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História As Leis do Sol - Pactos e Desejos


Escrita por: Tulyan

Notas do Autor


Henlooo boyos! Mais um cap lindinho pra vcs :3

Esse tem de tudo, espero q gostem. Aliás, compartilhem com quem vcs puderem, quanto mais gente ler e apoiar, mais empolgado eu ficarei pra continuar escrevendo pra vcs OwO

É nooooiz

Capítulo 7 - Pactos e Desejos


— Tantas decepções eu já vivi. Aquela foi de longe a mais cruel.

— Um silêncio profundo e declarei. Só não desonre o meu nome...

Acompanho o guepardo cruzando a tenda enquanto cantarolo uma canção que se encaixa tão bem. Ainda só com a canela direita com o reforço de metal, ele se estende para fora da tenda e fala coisas que eu não entendo para quem eu não vejo. Só conheço bem a energia que aparece pela sua cabeça, e como esse branco lindo entra por entre o pêlo laranja e por ali fica.

O rosto contente dele volta pra mim junto a sua presença toda. Com as mãos inquietas pela barriga até o quadril e depois de volta as costas, Tsaida chega perto da gaiola e aponta com o queixo para o prato de porco.

— Acho que está com fome depois de dormir tanto, por favor. – é a vez dos seus dedos mirarem pra lá.

— Traduziram tudo já? – aponto ao vazio ao redor da gaiola.

Por isso, o seu olhar baixa até o chão, quase ouço um riso quando ele nota estar só com uma caneleira.

— Sei que não posso pedir isso de você, mas, eu arrisquei muito te contando aquilo. Posso ao menos pedir que me ouça? Se eu não o convencer, aceitarei sua ira sem problemas.

— Quer me convencer com o quê? Eu não posso recusar.

— Você mesmo definiu a sua raça como “Obstinada”, e fez jus a ideia. – e ele toca no seu próprio peito. – É bem óbvio para todos nós que você tem sua forma de pensar e a defende com ferocidade. E para ser bem honesto, meus companheiros o encararam desde sempre como uma arma. Mas, nós não somos assim, acho que o seu caso foi excepcional... eu acho que sim.

— Então, fale.

— Você conta apenas o que quer, isso significa que é prudente, mas, também que é astuto. Meus superiores temem que seja um problema, um inimigo. Sua origem é... – seu olhar perdido para o alto é admirador. – É um mistério incrível para mim. Pessoalmente, você é um enviado dos deuses, pra nos guiar com seu conhecimento, mas, meus superiores estão focados demais na guerra pra enxergar isso, o potencial que você pode nos trazer.

Seu rosto ainda é difícil de entender as emoções, o cérebro humano pode até ser feito pra entender isso, mas, a forma que eles se expressam são um pouco diferentes. Orelhas, patas, cauda e afins são parte desse acervo, imagino como deve ser confuso, ou mesmo complexo para entender todas as outras.

— Eu te contei o que me foi mandado fazer, corro o risco de ir a corte marcial por isso. E eu assumo a responsabilidade. – assentindo, concordando com suas palavras, Tsaida se vira de lado e aponta para a entrada da tenda. – Acho que viu a minha reza. Eu pedi benção ao grande deus Órus, pedi muitas coisas também, mas, quando ele queria limpar o mundo com fogo, seu filho Allrum deu outra opção, é um conto antigo nosso, que o deus Allrum, senhor da justiça e das leis chegou a essa divindade depois de passar mil anos aqui conosco, resistindo a tentação, a corrupção, a maldade. Eu quero seguir os passos dele também, de ser o justo aqui, de ajudar alguém que os céus enviaram com tantos préstimos por nós.

A convicção na sua voz é a mesma de um padre, de um sacerdote falando de milagres.

— Depois que ficou quieto, meus Aksus questionaram o motivo disso. Eu disse que estava cansado demais e dormia de forma estanha, mas que havia me contato que ficaria bem. – e por isso, o guepardo de uma caneleira só se coloca de joelhos na frente da gaiola. – Eu coloco a minha segurança nas suas mãos. Menti pra eles, revelei segredos de uma missão importante, e só você sabe, se acreditar que deve, me diga que eu vou até eles me entregar e confessar, se acreditar que eu quero o seu mal, por favor, me fale.

Com o olhar amarelo fixo no meu, com as mãos pousadas sobre as pernas ele apenas me aguarda respirando lentamente, ansioso pra que eu fale. Mas, o que eu deveria dizer, falar que vamos ter o nosso segredinho sujo? Que vou sacrificá-lo pela minha ira?

É realmente um filho da puta. Ele sabe que eu vou proteger a vida, ele...

— Você sabe que eu não posso. Você já sabe a minha resposta, por isso tá tão tranquilo.

— Sei que fez seu juramento. – e ele baixa a cabeça. – Mas eu não estou aqui como Dat’al Katish, estou aqui como um Nanci pedindo perdão, em seu nome e em nome de tudo que ele acredita.

— Do que adianta eu dar um voto de confiança a você, se vão usar o que eu escrever com os seus propósitos? Você não é capaz de me garantir certeza.

— Eu faço um juramento aqui e agora, sob a tutela do grande deus dos pactos, Allrum. – Tsaida até olha para cima, como se quisesse encontra-lo no teto da tenda.

— Eu não preciso de um juramento, o que eu posso fazer com isso?

Talvez seja como jogar água fria no gato, suas orelhas caem como os seus olhos rumo ao chão e os seus joelhos unidos ao tapete escuro. A luz do topo da gaiola não ilumina tão bem o seu rosto, mas talvez o meu que amarga essa sensação horrível que eu odeio. Odeio deixar as pessoas mal, tristes, qualquer coisa assim, mas eu não estou em casa, sequer tô no meu mundo. Isso não é um jogo, não tenho vida extra nem segundas chances, isso é a vida real.

— Posso ser sua voz em meio aos Aksus, o que precisar ou querer, eu posso ajudar.

— Em troca, eu guardo seu segredo.

— Se puder ser egoísta. Adoraria poder... ser ensinado, adoraria que me ensinasse. – por isso, os seus olhos voltam a me observar. – Posso te ensinar também, sobre o meu reino, sobre os meus deuses, sobre os nossos costumes.

— Ainda assim, a questão é ensinar pra quê? Como vão aplicar o que eu ensinar? Você não vai ser protegido por algum acordo, e se descobrirem, vão punir você e ponto final.

— É o preço por falar a verdade.

Sua resposta parece ecoar na minha cabeça, na batalha de argumentos, ele acertou um golpe crítico, admito.

— Diga ao seu superior que eu descobri esse plano sozinho, que eu cheguei a conclusão de que estava sendo enganado.

— Mas, vai assumir a responsabilidade por isso?

— Os que creem que eu sou um perigo não vão mudar de opinião, e os que acham que eu sou divino, terão mais um ponto. Como disse, eu não tenho muitas opções, ser temido ou admirado são situações que eu sei o que escolher.

— O que prefere?

— Prefiro ser admirado, medo não é respeito, respeito envolve confiança. Você me deu muito respeito ao me contar, eu dou valor pra isso. – e talvez essas palavras trouxeram essa luz que vejo nos seus olhos brilhantes de esperança. – Diga que eu descobri tudo, e que eu só vou continuar se eu ensinar você, e mais ninguém. O que você quiser passar pra eles, já não me interessa.

Fora o fato de que o faço ser extremamente necessário para a minha cooperação nesse pequeno teatro.

— Eu...

— Eles vão descobrir, se já não sabem. De todo modo, você ta certo, eu escolho proteger você... mas não perdoo essa mentira. Eu nunca quis me aproveitar de vocês, nem por um minuto, me deixa puto que tenham tentado me usar mesmo assim.

No instante que ele abria a boca pra falar, as suas orelhas miram para trás, como uma criança pega fazendo bagunça se vira ainda ajoelhado no chão. O susto que percorre as suas costas na forma de um arrepio é como o meu, afinal, ele estava de pé ali, observando nós dois a quanto tempo?

— Aksus Brali. – baixando a cabeça, Tsaida tenta recompor a voz.

Mas, ter esse tigre grande todo marcado pela guerra se aproximando é intimidador mesmo assim. Seus passos sobre o tapete é de quem está severamente curioso, como posso ver no seu único olho bom.

— Eu ouvi coisas vindo daqui, mas acho que estou ficando louco, pois ouvi sobre traição.

As suas palavras, pelo simples fato de eu entender me prova que ele estava ali a um bom tempo. Demoraria pra buscar a magia necessária pra me entender se ele tivesse vindo aqui e voltado até a conjuradora, não, ele já deve ter recebido o feitiço e chegado aqui, é uma situação terrível.

— Meu senhor eu. – antes que pudesse se levantar do chão, Brali o interrompe.

Sua mão apontando para baixo é de quem o quer submisso e rendido de joelhos. Então, aquela aura que senti antes dele era meu instinto? Eu já sabia que ele era perigoso assim?

— Eu ouvi o bastante, Tsaida. Que decepção.

O som rosnado que produz na última palavra é bem carregada com o sentimento dito, e ele apoia a mão no cabo da sua espada curvada que pende na sua cintura, acho que é um Kukri, de lâmina cinza escuro e cabo negro com couro avermelhado, igual ao shenti que usa e lhe cai quase até os joelhos.

— Querendo ou não, eu ia descobrir.

— Que descobrisse sozinho! Não com a ajuda de um traidor. – e o seu olhar terrível que deixa sobre o Nanci é se quem está pensando muito em agir por si só.

— E pra onde acha que isso vai te levar? Que vai levar todo o seu reinado? Acha que pode me ameaçar com o Tsaida? – e não o deixo responder. – Tenha certeza que vai conseguir.

Mostrar isso de cara quebra a sua seriedade tão intensa, talvez estivesse acostumado a lidar com inimigos robustos e brutais, que estariam aptos a torturas antes de falar algo válido. Já eu, deixo o tigre até um pouco desconcertado, não sei ao certo como definir, a sua cauda dança atrás de si e a postura tão severa se quebra um pouco.

— Faremos um acordo, você nos ensina tudo que puder, em troca, lhe dou a sua liberdade.

— Ser livre para andar pelo deserto não é bem um acordo.

— Astuto como uma cobra velha. – por isso, ele deixa a mão sair de cima do cabo da sua arma. – Se quer tanto, tudo bem, vou garantir que seja livre e tenha uma vida confortável, mas, Tsaida vai para a corte e será exonerado imediatamente, preso e julgado a alguns anos em alguma mina por aí.

— Acha que ele fez por maldade?

— Não acho, só sei que é um tolo, e que desacatou ordens diretas de seus superiores e fez com que se voltasse contra nós. Celeste.

— Não estou contra vocês, só estou irritado por terem mentido. Se me pedissem...

— Se pedíssemos, você negaria o que precisamos conhecer, já deixou bem claro. Seu interesse é outro. – Brali afirma com o queixo se levantando, convicto demais pra alterar sua convicção.

— Meu interesse é dar um futuro pra vocês poderem viver, não um ou dois anos de sangue e morte. Vocês sabem muito bem que não vão durar muito, que estão fadados a ruina, mas, quando eu ofereço ajuda, querem apenas mais armas pra se matarem.

— Eu posso oferecer uma sugestão? – Tsaida estende a mão para o alto, mesmo que se mantivesse ajoelhado.

— Fale.

E quando fala, quando deixa o guepardo entrar na conversa, toda essa tensão me deixa ansioso, muito ansioso.

— Se o Celeste me ensinar uma coisa por dia, por meio ano, eu saberei cento e noventa e duas coisas. E passarei ao senhor tudo que for útil para nós, e em troca, eu peço a minha exoneração do exército, sem honras, apenas retirada.

— Não. Se ele for capaz de te ensinar cento e noventa e duas coisas, Tsaida. – e o tigre chega perto dele, o fazendo baixar os olhos e o focinho. – Eu quero que você jure lealdade ao Celeste, quero que se faça servo dele até os seus últimos dias, já que preferiu ele ao seu reino, que o sirva como um escravo.

— Não. – respondo, mesmo que não seja comigo.

— Sim. – Tsaida retruca.

— Não! – e é a minha vez.

— Sim, Ihirihe! Franklyn. Eu aceito. – com o olhar voltando ao seu superior, ele estende a mão. – Assim que o Celeste me ensinar cento e noventa e duas coisas, uma coisa nova por dia, por seis meses, eu vou me exonerar e me submeterei a ele como seu escravo. Juro, e que o deus Allrum seja testemunha desse pacto.

Então, cada um dos dois felinos agarram o braço um do outro. Brali bufa, quase parecia mostrar os dentes.

— Filha da puta.

 

 • ────── ✾ ────── •

 

Inquieto, Tsaida observa o seu superior saindo pela tenda a fora com passos lentos. Ele falou com o guepardo mais a sós e afastados de mim, não que eu vá querer ouvir isso. O que eu sei, é que eles, de novo, passam por cima do que eu quero. Sinceramente, eu não achava que fosse terminar assim, mas, seja o que for esses costumes deles, eu não aceito.

— Eu não posso sujar o nome da minha família, me perdoe, Franklyn. – o olhar do Nanci voltando à beira da gaiola corre pelo chão até mim. – Se perdermos isso, eu vou ser culpado de pisar num legado que demorou sessenta anos pra se erguer... legado dos meus país, e dos pais dos meus pais.

— Você tá satisfeito com isso? De se foder por causa que falou a verdade?

Dizer isso traz um novo brilho para os seus olhos quando dá um pensamento feliz para si mesmo.

— O que ele me ofereceu... ele foi muito gentil, Franklyn. Eu devia estar acorrentado num poste sendo chicoteado pra todos verem. – e por isso, o guepardo segue até a sua cama de novo, onde se senta, um pouco atordoado, como eu. – Brali foi muito generoso em me deixar na posição de Dat’al Katish, de manter isso entre nós três, de me permitir continuar aqui, de poder aprender com você.

— E depois perder tudo.

— Ganhei a proteção da minha família. – não só os seus olhos, mas os seus dedos passam a dar mais atenção a caneleira que ainda tem que colocar na perna esquerda. – Ganhei seis meses pra lutar pelo meu reino, e a chance de servi-lo.

— E se eu não quiser, e se eu te ensinar e só isso. Não quero que seja escravo de ninguém. Muito menos meu. – e isso me enche a paciência. – Por que não respeitam o que eu quero!?

O susto que o guepardo toma com a minha voz alta o faz baixar os olhos no que fazia. Ele precisa de alguns segundos pra respirar lentamente antes que voltasse a me olhar do fundo dessa tenda.

— Eu vou ter que te tratar como o Siqat? – falo mais baixo, pra não deixar ele tão triste.

— Eu vou aproveitar todos os meus momentos como um homem livre. – falar isso enquanto aperta as cintas na panturrilha e tornozelo não soa tão bem. – E na hora que eu tiver de servi-lo, eu irei, não tenho medo da forma que irá me tratar. – só ai, ele para de fazer o que fazia. – Você é um homem gentil.

Batendo a pata no chão pra testar a firmeza da armadura, o guepardo se levanta e chega até o mancebo de madeira onde está todo o resto. Suas palavras me deixam em silêncio, ao menos enquanto começa a colocar o peitoral da armadura sobre si.

— Então, ele vai guardar... vai manter esse assunto entre nós?

— Sim.

Tsaida se mantem de costas pra mim enquanto coloca as duas placas a frente e atrás do peito. E a forma com que os seus dedos trabalham para apertar cada cinta e fivela são de quem já deve ter feito isso centenas de milhares de vezes.

— Brali vai te deixar continuar, como se nada tivesse acontecido?

— Sim, e ele é Aksus Brali, sempre o chame pelo título.

— Dat’al Katish Tsaida, então o meu título é Celeste, Ihirihe, na sua língua.

— É sim. Eu te dei esse título, na verdade. – os seus olhos vem por cima do ombro, junto a um balançar de cabeça sutil. – Você gostou?

— Mentiria se dissesse que não.

— Eu te ensinei uma coisa hoje, que tal começarmos? – virando-se todo pra mim, ele arruma as últimas três cintas pelos lados, na altura das últimas costelas.

— Eu estou quarenta e oito ensinamentos a sua frente, enquanto, me ensine quarenta e sete se quer ficar igual.

— Realmente. – assentindo, ele parece conferir cada parte da sua vestimenta. – Acho que vou ter muito a ler então.

— O pescoço de uma girafa tem o mesmo número de vértebras do que o seu.

Falo a esmo para a sua surpresa e de suas orelhas pequenas e redondas. Sua mão até toca a própria nuca, realmente chocado por algo tão simples.

— Eu vou te dar esse voto de confiança... mas, nunca mais decida coisas por mim. Esse pacto foi sua anistia pacífica, só esqueceu de perguntar se eu aceito esse pacto.

Dizer isso é como voltar num assunto que já estava cicatrizando, só que, acho importante deixar bem claro.

— Farei de tudo pra garantir que isso nunca mais aconteça, Celeste. Mas, eu te peço com todo o coração que aceite esse pedido egoísta meu. Prometo que vou fazer valer a pena, não só na minha futura servidão. – dizer isso o faz confuso. – Esse será meu pedido de desculpas atrasado pra valer uma vida toda. Eu ferrei a sua, nada mais justo ferrar a minha ainda mais.

— Não faz sentido discutir isso, eu não posso negar isso, por que eu quero te ajudar nisso mesmo... só, como disse, que essa seja a última vez.

Por isso, ele coloca a mão sobre o peito e baixa a cabeça.

— Eu, Dat’al Katish Tsaida, juro que vou proteger os seus interesses e desejos como se fossem os meus. E, por favor, aceite o meu pacto, me ensine cento e quarenta e cinco coisas e me permita servi-lo como seu.

O número baixou, e não só isso, não é só uma questão de ele saber contar, ele realmente tá focado nisso.

— Tá... eu vou aceitar isso, Dat’al Katish Tsaida. – seu grande filho da puta. – Daqui a seis meses voltamos a esse assunto, tá bem?

— Eu vou cuidar dos meus afazeres. – por isso, ele bate os calcanhares. – Nos veremos à noite, celeste?

— Hm... eu acho que vou dar uma caminhada pela noite, não sei. – brinco.

Com uma mesura simples e uma aura contente, ele apenas torna a limpar seu pêlo com alguns tapinhas, principalmente nos joelhos e cauda.

— Adoraria te acompanhar, então.

Talvez ele não acredite tanto nessa brincadeira, digo, um de nós adoraria que fosse isso fosse verdade.

— Até lá então. – aceno pra ele.

E recebo de volta, com os seus dedos balançando pra mim, como eu fiz na primeira vez que nos vimos. Não consigo deixar de ter um sorriso pequeno no rosto. Ele realmente se lembra, realmente me ouviu.

O guepardo segue então pra fora, rumo a entrada da tenda que já tem a luz da manhã mais intensa e amarela. Dá até pra notar como baixa as orelhas pela claridade e leva a mão para frente, pra afastar o pano escuro um pouco mais, só que, eu noto.

— Tsaida, tá sem as sandálias. – curioso, o Nanci vira o rosto pra mim.

— O quê?

— Está descalço. – aponto para as suas patas que ainda tocam o tapete. – Acho que é importante.

— Ah, sim é! Obrigado.

Girando a cabeça ao redor de si ele procura seus calçados, próximos a sua cama, postos um do lado do outro ele as encontra e consegue de volta. Tsaida se senta na sua cama de novo, e ali começa a calçar suas patas enquanto passa um olhar curioso pra mim duas ou três vezes por momento.

— Só é permitido oficiais do exército andarem calçados, é nosso símbolo de superioridade aos demais. Não só o meu colar de Dat’al Katish... – junto comigo, ele nota que também esqueceu isso. – Meu... nosso povo costuma precisar dessas diferenças pra se lembrarem de quem manda e quem obedece.

— Como acha que eu me coloco nessa hierarquia?

Logo que bota a pata no chão e estica os dedos grandes por entre o couro das sandálias, o guepardo parece também se fazer essa pergunta.

— Você seria algo como um diplomata, é... acho que esse seria seu posto, como um sub oficial. – dando de ombros, ele parte para o outro calçado. – Vou colocar isso na reunião de hoje, mas, se eu não esqueci de nada...

E ele fala disso apontando ao seu colar exuberante de joias bonitas e símbolos exóticos sobre a mesa. Tsaida veste aquilo como se fosse uma coroa real, é indistinguível daquela felicidade de comprar um carro novo ou jogar seu jogo favorito.

— Agora sim? – sou eu quem pergunta.

— Te vejo pelas paliçadas. – apontando pra fora com o focinho ele torna a chegar até a porta da tenda.

— Tá bem.

Ele vai, e só aí me toco que não perguntei, pra onde caralhos foi o Siqat?


Notas Finais


Pse... bagulho fico bem loko!!! Hihiihihihihi


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