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História As Cores da Liberdade - Uma conversa entre pai e filho


Escrita por: semondok

Notas do Autor


Boa noite amores,

No capítulo anterior finalizamos a primeira parte da fic, que é a descoberta e aceitação da sexualidade das nossas protagonistas. Um enredo que tentei trabalhar com seriedade e total foco nos dramas internos delas, espero ter conseguido.

Esse capitulo é curto para contextualizar o que tá acontecendo com os Bae enquanto as Seulrene estavam acampando. Daqui pra frente vamos entrar me uma maré de drama, tomara que nossas protagonistas desçam todos na porrada <3

boa leitura

Capítulo 22 - Uma conversa entre pai e filho


No casarão dos Bae, a grande mesa estava quase completamente ocupada, e as habituais conversas de domingo tomavam todo o espaço. Aquele tipo de conversa que as famílias tem quando se juntam, superficiais e completamente esquecíveis, mas que em algum momento vai virar uma pequena confusão.

Yerim não poderia se sentir mais entediada, e parecia bem esforçada em transmitir isso enquanto brincava com um punhado de ervilha no seu prato. Yuri e Yoona estavam em uma discussão bastante intensa sobre o roteiro de um drama que a atriz queria assinar contrato, mas que a irmã se mostrava muito relutante. Enfim, era como qualquer outro domingo de uma família rica de Seul.

Exceto pela cadeira vazia, a mesma que esteve vazia na semana anterior. Joohyun não estava mais uma vez presente, por mais que sua mãe insistisse em atirar olhares pedintes como se ela fosse magicamente aparecer sentada ali com um de seus sorrisos sofisticados. Bae Joohyun agora era uma preocupação constante, não parecia em nada a filha que conhecia.

- E Joohyun? – O patriarca também não escondeu a decepção de não estar perto de uma das suas netas preferidas.

- Precisou resolver algo importante – Não pensando em uma desculpa boa o suficiente.

- Mais importante que a família? – O olhar severo, mesmo amaciado com os anos, ainda causava arrepios em Min Seo – Pensei que tivesse criado melhor suas filhas.

- Se ele começar com aquele discurso sobre a família, eu juro – Yeri não terminou o que dizia baixinho porque Yuri apertou sua perna por baixo da mesa.

- Ela tem razão – Yoona concordou.

Não era segredo para as meninas o discurso que viria a seguir, e como a família era o que eles tinham de mais importante. Yeri concordava, mas convenhamos que aquilo tudo era muito chato. Ela se perguntou como eram os almoços de domingo da sua amiga Sooyoung e se ela passava por aquela mesma tortura.

Finalmente era o glorioso momento de abandonar a mesa, e as netas se concentravam em um canto específico da sala, mais afastadas dos mais velhos e seus assuntos monótonos. Claro que o assunto não poderia ser outro a não ser a ausência da prima. Fosse o que fosse, a menina nunca deixou de comparecer a uma reunião sequer.

- Fico feliz – Minseok diz para Yoona e os outros primos – Noona tentou ser a neta perfeita, mas talvez isso esteja mudando.

- Eu concordo, todos tivemos nosso momento de faltar as esses almoços chatos, menos nossa priminha – Yoona disse – Só queria saber o que ela anda fazendo.

- Talvez Taeyeon saiba.

- Falando em Taeyeon, ela não cansa de prometer vir nos visitar, eu não aguento mais isso – Yuri disse um pouco frustrada, sentia falta da prima e também melhor amiga – Caramba, ela nos trocou de vez por Jessica.

- Eu também te trocaria pela Jessica – Yeri disse risonha – Ela parece ser bem mais divertida.

- Sua pirralha.

Yuri segurou a prima mais nova com um dos braços, e com o outro coçou sua cabeça de modo que seus cabelos se despenteassem por inteiro. Sabia que a prima odiava quando ela fazia isso, e era o que tornava tudo mais divertido.

- Souberam da novidade? – Jongdae se aproximou com aquele sorrisinho presunçoso que fazia Yuri querer soca-lo em cheio.

- Que você quer?

- Bom, se ninguém contou pra vocês, não sou eu quem vai estragar a surpresa – Ele riu estendendo seu copo de whisky que ele bebia para fingir ter uma idade a mais do que realmente tinha, e que fazia ele parecer ainda mais ridículo do que já era.

- Se não vai falar, só vai embora daqui - Yoona respondeu, na verdade ela não tinha nada contra o primo, mas a irmã parecia detesta-lo de forma tal, que respingava até na atriz, que não se sentia muito confortável. Apesar de considerar o garoto apenas mimado e arrogante, diferente de Taeyeon e Junmyeon, nem pareciam que eram de fato irmãos.

Yuri era a que tinha a cabeça mais quente dentre todos os primos, isso porque era provavelmente a única que entendia que aquela família era moldada muito mais do que os “laços familiares”, ela não era ingênua como Joohyun, e sabia que os negócios eram por vezes muito importante também.

Tentou diversas vezes abrir a cabeça de Bae Joohyun, mas a prima colocava aquelas pessoas em um pedestal. Yuri, no entanto, sabia que não era bem assim, o tio Soo era muito mais do que a pessoa certa e severa que a prima descrevia e, mais que isso, Yuri sabia que ele tentaria de tudo para colocar Jongdae no lugar de herdeiro ao invés de Joohyun. Mesmo essa não sendo a vontade do patriarca.

As vezes ela sentia medo da própria família, porque ela esteve ao lado de Taeyeon quando tudo aconteceu. Agora Joohyun estava na mira, vovô queria fazer dela a próxima CEO, e também estava disposto a tudo para realizar esse desejo. Não saberia dizer até onde os dois homens ambiciosos e com desejos diferentes iriam pra conseguir o que queriam, mas sabia que a peça principal daquele jogo era Joohyun.

- Diretor Bae – Era assim que o filho mais velho se referia ao próprio pai – Posso conversar com o senhor em particular?

- Não podemos esperar Junmyeon terminar essa música? – O neto era um ótimo pianista e gostava de tocar algumas músicas para o avô.

- É importante.

No escritório longe de todos os integrantes da família, os dois homens se sentavam nas poltronas, enquanto o mais velho fumava um charuto grosso que foi presente do irmão gêmeo de Soo. Era seu preferido. Já o primogênito bebia mais um gole daquele whisky caro e amargo que descia em sua garganta e dançava junto da ansiedade de dar a notícia ao pai.

Tudo que aconteceu no passado e o deixou tão humilhado diante do outro homem, agora finalmente estava do outro lado. O pai, severo, o olhava analisando suas expressões faciais, tentando entender porque ele se parecia tão pouco com sua falecida esposa, os anos o agrediam como fez a si próprio. O filho era a cópia perfeita do que Bae foi. Os outros filhos vieram todos a semelhança da falecida esposa, que carregava um bom humor da juventude.

Aquele velho homem sentia falta da esposa todos os dias, ela teria feito um trabalho melhor do que ele fez, com certeza, e também adoraria conhecer toda aquela penca de netos. Os almoços nos domingos eram sempre em sua homenagem, nada nunca seria mais importante que a família, foi o que ele aprendeu com Gyuri. Ainda a noite, mesmo agora depois de todos esses anos, ainda se lembrava do sorriso bonito da esposa.

O mesmo sorriso que tinha Taeyeon, sentia falta também da neta. O homem se orgulhava de ter cometido poucos erros na vida, e aquele era sem dúvida um deles.

- E o que te deixou tão aflito que precisei deixar Junmyeon tocando sozinho?

- Joohyun – O filho fingiu um nervosismo que não existia. O senhor bem se endireitou na poltrona, apagando o charuto e olhando mais intensamente para o filho, que devolvia o mesmo olhar por trás dos óculos da haste arredondada.

Sem hesitar, Bae Soo jogou um amontoado de fotografias sobre a mesinha que se dispunha entre os dois, da onde a fumaça do charuto ainda soprava pelo escritório. Soo sempre odiou aquele cheiro, mesmo agora que era um homem feito. Se lembrava de sentir aquele cheiro quando seu pai deu a notícia que a mãe tinha partido. Desde então sempre quis correr quando aquela fumaça invadia suas narinas. Mas reclamar contra o pai era uma tarefa inútil.

A mesa agora estava coberta por uma série de fotos onde uma das integrantes era Joohyun, ela estampava todas elas, por vezes de costas, mas o Bae saberia reconhecer a neta de qualquer ângulo. Idêntica a Gyuri. Nas fotos, ela andava de mãos dadas com outra mulher, em outras tinha um sorriso largo no rosto, o velho sentiu uma melancolia diferente, ao olhar com mais cuidado um dos sorrisos que a neta tinha na fotografia, diferente dos que ele conhecia nela.

Era como olhar Gyuri mais uma vez, sempre que ele aparecia no seu quarto depois de conseguir pular o muro escondido, ela direciona aquele mesmo sorriso. 

Sentiu seu coração acelerar, ou melhor, dilacerar. Sangue bombardeava quente e rápido por todo seu corpo, talvez fosse capaz de escalar uma montanha agora. O ar parecia mais lento, insuficiente. O homem fechou os olhos tendo a mente invadida por Gyuri que se transformava em Taeyeon e depois Joohyun. Por que elas eram tão parecidas? Por um segundo odiou aquela semelhança que amava tanto nas meninas. Era um fragmento vivo da esposa que foi embora tão cedo.

- Por isso ela não tem vindo aos almoços.

- De novo - Sussurrou o velho.

- Por isso Min Seo anda tão preocupada – Continuou o homem contra o velho que ainda segurava aquele pedaço de papel – Não podemos deixar esse escândalo vazar, papai – Soo estava bem satisfeito consigo, em uma performance genial, seus olhos estavam vermelho.

- Como descobriu?

- Oh Sehun, é um bom rapaz e de uma boa família, o senhor conhece.

- Claro que conheço – O senhor Bae voltava a respirar, passado o choque inicial dando espaço para uma fúria contida.

Afinal, não entendia o que tinha feito de tão errado para que a família tomasse esses caminhos. Pensou que o terceiro filho seria a única maça podre entre eles, e por isso deu uma grande quantia para o jovem ir embora deixando as duas filhas sobre seus cuidados.

Imaginou como Gyuri ficaria, a decepção em seus olhos.

- O jovem Sehun parece gostar muito de Joohyun e me procurou em silêncio, me mostrando essas fotos. No início foi um choque, não esperava algo assim dela – Vez uma pausa dramática, retomando sua fala em seguida – Ela foi descuidada, papai, o garoto prometeu silêncio, mas outras pessoas podem ter visto.

- Você ainda não foi atrás?

- Estou vasculhando por todos os jornais, Joohyun se tornou uma figura pública da noite para o dia, os jornalistas estão interessados na minha sobrinha, fico orgulhoso disso.

- Não devia, as câmeras não trazem nada de bom para nossa casa, como podemos bem ver – Disse jogando a foto por cima da mesa.

- Sim, claro, o que quero dizer é – Era o momento – Não podemos deixar esse escândalo acontecer agora que temos termos importantes para assinar. O senhor sabe como isso poderia atrapalhar.

- Você não vai me ensinar o que eu mesmo ensinei para você Kyung Soo – Disse ríspido como o filho já estava acostumado – A essa altura espero que saiba mais do que ninguém as consequências disso de tais imoralidades.

O filho tomou um ar corajoso e se aproximou do pai. 

- É claro, mas o senhor sabe que essa é a oportunidade que Jongdae precisava para provar ao senhor que está mais que pronto para ocupar sua cadeira - Se permitiu sorrir.

- Quem disse que ele vai ocupar? – O choque daquelas palavras tomou Soo imediatamente, que desfez o pequeno sorriso em uma expressão surpresa.

Então ele se levantou indo até a janela e desapertando o nó da gravata, mas sentia que o nó a garganta estava muito mais apertado do que o daquele tecido inútil. O pai era sempre uma figura peculiar, e Kyung Soo já devia saber naquela altura do campeonato que o homem não era alguém para se subestimar.

Mas convenhamos, ele esteve naquela mesma posição anos atrás, quando junto com Taeyeon eles enfrentaram a ira daquele homem. Escutou com os próprios ouvidos o momento que ele decretou que Bae Taeyeon não seria mais a próxima na linha de sucessão, e que ela devia partir imediatamente para dos Estados Unidos.

Depois começaram as investidas com Bae Joohyun, que Soo não negava ser boa brincando de moda. Mas que além de falta de talento para os negócios sérios, não demonstrava a mínima vontade de continuar com o legado do avô. Parecia quase ironia como a menina desprezava tudo aquilo, e o velho homem continuava com aquele plano idiota em mente. Agora, portanto, era justo que a menina sofresse a mesma punição de sua filha, e que Jondae tomasse o lugar, como o esperado. Kyung Joo não era tão perfeito no final das contas.

- O que o senhor está dizendo? – Questionou Soo que sentia a testa molhada de um suor gelado contra o corpo demasiado quente.

- O que eu quero dizer, é óbvio, Joohyun continuar sendo a sucessora.

- Mas papai – Disse mais alto o homem se voltado contra o velho que ainda ocupava a poltrona tão calmo quanto antes – Taeyeon foi embora, o senhor se lembro do que disse bem no meio dessa sala? O senhor mandou minha filha mais velha embora.

- O que eu admito ter sido um erro imenso sempre que olho a mesa e dou falta da minha neta – Voltou a dizer calmamente, numa entonação fria e direta – Quer que eu mande Joohyun embora também, assim você e Kyung Joo ficam em termos iguais.

- Seria o mais certo, talvez não mandar embora, mas dar uma chance para Jongdae. Ele tem a aptidão necessária, é um garoto ambicioso, apenas esperando o seu veredito. Assim eu consigo acobertar esse escândalo.

- Ele nunca terá – Disse o mais velho, deixando o filho completamente sem palavras – O garoto é ambicioso, mas de uma falta de inteligência lastimável para os negócios. Quantos investimentos que ele perdeu e você acobertou?

- O que?

- Preciso repetir a pergunta? Imaginei que eu fosse o velho aqui.

- Papai.

- Kyung Soo, eu admiro sua vontade de tornar Jongdae o herdeiro, e que como pai você faria tudo o possível. Mas eu sei de tudo que se passa naquela empresa, sei de todos os investimentos perdidos, ele é imaturo não sabe levar uma conversa simples com um investidor que quer dar um golpe, imagina quando se tratar de um contrato milionário, como que eu lido todos os dias?

- Mas e essas fotos? – Sim, Soo ainda tinha aquela informação, por mais que seu pai estivesse disposto a defender a neta, aquilo não poderia simplesmente ficar por isso mesmo.

- De fato temos uma situação que merece muito cuidado, não estou disposto a perder outra neta – Disse pesaroso – E como você mesmo disse, pode muito bem encobrir tudo isso aqui.

Kyung Soo sorriu atônito, não tinha graça nenhuma, mas ele riu mesmo assim. Porque a sua desgraça parecia de alguma forma trazer um bom humor para o pai. Ele era o filho que ficou a vida toda ao lado do pai e nunca o decepcionou, casou com quem o pais mandou, teve três filhos saudáveis, e viveu para suprir todas suas expectativas. Mas aquele homem era perverso, nunca o estimou como fazia com seu irmão. E agora o humilhava, o faria acobertar a filha de Kyung Joo dessa imoralidade absurda.

- Primeiro quero que descubra quem é essa garota – Apontou para a mulher que estava na foto junto com Joohyun, e tinha os braços tatuados.

- E quando eu fizer isso?

- Traga ela até mim, é claro.

- Posso saber o que está planejando?

- Bae Joohyun nunca esteve com essa mulher, ela namora Oh Sehun e os dois vão se casar o mais breve possível, na festa de casamento. Após o matrimônio, ela ocupará meu cargo – Por fim o homem voltou a acender seu charuto.

- E se ela não quiser? 

- Ela não tem escolha - Respondeu firme - É o certo a se fazer, com o tempo ela vai entender.

Kyung Soo em resposta amaçou a fotografia que tinha em mãos, seu rosto estava de um vermelho vivo como se alguém o sufocasse, e na lateral um fio de suor escorria sobre as veias sobressaltadas. O gosto amargo tomou conta da sua boca e em resposta ele bebeu em um único gole aquele whisky, estava claro o que tinha de fazer.

Dessa vez o pai não venceria, nem mesmo seu irmão, tiraria o que eles tinham de mais importante, assim como o pai tirou Taeyeon dele. Kyung Soo mataria Joohyun antes que ela ocupasse a cadeira de diretor.


Notas Finais


PRA QUEM FICOU PENSANDO "NOSSA NUM ACONTECE NADA NESSA FIC" TOMA AI BASTANTE DRAMA

Como disse nas notas inicias, finalizamos a primeira parte da fic, e esse capítulo foi pra contextualizar a fase nova. Agora que Irene já se aceitou, vem os dramas familiares <3

Taeyeon foi bastante citada né *w* só queria dizer isso mesmo!!!!!

Vou tentar postar o próximo essa semana <3


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