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História As It Was - Capítulo único


Escrita por: Kashi_

Notas do Autor


Ok, essa história é um surto do começo ao fim.
Não sei porque, mas a ideia simplesmente veio enquanto escutava As It Was, e era tão maluca que eu precisei escrever.
Essa é dedicada para a maior que temos, que é sempre um amor e faz desenhos tão lindos que me enche de orgulho e felicidade.
Feliz aniversário Pacolte, eu te amo um tantão!
Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo único


1 — As It Was

Draco POV

Eu já havia visto muitas coisas estranhas em toda a minha vida.

Quando você vem de uma família extremamente tradicional, rigorosa e pregada a costumes velhos que se intitulavam de tradicionais, você antecipadamente se tornava um adolescente em busca de experiências que fugiam disso.

Eu era um desses. Estava sempre mentindo, sempre escondendo e sempre arranjando confusões quando eles não estavam vendo, simplesmente porque o fato de privarem de certas experiências apenas me fazia querer vivenciá-las ainda mais.

Então grande parte da minha adolescência, eu fiz todo o tipo de loucura.

Um dos meus maiores grandes atos rebeldes foi me inscrever na universidade que ficasse mais distante dos meus pais, e simplesmente me mudar para outro estado para deixá-los para trás.

Era um ambiente totalmente diferente. Clima de sol, praia e verão. Era quente, era fresco, era desordenado e caótico.

E eu simplesmente amava.

Era contra tudo o que meus pais aprovavam. Meu apartamento era uma baderna caótica, cheio de pinturas, telas, desenhos, quadros e rabiscos. Ter me tornado estudante de arte me fez sentir livre, e eu gostava desse sabor.

Meus pais jamais aprovariam aquele caos colorido e feliz. Gostavam de tudo organizado, no seu devido lugar. Cores neutras, decorações impessoais.

Eles odiariam caminhar no calçadão da praia, e ver tantas pessoas aglomeradas, andando com roupas de banho fora da área do mar. Odiariam ver os ambulantes gritando e vendendo algum tipo de comida suspeita em caixas de isopor. Odiariam ver aquelas pessoas que vendiam acessórios confeccionados com penas, folhas de árvores e plantas.

Odiariam minha pele bronzeada de sol, o tamanho do short que eu vestia, o jeito que eu havia passado duas vezes pela área onde havia uma rede de vôlei só porque tinham homens sem camisa jogando ali...

Meus pais odiariam tudo naquele lugar, e eu tinha certeza disso porque eu amava tudo naquele lugar.

Ainda assim, mesmo depois de dois meses vivendo e estudando ali, eu me peguei surpreso com uma cena nada normal acontecendo, e parando o transito.

Literalmente, parando o transito.

Havia música muito alta tocando, vindo de algum ponto atrás de mim. Eu já estava acostumado com isso. Sempre tinham carros tocando algo estourando as caixas de som.

Mas o som quase fazia o chão vibrar, e eu me virei para ver do que se tratava.

Era um tipo de carreta musical, que vinha lentamente pela rua tranquila. Durante os sábados de manhã, fechavam alguma vias para pessoas andarem de bicicleta, e aquele lado da rua estava muito vazio porque os motoristas evitavam.

Então a carreta tinha liberdade para vir devagar, de forma que todos podiam ver e observar aquela coisa monstruosa acontecendo.

Haviam pessoas ali, como se fosse um daqueles trem de passeio. E eu poderia ter vergonha por ver adultos e crianças andando dentro daquele trem colorido e musical ridículo, se não houvesse algo ainda mais ridículo ao redor.

Personagens fantasiados, que saltavam de dentro da carreta e pulavam pelas ruas, agitando as pessoas ao redor que apenas conseguiam rir.

Eu vi alguém trajado de Homem de Ferro começar a fazer uma dancinha realmente ridícula enquanto batia palmas e saltava no ritmo da música alta que tocava, e todos gargalhavam.

Havia um Mickey, por alguma razão, que dançava de um jeito estranho e duro, que estava agarrado em uma das laterais da carreta, agitando quem estava dentro do trem estranho.

Haviam outras pessoas fantasiadas dançando, saltando e correndo nas ruas, fazendo muitos pedestres pararem de andar para observar, e eu apenas pude revirar os olhos e continuar andando...

Até ver.

No teto da carreta.

Um homem aranha rebolando de um jeito tão insano que eu não sabia o que era mais fascinante. Ele estar lá em cima, ele ter a cintura tão soltinha ou o conjunto em um todo.

Ele parecia se divertir, porque era o mais agitado de todos, e agilmente escorregou até a ponta da carreta, deslizando as mãos pela lateral da traseira, e eu me vi inclinando o pescoço para ver o momento que ele saltou para o chão, as palmas encostando no asfalto em uma pose típica de homem aranha, até ele pular para cima e continuar a dançar.

A cintura parecia nunca parar de se mover junto com a batida, e eu me vi quase hipnotizado encarando sem piscar, sem olhar qualquer coisa ao redor.

Agora ele estava na frente do cruzamento parado, dançando de um jeito soltinho demais. Agarrou um dos postes do semáforo e ficou dançando agarrado naquilo, movendo a cintura livremente para os lados.

Pare de olhar, Draco.

Pare de olhar, pare de...

O uniforme era grudado em seu corpo, e eu me peguei completamente constrangido encarando sem conseguir desviar.

E em uma sequencia completamente absurda de fatos, eu só percebi que embora estivesse encarando, continuava andando, quando tudo veio junto;

Gritos altos, e o som ensurdecedor da buzina me fizeram virar para frente, e no instante seguinte eu cai para trás pelo susto e horror.

Havia continuado atravessando a rua, e quase sido atropelado por aquela carreta, porque fiquei hipnotizado pelo homem aranha rebolador.

A carreta freou, e eu pisquei assustado olhando para cima, ouvindo a porta dela bater.

No mesmo instante, balancei a cabeça para ter certeza que estava tudo bem, e então ele veio.

Homem aranha, com seu uniforme grudadinho.

Eu já havia sido hipnotizado pela sensualidade de sua dança e corpo, mas nada me preparou para quando ele se ajoelhou diante de mim, e puxou a máscara para cima.

A primeira coisa que eu vi foram olhos verdes demais, que quase me deixaram zonzo, e então muitos cabelos escuros espetados para todos os lados.

— Ei, você está bem? — Ele perguntou preocupado, me encarando quase assustado.

Assenti, torcendo o nariz ao me ajeitar melhor e sentar ereto, vendo como ele moveu as mãos automaticamente como se fosse me tocar, mas recuou no último instante.

— Você não deveria se mover. Vou chamar a ambulância, e...

— Harry! — O chamado abafado pelos sons e vozes ao redor chegou aos meus ouvidos, e o cara ergueu o rosto na direção de um homem que vinha depressa até nós.

Eram muito parecidos, com os mesmos cabelos desordenados e traços semelhantes.

— Você está bem, garoto? Eu não vi que estava vindo direto para frente...! — Ele disse, e eu notei que deveria ser o motorista, e apenas forcei um sorriso constrangido para ele.

— Você não me acertou, eu estou bem. Acho que cai pelo susto, é só — Me permiti dizer para tranquilizar todos, fazendo questão de me levantar, embora sentisse minhas pernas tremendo ainda de susto.

— Está tudo bem? — Outra voz ecoou perto, o homem de ferro, também tirando a máscara para ver se eu estava bem.

Era mais velho do que o homem aranha rebolante, e pareceu preocupado.

— Ele está bem, foi um susto — Harry disse, sorrindo para tranquilizar eles enquanto se erguia, apertando a máscara entre os dedos.

— Como diabos você conseguiu quase ser atropelado por isso? — O homem parecido com Harry questionou, apontando o transporte atrás de si.

— Estava distraído — Murmurei sem jeito, sentindo como Harry me encarava com um sorrisinho.

— Você não viu uma carreta musical cheia de luzes e pessoas?

Resmunguei qualquer coisa, passando as mãos para alisar as roupas, torcendo o nariz ao sentir a palma de uma das mãos arranhadas de quando cai no chão.

— Vem, vamos até a lanchonete. Foi um grande susto — Ele disse por fim, e eu senti vontade de aceitar e de recusar na mesma proporção porque seu olhar me fez corroer de ansiedade.

Ele pareceu decidir sozinho, porque se virou para os outros.

— Podem continuar sem mim daqui, eu pego na próxima rota. Vamos até a lanchonete — Ele disse para os outros homens que nos encaravam com um tanto de malícia no olhar, apontando um ponto no calçadão, e não esperou resposta antes de pousar suavemente uma mão na base da minha coluna e me fazer andar.

— Hã...? — Murmurei confuso, lhe olhando em interrogação e ele ergueu os olhos verdes para mim assim que chegamos na calçada, enquanto eu ignorava todos os pedestres me encarando com dúvida e receio, afinal havia sido o maluco que andou direto para a frente daquilo.

Eu tinha certeza que meus pais jamais me perdoariam se eu houvesse morrido por ser atropelado por uma coisa daquelas.

— Vamos, você precisa lavar as mãos, ver se não tem nenhum ferimento e beber algo para acalmar — Ele disse simpático, e eu assenti de forma mecânica ao lhe seguir distraído demais enquanto ele abria caminho.

Tive que criar um mantra e me guiar por isso, para nunca desviar os olhos da linha dos ombros dele, e não encarar aquele traseiro apertado no traje de forma desconcertante, enquanto andava em silêncio.

Nós finalmente chegamos até a lanchonete, e ele me guiou para uma porta aos fundos, que indicava ser o banheiro.

Agradeci, entrando ali e me encarei no espelho, vendo meu rosto vermelho, os cabelos bagunçados e a roupa amarrotada.

De imediato, lavei as mãos arranhadas, alisando as roupas e os cabelos, tentando não parecer tão ansioso e fascinado ao sair.

Harry estava recostado em uma mesa próxima, esperando por mim e acenou para que eu seguisse até ele.

Me sentei na cadeira que ele apontou, vendo como ele sorria simpático e avaliativo ao me encarar, apontando uma garrafa de água ali.

— Qual seu nome?

— Draco — Murmurei, agarrando a garrafa e bebi um longo gole — Obrigado. Não se preocupe, eu estou bem. Só... foi um susto.

— Ainda assim, me sinto completamente responsável por seu quase acidente — Disse com um sorriso brilhante e insinuativo que deixou claro que ele sabia exatamente porque eu não tinha visto a carreta ao andar — Vou pegar algo para você comer. Algum açúcar no sangue — Murmurou, sem me dar tempo de resposta e sumiu pelo balcão, entrando em uma porta.

Eu agora me sentia agitado de um jeito estranho e engraçado, afinal o homem bonito e símbolo de todos os pecados do mundo soou algo insano para mim.

Eu se quer tinha ideia do que pretendia. Dar em cima dele, ou apenas me afastar daquela vergonha. Eu nem sabia se tinha condições de flertar depois de quase ter sofrido um acidente ridículo daqueles.

Harry não demorou para voltar para a mesa trazendo latas de refrigerante nas mãos e atrás dele vinha uma atendente uniformizada, trazendo uma bandeja, e eu vi uma porção de batatas ali sendo colocados na minha frente.

Ambos agradecemos a mulher, que se afastou logo em seguida.

— Você é turista? Não acho que tenha te visto aqui antes... e eu não me esqueceria se houvesse visto.

— Acabei de me mudar para cidade — Murmurei com um sorrisinho vitorioso, vendo ele assentir ao se esticar para pegar uma das batatas, mastigando devagar ao indicar com a cabeça que eu me servisse.

Aparentemente eu não teria que me preocupar com flertes e iniciativas aqui, e eu só consegui pensar que esse deveria ser meu dia de sorte.

— Bom — Disse sorridente — Hã, eu sou Harry. Homem aranha, para os desconhecidos — Murmurou, e isso me fez dar um pequeno sorriso.

— O bom amigo da vizinhança — Contei, e ele assentiu.

— O bom amigo da vizinhança — Concordou com um sorriso espontâneo que o fazia parecer ainda mais bonito.

— Achei que você devesse estar impedindo acidentes no transito, não causando — Observei, vendo a expressão dele se desmanchar em uma gargalhada gostosa que me fez ficar quase idiota demais encarando.

— Não é todo pedestre que resolve entrar na frente de uma carreta em movimento, então...

Sorri, movendo os ombros em sinal de descaso. Não queria discutir os detalhes do quase acidente idiota.

Eu nem havia me machucado, e se um quase acidente era o preço para estar ali vendo aqueles olhos verdes bonitos...

— O show é um negócio de família — Ele decidiu explicar, balançando os ombros — Meu pai estava dirigindo hoje. James.

— Vocês se parecem.

— Um bocado. Menos nos olhos. Os meus são mais bonitos — Disse piscando lentamente, e eu encarei de volta, analisando cada mínimo detalhe do rosto dele.

Desde as sobrancelhas grossas, o jeito suave das maças do rosto, o nariz, e aqueles olhos tão insanos...

Era mesmo, mas não havia jeito seguro de dizer isso sem me jogar em cima dele.

Literal e figurativamente falando.

— Então... preciso perguntar... não pretende dar queixa ou qualquer coisa do tipo sobre o que aconteceu, certo? — Ele interrompeu o silencio, e eu sorri de forma mínima.

— Acha que vou entrar em uma delegacia e dizer que eu quase fui atropelado pelo trem da alegria? Eu ainda tenho um resto de dignidade — Resmunguei, vendo o sorriso dele se repuxar.

— É, não seria nada bonito para você ter isso no seu histórico.

— Não vou denunciar, nem nada assim. Pode ficar tranquilo — Garanti, girando os olhos ao redor, vendo como o movimento ali era pouco.

Ele fez um gesto indicando as batatas.

— Eu deveria ter perguntado se você tem uma preferência antes de trazer... Mas pareceu assustado, e eu só queria que comesse algo. Minha mãe sempre me faz comer algo quando leve um susto.

— Parece ótimo — Garanti, e ele pareceu satisfeito ao me ver pegar uma batata e dar a primeira mordida, sorrindo de um jeito quase angelical.

— A lanchonete também é um tipo de negócio de família — Ele disse por fim, gesticulando ao redor.

— Exatamente quantos empregos você tem?

Harry riu, mordendo uma batata com olhar pensativo.

— Eu ajudo aqui ás vezes, mas é raro. Fico mais como Homem aranha. A lanchonete é da minha mãe. A carreta foi uma ideia minha, e faço com meu pai e padrinhos, embora hoje um deles esteja aqui para ajudar ao invés de estar conosco. Isso ajuda a erguer fundos para cuidar da praia.

— Cuidar da praia? — Perguntei curioso, e ele assentiu.

— Ela estava abandonada há algum tempo. Ninguém realmente se importava o suficiente para fazer manutenção, limpar a sujeira, fazer reparos na calçada e esse tipo de coisas. Foi uma ideia aleatória, mas funcionou então... nunca mais paramos. Ajudamos outras também. Reconstrução e preservação de alguns outros patrimônios culturais da cidade.

Pisquei completamente surpreso, encarando ele de um jeito assombrado com a razão para aquelas danças e alegria toda de fantasias.

— Começou quando eu decidi me formar em direito. Estou no último ano agora, e... decidi que quero ser um ambientalista. Lutar por tudo o que não pode lutar — Disse com um sorriso gentil e sincero, bagunçando os próprios cabelos — É a minha coisa, sabe. Me envolver em causas malucas.

— Está dizendo essas coisas só para eu me sentir culpado e não querer processar vocês?

Ele riu da piada completamente sem graça, levando outra batata para a boca.

— Aquele é meu padrinho, Remus — Indicou com a cabeça, e eu ergui o rosto para onde havia um homem loiro recostado no balcão, quase entediado nos encarando, mas sua expressão se tornou mais suave quando James e o homem de ferro entraram ali, ambos tranquilos.

Eles acenaram para Harry, que ergueu o polegar para eles, com um sorriso amplo e uma piscadela confiável.

— Ei! O que aconteceu? Harry não explicou muita coisa — Remus questionou, e o homem de ferro se esticou para estalar um beijo nos lábios dele.

— Harry tem uma queda num garoto loiro, e o James atropelou ele.

— James! Isso... isso é um absurdo! — Ele disse indignado e preocupado.

— Não, Moony! — O James disse, exasperado — Não foi nessa ordem! Harry só ficou atraído pelo garoto depois que eu quase atropelei ele! Não foi de propósito!

— Ah! — Ele exclamou, extremamente aliviado como se tudo estivesse certo então, e eu tornei a me virar para Harry quando ele soltou um risinho, os olhos verdes quase insinuativos.

— Então... sou novo aqui. Que tipo de patrimônios você salvou? Talvez eu pudesse ir conhecer alguns — Murmurei oferecido, vendo ele sorrir e se ajeitar melhor na cadeira, enquanto eu mordia outra batata. Estavam realmente muito boas.

— Se você estiver livre amanhã, posso te levar para um tour.

— Estou livre — Garanti, pensando na quantidade de trabalhos da faculdade que eu havia deixado para fazer amanhã, por ser domingo.

— Ei, meninos! O que houve? Recebi uma mensagem de Remus. Quem foi atropelado? — Uma voz chamou minha atenção, e eu ergui os olhos para o grupo que continuava encarando.

Agora uma mulher ruiva havia aparecido, óculos de sol presos entre os cabelos, e roupas confortáveis ao entrar dentro da lanchonete.

— Harry trouxe um cara para comer lanche aqui, parece ter algo rolando entre eles e James atropelou o menino com a carreta — Sirius explicou, e eu sorri ao ver a expressão de choque no rosto dela.

— Nós temos um sério problema de comunicação na família — Harry observou com um riso, enquanto a mulher olhava para nossa direção escandalizada.

— James!

— Não, querida! Não nessa ordem! Eu atropelei ele antes!

— Estou começando a ficar assustado com a facilidade que sua família tem em crer que seu pai realmente poderia ter me atropelado de propósito — Murmurei ao virar para Harry, que riu.

— Ele nunca faria isso. As pessoas é que sempre presumem o pior vindo de um Potter — Defendeu, e nós observamos com atenção a mulher se aproximar de nós.

—  Mãe, esse é Draco. Draco, essa é a minha mãe, Lilian — Harry disse gesticulando, e eu sorri para ela ao achar de onde os olhos verdes haviam sido herdados.

— Oi.

— Oi. Estão bem? Os dois? — Ela perguntou preocupada, e eu assenti, ainda curioso e me perguntando quanta maluquice eu poderia aguentar apenas por causa daquele garoto fantasiado de homem aranha e lindos olhos verdes.

— Sim, mãe. Estamos só comendo e conversando — Ele garantiu, dando uma piscadela para mim de um jeito que me fez sorrir.

Mas sua mãe apenas suspirou, como se algo estivesse terrivelmente errado.

— Harry, meu filho, não tem jeito fácil de perguntar isso, mas.... você está dando em cima desse rapaz para ele não fazer o boletim de ocorrência? — Ela perguntou, pousando uma das mãos nos ombros dele, muito séria — Querido, isso não é necessário, nós podemos...

— Eu disse, sempre presumem o pior vindo de um Potter — Ele murmurou para mim, revirando os olhos e eu ri.

— Não foi um atropelamento de verdade. Eu me distraí, e caí. Mas ninguém me machucou — Me vi dizendo e isso fez ela se virar pra mim, ainda desconfiada — Não vou registrar nenhuma ocorrência. Acabei de chegar na cidade, não posso ser o idiota que foi atropelado pela carreta musical gigante.

Isso a fez sorrir, um ar de alivio em sua expressão.

— Então... não foi um acidente de verdade, seu pai não tentou atropelar ele e você não está usando seu charme para o mal...? — Ela disse pensativa.

—  Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades —  Eu falei por fim, apenas para não perder a chance, e isso fez os dois rirem.

— Oh, Harry esse rapaz é uma graça...! — Decidiu por fim, e ele revirou os olhos e fez um gesto para ela sair de perto.

Isso me trouxe um sorriso extremamente espontâneo, e falta de vontade de virar para o balcão porque sabia que encontraria os quatro nos assistindo.

— Amanhã, então? — Questionei curioso, e ele concordou.

— Amanhã. Vou te mostrar tudo — Ele disse, um ar quase sem vergonha na frase e isso me fez lhe encarar de volta, vendo como ele sorriu.

— Tudo?

— Tudo — Disse devagar e pausadamente, me causando um arrepio.

— O garoto tem atitude — Uma observação rompendo o silencio sedutor entre nós acabou nos fazendo cair na gargalhada, erguendo os olhos para o balcão, de onde a observação tinha vindo do padrinho loiro.

— Ele puxou isso de mim — James disse, e isso fez todos rirem ainda mais compulsivamente, como se fosse uma ótima piada.

Eles não demonstraram nenhum constrangimento quando nos viramos para lhes olhar diretamente, deixando claro que estávamos vendo eles amontoados nos observando.

Nós voltamos a comer e terminamos todo o lanche, e Harry insistiu que era por conta da casa, mesmo que eu houvesse dito não ser necessário.

A conversa fluiu de um jeito absurdamente fácil enquanto eu falava um pouco sobre mim, sobre a faculdade e a mudança recente, e o ouvia narrar sobre sua própria vida divertida e maluca com sua família engraçada.

— Eu preciso mesmo ir — Falei por fim, vendo ele assentir com um sorriso suave depois que trocamos os números de celular.

Eu me despedi com um gesto vago a família curiosa e fofoqueira, e caminhei para fora da lanchonete com Harry ao meu lado, a fantasia de homem aranha ainda no corpo dele, que seguia ao meu lado com uma expressão sorridente.

A cada raio de sol que batia em seus cabelos escuros, eu sentia um novo traço de afeição surgindo dentro de mim, pelos olhos verdes e sorriso espontâneo.

— Amanhã — Ele disse assim que chegamos na calçada próxima da onde eu estava antes de tudo acontecer.

— Amanhã — Concordei, deixando meus olhos captarem mais uma vez ele por completo, o corpo bonito, o sorriso de lado e a fantasia.

—  Acha que precisa de um incentivo para voltar?

—  Não seria nada mal —  Garanti, vendo o sorriso dele se expandir enquanto se movia um passo adiante, pousando as mãos na minha cintura.

Eu fiz o movimento final para chocar nossos lábios, com um sorriso querendo nascer na minha alma.

Naquele instante, eu tive completa certeza que meus pais teriam odiado Harry Potter.

E eu sabia disso, porque eu havia amado cada mínimo detalhe sobre ele.


Notas Finais


Eu avisei que era apenas um surto.
Sim, eu escrevi uma história onde Harry faz parte da carreta furacão e Draco quase é atropelado por ela.
...
Nada a declarar.
Até a próxima!


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