O trajeto da casa delas até o restaurante não é longo, em 15 minutos Hoseok estaciona na entrada do estabelecimento.
— Pronta? — Hoseok pergunta a Karina.
— Eh.. Não! Mas já que estamos aqui…
— É assim que se fala! — Hoseok sorri e sai do carro.
— Vamos jagi? — Yoongi estende a mão a ela.
— Vamos né! — responde evidentemente insegura.
— Amor… Me promete uma coisa?
— O que? — ela questiona e Yoongi segura o rosto dela nas mãos.
— Se você se sentir desconfortável com qualquer coisa, promete que vai me falar? — ele pede.
— Mas…
— Promete? — ele insiste.
— Tá bom Yoongi, eu prometo! — diz e ele sela os lábios dela.
— Agora vamos! A Sra Min já me mandou três mensagens! — conta ele.
— Nossa! Saber disso é tão reconfortante! — ela diz irônica e revira os olhos.
— Espera pra revirar os olhinhos hoje a noite, quando eu estiver metendo gostoso em você! — ele sussurra.
— Amor… — ela aperta as pernas respirando fundo. — Falar isso agora foi maldade! — faz bico.
— Saranghae! — diz e lhe dá um beijo carinhoso, que logo se intensifica. — Melhor irmos antes que eu desista desse almoço e volte pra sua casa!
— Oh casal, depois vocês continuam, venham logo! — Karina chama.
— Já estamos indo! — Yoongi diz saindo do carro.
Assim que os casais entram no restaurante são guiados até uma mesa mais afastada da entrada.
— Não precisa ficar nervosa! Omma vai adorar você! E pelo tanto que a Daw e eu, falamos de você; ela sente que já te conhece! — Hoseok fala para tranquilizar Karina.
— O-okay…
“Não ajudou em nada!” — pensou a garota.
Ao se aproximarem da mesa puderam ouvir a conversa animada.
— Foi assim que eu conheci o amor da minha vida! — o cunhado de Hoseok diz sorrindo para a esposa.
— Amor… — Dawon fica envergonhada.
— Como você é fofa! — o rapaz diz apertando as bochechas dela.
— Aish! Isso dói! — ela reclama.
— Agora você sabe como eu me sinto! — Hoseok diz chamando a atenção para si.
— Até que enfim! — Geumjae fala olhando para Yoongi.
— Nem me olhe assim! Eu sou um ser humano noturno! — Yoongi se explica.
— Aham… — Sr. Min pigarreia.
— Mianhae appa! — os dois rapazes dizem juntos.
— Então essa é a famosa Karina? — a Sra. Jung se aproxima dela e de Hoseok.
— O-oi — sorriu sem graça e acenou.
— Eu te disse que ela é fofinha! — Dawn fala a sua omma.
— Eu não sou fofa Eonni! — fez bico e voltou a rir de leve. — Aish, mianhae.
— Você é fofa sim minha linda! — Hoseok diz beijando a bochecha dela.
— Minino! — olha-o em repreensão.
— Vamos almoçar? — a Sra. Jung convida.
— V-vamos…
— Ela gostou de você! — Hoseok sussurra para a namorada.
— Depois a gente conversa… — respondeu no mesmo tom.
— Yoongi, sua vez! — Geumjae fala.
— Então família… Essa é a minha S/n! — diz abraçando a moça.
— Olá! — ela diz acanhada.
— Relaxa cunhada! Ninguém aqui morde! Talvez o Yoongi morda, mas não em público. — Geumjae diz, fazendo todos na mesa rindo, deixando S/n ainda mais envergonhada.
— Me erra, Jae! — Yoongi reclama.
— Min Geumjae! — a Sra. Min repreende o primogênito.
— Mianhae omma!
— Mianhaeyo, querida! Eles adoram se provocar! — a Sra. Min fala a S/n.
— Eu entendo! Irmãos só se provocam porque se amam! — sorri.
— Você tem irmãos? — Dawon pergunta.
— Uma dongsaeng! E a gente também vivia implicando uma com a outra!
— Então você compreende o prazer que sinto vendo Yoongi mega irritado! — Geumjae fala.
— Nem tenta, Jae! Ela vai ficar do meu lado nessa! Né jagi? — olha para S/n.
Karina não consegue se controlar e solta um riso um pouco alto e esconde o rosto.
— Mianhae… — comprime os lábios pra não rir, outra vez, mas era inegável.
— Então Yoongi…
— Não precisa terminar cunhada! — Geumjae fala com ar vitorioso.
— Sarang… — Yoongi queria a confirmação.
— Mianhae! Mas Geumjae tem razão! Ver o caçula irritado, não tem preço! — responde ela, querendo não rir da cara emburrada de Yoongi.
— Hyung eu te entendo! — Hoseok diz.
— Quer dizer o que com isso, Jung Hoseok? — Dawon olha pra ele.
— Que você também tinha momentos que pegava pra me irritar! E isso não era nada legal! — Hoseok respondeu fazendo bico.
— Olha só Kah, onde a gente foi se amarrar? Dois emburrados! — S/n falou em português.
— O melhor disso vai ser agora… — respondeu da mesma forma, imaginando uma possível reação do companheiro.
— Pronto começou!!! — Hoseok reclama, aumentando mais o bico.
— Tem como as bunitas falarem em coreano? Obrigadu, di nada! — Yoongi fala em português.
— Ah lá… — começa em português e termina em coreano. — Aprendeu direitinho.
— Vamos almoçar sim? — pede a Sra. Min.
O almoço foi mais tranquilo do que as brasileiras poderiam imaginar, a Sra. Jung conversava com a nora como se a conhecesse desde bebê, devido a naturalidade em sua voz.
— Hoseok disse que você trabalha com finanças! — a matriarca dos Jung fala a nora. — A quanto tempo está nesse ramo?
— Considerando que moramos aqui há… — fez uma expressão pensativa — Mais ou menos uns três..? — olha em dúvida para a amiga.
— Há quase três anos! Mas vamos arredondar! — ri.
— Há quase quatro anos. Todavia se contar o tempo antes da graduação, eu estou há seis anos. — respondeu.
— Então não teve problemas em se adequar ao seu ramo aqui! — a mais velha conclui com ar contente e despreocupado, até leve pode-se dizer.
— De fato, não. Já que se eu não tivesse carteira assinada, atuaria como consultora. O que não me impede, então faço ambos. — sorri.
— Ela veio mesmo com tudo pensado! — o cunhado de Hoseok se impressiona.
— Como diz uma amiga/irmã… — ri, pois sabia que S/n acabaria completando sua fala — Uma mulher prevenida…
— Vale por duas! — S/n completa.
— Gosto de deixar tudo pré-estabelecido e ainda me chateio quando sai do programado. — faz uma carinha de tacho. — Mas assim é a vida, cheia de imprevistos.
— É muito bom que você pense dessa forma! — fala o Sr. Jung — Fazer as coisas "no escuro" é muito arriscado!
— Acho que um imprevisto no plano de vocês, foram esses dois aí! Né? — Geumjae diz apontando para os dois mais novos.
— Na verdade…. — deixa no ar e ri.
— Quê? Pera! — Dawon faz uma cara surpresa. — É sério isso? Vocês vieram do outro lado do mundo por causa desses dois? — fala visivelmente incrédula.
— As pessoas costumam superar seus medos ou fazer loucuras por amor… Acho que não tem como superar essa, só que eu não me arriscaria novamente. — sorriu, encolhendo os ombros.
— Ai que fofo!!! — Dawon diz com um sorriso.
— Minha namorada é fofa! — Hoseok beija a bochecha dela.
— Oh! — protesta — Claro que o objetivo principal era conhecer, aprender sobre a cultura, a história e os costumes de vocês, mas se nossos caminhos se cruzassem… O plano de “conquista” estava pronto e guardado — ri. — Ai que horror! — fala em portugues, e esconde o rosto de vergonha.
— Agora que falou tudo ficou com vergonha peste! — S/n fala também em português, suas bochechas vermelhas.
— Eu falo demais, se me der corda! Você sabe disso! — volta ao coreano e faz bico.
— Eu sei! Sou igual! — S/n confessa rindo.
— E você, querida? — Sra. Min perguntou curiosa: — Seus planos estão alinhados aos de sua amiga ou tinha outro foco?
— Sinceramente… Eu queria mesmo era poder contar pra ele o que sentia! — responde. — Mas obviamente não viria pra cá sem, no mínimo, um plano de carreira!
— Vieram mesmo com seus objetivos definidos, e bem preparadas, para qualquer eventualidade. — disse o Sr. Min com pequeno ar de admiração.
— Eu não gosto de estar despreparada! Costumo pensar em todas as probabilidades!
— Sejam elas boas, ou as piores possíveis. — Karina pontuou.
— Sim! E se der tudo errado? No Brasil eu poderia voltar para a casa dos meus pais, mas e aqui? Morar debaixo da ponte não era uma opção! — brinca.
— Eu adoro essa mulher. — Yoongi acaba rindo junto com Karina
— Aish Yoongi!
— E em qual área você trabalha, ou está atuando hoje? — Geumjae lhe pergunta.
— Bem… Eu sou, como dizem no Brasil, "pau pra toda obra" já fiz quase de tudo! Mas agora meus talentos estão voltados para contar histórias!
— Oh! Então, é escritora?! - Sra. Min falou animada.
— Sim! Escrevi alguns livros no Brasil! Meu sonho é transformar uma de minhas estórias em filme! — fala acanhada.
— Nós podemos produzir!!! — Hoseok fala animado. — Já temos alguns atores! Seu filme teria músicas originais…
— Xiii agora sim! Hoseok vai falar só disso o almoço todo! — Dawon fala rindo.
— Eu que não vou pôr mais lenha nessa fogueira… — Karina dá a entender que tem coisa escondida.
— Mudando de assunto?! — Yoongi fala alto no momento que vê o amigo olhar a amada curioso.
— E pretendem retornar ao país de vocês? — Geumjae pergunta. — Que foi? — indaga quando a dupla o encarou feio.
— Não antes de me nacionalizar coreana! Se possível! — S/n responde.
— Apesar de que sempre seremos vistas como estrangeiras. — Karina dá de ombros.
— Do que vocês mais sentem falta de lá? — Sra. Jung pergunta
— Tirando a família, as praias! — sorri largamente. — Poder ir a praia qualquer época do ano.
— Pra você, que morava naquele calor… Eu acho que sinto mais falta do ar puro! — ri sem graça.
— A facilidade de comprar frutas na “esquina” de casa a preço bem baixo, também. — Karina diz como se lembrasse de algo.
— Colher tangerina direto do pé… — S/n fala lembrando de momentos da infância.
— Poxa amor! Como você me esconde uma informação dessas? — Yoongi pergunta levemente indignado. — A boca até encheu d’agua. — reclamou.
— Yoongi quem te escuta acha que você é movido a tangerina! — S/n diz.
— Mas ele é! — Geumjae diz afirmando com a cabeça. — Quando a omma comprava, se eu não escondesse ao menos umas duas, nem iria sentir o gosto!
— Que calúnia!
— Filho… A verdade tem que ser dita! — diz o Sr. Min.
— E o que, se pudessem, apagariam da memória? — Sr. Jung pergunta.
Karina faz um sonzinho como quem diz: “A lista é extensa, meu sogro.”
— Já pensei MUITAS vezes sobre isso! E cheguei a conclusão de que: se você esquece algo, pode repetir o erro! Por não lembrar o que aprendeu com ele! — S/n responde.
— Verdade — Karina concordou e suspirou pensando um pouco. — Se pensarmos de forma geral, talvez a propaganda horrenda que fazem do nosso país, principalmente da minha cidade natal.
— Nesse caso, o ideal seria apagar a memória de todo o mundo! — S/n racionaliza.
— Já que não podemos, tentamos fazer nossa parte. — Karina dá de ombros.
“A coisa deve ser bem pesada, para não dizerem com todas as letras o que é.” — pensou o cunhado de Hoseok.
— Eu disse que ela era "metida" à filósofa omma! — Hoseok diz à Sra. Jung.
— Estou vendo Hobi! — sorri para o filho. — Vocês mencionaram que sentem falta da família, como fazem para manter contato?
— O fuso horário dificulta um pouco, mas como boas brasileiras, nós damos um jeito! — S/n ri.
— A melhor forma é quando pra nós é dia e pra eles é noite… Marcamos um dia somente pra isso. — explica — Hoje é tranquilo, mas no início eu evitava. Nunca fui de demonstrar muito afeto e odeio sentir que estou fingindo algo, apenas, para agradar alguém porque sei que para a pessoa é importante.
— Você tem toda razão! Fazer algo só pelo outro… Não é bom para nenhuma das partes! — o cunhado de Hoseok concorda.
— Pode não parecer, mas o Hoseok é a prova. Um dia eu te amo, no outro, saia de perto que não lhe quero nem se viesse pintado de ouro. — ri — Hoje é menos, mas…
— Foi difícil no começo! Eu ficava achando que tinha feito alguma merda! — ele confessa.
— Hoseok a boca! — Sra. Jung o repreende.
— No fim, aprendeu a contornar meus dias de "fera".
— Ainda assim, tem momentos que oscila várias vezes no mesmo dia. — S/n pontua.
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