História As crônicas da rainha de gelo - Clexa - Cap 23

O banquete em comemoração ao dia dos gêmeos não bem como Clarke esperava. Não faltou sorrisos e música destinados aos pequenos, mas também não foi as mil maravilhas. A presença de Costia foi bem vinda por Clarke, mas todos os outros da familia estavam com um pé atrás em relação a antiga amante de sua esposa. A propósito, Lexa também não ficou confortável e não saiu do campo de visão da loira para não lhe da motivos de ciúmes.

O príncipe Assef estava muito bonito, havia feito a barba e agora parecia realmente ter a idade certa. Ele ficou com sua mãe Clarke quase a noite toda e não se permitiu sair de perto dela, como se a loira o fosse proteger dos olhares arrependidos de Costia. A rainha ate tentou e por poucos minutos mãe e filho conversaram, mas a ex amante não conseguiu arrancar sequer um sorriso forçado do moreno, diferente de Clarke que conseguia todo seu carinho e atenção. Já Anivar e Ivar puderam ser eles mesmos e receberam muitos presentes dos convidados, em especial a aprovação de Lexa para seu treinamento no ninho da águia, uma decisão mútua de dois filhos querendo seguir o rumo da mãe.

Quando o dia amanheceu, Assef se mostrou impecável com o seu exército de dez mil homens prontos para marchar, e quando todos se puseram em marcha, o príncipe recebeu um breve elogio de sua mãe Lexa, e assim puderam seguir viagem.

O sol estava alto quando o exército da rainha avançava para a pequena vila de Hoff, no litoral do norte onde os barcos foram construidos com total discrição. A cerca de oito quilômetros atrás, Lexa se despediu de sua irmã Anya que seguiria o caminho marchando pela estranha do rei rumo ao extremo norte, e ao ninho da águia. Os gêmeos quiseram seguir a tia, mas Clarke proibiu.

- Como você se sente? - Perguntou Lexa ao filho observando o exército passar sobre a colina. - Soube que você dividiu bem seus homens.

- Nada do que você não tivesse me ensinado. - Respondeu o garoto. - Como está mamãe?

Lexa o olhou confusa, qual mãe ele estava se referindo?

- Estou falando de minha única mãe… Clarke. - Revirou os olhos e preferiu não encarar Lexa. - Ainda não a vi hoje.

- Está com os gêmeos. - Respondeu Lexa cumprimentando soldados que passaram por ela pela estrada. - Anivar esta se sentindo enjoada, mas vai ficar bem. Puxou a Clarke nessa questão.

- Espero.

- Ainda não respondeu minha pergunta, como se sente hoje? - Insistiu a rainha, ela tinha vontade de ficar com seu filho mais do que qualquer coisa nesse momento. - Você não tem separado de Clarke ultimamente e pelo que me lembro você não saia do meu pé.

- As coisas mudam, principalmente quando minha mãe insiste em coisas que não quero e não acredita em mim.

- Isso é por causa de Costia? - Lexa suspirou buscando resposta no rosto incomodo do seu filho, mas não tinha nenhuma. - Meu filho, eu não quero que você se sinta forçado, mas Costia é sua mãe. Você não tem perguntas para fazer a ela?

- O que perguntaria? - Os olhos verdes de Assef olharam Lexa sem piedade da mãe. Ele era tão parecido com sua mãe que chegava a assustar. - Ela me abandonou mãe, ela me abandonou e não falou nada para você. Deveria ter tanta raiva dela quanto eu.

- Garoto a raiva só leva a mais raiva.

- Você acha que minha mãe vai ficar com raiva de você quando souber que você trouxe sua antiga amante para ca? - O garoto apontou para a loira se aproximando deles com um sorriso falso. - Vou procurar Torvi, da licença.

- Assef volte aqui, eu não chamei ela. - Lexa tentou se explicar, mas era tarde e o garoto já estava longe. Ela realmente não fazia ideia de que Costia estava ali e para piorar bem na frente dela. - O que você faz aqui?

- Soube que estão indo para Hoff, também estou indo. - Respondeu tapando o sol de sua visão. - Pensei em passar mais tempo para conhecer Assef.

- Ele não quer conhecer você e eu já estou cansada disso Costia. - Disse Lexa. - Pelos Deuses, se ele quisesse conhecer você já teria ido atrás. Deixe meu filho em paz.

- Já desisti de você. - Retrucou a amante. - Não me faça desistir do meu filho, ele tem meu sangue também.

- Volte de onde você veio ou procure outro caminho para a vila de Hoff. - A rainha soltou as rédeas do seu garanhão começando a tomar distância de Costia - Se minha esposa vê você aqui não ficara feliz e nem eu.

- Faz tudo o que Clarke quer?

Lexa Blackwood pensou por um instante e levantou a cabeça orgulhosa.

- Faço. Agora dê o fora daqui.

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O exército alcançou a vila de Hoff muito tarde e a ordem do príncipe foi acampar e seguir viagem pela manhã, Lexa concordou já que estava cansada e sabia que navegar a noite era tormentoso demais para quem ficou o dia inteiro marchando.

O enjôo da princesa Anivar passou, mas lhe deixou fraca para aprontar e consequentemente Ivar também ficou triste sem sua fiel companheira de aventuras malucas. E é claro o príncipe não deixou Assef quieto um segundo sequer, disse ser seu escudeiro ate Lexa vir e o levar para longe de todos.

- Soube que você ficou quieto agora a noite. - Lexa verificou a testa do garoto. - Está doente? Com febre?

- Não estou nada, nunca fico doente. - O garoto tirou a mão de sua mãe e se afastou. - Então, todos esses navios são seus mãe?

- Sim, são nossos.

- Por que quer tanto ir ao extremo norte? - Ivar se sentou no chão e juntou suas pernas ao corpo para se proteger do frio. - Lá não é sempre frio?

- É, e é justamente por isso que quero ir para lá. - A rainha cobriu seu filho com seu manto. - Você é uma criança de verão, quando conhecer o inverno onde ate as pessoas são feitas de gelo, você entendera o quão importante o frio é pros nortenhos.

- Você é feita de gelo?

- Sou. - Disse Lexa com o olhar vago, um olhar para a única tocha vindo em sua direção, segurou o cabo da espada na espera. - Quem é você?

- Seu irmão. - Respondeu Lincoln levantando a tocha sobre sua cabeça. - Acabei de chegar.

- Ia perder o braço se não tivesse falado antes.

- Tio Lincoln. - O pequeno príncipe correu para seu tio deixando o manto de Lexa para trás. - Você trouxe meu presente?

- Sim. - Lincoln tirou do cinto uma pequena pedra verde redonda polida. - Essa é uma pedra preciosa, guarde com você sempre.

- Obrigada tio. - Ivar abraçou Lincoln, mas saiu do seu abraço depressa. - Vou mostrar a tia Octavia, ela veio ne?

- Sim e seu primo Daeron também.

- É bom vê-lo de novo. - Lexa apertou a mão de seu irmão e o abraçou. - Fico feliz que esteja aqui.

- Não teria vindo se Lord Castle não tivesse insistido tanto em vir e conhecer a grande Lexa. - Declarou Lincoln com um tom sarcástico. - Precisava vê a empolgação do Lord.

- Alfred? - Perguntou confusa ao lembrar do sobrenome.

- Não, Thomas o mais jovem, cresceu com Clarke e as meninas em Alfheim. - O irmão da rainha olhou em volta, para o horizonte onde milhares de fogueiras tomavam conta e mostravam o tamanho do exército. - Tantos homens, pretende mesmo conquistar os domínios do extremo?

- Sim. - Lexa franziu a testa, aquele nome não lhe era estranho. - Quem é esse Thomas?

- Vai conhece-lo durante o jantar, Octávia esta preparando tudo. - Lincoln pegou no ombro de sua irmã a puxou para si. - Me conte o que aconteceu nesses dias.

- Você nem vai acreditar. - Sorriu a rainha.

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Os soldados armaram a tenda bem próximo ao rio, Clarke gostavada sensação e do barulho da água de manhã, lembrava se sua casa no sul e das várias piscinas naturais ao redor do castelo, sem falar nas roupas leves e vestido e seda e algodão. Gostava da sensação de liberdade e do calor, sentia saudade até das noites frias ao pé da janela olhando os garotos brincarem nas piscinas.

No norte ao contrário, tudo era frio ate mesmo no verão com o céu azul e o sol brilhando o frio continuava a existir, e por isso não existia tantas crianças brincando e as que brincavam só pensavam na maioria das vezes em lutar, esse é o preço que se paga poder bélico, crianças já nascem corrompidas pelo desejo de se tornarem grandes guerreiros.

Com um sorriso sincero ao guarda que lhe acompanhava Clarke entrou na tenda e retirou seu manto e as luvas, mas antes que pudesse encher a tava de vinho viu os mesmos cabelos loiros presos de um lado e o mesmo vestido de cintura marcada roxo que antes a fez sentir raiva.

- O que faz aqui? - A rainha colocou a jarra do vinho na mesa e pegou sua taça. - Achei que já tivesse tido sua oportunidade.

- Acontece que não tive minha oportunidade. - Declarou Costia ficando frente a frente com sua inimiga. - O garoto não saiu de perto de você.

- Sindo muito que ele prefira a mim. - Deu um sorriso debochado e sentou no que viria a ser o trono. - Acho que deveria desistir, Assef não quer lhe conhecer e ninguém aqui quer você. Eu não quero, Lexa não quer, Assef não quer, os príncipes e os lord não querem. Por que não volta do buraco de onde veio?

- Porque eu quero conhecer meu filho, eu tenho esse direito.

- Mas ele não quer e ele tem o direito também. - Retrucou a rainha secando sua taça de vinho e colocando em cima da mesa ao lado do trono. - Você nunca teve direito por que você nunca esteve aqui. Você não o ensinou a ler, não esteve lá quando ele quebrou a perna com dose anos durante uma caçada com Lexa. Que a propósito, ela correu com eles nos braços ate chegar no castelo e só saiu do lado dele quando ele acordou. Você não estava lá quando ele brigou com o primo Tristan e machucou o queixo. Sabia que ele tem uma cicatriz no queixo e por isso ele gosta de usar barba? Não só por isso, ele usa barba por que todos sabem que ele parece com Lexa e ele não quer parecer, Assef odeia isso. Todos só o vêem como o bastardo de Lexa, ou o filho de Lexa. Ninguém o vê, nem mesmo você o viu, mas eu vejo. Ele é meu filho e você não vai vir aqui e quebrar o coração dele.

As lagrimas escorriam pelos olhos de Costia, eram puro arrependimento e tristeza, mas mesmo assim ainda restava raiva dentro de si.

- Sabem o que dizem por ai do seu filho, Ivar? - A cobra enxugou suas lágrimas com as mãos e passou a olhar Clarke nos olhos. - Dizem por ai que o seu filho é o verdadeiro bastardo aqui. Sua filha parece Lexa, Assef também, mas Ivar ele nunca chegou nem perto disso. Dizem inclusive que você traiu Lexa com Daemon apenas para ter mais um, por que Lexa não pode mais te dar filhos não é? Por que o lindo casal não teve mais filhos Clarke?

A raiva consumia Clarke por dentro, ela queria mostrar a Costia toda sua fúria e ódio.

- Isso mesmo. - Disse Costia enquanto via a raiva consumir a loira. - Chore por que você sabe que é verdade, sua rainha não pode lhe dar filhos e que seu pequeno e precioso filho é um nada.

- CALE A BOCA. - Gritou Clarke e rapidamente seus guardas entraram na tenda, ela respirou e manteve de volta sua sanidade. - Você não sabe com quem está lidando Costia, eu já lhe cortei uma vez posso muito bem fazer de novo. Não se esqueça de que eu sou a rainha é comigo que Lexa é casada e quando eu disser para ajoelhar você ajoelha.

- Eu não vou me ajoelhar nunca para…

- Ajoelhe agora. - Disse o guarda. - Sua rainha lhe deu uma ordem.

Aos poucos a cobra engoliu toda sua raiva e ajoelhou sentindo a mira de um arco sobre sua cabeça.

- Esqueça Lexa, eu e meus filhos. - Clarke respirava alto, a cobra estava quase aos seus pés agora e essa era uma sensação maravilhosa. - Deveria matar você, tirar você de uma vez por todas das nossas vidas.

- Por que não mata?

- Eu não sou uma assasina. Eu sou uma mãe, eu sou uma rainha. - A rainha deu as costas para Costia e voltou a pegar seu vinho. - Saia da minha frente e quando pensar em vir de novo na minha casa, lembre-se que eu cansei de ser tolerante com você.

O guarda real pegou Costia pelo braço e a tirou dali gentilmente, a mulher estava em prantos e aflita, sentia o coração pesado enquanto Clarke se sentia aliviada, mas também triste então bebeu um pouco mais.

- Você não era tão selvagem assim. - Disse a voz grave atrás de Clarke enquanto a loira estava de cabeça baixa. - O que diabos o norte fez com você?

- Quem é você? - Clarke voltou-se para o homem de quase dois metros de altura, loiro com a barba feita e a pele queimada, como os sulistas tinham. Não usava nenhum brasão no seu peito, mas seus trajes eram bem feitos. - Pelo visto não sabe quem eu sou pelo jeito que anda falando comigo.

- Todo mundo sabe quem você é majestade. - O loiro ajoelhou e beijou a mão de sua rainha, era um cavalheiro como Clarke podia esperar. - É uma pena não reconhecer seu nobre, gentil e leal amigo.

- Thomas? É você? - Perguntou confusa, mas logo seus olhos brilhavam e era verdade, seu amigo de infância que Clarke tantas vezes observava brincar estava realmente ali. - Pelos Deuses é você mesmo. Senti tanta falta Thomas.

- Eu também Clarke. - Os dois se abraçaram e os braços musculosos do Lord tiraram Clarke do ar. - Você está tão incrível e linda, continua a mesma leoa de sempre pelo que percebi, só que agora com mais dentes e força.

- E você não é mais um menino franzino, é um homem. - Disse Clarke, puxando a cadeira para Thomas. - Conte o que aconteceu todos esses anos, onde esteve.

- Meu pai me obrigou a ir para as ilhas livres e eu vivi lá ate casar com Greta, mas ela morreu no parto do nosso filho Robert e quando voltei a Alfheim, para minha surpresa você não estava mais lá. - Castle lançou um olhar para Clarke penetrando seus oceanos azuis e lhe deixando desconfortável. - Seu pai realmente conseguiu o que queria não é mesmo? Afastou você de mim é agora você rainha de um reino poderoso, tem um exército incrível e muito ouro.

- Sabíamos de nossa obrigação, sempre soubemos e eu nunca questionei ou fui ao contrário. - A loira tomou distância de seu amigo estava pouco confortável. - Você foi embora por que precisava casar com Greta, e eu vim pro norte por que precisava casar com um dos príncipes. Casei com Lexa tive filhos, sou rainha.

- Como tem sido esses dez anos? - Olhou por cima do ombro.

- Bom, tenho uma esposa que me ama, filhos incríveis, o reino esta em paz, as pessoas estão felizes. - Clarke sorria ao lembrar de cada gota de felicidade que tinha ao lado de sua esposa. - Lexa é incrível, ira conhece-la.

- Todos que estão aqui querem isso afinal. - Disse Thomas vindo aos poucos para perto de Clarke. - Esta feliz aqui Clarke?

- Como nunca estive antes. - A rainha sentiu a mão de Thomas tocar seu rosto acariciando sua bochecha, eram macias suas mãos e tinha cheiro do campo de rosas do sul - Senti falta disso...

- Clarke? - A voz de Lexa parecia confusa. - O que esta acontecendo aqui? Quem é esse?

- Lexa? - Clarke empurrou o Thomas em uma reação rápida, sequer se deu conta da proximidade do Lord. - Ele? Esse? Esse é Lord Thomas Castle irmão de Alfred.

- Thomas o que você faz com minha mulher? - A rainha foi ate a mesa sem tirar os olhos do Lord.

- Nós somos amigos a muito tempo majestade…

- Em dez anos nunca vi você em Solaris, nunca veio visitar Clarke. - Retrucou Lexa e encheu a taça de vinho.

- Estive fora de Hélios durante algum tempo majestade. Fiz apenas visitas breves a minha família. - Disse Thomas, sentindo uma tensão no ar quando viu Lexa colocar a espada sobre a mesa. - Fui embora para ilhas livres pouco antes de Clarke vir a Solaris.

- Sei …

- Lexa, eu e Thomas crescemos juntos, falei dele para você. - Clarke quebrou seu silêncio, por alguns instantes teve medo do que Lexa poderia ter visto ou achado que tinha visto.

- Eu me lembro. - Disse a rainha, ela abriu a boca tentando dizer algo, mas desistiu em seguida. - Meu irmão falou de você Thomas disse que estava animado para me conhecer, só não sabia que minha esposa lhe interessava mais.

- Me desculpe. - Sorriu Thomas sem jeito.

- Estão nos esperando perto do rio, tem um banquete para nós. - Lexa enfim tomou seu vinho e deu as costas para sua esposa. - Prazer conhece-lo Thomas.

- Sinto feliz em conhece-la rainha Lexa.

- Não fique tão feliz assim. - Retrucou a rainha deixando a tenda.