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História As Cores da Liberdade - O dia-luto


Escrita por: semondok

Notas do Autor


Olha nós ai de novo!!!!

acho que volto essa semana ainda, depende dos meus horários <3

Capítulo 34 - O dia-luto


Fanfic / Fanfiction As Cores da Liberdade - O dia-luto

Yuri ouvia em silêncio tudo a longa história de Taeyeon, ainda que soubesse da maior parte, ainda se arrepiava nos detalhes. Aquela família era maior farsa do mundo, e ela se perguntava sempre que esse era o motivo do pai ter ido embora para nunca mais voltar. Se ele era agora mais feliz do que quando vivia sobre aquele teto de mentiras, e se um dia ele teria pensando em voltar para levar Yuri e Yoona junto. Se ele sentia algum orgulho em ver que assim como ele, Yoona era uma artista, que para a desonra da família, ela era brilhante no que fazia. Yuri até mesmo imaginava o pai rindo ao ver a filha ganhando algum prêmio e pensando em como o avô deveria estar chateado. Yuri sentia saudade dos pais que nunca conviveu, porque em sua memória eles seriam bons pais, e mesmo que não fosse verdade, era assim que ela gostaria de se lembrar deles.

Ela dormia, de exaustão depois de dois dias em claro só acompanhando a rotina maluca da irmã, quando recebeu o telefonema da mais nova dizendo o que tinha acontecendo com Joohyun, e só precisou abrir o navegador para ver que o nome da primeira estava em primeiro lugar nas buscar.

Yuri sabia como funciona a venda de notícias e como elas se espalhavam rápido a medida do necessário e interesse, ou seja, grandes nomes poderiam estar por traz desse enfoque, caso contrário alguém já poderia ter derrubado sites. O que queria dizer que até seu temido avô tinha poderosos inimigos que estavam aguardando um bom momento para sua queda.

Não precisava investigar as ações, sabia que nesse momento a empresa do avô e a empresa que Joohyun trabalha estava em queda, que os acionistas provavelmente já estavam se reunindo para saber o jeito certo de excluir o novo problema que tinham. Para Yuri era a vida e reputação da prima que importava, mas para o resto de Seul, se tratava de quanto dinheiro aquela notícia poderia gerar de forma direta ou indireta, nada era um acaso.

- Onde tá Hyun?

- Não sei, eu pedi para que ela não fosse pra casa, com sorte foi para algum hotel afastado ou a casa de alguém de confiança.

- Nesse momento ninguém é de confiança – Yuri disse claramente frustrada – A poeira precisa abaixar, nada vai ser fácil agora, vão exprimir essa notícia até o caroço, você sabe como isso funciona.

- O vovô precisa fazer alguma coisa, é o nome dele que tá em jogo, querendo ou não, dessa vez ele precisava nos ajudar – Taeyeon pontou.

- Às vezes eu penso que ele prefere sujar o próprio nome do que dar o braço a torcer por alguém.

- Não, ele é ganancioso demais pra deixar isso acontecer – Taeyeon voltou a responder – O lado bom é que agora as chances de Joohyun continuar sendo a melhor opção para o cargo são menores que zero.

- O lado ruim é que isso já não importa mais, ou você acha que agora nosso avô vai fazer um casamento feliz para Joohyun e a mulher que ela decidir ficar junto? – Yuri e Taeyeon se olharam percebendo sobre o que conversavam. Joohyun, que era uma figura pública, era agora uma mulher lésbica assumida – A nossa família...

- É muito estranha.

- É irada – Yuri continuou aliviando um pouco a tensão, e elas continuaram rindo até a normalidade se instalar entre elas mais uma vez, e Yuri se lembrar do porquê estava tão nervosa – Precisamos ir atrás do Sehun, e eu sei que você vai tentar me impedir porque é o lado sensato, e fazer alguma estupidez agora seria completamente ilógico, mas olha que ele fez na vida da nossa prima, isso não pode ficar barato.

- Não.

- Mas Taeyeon...

- Eu não vou impedir você, eu vou junto, passou da hora desse moleque saber o lugar dele – Taeyeon concordou séria e Yuri mal conseguiu esconder a animação – Mas não conta pra Tiffany.

Yuri selou os lábios como quem os trancava em cadeados.

- Ela ainda pode desmentir, a Joohyun, se tudo ficar pesado demais para ela - Yuri quebrou o silêncio - Essas coisas podem ser facilmente desmentidas, com certeza o vovô tá agora reunido com sua assessoria para contornar isso, como vez com meu pai.

Na verdade, o que Yuri sentia era uma pontada de decepção em nunca ter reparado algo do tipo na prima, na ausência de Taeyeon, ela deveria ser a responsável. Poderia ter ajudado a prima, ter sido presente em sua vida de alguma forma, ter feito qualquer coisa que fizessem tudo chegar nesse ponto.

- Não sei, Joohyun é bem dura na queda se quer saber - Taeyeon disse bebendo mais do vinho - Me pergunto onde Yoona e Tiffany se enfiaram.

Fazia horas que as duas tinham saído para arrumar alguma comida, mas não era seguro Yoona ficar zanzando por ai de madrugada, e Tiffany precisava dormir porque tinha uma exposição de pinturas para fazer. Por mais que ele quisesse cancelar tudo, Taeyeon a impediu, não poderia deixar aquilo afetar o sonho de Tiffany, e também precisava de um pé na normalidade se é que aquilo lhe era possível.

- Yoona disse que já estão vindo - Yuri disse conferindo o celular.

- E você tem um plano pra lidar com Sehun? - Yuri sorriu sugestiva, e Taeyeon percebeu que não tão boa ideia assim deixar Yuri pensar em algo relacionado a vingança - Algum que não envolva armas brancas? - O sorriso foi embora no mesmo minuto.

- Você sempre tira metade da graça.

- Desculpe não deixar você realizar seu grande sonho em ser presa.

- Valeria a pena.

- Só Deus sabe como eu também queria matar esse garoto, mas a gente precisa saber exatamente porque ele fez isso.

- Porque ele é um garoto mimado que não conseguiu ter Joohyun como queria, homens poderosos fazem o que querem com mulheres por puro capricho, você precisa de mais algum motivo?

- Eu só não quero pisar na bola...

- Tae, Tae, Tae - Yuri chamou a atenção falando alto enquanto lia a nova mensagem de Yoona - Droga, merda, o vovô tá no hospital.

Taeyeon subiu as mãos para cabeça em impaciência, não podia ser possível tanta notícia ruim sair em tão pouco tempo. Yuri se levantou correndo pegando dois casacos pesados e em seguida arremessando um para a prima que o agarrou já de pé.

- Era só o que faltava - "Esse velho morrer bem agora" concluiu Taeyeon, mas não diria aquilo em voz porque seria frio demais. Se alguma coisa acontecesse com ele, Joohyun nunca se perdoaria.

- Merda tem um monte de mensagem da secretária dele - Yuri disse enquanto corriam até o carro - Ele tá acordado e quer falar com você.

- Como ele sabia que eu tava aqui?

- Não acho que seja importante agora, ele tá mal - Yuri disse, não tinha compaixão na voz, mas também não tinha tons positivos. Yuri parecia isenta de qualquer sentimento, enquanto Taeyeon estava visivelmente exausta.

O dia amanhecia, e só agora Taeyeon se dava conta de que já estava duas noites em claro.

 

Seulgi estava mais uma vez naquele mesmo aeroporto onde pareciam circular os mesmos rostos de semanas atrás, na mesma falta de intensidade de quem nunca foi amado por Bae Joohyun. De certa forma, Seulgi sentia pena, misturada com ansiedade e medo. Não sabia como a mulher a receberia ou como os pais a olhariam, de repente tudo que conhecia por lar tinha se tornado frágil e inóspito.

- Por aí não – Jennie se direcionou contrário a saída – Pode ter alguém esperando por nós.

- Preciso ir pra casa, meus pais precisam de mim – Seulgi continuou confiante, mas Jennie agarrou seu pulso antes que ela continuasse sua firme missão de sair desfilando pelo portão principal.

- Não seja burra, vamos pra casa de Yuri.

- Você pode ir pra onde quiser – Seulgi recolheu o próprio pulso – Eu sei que meus pais não são importantes para você, mas se alguma coisa acontecer com eles, vai ser minha culpa. Eu vou pra casa explicar tudo, e depois você segue seu plano como bem entender – Seulgi disse já frustrada das ordens da outra mulher que parecia adorar o cargo de chefia que exercia no momento – E para de me dar ordens.

Jennie não pôde argumentar, a outra tinha levantado bons pontos. E Jennie não carregaria o peso de ter que ver acontecer algo com os pais de Seulgi, do mesmo jeito que não poderia impedir a mulher de fazer o que quisesse.

- Pelo menos você descobriu alguma coragem ai – Jennie disse – Ainda sim, não sai por ai, vamos por outro caminho.

- Você não vai comigo.

- Até porque eu estava doida pra conhecer toda família Kang, claro que não vou, preciso saber o que tá rolando e fiquei sem bateria – As duas agora andava até outra saída, com a porta bem menor e que se designava aos funcionários – Só nos encontre nesse endereço, tudo bem? - Deixou um papel nas mãos da outra.

Seulgi não conhecia aquela rua, e o bairro ouviu falar por alto, mas era um lugar afastado. Tudo aquilo parecia loucura, como se estivesse em algum filme de ação. Seulgi foi percebendo que seu medo não era assim tão vulgar, porque Jennie parecia apavorada, ainda que não demonstrasse. Por vezes, ela ergueu o olhar até os telões do aeroporto que exibia a notícia, e seu coração tinha leves disparos seguidos e uma batida lenta, como se a coordenação do seu corpo estivesse em pura esquizofrenia. Joohyun estava em todos eles, sempre com seu olhar intimidador da mulher de negócios, com terninhos escuros, e sempre a mesma frase que dizia que a neta dos Bae vivia um romance desconhecido com uma de suas fotógrafas.

- Coloca o capuz – Jennie disse ao perceber que Seulgi estava mais uma vez perdida entre aquelas televisões, e reparou que muitas outras pessoas também estavam parados vendo a notícia – Vamos.

Jennie foi mais gentil ao puxar a mulher que estava distraída, mas se sentia aflita além da conta ao pensar em como Joohyun estaria agora, não fazia ideia de onde as outras estavam. Quando finalmente deixaram o prédio, ela conseguiu chamar um táxi, e deixaria que Seulgi embarcasse primeiro, ela mais seguro. Antes que a mulher tatuada fechasse a porta, Jennie sentiu vontade de dizer algo, porque sabia que era no momento a coisa mais próxima de um conforto para Seulgi, era talvez a única que a entenderia durante essas primeiras horas.

- Seulgi – Chamou desajeitada, sem saber ser gentil com aquela mulher com quem estava acostumada a debater – Vai dá tudo certo – Era isso tudo que podia oferecer porque também se sentia de mãos atadas.

- Tudo bem, também não precisa chorar – Seulgi riu, e ainda que a resposta tenha sido carregada da mais pura ironia Kang, ainda sim, as duas sabiam que era sincero – Então, nos vemos.

- Isso – Jennie deixou o carro ir embora, e no íntimo torceu para que seus pais tivessem um carinho maior do que imaginava que teriam, porque o que Seulgi e Joohyun enfrentaria dali para frente seria como um inferno na terra.

Seulgi sentia seu estômago embrulhado e que a qualquer minuto poderia ver ele esparramado pelo estofado do carro, acendeu um cigarro porque fazia horas que não fumava e seu corpo implorava por alguma nicotina que diminuísse pelo menos uma fração de toda sua ansiedade. Dos vícios de Seulgi, esse era o mais incômodo, mas logo na primeira tragada ela sentiu um resquício de alívio, ainda que fosse a mais pura falsidade da droga que puxava para o pulmão.

Não se importou com os olhares feios do motorista, na verdade era gentil da parte dele se incomodar com o cigarro e não com o fato que a mulher que estava em todas as notícias era a mesma que ocupava o banco de trás do seu carro.

Seulgi não tinha receio em ser uma decepção, ela já o era fazia tempo, nunca se sentiu algo sobre o que os pais pudessem se orgulhar. E ela só desistiu de ser algo mais do que isso por muito tempo, mas agora era algo completamente novo, porque eles não rejeitariam seus gostos materiais ou profissionais, eles rejeitariam o que ela era em sua essência. Esse tipo de pensamento revirava ainda mais seu estômago, e o cigarro acabou como um piscar de olhos e ela se viu mais uma vez na porta de casa.

Desceu, ainda incerta dos passos e com medo das palavras, também sem a coragem necessária para encontrar os pais, para ser dura com a irmã. Ela queria ser. Entrou em casa como sempre fez, não mudou a rotina de colocar a chave no mesmo lugar, mas não ouviu a música no rádio que era a denúncia que a mãe estava na cozinha. Hoje, como todos os dias, ela estava na cozinha, com a mesma silhueta magra de sempre, mas sem música.

Seulgi tentou dizer alguma coisa, mas tudo parecia ridículo e banal, como se as duas mulheres vivessem há anos luz de distância, como se não houvesse um laço maternal que as ligasse para sempre. Tinha medo da mãe olhar para trás e perguntar quem era Seulgi, que não a conhecesse, e essa tinha um medo ainda maior de  também não conseguir responder quem era. Porque ela era a junção de todos os erros, o resultado de todas suas frágeis escolhas, e a ansiedade de não fazer ideia como estava parada ali esperando inutilmente ser compreendida por outro alguém para que ela mesmo não precisasse fazer isso.

- Mãe.

Disse em um tom frágil de voz pastosa que escorregou pela boca, viu quando os movimentos com a faca pararam, e ouviu quando a mãe a colocou sobre a tábua que cortava legumes. Mas ela não respondeu, e Seulgi poderia jurar que agora ela tinha os olhos fechados, mesmo que ainda estivesse de costas.

- Mãe.

Repetiu.

- Mãe.

Em algum momento aquilo deixou de ser um chamado para que tivesse a atenção da mais velha, ela implorava com a voz embargada, sentido o peso do mundo inteiro caindo em suas costas, se sentindo pequena demais para aguentar tudo aquilo, não conseguindo mais suportar o medo que tinha em não ser amada por aquela mulher que estava bem na sua frente. Seulgi já não era mais Kang Seulgi a arrogante fotógrafa de talentos alternativos e opiniões impopulares, que vivia em seu próprio pedestal onde não poderia ser atingida pelas criticas que não admitia. Não, Seulgi estava atirada ao chão, sem saber como levantar.

Todos os anos que se fortaleceu e prometeu não chorar perto de ninguém, agora aquilo era indiferente, não queria mais se armar de nada, não aguentava mais se munir de uma força que já não tinha mais. Queria mais que tudo chorar do colo da sua mãe, esperando que a mais velha tivesse uma resposta, qualquer uma que fosse, que fizesse aquela agonia de existir parar por um momento. Queria o alívio das palavras maternas que só aquela mulher de idade já avançada poderia dar, com todos os seus anos de experiência nesse mundo que era cruel demais para ser tolerado sozinho.

Senhora Kang não esperava aquela voz ou aquela presença, de certo modo era um alívio ouvi-la porque denunciava sua presença, Seulgi estava ali e estava bem, mas seu corpo parecia incapacitado de virar. O fez só quando ouviu a filha fungar, aquela menina que parecia dura como pedra, era assim desde criança, agora chorava copiosamente de uma forma que a mais velha não ouvia desde a infância, quando teve uma das câmeras quebradas pelos garotos da vizinhança.

As duas se olharam, e Seulgi não conseguiu sustentar mais que um segundo antes de desabar ao chão, era demais, tudo aquilo era demais. O peito lhe doía, as memórias lhe doía, todas as palavras que a mãe ainda não disse lhe doía. Senhora Bae, que era sempre agitada e nervosa em fazer tudo que devia fazer na pressa, agora parecia estranhamente calma, talvez pelo desespero da filha. Era isso. A senhora Kang estava tão absorta em reconhecer a própria filha sem todos os muros que existia dentro daquela casa, que não pôde fazer mais nada a não ser olhar para aquela criança desesperada que chorava os anos de silêncio. Não poderia correr e abraça-la, não poderia porque nunca aprendeu ser assim, mas entedia com o seu silêncio estendido. Seulgi dizia em lágrimas toda a dor que suportou com a porta fechada do seu quarto e do seu coração. Uma mãe não deveria precisar de mais que isso para entender, e ela entendia, ainda que não compreendesse em sua totalidade.

Seulgi, que deixou tudo sair, aos poucos foi parando de tremer, as lágrimas diminuíam com exaustão, e quando ela olhou mais uma vez para mãe, ela continuava cozinhando. Pensou em dizer algo, mas era inútil, devia só ir embora, deixar de incomodar a mais velha. Se levantou, mas antes de ir, ouviu a voz da outra.

- Você parece mais magra - Ela disse ainda mexendo em uma das panelas - O almoço fica pronto em cinco minutos.

 

Yeri, contrário o pedido dos pais, foi para o colégio. Não ficaria em casa com o clima péssimo entre todos, e ela sabia que estava de castigo até seus últimos anos de vida porque a mãe estava convicta de que ela sabia de tudo, o que era a mais pura verdade, mas ainda sim achava injusto ela receber punição só por ser uma boa irmã. A Bae andava pelos corredores sabendo que todos a olhavam, alguns descarados não escondiam quem tirava fotos e outros gravavam, mas não tinha nada que Yeri pudesse fazer.

- É a irmã dela.

- Uma pena, ele é tão gostosa.

- Essa delinquente deve ser igual.

- Dizem que a fotógrafa é irmã daquela Sooyoung.

Não era fácil ouvir tudo aquilo calada, ainda mais para Yeri, que adorava qualquer oportunidade para brigar com alguém daquela escola que ela odiava com tanto afinco. Passou pela sala de troféus, onde entrou, não gostava muito dali porque Yeri odiava esportes, mas mesmo assim entrou. Olhou bem para o canto em específico dedicado ao vôlei, onde ela sabia que encontraria o nome da irmã.

Lá estava, a irmã uma década mais nova, o rosto muito mais amaciado. Um sorriso espontâneo enquanto olhava para uma de suas colegas. Yeri tocou a foto, se perguntando se já naquela época a irmã tinha dimensão de tudo que acontecia dentro dela, se alguma vez ela precisou passar entre esses corredores ouvindo palavras tão baixar como Yeri tinha que fazer agora. 

Yeri sabia que não se parecia em nada com a irmã mais velha, e nem queria se parecer, mas isso não a fazia sentir menos amor pela irmã. Elas eram próximas, ainda que com idades distantes, e no que coubesse a Yeri, permaneceria assim. Nem sua mãe, muito menos os jornais, ou aqueles colegas que ela não reconheceria em dois anos, poderiam diminuir o que elas tinham.

Ao entrar na sala, onde mais um punhado de colegas a olhava com risadinhas, viu Joy sentada no canto aposto e encurvada sobre a mesa, três alunas estava de pé parada na sua frente e riam da situação. Ver aquilo fez os punhos da Bae fechar, e ela caminhou a passos duros até onde o pequeno evento acontecia.

- Sua irmã a mais nova sapatão da Coreia, você também é assim?

- Ela tá sempre grudada com a Bae, aposto que as irmãs ensinaram bem o que fazem.

- Como é que vocês transam? – A do meio era também a maior, e a que tinha a voz mais esganiçada, chupava um pirulito de forma tal que dava asco em Yeri, sabia que aquele papel ridículo era pra substituir um cigarro, como se a cena que ter algo entre os lábios fosse de alguma forma amedrontador.

- Deixa ela em paz – Yeri disse jogando a mochila em uma das mesas com força o suficiente para chamar atenção de toda sala. Quando Joy se endireitou na cadeira, Yeri viu que sua mesa estava rabiscada com vários insultos para a menina, o que também significava insultos a sua irmã, e a Seulgi – Quem foi o desgraçado que fez isso?

- Que você disse? – Uma das meninas se pois a frente das outras, enquanto todos ficavam em silêncio, apenas com seus celulares mirando as meninas da cena.

- É surda? – Yeri disse controlando a raiva como conseguia – Eu perguntei quem foi o desgraçado que escreveu todas essas coisas.

- Você.. como – A menina riu em uma mistura de incredulidade e nervosismo, Yeri se metia em algumas confusões, mas não em brigas assim – Yeri, você perdeu a cabeça? – Finalmente a garota repôs a postura e voltou ao deboche habitual, chupando aquele pirulito de uma forma que fez Yeri querer enfia-lo goela abaixo.

- É finalmente eu perdi a cabeça, Yoon Seri, e não ligo de tomar uma detenção para quebrar sua cara – Yeri disse empurrando a menina com tamanha força que ela voou três carteiras atrás.

Era um risco excitante que a jovem Yeri estava disposta a correr, socar a cara da nojenta Seri lhe daria mais alegria do continuar fingindo ser uma boa garota daquele colégio antiquado. A menina se sentia cansada, precisava tirar aquele frustração de algum modo, e também sentia muita raiva de Joy. Por mais que amasse a amiga, não poderia deixar de se sentir completamente decepcionada com a reação bruta que ela teve em relação à tudo. Como se Yeri também não tivesse sido lançada de paraquedas no meio de toda aquela bagunça.

E Yeri nem ao menos sabia o que deveria ter feito, ir correndo contar sobre os segredos da irmã não era mesmo uma opção, Yeri não se sentia nesse direito. E Joy parecia muito mais irritada com o conteúdo da notícia do que com a forma que descobriu, e se era esse o caso, Yeri se sentia ainda mais frustrada com a completa hipocrisia da amiga. Pois ela foi a primeira a estender uma mão amiga para Yeri quando essa confessou sobre as preocupações em relação a Joohyun.

As outras duas meninas aproveitaram a distração de Yeri e correram em sua direção, elas não eram grandes, mas eram covardes o suficiente para uma consegui segurar Yeri enquanto a outra desferia um soco certeiro na barriga.

- Bae Yerim, me acompanhe.

Um dos inspetores apareceu na porta, e Yeri se atordoou ao escutar apenas seu nome ser chamado, as outras duas soltaram seus braços na mesma velocidade que os agarrou anteriormente. E todos os alunos de repente pareciam estar em qualquer dia normal, como se não tivesse rolando uma briga ali segundos atrás, seu olhar percorreu desacreditado por toda a sala, e se agarrou em Joy que parecia na mesma confusão que ela. Mas essa o desviou quando percebeu que Yeri também a olhava, e a mais nova não fez a mínima questão de tentar falar alguma coisa, porque tampouco queria conversar com uma vacilona como Sooyoung.

- Só pra vocês saberem – Yeri disse tirando o sorrisinho prepotente de Seri – Se alguma coisa com Joy, eu mato vocês.

- Não vai pode matar ninguém estando de detenção – Ela respondeu desafiadora.

- A detenção acaba quando você sai por aquele portão – Yeri arrancou o pirulito da boca da menina com tanta força que poderia ter facilmente arrancado uns dois dentes – Se liga, sua psicopata, eu não sou flor que cheire, não – Com fim da sua fabulosa cena, ela colocou o pirulito na própria boca e o fez em pedacinhos, cuspindo o palitinho na outra garota.

Yeri agarrou sua mochila e deixou a sala sem olhar para trás, torcendo para que a cena tivesse sido boa o suficiente para largarem o pé de Sooyoung. Ainda que as duas não estivesse em bons termos, não queria que alguma coisa acontecesse com ela ali dentro. E esperava que a outra tivesse ao menos o bom senso de não ficar parada como uma menina tola, porque aqueles estudantes apenas se aproveitavam da fragilidade dos outros. Joy não era o tipo que se deixava intimidar, não deveria começar agora que estava tudo tão difícil.

- Senhor Chou, é muito injusto só eu ir para diretoria – Yeri disse depois de ter acompanhado o inspetor por todo o corredor.

Ela tinha seu nome na ponta da língua de todos os funcionários daquela escola, Bae Yerim era o tipo carismático de aluno bagunceiro, porque ela nunca passava realmente dos limites, apenas andava na beira. Eles a xingavam porque era o trabalho deles, mas carregavam uma feição secreta pela falsa delinquente, por mais que ela fosse rebelde e seguisse as regras da própria cabeça, sempre era muito respeitosa com todas as figuras de autoridade daquela instituição. A não ser com o diretor, os dois sempre caiam em algumas discussões sobre o que era certo e errado, mas até mesmo ele se pegava rindo do modo livre como a garota pensava. Os tempos eram outros, os alunos também, talvez anos atrás aquilo lhe rendessem boas varadas na mão e algumas horas ajoelhada sobre o milho.

- Você não está indo para a diretoria, vou fingir não ter visto aquela cena na sala.

- O senhor é o melhor – Yeri riu – Mas entãoo, onde estamos indo?

- Seu pai mandou um carro, você precisa ir para o hospital – Senhor Chou não era conhecido pela delicadeza das palavras, ou a gentileza das ações, e praticamente correndo pelos corredores não era a melhor forma de dar uma notícia tão pessoal como aquela – É seu avô.

Por alguns segundos Yeri congelou no lugar, suas pernas não obedeceram, o coração parou e junto um arrepio subiu o corpo, os olhos se encheram de lágrimas antes que ela pudesse pensar no que significava tudo aquilo, talvez chorasse, mas precisava continuar seguindo o inspetor até o portão.

Foram apenas alguns segundos, mas dentro deles havia algumas confusões que ela não poderia controlar, como raiva, ela achava que era raiva da irmã, porque de algum modo aquilo era culpa dela, mas era injusto. Também sentia inveja, e sentia uma inveja imensa dos pais que poderiam culpar abertamente a irmã por tudo aquilo. Nos segundos seguintes ela não sentiu mais nada, passada o momento de choque, ela voltou a caminhar, poderia sentir tudo que precisasse mais tarde, agora no entanto, queria ver o avô.

 

 

 

 

PEOPLE ON. KOREAN

por Im DooNa 

Morre aos 78 anos o empresário Bae Yoon Jung, filho único de Bae Hwa Yeong e Bae Doo Jung, os paramédicos afirmam que o falecimento ocorreu após duas paradas cardíacas, infelizmente Bae não resistiu e veio a óbito. A última madrugada não foi fácil para a família do empresário,  alvo de notícias que cobriram todos os tabloides, abordando o possível desvio de sexualidade da neta do empresário, Bae Joohyun, é cotada como a possível herdeira do conglomerado Bae Group. Tudo acerca do assunto não foi confirmado pela assessoria da família, que permanece em silêncio e pede respeito nesse momento.

É importante ressaltar a prestigiosa carreira do promissor empresário, que aos 20 anos já trilhava os caminhos do pai e avô. A família vem de agricultores e encontrou no jovem rapaz a inteligência necessária para tornar um pequeno negócio de família em um dos mais produtivos comércios de agricultura do país, posteriormente ramificando sua corporação em empresas em diversas aeras.

Não apenas nos negócios Bae Yoon Jung teve inteligência ímpar, mas sua família também representa uma base sólida para os valores do país enquanto nação, os filhos mais velhos seguiram os caminhos do pai, dando continuidade ao que ele soube tão bem expandir. Enquanto a terceira geração da família Bae se prepara também para continuar fortificando um nome que se tornou tão importante para a economia do país.

Esperamos que todos os boatos a cerca da família sejam desmentidos em breve para que enfim a família possa voltar pelo seu luto, sabendo que terão o respeito da população com uma perda tão inestimável. Para os mais curiosos sobre o que tem se especulado, essa matéria tem o objetivo de prestar sinceras condolências ao que este colunista (eu) considera um dos pilares para que nosso país tenha se tornado um forte exportador. Sugiro que procurem um site de fofocas que saciem da necessidade insana de vocês em degradar uma família com tantos princípios, e que não merece ser olhado com os olhos que não forem de profundo respeito.

 

Seulgi dirigia o carro de Jennie Kim com mais confiança do que habilidade. No meia daquela montanha russa, ninguém tinha notícias de Joohyun, muito menos se ela sabia sobre o avô. Mas Kang sabia que sim, e sabia que era exatamente por isso que a mulher tinha sumido, ela provavelmente estava agora preenchida com a mesma culpa que Seulgi veio carregando durante esse tempo. Óbvio que Jennie se recusou com veemência a liberar o carro, mas isso não era importante agora, porque Seulgi sabia exatamente onde Joohyun estava, e sabia que deveria ir sozinha atrás dela. 


Notas Finais


aiai gostaria que ser mais rápida com a história, mas quando vê o capítulo já tá enorme, e é isso ai mesmo.

- a matéria foi intencionalmente homofóbica, não compactua com nada que escrevi ali, só pra deixar claro!
- RIP BAE, não pensem que esse dai indo pro saco vai ajudar em muita coisa
- SEULRENE NO PRÓXIMO CAPÍTULO


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