar.

Não.

Ele não pode.

Ele não pode ser nada por ninguém... Pelo menos ninguém que não fosse seu futuro esposo.

Uma sensação muito ruim invadiu seu peito o deixando muito pesado e lágrimas começaram a descer pelas suas bochechas. Ele estava tão encurralado, não sabia o que fazer.

"Me desculpe." Cochichou se sentindo horrível. "Eu não posso mais continuar aqui, preciso voltar pra casa..." Tentou dizer com sua voz chorosa e Leo também sentiu seu peito afundar.

"Mas por quê? Tem alguma coisa te incomodando? Não gostou daqui?"

"Eu gostei... Mas..." Fechou seus punhos com força e tentou engolir seu choro mas já estava impossível.

"Conte para mim o que está te afligindo, por favor." Leonardo sentia seu coração se cortar. "Eu faço qualquer coisa pra te deixar bem."

Rafael travou por um instante.

"Eu não quero fazer isso..." Se conseguir se segurar, se empurrou contra o peito alheio e se encolheu, começando a chorar desesperadamente. "eu não quero..."

Leo ficou igual uma estátua e um pouco assustado pela mudança crítica de humor do pequeno, mas não exitou em o abraçar com muita força, o acolhendo de forma carinhosa e amorosa e sem perceber, deixou um beijo no topo da cabeça do pequeno.

Isso pareceu fazer o ômega se acalmar um pouco e fechar seus olhos, como se aquilo fosse maravilhoso e pedisse mais.

"O que você não quer?"

Um tempo de silêncio se passou. O ômega estava tentando tomar coragem para dizer e no final sua voz saiu completamente instável.

"Não quero me casar." Sussurrou e Leonardo pareceu paralisar.

"Casar?"

"Eu não quero me casar com ele." Abraçou o maior com mais força.

"Casar com quem?!" Seu coração estava quebrado em milhões de pedaços.

"Príncipe Edward." Sussurrou e rezou para que Leo não tivesse ouvido mas já era tarde de mais.

Leo só queria se jogar no chão e ficar ali, quem sabe dormir ali, era o que ele mais queria fazer, desmaiar.

"V-Você... Você vai se... Vai se casar com ele?!" Sentiu o menor concordar. "Mas você não quer se casar com ele?" O menor negou. "Mas... Então por quê?

"Meus pais fizeram isso." Disse já querendo encerrar o assunto desconfortável. "Eu basicamente fugi de casa pra tentar esquecer um pouco... mas acho que não tenho escapatória." Respirou fundo e engoliu com dificuldade. "Eu só queria fugir pra sempre, mas eu seria muito ignorante se fizesse isso..."

"Como assim ignorante? É a sua vida que está em jogo, não a dos outros, você quer fugir?" Repentinamente sua voz ficou convicta e extremamente séria.

"E-Eu quero." Rafael estava bem tristonho. "Mas não posso."

"Eu posso te ajudar a fugir, sumir do mundo." Segurou a mão do ômega com muito amor. "por favor então fuja comigo."

Rafael sentiu seu mundo parar.

"Como assim fugir com você?" Mas logo que disse, se sentiu incomodado e tampou seus ouvido com muita força. "Por favor para, não é só eu, várias coisas precisam que esse casamento seja feito." Se afastou rapidamente. "Eu não posso simplesmente sumir, por favor para com essas idéias." Assustado, começou a correr em direção a cidade desesperadamente sem olhar direito seu caminho e ouvia outros passos tentando o alcançar atrás.

"RAFAEL PARA POR FAVOR!" Pedia desesperado enquanto tentava segurar aquele menininho assustado. "VOCÊ NAO SABE O QUE TEM POR AI!" A noite já estava presente e só tinha a iluminação da lua ali.

Depois de ouvir isso, Rafael estagnou e sentiu seu coração parar. Seus olhos se arregalaram e um desespero mortal o deixou paralisado.

Uma enorme bola de pelos rosnou irada e se virou, seus olhos negros mostravam uma fúria assassina junto com seus dentes horripilantes e afiados.

Um urso!

UM URSO!

Seu estado de choque era tão grande que não conseguiu fazer nada, apenas ficou parado igual uma estátua de olhos arregalados.

"CORRE!" Duas grandes mãos o seguraram e puxaram para trás, Leonardo olhava destemido para aquele urso e seus olhos vermelhos brilhavam de raiva enquanto olhavam para o animal. "CORRA PRA CIDADE AGORA! POR FAVOR." Berrou sem olhar para o menor. "CORRA!" Depois do terceiro pedido, Rafa acordou para a vida e se assustou mais ainda quando o urso avançou com toda sua força para cima de Leo.

"NÃO! LEO!"


Notas Finais


O que será de Leo agora hmmmm?


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