História As flores do nosso casamento - Draco

— Desculpe, atrapalhei? — Simas perguntou, com uma expressão quase de dor diante do olhar fulminante de Draco

— O que você acha, gênio? — Draco rebateu, olhando por cima do ombro do homem, seguindo o caminho que Hermione fez quando foram interrompidos e ela escapou o mais rápido que podia, como o diabo fugindo da cruz — O que você quer?

— Avisar de algo realmente importante — Simas aproximou-se, com hesitação, mas foi sua expressão que fez Draco conter sua irritação — Os seguranças avisaram que Astória está na entrada, junto com algumas amigas modelos, elas querem entrar.

— Não. De jeito nenhum! — Draco rebateu — Não deixe Astória entrar.

— Já cuidei disso. Só achei que seria bom avisá-lo disso — Simas respondeu, nervoso — E.. desculpe.. hum.. por.. atrapalhar, sabe

— Você não viu nada — Draco respondeu, seco, e Simas concordou

Uma coisa que nunca mudou com os anos, mesmo Simas sendo próximo de Draco, foi a capacidade do Malfoy de intimidá-lo. Um olhar e Simas já se sentia como uma criança arteira prestes a ser repreendida pelos pais. Draco tinha o olhar penetrante, a voz grave e a postura digna de um Malfoy, ou melhor, digno de ser filho do homem de aço!

Quando ficou sozinho, Draco passou a mão pelo cabelo e encostou-se na parede. Uma parte de si queria correr atrás de Hermione, talvez puxá-la para um ou dois beijos a mais, a outra sabia que precisava dar um pouco de espaço para ela. Ele já tinha ido além do limite, provocando-a a noite inteira, deixando claro seu interesse e fechando com chave de ouro – e um pouco surpreendente – com um beijo. 

— Draco — Sirius chamou, quando o loiro voltou para a área vip, ele notou que o Black pareciam bem alterado, mas ficou distraído pela presença de Hermione — Eu estava contando a essas belas moças sobre a vez que Harry e você decidiram nadar nus em pleno inverno...

— Certo, e eu estava interrompendo — Harry avisou — Onde estava, amigo?

— Na pista — Draco respondeu. sentando-se ao lado do Potter, e consequentemente, de frente para Hermione

Discretamente, ele olhou para Hermione, ela fugiu do seu olhar, concentrada demais em sua bebida, mas suas bochechas tinham uma leve vermelhidão. Draco fingiu prestar atenção na conversa do grupo, mas mantinha a atenção em Hermione, tentando ler seu silencio. Ela estava chateada? Zangada com o beijo? Ele tinha ido além do limite? Ela iria afastá-lo? Para o bem da sanidade mental dele, e do desejo descontrolado, Draco esperava que todas as respostas fossem negativas.

Quando Hermione finalmente olhou na direção dele, as bochechas ficaram ainda mais rubras.

— Vou dar uma volta — Hermione avisou, erguendo-se rápido demais, cambaleando um pouco

— Opa, alguém já bebeu demais — Pansy alertou

— Relaxa um pouco, Pan — Gina pediu, dando a deixa pra Hermione fugir antes de levar um sermão

Draco seguiu Hermione com o olhar, preocupado com ela, só desviou quando sentiu alguém lhe encarando. Gina o observava atentamente,  como se estivesse analisando uma situação de risco, e quando notou que fora pega, sorriu educadamente, porém havia um brilho em seus olhos que deixou Draco desconfiado.

Os minutos passaram e nada de Hermione retornar, e como parecia que só ele tinha notado tal coisa, ele sentiu-se na obrigação de ir procurá-la. Claro, ele não disse que ia fazer isso, apenas deu uma desculpa qualquer de ir à pista e saiu da área vip. Rodou por entre as pessoas, procurando pela dona de belos olhos castanhos e boca tentadora, mas não havia sinal dela. Nem na pista, nem no bar, nem no banheiro - ele havia pedido para uma moça procurar pela “ namorada” dele. Estava prestes a voltar para a área vip, talvez jogar uma indireta na conversa para que alguém notasse o desaparecimento de Hermione, quando a encontrou.

— Escondendo-se? — Draco perguntou, aproximando-se dela

— Como adivinhou? — Hermione rebateu, mas sua petulância saiu engraçada devido à fala alcoolizada — Estava me procurando?

— Sim.

Draco não pode deixar de sorrir quando viu Hermione ficar chocada. Como ela podia pensar que ele não ia mesmo procura-la?

— Você não pode fazer isso — Hermione avisou, dando um passo à frente e batendo com a ponta do indicador contra o peitoral de Draco — Não pode fazer isso.

— Não posso fazer o que? — Draco fingiu confusão

— Não pode falar essas coisas — Hermione respondeu, com os olhos brilhando — Falar que está me procurando, querendo que eu ligasse para você, dizer que estou bonita..

— Por que não? — Draco, contrariando seu bom senso, deu um passo para perto dela — Porque não posso falar isso, Hermione?

— Não.. é justo — Hermione murmurou, deixando uma respiração tremula escapar quando fixou os olhos na boca de Draco — Não é justo.

— Porque não? — Ele repetiu, dando mais um passo — Eu estava te procurando. Eu esperei sua ligação. Você está bonita. Não seria justo se eu não deixasse você saber disso.

Com cuidado, ele colocou gentilmente uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Um alerta soou na cabeça dele. Ele estava ultrapassando todos os limites naquela noite. Era perigoso. Mas, ele estava incapacitado de parar.

— Draco — O sussurro doce dela ultrapassou a música alta, o som de gritos e qualquer outro som do ambiente, e infiltrou-se na pele dele

— Diga — Draco pediu, dando mais um passo — Diga.

— Beije-me — Hermione pediu, com os olhos fixos nele e um meio sorriso

Draco não precisou de um segundo convite. Ele estava sedento pela boca dela, pelo gosto, pelo contato. A sensação, o gosto, o contato, tudo sentido apenas uma vez, tão familiar para ele.

O corpo dela chocou-se contra a parede, de modo brusco e ganhando pouca atenção de ambos, as mãos dele percorrendo qualquer parte do corpo dela, as dela puxando seu cabelo e demarcando a pele da nuca. Tudo tão desesperado. Feroz. Intenso.

— Não devíamos fazer isso — Hermione sussurrou, sem fôlego, colocando um pouco de espaço entre eles — Não..

— Não, não fale nada — Draco pediu, com uma das mãos ainda correndo pelas costas dela, enquanto a outra firmou-se na nuca dela —Não fale, por favor.

Ela soltou um suspiro tremulo quando Draco lhe deu um leve aperto em sua nuca. Ele gostou.  Ele gostaria de saber o que mais a faria reagir assim. A tensão sexual era quase palpável. Tudo neles irradiava desejo, mas Draco sabia que Hermione estava certa. Eles não deviam fazer isso. Não ali, pelo menos.

— Não quero soltá-la — Draco murmurou

— Mas precisa — Hermione respondeu

Ele não se mexeu por alguns minutos, porém – com todo o esforço do mundo – se afastou. Hermione ajeitou o vestido, tentou abaixar o cabelo, e limpou qualquer indício de batom do seu rosto.

— Eu vou voltar para lá — Hermione gesticulou para onde os amigos deles estavam

— Eu vou esperar aqui — Draco respondeu

Por alguns instantes, Hermione não se mexeu, ponderando em algo, e no segundo seguinte, ela estava colando a boca na dele. O beijo foi muito rápido, ele nem teve tempo para reagir, e saiu correndo sem olhar para trás.  

— Hermione, Hermione — Draco murmurou sozinho — O que você está fazendo comigo?

Ele passou no bar da pista, bebendo dois copos de gin, dando um tempo antes de retornar a área vip. Quando chegou, só seus amigos estavam lá. Sirius tinha apagado no sofá, com a cabeça no colo de Remo, e o Lupin estava mantendo um olhar preocupado nele enquanto conversava com dois homens que Draco não conhecia. Harry estava sentado no bar.

— Amigo, onde estão todos? — Draco chamou a atenção de Harry

— Casa. Aparentemente, elas têm que acordar cedo para trabalhar — Harry respondeu —  Zabini foi junto para acompanhá-las até em casa.

— E você não foi junto? Pensei que seu desejo fosse deitar na cama da ruiva.

— E é — Harry sorriu — Mas, eu não tenho pressa. Gina é como uma gata selvagem, se eu me aproximar muito rápido, ela corre, eu tenho que deixá-la vir até mim.

— Você está jogando suas fichas na suposição de que ela quer vir até você.

— Eu sei que quer — Harry respondeu, confiante — E você, pode onde andou?

— Por ai.

— Se deu bem?

— Mais do que eu esperava — Draco respondeu

—Opa, me dê mais detalhes, amigo —Harry pediu, interessado

— Não hoje — Draco negou — Eu estou cansado. Vou para casa.

— Não pode me deixar curioso, Malfoy — Harry queixou-se

— E você não pode ser tão enxerido — Draco respondeu, batendo no ombro do amigo, afastando-se com um rápido adeus — Remo, estou indo. Precisa de ajuda com Sirius?

— Não — Remo negou, batendo levemente na cabeça do homem adormecido — Dou conta dele. Vejo você por aí. E tenha bons sonhos.

— Eu terei — Draco concordou, alegre demais, e isso despertou a curiosidade de Remo  

—O que isso..

— Até mais, Remo — Draco se despediu antes que o homem terminasse a pergunta

Ele pescou a chave do carro, no bolso, e saiu pelos fundos – tanto para fugir de possíveis paparazzis ou de Astória. O trajeto até sua casa não foi longo, e ele foi muito cuidadoso. Ele não gostava de dirigir quando bebia, mas havia liberado seu motorista e odiava pegar taxis.

Quando chegou em casa, ele tomou um rápido banho. Ele estava quase pegando no sono, confortável em sua cama, quando seu celular tocou, avisando que havia recebido uma mensagem. Ele pensou em ignorar, mas estendeu a mão e pegou o aparelho, acendeu a tela e estranhou ao ver que a mensagem veio de um número não cadastrado em seus contatos. Era uma mensagem curta, mas vinha de quem ele mais queria, enchendo-o de felicidade.

Boa noite, senhor Malfoy

Tenha bons sonhos. Eu sei que eu terei.

Bjs H.G