História As If It's Your Last - Cuidar de Você

"Vale a pena se derreter por algumas pessoas"

-Olaf

 Você costumava se arriscar pelos outros. As vezes você pensava mais neles do que em você mesma.

Como por exemplo quando você cantou em uma festa da escola porque sua mãe queria muito vê-la em cima de um palco. Mal sabia ela o quanto foi difícil aguentar as faltas de ar no meio da canção, misturadas com o nervosismo e sua tontura.

 Você quase desmaiou lá em cima, eu era a única que sabia. Porque você é uma frágil flor, Rosé.

 Que é forte e tenta sempre ser bonita e saudável para todos. Por isso eu prometi que iria cuidar de você. 

 Eu tinha feito você prometer que não fingiria nada para me agradar. Eu iria monitorá-la.

Mas eu estava cega. E é por isso que não pude ver o quanto você precisava de mim.

 E é por minha culpa que você está assim.

—Bom dia, amor.—Você sorriu fracamente quando me viu na porta do nosso quarto.

 Talvez você tenha notado minha expressão cansada, ou até mesmo meus olhos vermelhos de tanto chorar desde que você desmaiou em meus braços, porque sua expressão pareceu ficar triste.

—Me desculpa..—Você sussurrou, escondendo seu rosto com o lençol.

 Senti meu coração apertar e fui rápido até você, abraçando fortemente.

 Você estava colocando a culpa em você novamente, mesmo quando a culpa era inteiramente minha.

 Depois da nossa dança, você tinha desmaiado. Eu me desesperei, e pensei em coisas que não queria. Eu te carreguei até o carro e tentei acordar, mas nada adiantava. Era horrível, e minhas lágrimas não ajudavam.

 Só Deus sabe como eu consegui chegar na casa de Alice, e berrei por ajuda.

—Eu te amo, Rosie..—Deixei algumas lágrimas caírem.—Não faça mais aquilo, por favor.

 E lá estava eu novamente, sendo egoísta.

—Não farei.—Você retrebuiu o abraço.

 Naquele momento, com você nos meus braços, eu podia sentir mais uma vez o quanto você era frágil.

 Eu não havia percebido antes, mas você estava mais magra, mais pálida que o normal.

 Deveria estar tão difícil para você, Chaeyoung.

—Você não perdeu o costume..—você sussurrar em meu ouvido, levantei levemente minha cabeça em sua direção, você tinha um sorriso fraco no rosto.—Continua dançando muito bem.

 Eu ri, e enxuguei as lágrimas por mais que as mesma ainda insistissem em cair.

—Do que está falando? Eu pisei no seu pé uma quatro vezes!—Você riu mais alto e me puxou para outro abraço.—E você continua me abraçando toda vez que terminamos uma dança..

—Você adorava quando eu fazia isso!

—E continuo adorando.—Confirmei, acariciando seu rosto e puxando para um beijo calmo, que foi terminando com vários selinhos e carícias.—Acho que você vai precisar dividir isso com mais alguém.

 Você me olhou confusa, então eu logo apontei para a porta, na qual estava uma pequena criatura de pelos branquinhos, você logo sorriu e chamou o cão.

 Levantei da cama quando você o puxou para seus braços.  

—Não vai ficar?—Você franziu o cenho.—Seu filho vai ficar magoado.

 Abri um sorriso incontrolável quando você falou 'filho'. 

 Por mais que estivéssimos nos referindo a um cachorro, não deixava de ser incrível. Dizer que nós tínhamos um '"filho", alguém para cuidar e compartilhar nosso amor.

 Isso era mais que suficiente para me fazer feliz, Chaeyoung.

—Seu filho me odeia, Park Chaeng.—Caminhei em direção a saída do quarto e olhei para você antes de continuar.—Ele implica muito comigo! É bom você ensinar bons modos ao Dalgom!

 Falei em tom de brincadeira e saí em direção a cozinha, iria preparar um café da manhã pra você. 

 Eu não era uma das melhores cozinheiras, pelo contrário. Mas você falava que meus pratos eram os melhores.

 Sabe aquele ditado? "Comida boa é comida feita com muito amor"? Acho que ela está certa.

 Preparei algumas torradas, separei frutas e um suco de laranja, levei tudo em uma bandeja. Você ficou surpresa e não deixou de aproveitar.

 Fiquei te admirando enquanto comia, até você reclamar que eu parecia uma psicopata stalker.

—Ah, mas você já deveria ter se acostumado!—Eu revirei os olhos e bloquiei o travesseiro que você jogou em mim.—Desde quando eu era uma pequena miniatura de ser graveto eu tinha esse costume de te olhar, deixe-me continuar a tradição.

 Você riu e tampou meus olhos, aposto que naquele momento você estava vermelha, lembrando de quando éramos adolescentes, e de como era inevitável meus olhares apaixonados por você.

 Fiz cócegas para você se afastar e me levantei novamente.

—Não vai ficar comigo?—Você fez beiço e cruzou os braços, foi irresistível, eu precisei te beijar.

—Não vou longe, irei falar com Alice que você ficou bem.—Você enrolou os braços em meu pescoço, me puxando para mais um beijo, e mais outro, sua respiração já ficava pesada.—Chaengie..

 Você parou, seu olhar era suplicante, e um pouco doloroso, sabia que não podíamos. Não agora.

 Te dei um beijo demorado na testa e saí rapidamente.

—Me ligue se precisar de algo.

 Quando cheguei na sala, passei as mãos nos meus cabelos e peguei o celular, discando o número de Alice. 

 Se tudo desse certo como planejado, Rosé. Eu cuidaria de você pra sempre. Cuidaria de você como cuidei quando a sua doença atacou pela primeira vez desde que começamos a namorar.

 Eu tinha me desesperado naquele dia, tive um medo gigantesco de acontecer algo a você por minha causa, mas você me acalmou, mesmo estando quase incosciente, você disse que confiava em mim. 

 Você sempre foi assim. Me dava forças, me dava auto-estima, confiança quando eu não tinha.

 Era você que se arriscava para cuidar de mim.

—Lalisa?—A voz de Alice soou preocupada do outro lado da linha, suspirei fundo, preparando o que falaria.—Lalisa, e então? Chaeyoung acordou? Responda-me se ela está bem!

—Sim, ela está bem.—Falei baixo.—Está se alimentado agora.

 Ouvi vários agradecimentos a Deus vindo de Alice, ela parecia mais aliviada. Esperei ela comunicar a notícia para o resto da família, enquanto tentava me auto confortar, e deixar meu nervosismo de lado.

—Alice..—Murmurrei, minha voz saiu falha.—Alice, eu posso falar com você?

—Claro..—Ela pareceu hesitante na resposta, mas logo marcamos de nos encontrar no parque.

 O caminho inteiro eu passei suando frio, minhas pernas bambeavam. Talvez estivesse sendo mais difícil falar com Alice do que falar com você.

 Sua irmã sempre foi uma pessoa mais quieta, na primeira vez que eu a vi, ela repassava um ar tão sofisticado, tão maduro, séria.

 Lembro dela ter hesitado quando firmamos nosso relacionamento, ela achava que eu não seria capaz de aguentar todos os seus problemas, achava que eu iria desistir de você no primeiro problema, na primeira falta de ar. 

 Eu realmente parecia uma adolescente irresponsável naquela época, e não culpo Alice por toda a desconfiança. Afinal, fui eu que te ajudei a fugir da escola. 

 Foi difícil conquistar Alice, mostrar pra ela que eu era a pessoa que iria dar minha vida por você. E depois do que aconteceu na praia, eu temo que tenha perdido toda essa confiança. 

 Mas eu precisava arriscar fazer essse pedido.

—Lalisa?—Ergui minha cabeça, encontrando-a parada em frente ao portão do parque, suspirei fundo e acenei de volta.—O que foi? O que queria me contar?

 Respirei bem fundo, pensando novamente em todas as palavras que tinha planejado mentalmente, fechei os punhos e a encarei firme.

 Você me disse uma vez que para encarar Alice, era preciso se mostrar tão firme e confiante quanto ela. E eu realmente espero que esteja conseguindo isso.

 Porque eu nunca me senti tão firme, tão certa e tão disposta a fazer isso.

—Alice, eu quero pedir a mão da sua irmã.—Pude vê-la surpresa.—Eu quero casar com Chaeyoung.