História As Crônicas da Legião - Pesadelo Mortífero - Plano de Fuga: Um estranho aliado

João e Cata acordaram na manhã seguinte. Ele estava ainda deitado na maca. Ela, com a cabeça apoiada na lateral da maca, com a mão sobre as mãos dele. Eles se levantaram. O tornozelo de João estava melhor, a ferida já estava quase completamente cicatrizada. O que significava que ele poderia andar.

Antes de sair, eles observaram um pequeno mapa da caverna que havia nas paredes da enfermaria. Que conveniente!

Eles então prosseguiram. Segundo o mapa, precisariam adentrar até o fundo da caverna para chegar até as prisões, que, eles inferiam, era onde seus amigos estariam. Estavam vivos, com certeza. Heawyer já havia dito e mostrado que não queria matar ninguém, a menos que estivessem todos juntos. Ou poderia inclusive ter um plano para eles. Irrelevante, seus amigos ainda estavam vivos. Os dois apostavam nisso.

Devagar e silenciosamente, o casal foi adentrando na caverna.

Cata notou que as tochas passaram a ser menos frequentes. Uma escuridão incômoda e assustadora passou a tomar conta do local. Aquilo era estranho. Estranho e perigoso. Cautelosamente, os dois continuaram andando, de mãos dadas, atentos a tudo. Uma breve risada se ouviu ao longe. Breve, baixa e tenebrosa. Eles pararam. O casal se preparou para uma luta.

-Pararam por que? - uma voz fina e fria disse, de um canto.

João jogou uma luz na direção da voz, Cata se preparou para fazer algo, mas eles pararam. Pois não conheciam quem estava lá.

O homem era alto, forte e branco. Mas a diferença era que ele não possuia olhos. Sua testa, grande e vazia, se estendia para seu nariz e boca. Em seu pescoço havia uma pequena cicatriz de um dos lados. O homem carregava duas longas facas no cinto, e usava um uniforme colorido, azul e laranja.

-Quem é você? - João sussurrou. Cata não parecia conseguir entrar na mente dele.

-Eu? Eu atendo por Vírus. - a figura respondeu - Pode abaixar essa luz, por favor. Não vou matar vocês. Vocês ainda não podem morrer.

Surpresos e assustados, o casal deixou Vírus falar. Mas sem baixar a guarda.

-Vocês precisam me fazer um favor. - ele disse, tenebroso.

-Que favor? - João sussurrou irritado.

-Apenas continuem com sua missãozinha.

“Vamos embora. A gente deixa ele desacordado e continua sem se preocupar com isso.” a voz de Cata na cabeça de João.

Os dois começaram a fazer alguns movimentos. Vírus bateu uma palma curta e suave. O que fora aquilo?

-Eu não faria isso se fosse vocês. - ele disse, saindo da parede onde estava apoiado e caminhando na direção do casal - Vocês vão me ouvir, por bem ou por mal.

Cata olhou em volta. Ela viu um cavaleiro de branco sair de um corredor próximo. Ele possuía uma corrente com um pingente de um sol no peito, e carregava duas espadas brilhantes e tinindo.

-Sol e Lua vão garantir que vocês ouçam. - Vírus terminou.

Sol e Lua?

O cavaleiro de branco se aproximou do casal, com as espadas em punho. Estava em posição de guarda, pronto para fazer algo, se necessário.

-Qual deles você quer, Clare? - ele murmurou numa voz debochada e irônica. A voz da risada que eles haviam ouvido antes. Mas ele falava com quem?

-Eu fico com a garota. - uma voz feminina e dura respondeu. Vinha de trás de Cata.

A garota se virou, mas nada viu. Ela avançou o braço devagar. E pode tocar algo. Olhando melhor, ela pode ver uma armadura negra camuflada nas sombras. Em seu peito, uma corrente, igual à do outro cavaleiro, com um pingente de Lua na ponta. Sol e Lua.

-Terminando. - Vírus continuou, como se estivesse com pressa - Prossigam. Com cautela. E não voltem na enfermaria. O fantasma é muito perceptivo e já notou a presença de vocês. Ah - ele falou a última frase num tom levemente ressaltado- E cuidado com as lâmpadas.

Assim que terminou, Vírus virou em um corredor e foi embora. Sol e Lua foram com ele.

Em estado de choque, João e Cata pensavam quietos, tentando entender. Aquele cara era confiável? Não sabiam quem ele era. Mas provavelmente estava lá por trabalhar para Heawyer. Então provavelmente não era confiável. Mas ele tinha tido a oportunidade de matá-los, ou capturá-los, ou o que fosse; e não o havia feito. E ainda havia avisado sobre o fantasma. Seria verdade?

Os dois prosseguiram, ainda sem saber o que fazer. Não conseguiam falar nada um para o outro.