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História As Cores da Liberdade - Mais que um parentesco em comum


Escrita por: semondok

Notas do Autor


ME DESCULPEM O ATRASO, ERA PRA TER SAÍDO SEMANA PASSADA

eu fiquei travada nesse encontro, escrevia e apagava tudo, não sabia ao certo o que fazer.
mas consegui, e gostei do resultado!

espero que vocês também gostem.

Capítulo 30 - Mais que um parentesco em comum


Fanfic / Fanfiction As Cores da Liberdade - Mais que um parentesco em comum

O dia era claro e ensolarado, daqueles que queimavam a pele mesmo ficando exposta por poucos minutos. Era, na verdade, um dia de verão como qualquer outro, mas nem aquele calor escaldante era páreo para a Taeyeon, que o sentia com gosto, a menina tinha um forte para o clima, ainda mais para o que ele representava.

Como ele vinha apenas uma vez no ano, e era a melhor de todas, veja bem, as maiores preocupações ficavam guardadas dentro de casa, e não precisava se preocupar com as listas de tarefas que deveria fazer quando voltasse. Tudo o que pensava agora era em se esconder da prima, como todos as outras já tinham feito.

Atrás de uma pedra que cobria magnificamente todo seu corpo, ela se manteve abaixada, ouvindo apenas as ondas baterem violentamente contra a margem. Quando se sentiu segura o suficiente, ergueu um pouco a cabeça de modo que tivesse uma ampla visão do campo de areia que estava a frente, e bem ali no meio onde deixaram suas coisas, era onde devia chegar sem que fosse parada. Taeyeon era muito boa no jogo, tudo que deveria fazer era roubar a bandeira de quem estivesse as procurando, antes que fosse vista.

Mais uma vez se levantou, agora mirando seu alvo, e estando segura de que ele estava ao seu alcance antes que fosse pega. Tomou uma profunda respiração que premeditava a fuga e fez uma breve contagem.

- 1... – Respirou – 2... – Sentiu uma gotinha única de suor escorrendo na lateral da sobrancelha, e pensou que correria para o mar assim que terminasse aquele jogo.

- 3.

Taeyeon pulou pra trás se assustando com aquela voz entrona, que não era a dela. Seu coração disparou com a presença súbita, e na sua frente com um largo sorriso vitorioso e orgulhoso, Jessica olhava apontando para ela uma arma feita com os próprios dedos. Era assim mesmo que Taeyeon se sentia, uma frágil presa que acabou de ser capturada pelo leão malvado.

Taeyeon era muito boa naquele jogo, uma das melhores, e o seria se não fosse por Jessica Jung.

- Peguei você.

Se sentido a pior das perdedoras, Taeyeon apenas suspirou profundo, e sob as risadas altas de Jessica que sapateava no fracasso da outra, se levantou frustrada indo em direção ao mar.

- Fala sério, eu tenho a maior vibe de detetive - Jessica disse orgulhosa do seu trabalho.

- Que foi que me entregou? – Taeyeon tinha repassado tão bem seu plano, desde o momento que começara a contagem ela já sabia exatamente o que fazer.

- A pegada.

- Não tinha pegada – Taeyeon disse indignada se virando para Jessica, que parecia ainda mais satisfeita agora.

 - Exatamente - Jessica disse alguma, se deliciando com seu momento de glória - Vocênão deixou pegadas, diferente das outras, então fui pro único lugar que estava totalmente limpo, e assim concluímos a minha teoria de que ser perfeccionista não serve de nada.

Taeyeon não questionou, não era mesmo o momento, não depois de uma derrota tão vexatória.

- Pegou todas?

- Falta Joohyun, mas acho que ela desistiu, deve ter voltado pra casa. Minha mãe tá fazendo doce, então você sabe - Jessica deixou tapinhas no ombro da prima - Você foi bem, fiquei um tempão procurando você, todas as outras já foram pra cabana.

Mas Taeyeon sabia bem que Joohyun não faria isso, porque ela nunca deixava uma brincadeira pela metade, tinha uma vontade enorme em tentar ser como as mais velhas e as acompanhar até o final.

- Você procurou por todos os lugares?

- Sim.

Taeyeon correu em direção a casa, agora já não se importava em ter perdido aquela partida, e nem em deixar Jessica com a boca aberta para trás. Quando atravessou a porta, ela perguntou para tia sobre Joohyun, já sabendo da resposta que viria. Se sentido terrivelmente idiota, voltou correndo sobre o sol quente todo o caminho de areia que faziam, e sabia que as outras estavam atrás dela.

Quando estavam bem longe, Taeyeon se abaixou tomando fôlego, aquela praia deserta não tinha muitos pontos que se tornavam bons esconderijos, o que limitava onde poderiam ir. Sentiu quando Yuri tocou seu braço.

- É minha culpa – Disse um tanto aflita – Se não fosse o que eu disse mais cedo, ela não faria isso.

Ela sabia que era verdade, ainda que não quisesse atribuir nenhuma culpa a Yuri, Joohyun era muito teimosa quando queria. E depois da prima ter brincado em como ela era sempre a primeira a ser descoberta, seu humor mudou drasticamente quando começara a se esconder. Mas Taeyeon sabia que sua risada também tinha influenciado na história, era afinal de contas, quem Joohyun mais era apegada, e sua aprovação com certeza contava mais que a das outras. Taeyeon falhou, virou as costas para a prima e seguiu seu plano de ser ficar escondida sozinha.

- Tá, mas ela não pode ter ido muito longe – Yoona disse graciosa como sempre era – É a Joohyun.

- Não sei se você notou, mas desde que ela entrou pro time de vôlei, ela se tornou bem mais atlética – Jessica disse coçando a nuca.

- Calma gente, Joohyun não é criança, não vai fazer nada idiota - Yuri dizia aquilo mais para ela mesmo do que para as outras primas.

- Yuri, ela é literalmente uma criança, tem dez anos – Taeyeon disse brava – Que droga, esse sol não tá me deixando pensar direito.

Taeyeon se sentia mal sempre que algo assim acontecia, por ela sabia que era responsável por todos ali. Na ausência dos pais, ela era a mais velha, se Joohyun não estava ali era precisava encontra-la o mais rápido possível.

- É melhor pensar rápido, porque o sol vai embora já já e pode ser bem mais perigoso ela ficar por ai sozinha à noite –  Yuri pontuou.

As quatro discutiam naquele sol escaldante, e Taeyeon se sentiu muito idiota por não ter falado para Joohyun apenas ir com Krystal e os meninos para a pescaria com seu avô. Agora ela estava em qualquer lugar daquela praia, sozinha.

Taeyeon quase bufou quando constatou os fatos, não é que Joohyun sumiu porque queria, ela devia ter ficado presa. A maré subia conforme a tarde ia caindo, e tinha a caverna.

- Droga, droga, droga – Taeyeon disse voltando a correr, e sobre vários gritos de variados de “o que?” ela gritou de volta sem parar de correr – No fim na orla, nas pedras, tem uma caverninha lá.

Taeyeon não olhou mais pra trás, não fazia ideia quem tinha conseguido a acompanhar e isso não fazia a menor diferença, porque nenhum deles iria entrar. Afinal de contas, foi Taeyeon quem apresentou o lugar para ela, e podia ter o acesso bem limitado, tendo que passar pelas pedras escorregadias.

Quando chegou viu que a água já tinha tampado parcialmente as pedras que se sobrepunha, e no final via a pequena caverna, não era grande coisa, apenas uma abertura pequena, cabia ali no máximo dois ou três corpos pequenos.

- AJUDA – Ouviu o grito infantil da prima.

Se desesperou ao ouvir o tom choroso, e sem pensar correu sobre as peras, como o esperado, estavam mesmo escorregadias, e mais de uma vez ela caiu tento que fazer o percurso de novo. O braço doía com intensidade, e provavelmente tinha o fraturado de algum jeito, mas não era hora de se importar com isso, nem com os gritos de Yoona que pedia pra ela voltar.

- Hyun – Gritou.

- Unnie – Ouviu de volta – Unnie.

Por fim alcançou a pequena abertura, já estava toda molhada quando conseguiu, e viu que lá dentro a água estava no joelho da prima que chorava parada com os braços estendidos se apoiando nas extremidades rochosas do pequeno lugar.

Mal entrou e sentiu seu corpo se agarrado, quando as fazendo cair pra nas. Mais uma onda explodiu no lugar, enchendo mais um pouco a caverninha. E Joohyun ainda se agarrava ao seu corpo.

Não foi uma missão impossível chegar ali, mas assim que se virou, e viu o estrago que ondas faziam, ela se assustou e pulou pra trás.

- Que você tá fazendo aqui? – Disse segurando os ombros da mais nova.

- Achei que era um bom lugar pra se esconder.

- Não devia ter feito isso, é muito perigoso – Taeyeon ralhou de volta contra o tom ingênuo da prima – Joohyun, você devia saber que é perigoso, não devia ter vindo sozinha.

- Você não quis se esconder comigo, eu queria achar um lugar bom, sozinha – Joohyun disse voltando o tom choroso ao perceber que Taeyeon estava decepcionada – Porque se eu ganhasse você ficaria comigo da próxima vez.

Aquilo desarmou Taeyeon, não queria xingar a prima, não quando suas palavras eram tão importantes pra outra. Joohyun era esperta, talvez a mais inteligente delas, mas era delicada.

Taeyeon também não era uma adulta, mas aos treze anos já tinha uma maturidade que não se assemelhava a nenhuma das outras. Não deveria se zangar por Joohyun querer se provar, era provavelmente o que ela mesmo teria feito, mas gostaria que a prima fosse mais cuidadosa no futuro, e não se metesse em um buraco alagada.

Ela se abaixou de modo que olhasse Joohyun nos olhos, a semelhança entre as duas era assustadora. Quase nunca associavam Junmyeon e Jondae com ela, mas Joohyun por outro lado era sempre confundida como sua irmã. Colocou uma mexa molhada de cabelo da outra atrás da orelha em um movimento delicado.

- Eu só fiquei preocupada – Taeyeon disse calma – Porque você é a pessoa mais importante do mundo pra mim – Joohyun não sabia o que responder porque ainda sentia vergonha de ter tido aquela ideia, parecia muito sensata quando a planejou.

- Desculpa, unnie – Disse baixinho.

- Tudo bem, agora a gente precisa sair daqui – Disse risonha – Porque você escolheu uma péssima hora pra vir.

- Como? – Taeyeon olhava pra fora e Joohyun se escondia atrás do seu corpo, apenas com a cabeça jogada pro lado pra também ver a saída – Eu não nado bem.

- Eu vou dar um jeito, sempre dou um jeito – Taeyeon disse segurando na outra – Confia em mim?

...

Agora, no entanto, dezessete anos mais tarde, Taeyeon apertava a mão da namorada, o único modo de não ficar tremendo o tempo inteiro. Ela não era mais a garotinha que parecia ter o pleno controle de tudo, e que sabia exatamente como tirar Joohyun em segurança daquele emaranhado de pedras. Ela era agora o próprio emaranhado de pedras. Seu coração batia alto feito um tambor, e ela tinha certeza que o motorista também ouvia aquela barulheira. Seul parecia incrivelmente menor naquele momento, porque a viagem foi de segundos.

Então, antes que se sentisse minimamente pronta praquele confronto, as duas estavam de pé em frente o prédio onde Joohyun morava. E Taeyeon poderia jurar naquele momento que suas pernas eram feitas de gelatinas. Ela estava sendo atingida por aquele medo muito particular, o de se abrir sem saber como a outra pessoa vai aceitar você. Porque, bem, nem ela mesmo sabia que gostava de uma mulher até seus vinte e oito anos, então como poderia pedir que outra pessoa entendesse de bom grado essa nova Taeyeon, que por mais que fosse a mesma, passaria a ser completamente diferente pelos olhos da prima.

Era esse o medo real que a sucumbia, não era simplesmente ser aceita ou não, era ser compreendida de dentro pra fora. Como poderia convencer sua prima de que o que era agora, era o mesmo de sempre, mas vivendo fora de uma gaiola que ela nem sabia que se fechara durante anos. Por que todas as vezes que quis mostrar esse seu outro lado, o mais bonito, foi cruelmente lançada para o exílio.

E não era como se Joohyun já tivesse apresentado qualquer aversão quando o assunto era sexualidade, mas Taeyeon sentia medo mesmo assim, porque já tinha sido suficientemente ruim enfrentar seus pais e o avô.

Não quisera repetir a dose desde então, a não ser por Yuri que percebeu tudo por ser próxima de Jessica, mas também não é como se conversassem sempre sobre isso. Se tinha algo que admirava na prima, era sua capacidade de não se envolver em assuntos alheios, talvez pelo próprio histórico com o pai, e o via diariamente como Yoona tinha a vida privada invadida. Yuri era o tipo de pessoa que via as coisas, e entedia bem, e as guardava até que alguém pedisse sua ajuda.

- Eu não posso fazer isso – Constatou, mas antes do primeiro passo pra longe daquela calçada, foi impedida por Tiffany que ainda segurava sua mão e se recusou a mover.

- Taeyeon, pelo amor de Deus, você tá parecendo uma garotinha assustada – Disse incrédula, jamais pensou encontrar a namorada em uma fragilidade tão grande. Realmente acreditava que ela seria capaz de sair correndo – É apenas sua prima mais nova.

- Ela é bem assustadora quando quer – Taeyeon respondeu com a boca seca – Fany-ah, vamos embora. É loucura, tudo isso, Joohyun já deve tá passando por muita coisa.

Tiffany acariciou a mão da namorada, em uma maneira compreensiva de demonstrar apoio, também usou um tom contrário ao da mulher a sua frente. Tiffany tinha um costumeiro tom alto e esganiçado, por ser muito agitada parecia que falava sempre gritando, enquanto Taeyeon usava de tons calmos, mas agora era o exato oposto.

- Taeyeon você sabe que eu nunca vou te forçar a fazer nada, se você quiser ir embora, nós vamos dar meia volta a ir embora – Tiffany os olhos de Taeyeon que piscavam mais que o normal no momento – Mas você sabe porque tá fazendo isso.

- Porque eu preciso dar o primeiro passo pra ela se abrir – Disse tentando encontrar calma – Porque eu preciso ser sincera – Taeyeon olhou para Tiffany que tinha as sobrancelhas arqueadas como quem esperava a conclusão, então ela suspirou – E porque eu tô morrendo de curiosidade pra saber o que a Jennie tem pra contar.

- Sim, e eu amo minha fofoqueira – Tiffany apertou as bochechas da outra – Mas também tem o maior motivo. Porque você passou todos esses meses falando como sua prima é bonita, inteligente e a melhor pessoa que você conhece. Você a ama, e com certeza ela te ama do mesmo jeito, então sobe lá e conversa com ela.

- Tudo bem – Taeyeon tomou uma respiração longa e profunda.

- Senhorita Bae Joohyun – Ouviram no interfone – Esqueceu sua senha? Vou abrir pra senhora.

E o portão do prédio abriu sob os olhares perplexos das duas mulheres que estavam paradas do lado de fora.

- Jennie tem razão, o porteiro daqui é uma vergonha – Taeyeon disse entrando no lugar – Nem temos a mesma cor de cabelo.

Taeyeon pediu pra que Tiffany ficasse esperando por ela no saguão, deveria conversar sozinha com a prima, porque dependo da reação da outra evitaria que Tiffany presenciasse o que quer que viesse a seguir. Agora sem a mão da namorada pra apertar, ela a apertava vazia mesmo, bombeando seu sangue com mais fervor e intensidade pelo corpo. Seus pés estavam flutuantes igual seu estômago.

Parou no andar indicado, e a grande porta que separava as duas primas parecia quase uma provação divina pela qual Bae Taeyeon deveria passar. Como quando se jogava um jogo inteiro e no final faltasse apenas o grande chefe poderoso que era a última batalha. Mas ao invés de grande e feio, era sua prima baixinha e bonita, que viu crescer e cuidou como sua irmã mais nova.

Bateu trêmula na porta, cada soquinho custava mais uma fração da sua sanidade. Correr parecia tão atrativo.

- Taeyeon – Joohyun apareceu na porta, estava abatida, ainda mais que no primeiro encontro das duas. E notou quando ela piscou os olhos como quem caia na real – Ah Taeyeon – Por fim sorriu, não era um sorriso imenso, mas ele estava ali – Pensei que vinha com uma amiga.

- Ela tá lá embaixo – Joohyun abriu espaço para que ela entrasse e indicou o sofá.

- Você tá com medo de me apresentar sua amiga americana? – Joohyun disse com um sorriso quase cínico, ou sentido, Taeyeon não soube distinguir.

Taeyeon se sentiu sem graça com aquela expressão, na verdade foi como se seu peito tivesse caído, viu de relance um certo ressentimento da outra. E com um olhar vacilante, perdeu a coragem de encarar a prima.

- É que a gente precisa conversar primeiro.

- Sobre o que?

- Muitas coisas.

A resposta vaga também alarmou Joohyun, que sentiu a pressão baixar drasticamente, de súbito sentiu um gelar na sua espinha. Talvez Taeyeon tivesse descoberto tudo e estava ali sem a olhar os olhos porque sentia muita vergonha. Joohyun não poderia lidar com a decepção de Taeyeon, aquilo seria mais doloroso do que tudo que já estava acontecendo, sem sua prima que acabara de voltar sentia que seu último pilar estivesse sucumbindo, e sabia que não poderia conviver com a negação da outra.

O silêncio era agonizante, cada uma o interpretava de alguma maneira, e nenhuma das duas conseguia se aproximar minimante da verdade escondida que as distanciava. Joohyun pensou como Seulgi se portaria caso estivesse parada bem ali, com certeza teria o rosto inexpressivo, ou um sorriso debochado, estaria armada até os dentes contra qualquer palavra negativa que a prima dissesse, Seulgi era muito boa em se defender.

Joohyun sentia muita falta de Kang Seulgi, seu coração gritava aquela falta. Ela era por certo uma ferida que nunca cicatrizava de verdade, quando muito, esquecia que existia por breves segundos, mas voltava a sangrar quase que imediatamente.

- Eu não fui transferida pra São Franciso por vontade própria – Taeyeon deixou as palavras irem, porque o silêncio tinha se tornado mais insuportável pela maneira delirante que seu cérebro estava trabalho.

Joohyun franziu o cenho com as palavras estranhas, primeiro porque o assunto desviara pra um lado totalmente oposto ao esperado, e segundo porque aquela era uma história antiga. Todo mundo sabia que Taeyeon tinha ido embora porque se mostrou mais talentosa no comércio exterior, que ela mesmo decidiu isso, ninguém contestou, ela pareceu ir de bom grado quando se despediram no aeroporto.

- Eu nunca desisti de ser a CEO no lugar do vovô – Continuou com suas palavras firmes, mas em um tom calmo. Joohyun se sentou em poltrona ao lado do sofá que Taeyeon ocupava – Eu não queria te ido embora, eu tive que ir.

- Por que? – Joohyun não queria demonstrar o espanto que realmente guardava dentro de si, e por isso respondeu em um tom igualmente baixo – Isso não faz sentido, o vovô nunca me...

- Foi o vovô me mandou ir embora – Taeyeon não queria ter dito aquilo de forma tão ressentida, mas não consegueria dizer de nenhum outro modo.

Não queria encarar a prima, ou melhor, a pessoa pra quem mentiu por mais de um ano todas as vezes que se viram por uma câmera de celular, todas as vezes que trocaram mensagem.

- Taeyeon isso não faz sentido, ele ficou arrasado quando você foi, por que ele treinaria você todos esses anos pra te mandar ir embora assim? - Joohyun deu um sorriso bobo como quem tentava explicar um caso sem ter as evidências necessárias, usando sua pura convicção - É loucura, era o sonho dele, por que te mandaria embora?

- Porque ele não pode me aceitar.

- Aceitar? Taeyeon, eu não consigo entender, você tá dizendo um monte de coisas sem sentido – Joohyun parecia aflita, e estava ainda mais do que demonstrava, seu cérebro trabalhava com fervor, somando algoritmos improváveis do que a prima poderia dizer. Joohyun não era boba, podia muito bem pensar por si só, e em todos os pensamentos Jennie voltava a sua cabeça.

“Sua prima não parece ser o tipo de pessoa que desisti, e ela parecia gostar muito do trabalho dela aqui. Você nunca se perguntou porque ela foi embora tão de repente?”

- Há dois anos eu fui pra São Francisco resolver algumas coisas pra empresa – Taeyeon disse conseguindo deixar o cérebro respirar pela primeira vez naquela conversa. Tentava encontrar na outra a mesma garotinha de sempre, que a admirava e a olhava com respeito e compreensão – E bom, eu nunca contei o que aconteceu nessa viagem

“Eu pensei ter me encantado pela cidade, por aquele país que era tão diferente de tudo que eu já tinha visto. Eu realmente pensei que era isso, mas eu voltava sempre desesperada pra encontrar vocês, minha família. Até que eu entendi, não era o lugar, era quem esperava chegar todas as vezes que eu descia do avião, a mesma pessoa que fez meu coração gritar de saudade durante todas as distâncias. Eu estava apaixonada, eu finalmente tinha achado aquilo que o vovô vivia descrevendo, se lembra? Quando ele contava as histórias de como conheceu vovó, eu sabia que era a mesma coisa, e se havia de ser, então valia a pena.”

Taeyeon tinha os olhos marejados, e Joohyun também o tinha, porque ela entendia melhor que qualquer um tudo que Taeyeon falava.

- Vovô não quis que você ficasse com um americano? – Joohyun disse, mas sabendo em seu íntimo que não era bem aquela resposta.

- Não é um ele, Hyun – Taeyeon finalmente disse – Nunca foi ele.

Joohyun tinha muita euforia alojada no cérebro para que conseguisse formular alguma resposta, enquanto Taeyeon esperava qualquer sinal, qualquer ato que não a fizesse ir embora daquele lugar. 

Joohyun deu passos decisivos em direção a prima, e ela fez isso como naquela tarde há dezessete anos, quando percebeu que no meio daquela inundação apertada, ela não estava mais sozinha. Ela correu e agarrou a outra tão forte, que elas quase caíram sobre o sofá. E Joohyun não tinha mais nenhuma vergonha em deixar cair todas as suas lágrimas mais grossas.

Taeyeon a abraçou de volta na mesma intensidade, deixando o alívio afastar todo o peso de segundos atrás. Era tão bobo pensar pelo menos por um segundo que Joohyun seria menos amável do que sempre fora.

- Hyun você precisa parar de chorar, sou eu quem estou saindo do armário – Taeyeon tentou a pior das piadas, porque estava constrangida em dizer qualquer outra coisa, e se lembrou bem quando Jessica disse que “ela deveria sair logo o armário”. Mas Joohyun não riu, muito menos afroxou o abraço.

Então ela a deixou ali por um tempo, porque francamente, não tinha algo muito bom pra dizer. Deixou sua mão dar tapinhas do consolo na outra, por mais que ela esperasse mesmo que fosse o contrário.

- Você sabe sobre Seulgi, não é? 

De novo aquele nome, pensou Taeyeon, mas por que ela não conseguia atribuir nenhuma importância excessiva sobre ela? Então uma enxurrada de pensamentos começou a bombardear Taeyeon.

“Não consigo gostar pra valer dele” Foi o que Joohyun disse sobre o primeiro namorado, e aquela frase se tornou tão comum no seu vocabulário, que se tornou também comum ouvi-la. “É como se eu fosse quebrada” Outro pensamento a pegou, mas era de algum namoro que veio depois, mas não sabia ao certo qual deles.

Porque era mais um, sempre era só mais um. Joohyun passou a vida entre casos bobos, porque ela nunca quis de verdade estar com nenhum dele. Diferente que Taeyeon que realmente amou Baekhyun enquanto estiveram juntos. Porque Joohyun não era hétero, porque ela nunca tinha conseguido nem ao menos tentar ser, porque Joohyun tinha uma sinceridade audaciosa dentro dela que a prima nunca poderia ter. Mesmo se enganando todos os dias, nunca conseguiu se enganar pra valer.

E era tão óbvio aquela breve constatação, que Taeyeon se sentiu a pior das idiotas. Como poderia ter negligenciado tanto Joohyun, como nunca percebeu aquilo que parecia tão claro? Taeyeon estava tão afogada nas próprias mágoas que não percebeu o que era agora coisa mais óbvia do mundo.

Joohyun queria se apaixonar, mas não se permitia, porque ela, assim como Taeyeon, não poderia amar ninguém além de outra mulher.

- É eu sei sobre Seulgi.

Apertou mais forte o abraço, porque ele era mais sincero agora. Sentia uma euforia desmedida dentro de si. Joohyun era mesmo muito mais forte que jamais pensou, estava enfrentando tudo aquilo sozinha, não sendo covarde como ela foi ao ir embora.

- Não importa muito agora, ela foi embora.

Taeyeon se sentia lançada de paraquedas em uma história completamente nova. Era primeira vez que olhava sua prima percebendo que algo sempre esteve faltando, aquela pecinha de verdade que as duas escondia. Queria entender qual o tipo de relacionamento tinha com Seulgi, e tudo que aconteceu depois. 

Se pudesse apostar, apostaria que tinha o grande dedo do senhor Bae naquilo tudo, porque era o que Jennie estava tentando alertar, mas não tinha tanta certeza sobre essa parte, porque precisavam de Jennie pra colocar as cartas que ela tinha sobre a mesa. Mas não parecia difícil de adivinhar o que era, se o avô tinha sido capaz de mandar a sua neta preferida para o outro lado do mundo, o que não faria uma desconhecida?

- Eu vou chamar a Tiffany, e você, liga pra Jennie – Se desvencilhou do abraço e sorriu pra prima que parecia um tanto aturdida – Não precisa falar mais nada agora, você já sabe e eu também já entendi – Taeyeon limpou deixou um carinho nos cabelos na outra, que formou um sorriso, ela não queria mesmo ter que dizer como Seulgi a deixou plantada naquele aeroporto - Mas é muito importante você chamar Jennie, ela sabe de alguma coisa importante.

- Eu ainda não consigo acreditar, você foi tão boba em não ter dito antes.

- É brincadeira, não é? – As duas riram, mal sabendo como lidar com tantas informações – Você vai gostar de Tiffany.

- Você iria gostar de Seulgi – Joohyun fraquejou em permanecer sorrindo, mas Taeyeon colocou a mão do seu ombro.

- Hyun, as coisas não são preto e branco, você sabe disso agora. Vovô me mandou embora quando soube de Tiffany, se você acredita que Seulgi ama você, por que ela simplesmente te deixaria?

Joohyun se virou e deu alguns passos para perto da enorme janela de vidro que a permita ver um pouco de Seul. Taeyeon não conheceu Seulgi, não fazia ideia como ela era por dentro, e ainda sim achava improvável que ela tivesse ido apenas porque seria uma incrível oportunidade. E bom, era exatamente nisso que Joohyun também acreditava, mas sua irritação não diminuia por isso.

- Porque eu não quero acreditar que meu avô brincaria com o futuro de alguém assim, porque é mais fácil odiar ela do que o homem que criou nós duas – Joohyun respondeu aquilo rápido demais, o que deixava óbvio o quanto ela vinha pensando em tudo aquilo – Porque eu queria que ela tivesse ficado e lutado por mim, como eu faria por ela, que droga – Joohyun tomou o rosto com as duas mãos.

- Ei, você não pode esperar que todo mundo seja forte como você – Tayeon segurou os ombros de Joohyun, e a olhou com a mesma sinceridade de dezessete anos atrás, e então disse – Confia em mim, eu vou dar um jeito nisso, eu sempre dou um jeito.

- Eu não tenho dez anos, Tae – Joohyun suspirou – E o mundo é agora mais perigoso que uma caverna encharcada.

- Mas eu continuo aqui, nossas primas, e Jennie. Você não tá sozinha, porque não existe nada que você possa fazer que vai me decepcionar, ou vai me fazer amar menos você. Você é a minha irmãnzinha, e é perfeita. Não importa se o vovô não vai ver isso, e tudo bem isso te causar medo, eu também sinto. Mas a gente precisa arranjar forças pra enfrentar ele, e o que mais vier. Mas eu preciso que você entenda que o vovô não é esse homem bondoso que você conheceu, por favor, Joohyun, a gente só vai conseguir entender tudo, se você enxergar as pessoas como elas realmente são. Sehun e o vovô, eles não ligam em passar por cima de qualquer um pra ter o querem, e os dois querem você. 

Joohyun não queria acreditar, porque era como acordar e perceber que esteve dormindo por anos em um ninho de cobra. Era melhor ter dúvidas do que entender de uma vez que aqueles homens não se importavam com ela, e a usavam por puro capricho. Era doloroso aquela constatação, mas também era necessária.

- Você acha que o vovô fez ela ir? 

- Não sei, por isso precisamos da Jennie.

- Se for verdade, eu não posso perdoar ele, Taeyeon, a nossa família...

- Hyun, nossa família é um teatro, um jogo de poder. Somos as pecinhas dele. A partir de agora também vamos jogar, e vai ficar muito perigoso, por isso preciso que você esteja sã aqui. Vamos descobrir porque Seulgi foi embora, nem que pra isso eu vá buscar ela pessoalmente, tudo bem? 


Notas Finais


Bom gente, eu queria que esse capítulo tivesse pelo menos umas dez mil palavras, mas me contive. Por que já tava pensando em inserir tanta coisa que ficaria bagunçado, e eu não quero isso. Sou ansiosa demais com tudo, preciso manter a calma.

Lembrem-se que sou uma escritora amadora, então fico doida escrevendo e arquitetando tudo isso, mas também me divirto bastante.

VEM AÍ:

- Jennie sherlock holmes,
- Uma surpresinha que pode mudar o rumo de algumas coisas,
- Seulgi voltando a ter narração, a lenda ficou apagadinha coitada


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