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História As Difíceis Escolhas de Ahra (Jimin e Taehyung) - Polidez e embaraços


Escrita por: BloomMo

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 25 - Polidez e embaraços


A mulher que tinha o cabelo preso em um coque perfeito e que usava roupas um tanto antiquadas, chamava-se senhora Gung e era a assistente social que acompanharia a visita, que deveria durar até a manhã do dia seguinte. Fomos, Jimin e eu, apresentados a ela brevemente, que pediu para que não prestássemos atenção nela e que seguíssemos normalmente com toda a visita.

Com o pedido de Taehyung para que eu o ensinasse as coisas básicas, como trocar Mi-cha, ele me guiou para dentro da casa (mansão) e depois de vários minutos atravessando corredores e subindo escadas, a mãe de Taehyung nos mostrou o quarto que haviam separado para Mi-cha e, se eu já não estivesse  suficientemente nervosa, aquilo com certeza teria me causado pânico.

Como se Mi-cha sempre tivera feito parte da vida deles de uma forma tão presente, o quarto na frente do qual eu estava parada, além de enorme, estava equipado com coisas que eu sequer sabia o que eram. De berço, cama e poltronas até brinquedos desnecessariamente grandes e obviamente ainda não adequados para alguém com a idade de Mi-cha. Havia de tudo.

Taehyung continuou parado ao meu lado, ainda do lado de fora do quarto, segurando uma Mi-cha que ria para tudo o que sua avó mostrava animadamente, explicando qual tinha sido o processo para conseguir todas as coisas que nos mostrava.

Depois de alguns instantes de perplexidade, Taehyung se adiantou quarto adentro, pedindo para que a mãe nos desse espaço para que ele pudesse aprender o que fazer e dizendo que precisaria conversar com ela em algum momento mais tarde.

Desgostosa e um tanto triste, a senhora Kim deixou o quarto, passando por mim no batente da porta e soltando um sorriso forçado ao passar por mim.

– Ahra... Me desculpa! – Taehyung pediu no exato momento em que eu entrei no quarto. Ela havia repousado a bolsa de Mi-cha na pequena e delicada cômoda que ficava em um canto. Ele ainda segurava Mi-cha no colo, que olhava encantada todas aquelas tonalidades de rosa. – Eu não sabia que ela iria fazer isso... Na verdade pedi para que não fizesse e ela tinha prometido...

– Tudo bem. – O interrompi. Ele definitivamente não precisava me pedir desculpa, mas... Aquilo me incomodara. Dei mais uma olhada no quarto enquanto afundava as mãos nos bolsos traseiros de minha calça e voltava a olhá-lo. – Foi bem considerável da parte dela...

– Mas... – Taehyung completou minha fala incerto, acariciando as costinhas de Mi-cha e me lançando um olhar ansioso quando eu deixei a minha fala se alongar sem complementação.

– Brinquedos demais, Taehyung. – Soltei em um suspiro. – Coisas supérfluas demais.

– Não se preocupe! Eu vou dar um jeito nisso logo na segunda. Vou pedir para devolver o que você não considerar adequado, é só apontar o que não quer... Também posso trocar qualquer coisa que você queira. – Ele começou a falar compulsivamente e eu afastei sua fala com um aceno de cabeça.

– A gente pode conversar sobre isso em outro momento. – Falei em um tom de voz baixo e ele se calou imediatamente, pressionando os lábios em uma linha fina. – Deixa eu te mostrar como se faz isso. – Falei, por fim, forçando um sorriso para Taehyung e me encaminhando para a pequena área de trocador que havia em um canto do quarto. Taehyung prontamente se aproximou com Mi-cha.

Durante todo o processo de explicação Taehyung olhava atentamente tudo o que eu fazia com uma Mi-cha chorosa deitada no espacinho adequado para realizar sua troca. Fiquei surpresa ao perceber que nem um puxar de nariz ou uma expressão de nojo veio de Taehyung, que olhava tudo compenetrado enquanto segurava a mãozinha da pequena para acalmá-la, mas logo em seguida me lembrei que ele era um estudante medicina e, provavelmente, suas aulas envolviam coisas um tanto mais desagradáveis do que aquilo.

Ainda no meio de todo o processo de trocar Mi-cha, ouvimos um barulho na porta e a senhora Gung apareceu por ela, nos lançando um sorriso e um gesto com as mãos, como se determinasse que continuássemos sem nos importar com ela. E foi o que fizemos.

Mi-cha não quis sair do quarto imediatamente e eu não podia culpa-la. Haviam coisas chamativas e interessantes demais para uma criança ver e tocar. Taehyung ficou um pouco envergonhado no início, mas a alegria e animação de Mi-cha o contagiaram rapidamente e, em minutos, ele se postava ao lado de uma nova coisa, com ela em seus braços ou próxima dele, brincado e conversando (sempre unilateralmente ou recebendo barulhinhos em resposta) com ela.

Em pouco tempo o quarto ficou lotado. Além da senhora Gung, apareceram na porta a senhora e o senhor Kim seguidos por Jimin, que tinha ficado para trás junto com o pai de Taehyung para descarregar o carro e nos acomodar.

– Nós não tínhamos certeza de como vocês prefeririam. – O senhor Kim começou a falar parando ao meu lado juntamente com Jimin enquanto observava o filho e a neta brincando com um meio sorriso nos lábios. – Mas levei Jimin para o quarto em que vocês vão ficar juntos. Ou preferem outra forma de organização?

– Se não for desrespeitoso com a sua família eu gostaria que ficássemos no mesmo quarto. – Respondi depois de, discretamente, segurar a mão de Jimin, que respondeu à essa ação entrelaçando nossos dedos. O senhor Kim voltou a sua atenção para mim, alargando o sorriso educado.

– Não há desrespeito nenhum nisso. – Falou, por fim.

Ficamos por um tempo no quarto, Jimin ao meu lado como se não estivesse sequer acordado, apenas segurando minha mão e olhando toda a cena calado e sem participar. Eu também não falava muito, mas respondia tudo o que qualquer um falasse comigo, tanto Taehyung, quanto seus pais.

Em um dado momento a senhora Kim, sorrindo com uma sinceridade que até aquele momento eu não tinha presenciado nas poucas vezes em que havíamos nos encontrado, nos chamou para um café da manhã que havia sido preparado especialmente para a nossa chegada. Dessa vez Taehyung não pode evitar deixar que a mãe pegasse Mi-cha no colo e, a acariciando, saiu do quarto. O séquito que formávamos a acompanhou.

O senhor Kim ia na frente, ao lado da senhora Kim, enquanto Taehyung ficava atrás, logo a frente de Jimin e eu. Nós ainda continuávamos com as mãos juntas e entrelaçadas. No final, atrás de todos nós, seguia a senhora Gung, que realmente permanecia calada em todas as situações até ali.

Entramos na sala de jantar e eu estava no meio termo entre a surpresa com o tamanho, arquitetura e decoração do lugar e a indiferença por já dever esperar algo parecido, tendo visto relances da casa. A mesa, larga e comprida, estava atulhada de comida, com diversos bolos, biscoitos, sucos e leites. Jimin, contudo, continuava extremamente calado.

– Vocês têm uma casa linda. – Comentei educadamente enquanto dobrava o guardanapo em meu colo, do mesmo modo que todos haviam feito. Jimin concordou brevemente, fazendo um outro comentário agradável e a senhora Kim, ainda segurando Mi-cha no colo, sentada ao lado do filho, contava um pouco da história do local.

Aparentemente a casa em que viviam, bem como toda a sua propriedade em volta, era da família da senhora Kim, que tinham sido pioneiros na indústria farmacêutica voltada para algum tipo de pesquisa e medicamento específico que eu não consegui entender muito bem.

O senhor Kim era, igualmente, filho de proprietários de outra empresa farmacêutica da região próxima, muito mais voltada para o comércio do que para a pesquisa e elaboração de medicamentos. Segundo a senhora Kim, os tempos eram outros e, com famílias tão engajadas no mesmo propósito econômico, o casamento de ambos foi uma coisa que veio muito bem a calhar.

Sei que ela poderia ficar um dia inteiro tentando me contar sobre a história de sua família e de suas posses (enquanto Mi-cha, em seu colo, era alimentada por Taehyung, que não tinha sequer chegado a colocar qualquer coisa para comer em seu próprio prato, tratando apenas de voltar toda a sua atenção para a filha, parecendo esquecer de todos os outros da sala de jantar), mas felizmente o senhor Kim, em um aceno de cabeça, interrompeu o assunto e começou a me perguntar sobre o meu trabalho.

Eu deveria me sentir agradecida, mas me senti acuada. Depois de ouvir tanta coisa de um mundo do qual eu não pertencia, falar sobre o meu trabalho de oito horas diárias em uma empresa de construção que, embora oferecesse uma qualidade de vida adequada para mim e para Mi-cha, parecia ser um tanto menosprezável. Mesmo assim o senhor Kim, entre pedaços de bolos e chás, me ouvia atentamente.

E ele também incluiu Jimin na conversa, perguntando como a faculdade ia e o que ele planejava para o futuro. Naquele momento eu senti todo o meu corpo entender, de novo, porque eu amava Park Jimin. Ele respondeu todas as perguntas e se aventurou a engajar uma conversa real com o senhor Kim, da forma mais educada, natural e tranquila possível.

Taehyung lançava alguns olhares em nossa direção, mas os desviava rapidamente, voltando a falar com Mi-cha ou apenas a acaricia-la. Quase não participava da conversa. Eu sabia que aquele momento estava sendo importante para ele, mas também sabia que o incômodo da situação envolvia a todos nós.

Depois de uma sessão quase torturante de café da manhã (embora tudo o que eu tivesse comido tenha sido nada mais do que delicioso), nos reunimos na sala de visita para planejarmos o dia.

Como o objetivo era que Mi-cha se sentisse confortável com os avós e o pai, principalmente sem a minha interferência ou presença, o senhor Kim nos perguntou o que achávamos de termos atividades diferentes durante o dia, nos encontrando periodicamente para que Mi-cha não se sentisse afastada de nós. Ele disse que entendia se a situação fosse incômoda para nós dois (Jimin e eu), ainda mais por sermos as visitas de sua casa. Mas eu entendia que era necessário. Aquele não era um dia em que tínhamos tirado para relaxar e, definitivamente, ninguém deveria esperar que os proprietários ficassem fazendo sala enquanto o objetivo principal era outro.

Com tudo estabelecido, eu e Jimin insistimos que ficaríamos bem se apenas descansássemos um pouco, no quarto em que haviam nos acomodado mesmo, e que eles podiam continuar com o cronograma que lhes aprouvesse e que, obviamente, estaríamos por perto em qualquer caso.

Voltamos a subir o segundo andar, mas dessa vez foi Jimin que nos guiou pelo corredor. Taehyung, Mi-cha, o senhor e a senhora Kim tinham decidido por começar a manhã com um passeio em volta da propriedade, onde a pequena, que amava ver flores e borboletas, teria um momento agradável e tranquilo.

Quando chegamos no quarto eu me permiti olhar tudo em volta com admiração real, mas Jimin apenas se adiantou para cama e se sentou nela, passando as mãos nos cabelos e os jogando para trás, soltando um suspiro pesado.

– Tudo bem? – Perguntei, voltando minha atenção completa para Jimin e me sentando ao lado dele na cama. Ele me lançou um olhar por sob os cílios.

– Não é nada. – Ele respondeu, me dando um sorriso cansado e buscando minha mão com a dele, voltando a entrelaçar nossos dedos. – Está correndo tudo bem! – Ele observou em um tom um pouco (mas falsamente) animado e eu sorri.

– Eu te amo, Jimin. – Sussurrei contra o rosto dele antes de lhe dar um beijo longo, carinhoso e lento. Jimin correspondeu da mesma forma compassada, me acariciando e suspirando quando nossos lábios se separaram.

– Eu também te amo, Ahra. – E ele me olhava com tanta sinceridade e me envolvia em seus braços com tanta firmeza que eu não tinha dúvida nenhuma de que aquilo era verdade.



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