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História As cores de dentro de mim - Preconceitos - Prólogo


Escrita por: Sazaca

Notas do Autor


Minha intenção com esta história é fazer dos conflitos desta fase algo natural. Não quero e nem pretendo narrar grandes dramas e conflitos. A transição do adolescente para o jovem adulto é uma fase importante, essencialmente na vida de pessoas como Enverson e Micael, e deve ser uma fase tranquila e maleável. Por isso, não leiam aguardando por muito sexo, brigas, problemas de comunicação ou qualquer conflito clichê de drama norte americano. Leiam esperando por algo fluído e natural como em "Hoje eu quero voltar sozinho"

Boa leitura. 💌

Capítulo 1 - Preconceitos - Prólogo


Nunca antes eu experimentei a sensação de estar com outro rapaz. E nunca quis realmente. Acostumei com a tranquilidade da vida de um caipira, sem as perturbações e dramas de experiências novas. Só amei uma pessoa em meus 18 anos de vida, e foi uma garota. 

A primeira vez que ficamos foi na nossa sala de aula. Ela era novata e já tinha um namorado na sua outra cidade, mas já era a mais linda da sala. Pequena e magrinha, com um cabelo cacheado de fazer inveja e olhos verdes meiguíssimos. Era também a mais inteligente, todos os professores a adoravam por fechar as provas e ajudar de boa vontade os burrinhos com as atividades.
 
A sala estava vazia. Falei com todos para saírem só para que eu pudesse a beijar. O beijo dela era lento, os lábios eram da cor de um iogurte de morango e tinham o gosto pegajoso de brilho labial. Foi o melhor beijo que eu já experimentei. Mas a sua doçura foi se esvaindo com seu amor por mim até que restasse só um beijo seco e apressado. E terminamos. Mas ela era muito madura e continuamos amigos, não tenho mágoas dela. Isso tudo aconteceu no nosso último ano do ensino médio. 

Mas as coisas nas nossas vidas tendem a mudar de uma hora pra outra do nada, às vezes por circunstâncias irracionais. Eu passei a trabalhar numa transportadora de limões como um "faz-tudo", mas a função que eu mais exercia era levar cargas para pessoas que encomendavam, na maior parte das vezes eram encomendas de mercadinhos locais. 

Ainda tinha amigos na escola, alguns porque eram de séries mais baixas e outros porque eram repetentes. Aqui e acolá comentavam comigo sobre o que acontecia lá dentro. No início do ano, logo quando as aulas começaram, Natan foi a primeira pessoa a comentar comigo sobre as novidades da escola.
— Tem um novato da cidade grande na nossa sala. O único, na verdade. Parece até ano passado, quando a Laura chegou. 
— Hahaha, muito legal você falar dela hein, engraçadão — eu respondi, sarcástico. Eu não gostava mais da Laura, mas ficar falando do nosso ex relacionamento não é interessante — Qual o nome do pivete? — desconversei, para não falar da Laura.
— Micael. Micael Santiago, eu acho. Ele é inteligente, o mano. É bem legal até.
— E veio da onde?
— De Salvador, mesmo. Ouvi que é filho de gente rica.
— É coisa nenhuma! Fosse mesmo, não tava em escola pública. 

Nós mudamos de assunto logo. Não tinha nada de interessante em ficar falando de um novato que mal conhecíamos. 

Num outro dia, vi minha irmã toda se arrumando pela casa. Certamente para sair. 
— Sabe, Manu — eu disse, deitado na cama de seu quarto enquanto ela se espelhava pra colocar uns brincos perolados — Eu sinto falta da escola. Parece que agora eu só trabalho, não tenho mais vida, e que meus amigos estão distantes. Talvez eu devesse ter repetido de ano. 
— Ah, Eni — respondeu, olhando as orelhas enfeitadas — Eu acho que você deveria usar seu tempo livre pra estudar e tentar um vestibular. Numa faculdade você vai conhecer gente nova, vai estudar de novo. E olhe o lado bom de agora, você tá ganhando dinheiro. Podes juntar para investir no curso no futuro, se não der sorte no enem. 
— Pode até ser, Manu, mas eu não sei nem o que eu quero no meu futuro. O que eu vou fazer?
— Isso era o que você deveria ter decidido quando ainda tava na escola, né? Mas pense direitinho, Eni. Nunca é tarde pra pensar sobre o futuro.
— Valeu, Manu — eu estava realmenre grato. Sou muito sortudo pela Manuela ser a minha irmã. Ela é só três anos mais velha, mas sempre cuidou muito de mim.

Lá para quase o meio do ano, o nome "Micael" já era frequente em meus ouvidos. A cidade era pequena, todo mundo conhecia todo mundo e eu ouvia falarem de como ele era inteligente, de como sabia falar inglês, de como seu cabelo era macio e toda aquela encheção de saco que me fazia revirar os olhos.
— Eu acho que esse cara é viado, véi — especulou Natan — ele não quis ficar nem com a Vanessa, mano! 
— Nossa — comentei — tem que ser muito boiola mesmo pra recusar a Vanessinha.

Meu comentário fez os meus amigos rirem. Era a minha intenção quando o fiz. Mas algo em mim se manifestava estranhamente incomodado com meu próprio comentário, e eu só ignorei aquele sentimento incômodo. Era muito fácil e mais conveniente ser um machão engraçado. Nunca fui o cara que estraga a piada na rodinha de amigos, e não seria diferente naquela hora. 


Notas Finais


Eu escrevi tudinho pelo celular. Se puder deixar só um comentário como um incentivo eu ficaria muito feliz :'


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