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História As Leis do Sol - Decisões e Orgulho


Escrita por: Tulyan

Notas do Autor


Helooo, isso mesmo, 2 cap UwU

Aproveite meus queridos! Esse cap tem muita coisa fofa :3

Capítulo 17 - Decisões e Orgulho


— Não vai comentar nada?

— O saber de hoje?

— Sim, o que pode me dizer?

Há algo nele, um ânimo estranho por eu ter dito isso, acho que dei uma saída para o seu assunto, uma saída que gostaria de não ter dado, por curiosidade.

— Vou pensar em algo, acho que será melhor quando eu explicar a origem da água onde o Rajza ficava.

— Se o seu relato for verdadeiro, teremos uma nova fonte de água. Aquela sua teoria de haver um reservatório subterrâneo pode nos dar uma excelente vantagem.

— Eu não quero ser chato nem ficar me repetindo... – e esse aviso já o deixa preparado pra qualquer coisa. – Mas eles devem ter algum conhecimento desse lugar, talvez não o bastante pra conhecer tudo, só há algo que me diz que... ou os seus superiores sabem que há um templo ou qualquer coisa do tipo, ou sabem que esse lugar não oferece risco, assim, a viagem é mais para lazer.

— Estou ciente dessa possibilidade, Celeste. Só não há nada que eu possa fazer quanto a isso, só vamos cumprir a missão que nos foi dada, nada além.

Caminhando ao lado do guepardo com o Sol da manhã sobre a nossa esquerda, ainda dou a ele um voto de fidelidade, é um soldado no final das contas, não posso exigir que seja mais.

 

• ────── ✾ ────── •

 

Deixado olhando para uma parede como uma criança de castigo, o lince é vigiado de perto pelo tigre Icid, mas, ao que parece ele nos trouxe ao lugar certo, a uma caverna rasa, que dá pra ver o fundo dela daqui.

Há um pequeno e muito humilde acampamento montado, só uma panela de madeira escura descansando sobre um amontoado de carvão rodeado por pequenas pedras de arenito. Ao lado existe alguns restos de ossos pequenos e um tapete maltrapilho de palha trançada, se um dia teve alguma cor, agora é um marrom pálido e encardido.

Quando todo mundo para de falar e aguardam as ordens do seu líder, as orelhas atentas do Tsaida se viram para o interior, onde a sombra da manhã não toca e parece não tocar em momento algum. Uma câmara mais quentinha que o guepardo me convida para ir com um gesto de queixo, e só nós dois que entramos.

— Está ouvindo?

Logo que aponta às suas orelhas arredondadinhas. Me dá alguns segundos pra aprumar a audição e notar algo, um som de pingo lento e lerdo que cai em uma jarra de cerâmica. É um pingo por minuto, quase.

Mais no fundo da caverna, uma rachadura profunda se estende na escuridão por alguns bons metros, mas é fino e esguio demais pra ver de onde vem, o importante, ao invés, é o fio de umidade que escorre do interior até formar uma pequena plataforma onde pinga até o chão.

— Água.

— Sim, o que me diz, haveria algo além?

Chego mais perto para ver, o arenito amarelado e castanho tem algumas camadas bem claras de formação, ao menos lá fora. Aqui, não consigo ver de onde vem essa umidade, mas me viro pra ver o guepardo observar os seus homens, não quero assustá-lo, nem sei se conseguiria, porém, toco no seu ombro o mais casualmente que posso.

— Sim?

— Aqueles óculos de vocês, peça para que usem, parece que há uma fenda além da minha visão por ali. Seria legal poder ver por lá.

— Hm. Jaya, ouviu o Franklyn?

— Sim senhor. – a gueparda perde a postura vigilante e se vira para nós.

Caminhando, tira aqueles óculos da bolsa que traz afrente da barriga de pêlo branco e já o coloca no rosto. Dois toques na lateral da armação de bronze fazem cintilar uma luz verde-água e com o meu passinho para o lado, deixo que ela observe o que não pude.

— Ahm. Senhor, senhor Franklyn. – ela chama a nós dois. – Existe um tipo de escape de água nas profundezas, algo que escorre.

— Consegue ver além, através?

— Desculpe. – virando-se pra mim, Jaya já retira os óculos. – Se houver algo, fica atrás de muita rocha.

— Viu! Eu disse que tinha água.

As palavras do lince não só atraem a minha atenção, me fazem esboçar um sorriso pequeno e a sua cara ser pressionada contra a parede por Icid com apenas uma mão.

— Calado. – Tsaida comanda. – Se há algo atrás dessa parede, o que acha de derrubá-la?

O olhar do guepardo vem a mim.

— Ideia ruim. Bem ruim. – deixo claro. – Se há alguma água permeando a rocha, haverá um bolsão acima, ou algo do tipo, imagine como se fosse fazer um furo no fundo de um barril, a pressão da água poderia fazê-la desperdiçar.

— Sugere fazer isso com algum meio de estocar?

— Sim, com o equipamento certo pra observar as entranhas da rocha, seria incrível. Daria pra saber quanta água ia sair, e de quantos barris iriam precisar.

— Certo... e o que significa "permeando"? – ouvi-lo tentar imitar a minha língua é sempre engraçadinho, ainda mais pelo sotaque felino que acompanha.

— Bom, é o de hoje. Há muitos processos naturais acontecendo aqui e por toda parte, o que observamos na fenda é a permeabilidade, se trata de espaços minúsculos entre a rocha, como as que tem num tecido. Por ela a água passa e se filtra, as vezes até carrega minerais dissolvidos. Deve haver um reservatório próximo pra sustentar essa fenda, e deve haver um lugar de onde essa água veio, a não ser que ela seja de antes da seca.

— Explica o fluxo.

— Sim, Dat'al Katish.

— Muito bem. Marque o local no mapa e anote tudo dito, voltaremos melhor preparados. – Tsaida então se vira para a saída e começa a andar, rápido e apressado como se houvesse um compromisso. – Tragam o ladrão, vamos seguir para o outro agrupamento.

— Ahm, então... – Rajza até tenta chamar sua atenção. – Se não for incomodar, eu posso pegar a minha jarra?

Virando-se como se ouvisse um insulto, o guepardo até olha para o ladrão, que ainda tem o rosto mirado na parede, só que ele não se importa em olhar mais que isso.

— Pode pegar, Franklyn. – me chamando para mais perto, ele combina o lince virando pra direita com o seu movimento, me levando para as costas dele, para fora da sua visão.

Ele me protege como um guarda-costas, é bonitinho, igual como o Icid ficou atencioso pra isso e guia o ladrão o tempo todo. A jarra de água tem o tamanho de um abacaxi e o lince o guarda entre os braços como as suas algemas podem, e eu entendo bem ele.

— Tsaida. – chamo ele mais silenciosamente. – Eh... pode ter algo nessa jarra.

— Verdade. – assentindo pra mim, ele estala o dedo e aponta ao lince. – Jaya, verifica essa jarra.

— Sim senhor.

Na mesma hora, ela estende a mão e recebe a jarra do ladrão, uma breve olhada e depois uma nova análise com aqueles óculos a fazem devolver e acenar em negativo para nós.

— Muito bem, prossigam. – a marcha deles começa, o barulho rítmico é quebrado por Tsaida que até pende pro meu lado, mas não viram o rosto. – Bem lembrado, Franklyn. Muito bem.

— Tranquilo. – bato no seu ombro sutilmente outra vez, um ato que já parece ter se acostumado.

Um gesto que nos acompanha quando começamos a andar também, somos a retaguarda junto com Jaya, que fica a minha esquerda enquanto o seu líder ocupa o outro lado. Me sinto uma celebridade quando fazem isso, bom, uma celebridade com algemas mágicas, mas ainda assim, uma celebridade.

 

• ────── ✾ ────── •

 

Depois de passarmos pelo cadáver fedido e já violado por urubus daquele Verme da Areia, conseguimos achar os rastros dos soldados que vieram por aqui. É um tanto empolgante voltar aqui com a luminosidade tão boa, ou com o grupo todo, na verdade, agora que temos um ladrão, podemos ir mais além.

E ver os três, Agrun, Basê e Naji conversando na beirada de uma estrutura de rocha típica de um filme do Egito dando um pulinho ao nos ver aproximar, me faz crescer um sorriso pequeno. Os três ficam em guarda, e saúdam o seu líder com uma mão no peito e a cabeça baixa, Rajza é levado para um canto e fica encarando pedras e um pouco de areia, já que eu chego junto ao Tsaida e Jaya para com eles.

— Informem.

— Dat'a Katish Tsaida. Encontramos algumas entradas na rocha, e como o senhor disse, conseguimos achar o túnel. – Icid anuncia.

— Encontraram alguma forma de adentrar?

— Não senhor. – Naji é quem responde. – São caminhos estreitos e frágeis demais para arriscar, poderia desmoronar.

— Descobriram algo relevante?

— Sim senhor. – o conjurador continua. – Encontramos símbolos nessas rochas aqui.

Apontando para trás de si, para muitos pilares de arenito de pé ou deitados em diagonal por ali, rocha virgem também se espalha pelos lados, mas agora que ele disse, dá pra ver alguma marcas na pedra, e se eu pensar bem, como devia ser antes.

— Símbolos de quê?

Naji até levanta as orelhas e se vira, convidando o seu líder pra chegar mais perto, e claro, Tsaida faz o mesmo pra mim... e Jaya se auto convida.

Aproximar de algo tão grande assusta um pouco, os pilares devem ter uns quatro metros de circunferência e uns oito de altura, mesmo tombados, dão a sensação de poderem cair em mim a qualquer instante. Só que, mais além, onde a erosão já não pode ser tão efetiva dá pra notar algo, algo bem mais no fundo, por assim dizer.

— Encontramos símbolos do senhor Set'na. Patrono do comércio. – Naji fala com uma alegria e euforia cada vez mais energéticas. – Senhor Tsaida, eu tenho muito para crer que se trata realmente do Templo de Vaentrir.

— Tem certeza?

— Sim senhor.

— Faça cópias do que achou, faça um relatório e reúna tudo, estamos indo.

— Senhor, eu já fiz. – mostrando alguns papéis que mantém na sua bolsa de coisinhas, o guepardo lança ao seu igual de espécie algo muito parecida como esperança.

— Hm, bom trabalho.

E ouvir isso faz os olhinhos verdes dele brilharem como nunca. A sua cauda balança um pouco de um lado a outro e depois segue o seu líder como um garoto que foi elogiado pela primeira vez.

— Muito obrigado, senhor, é uma honra.

— Arrumem tudo, estamos partindo.

— Eh... espera, e o ladrão? Ele não vai ajudar?

— Não foi necessário, temos tudo que precisamos.

— Bom, ele poderia entrar lá pra conferir melhor. O que acha?

— Já temos o que precisamos, nosso objetivo era descobrir do que se tratava esse lugar, e conseguimos.

— Seria legal poder saber se o interior possui túneis dá pra acessar, talvez mais partes com água.

— Sei o que está tentando dizer... mas não se preocupe, o ladrão foi sincero e não tentou nenhuma gracinha, poderemos dar um caminho novo para ele. Além do mais... – outra vez ele deixa com que a maioria fique mais longe, principalmente os que acompanham o lince. – Os nossos suprimentos não são para uma pesquisa extensa, teremos que voltar o mais cedo possível.

— Então, porque sugeriu que ele ajudasse? Se ele não poderia?

— Às vezes é melhor que o inimigo tenha uma mínima esperança, se ele não tem nenhuma, ele...

— Eles lutam com muito mais fervor, entendo a ideia... só acho que ele pode ser útil para nós, talvez não aqui nessas ruinas.

— Quer que eu o leve conosco?

— Porque não? Amarre ele e deixe no canto, aquela venda e pronto, quando for necessário nós o soltamos e usamos pra isso.

— Como um escravo?

— Não foi isso que você o tornou? Segundo as suas palavras, eu poderia libertá-lo agora, ele seria livre pra voltar a sua vida miserável nesse lugar inóspito.

— Conheço o seu juramento e estou conhecendo o seu coração, Franklyn. – o guepardo não me olha, nessa cultura bem mais fria isso é normal. – Vou pensar bem nisso antes de decidir. Satisfeito?

— O que decidir, estará decidido. – lhe dou a resposta que os que ouvem preferem. – Mas sim, obrigado por tentar.

Pela minha visão periférica até posso notar o seu olhar curioso, altivo, mas ainda assim tão curioso. Até disfarço como posso e deixo o meu pensamento para cobrir o nariz de novo antes de passar pela carcaça daquela criatura, até imagino quando alguma outra equipe vier pra cá pra estudar mais a fundo, o horror que vai ser passar por ali.

Nossa marcha é em silêncio, quase fúnebre, e eu não esperava diferenças... bom, acho que o Naji e o Icid devam estar soltando rojões, afinal, estavam certos sobre o lugar e eu mal posso imaginar como devam querer contar isso para os outros.

Me pego pensando também na volta pro acampamento, aquela Gaiola de Faraday é muito mais aconchegante do que imaginava. Perto de andar com essas algemas incomodando e fazendo barulho por toda parte, ela é realmente bem melhor.

 

• ────── ✾ ────── •

 

As carruagens voltam de dentro da areia como se invocadas do subterrâneo. Ainda me enche de euforia ver magia sendo feita, as palavras mágicas ressoando e fazendo efeito.

Posso sentir o ar mais frio quando fazem isso, e como esse frio escorre para a minha barriga bem nas vezes que posso ver as costas do lince, costas que só agora me dou tempo pra notar, surradas e castigadas pelo clima, tempo e gente, posso ver a forma que os soldados o observam com certa curiosidade, talvez se imaginando como estariam no lugar dele, eu imagino os rostos de cada um nesse ladrão, como a situação poderia ser diferente se houvesse algum desvio no passado.

Gosto de pensar que, sem essa guerra, todos aqui poderiam ser iguais numa taberna, bater canecas e festejar juntos, ignorantes a uma realidade alternativa tão cruel. Acho que é esse o meu motivo de sentir tanta pena, tanta dó...

Todos aqui poderiam ser amigos.

Posso observar o Tsaida nesses instantes, pensativo e com o olhar desatento enquanto os soldados já limpam os apoios e o assento do guia de cada Carruagem da Areia com um tipo de vassourinha de mão, as cerdas feitas de um pêlo longo tiram a parte mais grossa, e há um momento pro Naji e a Jaya tomarem seus assentos ali.

O lince é mantido de lado, olhando o deserto. Como no mito da caverna só pode adivinhar o que acontece atrás dele, e eu só posso adivinhar o que se passa na cabeça do guepardo.

Mas vejo como os bigodinhos brancos do seu rosto dançam enquanto move os lábios, eu já o vi fazer isso antes no acampamento, bem quando estava com alguns montes de papéis a sua frente. Os momentos do Nanci pensando são os mesmos que me instalo na carruagem de novo, isso até ele chegar na porta, a sua pata direita fica no apoio lateral e a sua mão do mesmo lado mantém a madeira da porta longe de fechar, mas, os seus olhos amarelos me trazem uma conclusão.

— Franklyn. Eu não posso levar o ladrão, não há motivos para que eu leve alguém como ele para o íntimo do exército. – por isso, um suspiro simples sai do seu focinho negro. – Eu sei que não é o ideal, mas, pode libertá-lo agora? Ao menos ele ficará onde foi achado. Talvez um agrupamento sequente o encontre e possa oferecer ajuda.

— Ou mata-lo. Ou deixá-lo para trás de novo.

— Não vejo motivo para leva-lo, nem pra que você o mantenha. Posso devolver suas coisas e deixar alguns mantimentos para ele, além disso, seria fora da minha competência.

— Ajudaríamos ele se nos fosse útil, mas não pôde ajudar no templo e nem poderá lá no acampamento. Só que ele achou uma provável fonte de água, e tem esse templo do lado, bom, vocês terão uma fonte e quem sabe algo mais no fundo da terra.

— Gostaria de retornar com melhores equipamentos? Se encontrar uma fonte de água que realmente seja proveitosa, talvez possa aliviar bastante os nossos problemas.

— Isso pode ser uma moeda muito boa.

— Devo levar em conta que já pensou no que fazer com isso?

— Já sim. – não consigo esconder a felicidade do elogio. – Mas isso não é o meu ponto... se puder ajudar o Rajza, te peço que ajude, sabe,

O guepardo fica ali, na iminência de entrar por instantes demais, eu mantenho o olhar com o dele, não pra desfiá-lo, só pra saber o que fará logo depois, já que parece pensar consigo mesmo até levar os olhos para a sua pata que sai do apoio lateral e volta a areia.

— Vou garantir que ele tenha o bastante para o mês. Mas, preciso que o libere, como foi acordado.

— Precisa que eu vá? – e aponto pra fora.

— Ele precisa ouvir da sua boca que está livre do acordo. – me convidando pra sair com um gesto simples, Tsaida já sai da frente da porte.

Me levanto logo em seguida e baixo a cabeça pra não bater ela no arco da porta. Revejo não só o Sol de um pouco antes do meio dia, mas também todos os soldados que começam a embarcar na sua carruagem. Eu e Tsaida seguimos para onde o lince ainda estava de pé, com um estalo dos dedos e o chacal Tisma, que parecia brincar com a coleira de bronze que tem, já se prontifica a atender o chamado.

— Sim senhor! – descalço como os outros, ele deixa pegadas desde a sua carruagem até nós.

— Pegue tudo que pertencia ao ladrão e devolva, e traga suprimento de um mês de comida pra ele.

— Ahm, senhor, um mês? Pode afetar o nosso estoque.

— São apenas três dias de volta, e temos recursos para doze, no mais. – só quando Tsaida olha pra ele diretamente, o chacal baixa os olhos. – Faça, e me entregue as chaves das algemas dele.

Quase de imediato, o chacal se curva com a mão direita sobre o peito e eu quase levo a minha também, não pra saudar o Dat'al Katish, mas pra sentir a que carrego. Recebo um toque gentil no braço, da mesma forma que faço com ele.

— Vamos. Vai ser a sua primeira vez libertando um juramento?

— Vai sim.

— Não procure formalidades, apenas deixe claro o acontecido e informe a ele o decidido.

— Hm...

— "Hm"?

— Daqui a alguns meses eu posso fazer isso de novo.

O meu comentário faz o guepardo perder o passo, na verdade ele fica alguns para trás antes que eu chegue perto o bastante do lince. As orelhas dele se levantam ao notar, mas...

— Franklyn, Dat'al Katish Tsaida.

Ele nos nomeia. Acho que pelo cheiro, Nancis devem ter um olfato muito bom.

— Oi.

— Rajza. – pela primeira vez o Tsaida o chamam pelo nome, eu acho. – Ontem fizemos um acordo com você, iria nos auxiliar em troca de um perdão pela sua tentativa de roubo. E como foi dito, Franklyn manteria a palavra final da sua liberdade perante o acordo.

Mesmo com o cara da situação de costas, o guepardo passa a palavra pra mim com um gesto simples de mão, como se oferecesse a situação.

— Rajza, é uma pena que tenhamos nos conhecido desse jeito, mas você me parece ser um cara legal e respeitoso, espero que a sua vida seja melhor daqui pra frente. O Dat'al Katish lhe proveu suprimentos pra viver melhor, agarra essa chance e se cuide, quem sabe um dia você possa me ver, né?

— Seria muito bom.

— Seria sim. Mas olha, se ficou pra eu dizer, muito obrigado por mostrar onde podemos conseguir água, você pode ajudar muita gente assim.

Os passos rápidos, mas tímidos do chacal vem com um saco e um estilo mais simples de uma Kukri, como a que o próprio chacal Tisma carrega na cintura.

— Suas coisas serão deixadas logo atrás de você, não ouse jogar fora essa chance que recebeu.

— Não vou, pode ter certeza.

— Tisma vai tirar as algemas de você e lhe entregar os suprimentos. – Tsaida então se vira e já me chama com o queixo pra voltar, um movimento que reluto no começo. – Franklyn. Vamos.

— Boa sorte e que os deuses o protejam.

Ouvir o meu voto de prosperidade e proteção atrai a atenção não só do Tsaida, tenho pra mim que o lince seja um pouco devoto nesse ponto, eu acho.

— O mesmo para os senhores.

Lhe dou um aceno que nunca vai ver, mas, acompanho o guepardo de volta e posso ouvir o som do metal sendo aberto.

— Achei que não devotasse as nossas divindades.

— E não devoto, só acredito que ele não entenderia se eu falasse do meu Deus, e os de vocês fazem o trabalho também, então... que mal há?

Sou eu quem abro a porta da carruagem, mas o guepardo vem logo em seguida e entra primeiro, não que me importe com essas coisas, ou como ele toma o seu assento e parece me esperar. Sou eu também que fecho a porta e me escoro na parede dos fundos.

Tsaida já olha para trás, para a nossa motorista Jaya que posso ver pela janelinha logo acima da sua nuca. Um sinal é o suficiente pra que ela arrume as mãos e brilho venha por debaixo das palmas, mas esse outro guepardo me prende a atenção de novo, não pelo fato dele tornar a tirar suas sandálias, e sim por como parece querer me pegar observando isso algumas vezes, só que eu apenas torno a observar o meu celular, quando treze horas é o meio-dia, ver que estamos quase lá até despertaria alguma fome em mim, mas deixo isso pra outra hora, uma hora que o Tsaida esteja menos incomodado.

— Acredita que poderia ter feito diferente no meu lugar?

— No seu lugar?

— Sim, se fosse o Dat'al Katish liderando essa missão, acha que teria feito diferente?

— Não, eu teria ouvido outras opiniões, teria dado a ele uma chance de se redimir... e não o levaria. Olha, eu entendo porque você fez o que fez, não ache que eu vou te julgar nem nada.

Por isso, o seu olhar muda, se torna uma surpresa e não sei o que vem depois. Suas orelhas se abaixam e tem um som que vem dentre os seus dentes, um som de conformidade e eu acho que até um pouco de alívio.

— Se a minha opinião é algo pra você, eu te digo. – atraio a sua atenção rapidamente ao dizer isso. – Você é um bom líder, não vi outros pra ter um parâmetro, mas conheço alguém bom pra isso quando vejo. A sua preocupação é prova disso.

Seus olhos baixam um pouco, não só por querer ver onde deixará seus calçados, também pra se esconder, posso não entender tão bem as expressões Nanci, muito menos os detalhes da sua cultura e costumes, mas também sou plenamente capaz de ver alguém orgulhoso de si quando vejo.

 


Notas Finais


UwU, lembrem-se, like, se inscreva e compartilha, comenta tmbn! Kappa :V


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