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História As Princesas Perdidas - Sonhos


Escrita por: Emotsii

Notas do Autor


Olá!!! Fico feliz que você, querido leitor, tenha ficado interessado o suficiente pela fic a ponto de chegar até aqui, muito obrigada mesmo por isso! E espero que gostem <3

- Sinopse por Clenery Aingremont (Perfect Design).

Capítulo 1 - Sonhos


   O castelo estava em chamas. Os muros estavam caídos e poucos soldados continuavam em pé. Mas os poucos que restavam lutavam com bravura contra os monstros da Feiticeira, mesmo sabendo que o destino que os aguardava era o mesmo dos outros. Isabelle engasgou com a fumaça que lhe queimava tanto a garganta, que dificultava sua respiração. Seus sapatos afundavam no barro enquanto corria das labaredas que tomavam o castelo, a saia do vestido arrastava no chão, fazendo-a tropeçar nas dobras de tecido. Ela subiu as escadas da torre leste até o corredor de seu quarto, onde havia uma passagem secreta que levava aos túneis embaixo do castelo que, por vez, levariam para a floresta. Um lugar seguro, longe dos monstros.   

   Ela correu até as portas de carvalho de seu quarto, deixando pegadas enlameadas no corredor. Seu quarto estava revirado de ponta a ponta, todos os seus livros feitos em pedaços e jogados pelo chão, seus vestidos espalhados pelo cômodo, um dos sustentos do dossel de sua cama estava quebrado e seus lençóis de cetim estavam rasgados. Isabelle avançou até o guarda-roupa, mas antes que pudesse chegar lá, uma lâmina atravessou sua barriga. Sentiu vontade de vomitar, mas quando o fez tudo que saiu foi sangue. Desabou no chão e tentou parar o sangue que jorrava da ferida, mas suas mãos trêmulas não davam conta. Ela avistou botas pretas se aproximando, estava meio inconsciente, mas sentiu alguém arrastando seu corpo para algum lugar, então tudo ficou escuro.

 

   Isabelle acordou suando frio, seu pijama estava encharcado, fios de cabelos estavam grudados em seu rosto. O sol entrava lentamente pela janela do dormitório, ela olhou ao redor e percebeu que era a única acordada. Levantou da cama e abriu silenciosamente seu baú, retirando de lá seu uniforme do orfanato. Andou até o banheiro e aproveitou ser a única acordada para tomar um banho demorado e relaxante. Não era a primeira vez que tinha aquele sonho, e sabia que não seria a última. Esse pesadelo estava a atormentando desde que fizera dezesseis anos, há dois meses. Era sempre a mesma coisa, ela fugia do fogo, corria até seu quarto e alguém enfiava uma espada em seu estômago.

   Depois do banho, ela vestiu o uniforme e voltou para o quarto, onde algumas meninas já haviam levantado e andavam sonolentas até o banheiro. Colocou sua camisola na pilha de roupa-suja ― que ela mesma teria que ajudar a lavar mais tarde ― e subiu as escadas do beliche, onde encontrou Alexa ainda dormindo.

― Acorde! Vamos, Alex! – falou Isabelle balançando os ombros da garota. – A Sra. Dyavolski vai chegar daqui a pouco e se você não estiver pronta ela vai te castigar!

― Deixe-me dormir. – murmurou Alexa abafando as falas da irmã com o travesseiro.

― Você já dormiu o suficiente!

   Mas sua irmã mais velha continuou ignorando-a. Isabelle invejava a capacidade de a irmã dormir sem ter pesadelos. Soltou um demorado suspiro antes de descer as escadas do beliche e deitar novamente em sua cama.  Ela encarou o estrado da cama de cima e partes do pesadelo voltaram a sua cabeça. Fechou os olhos com força tentando impedi-los, mas eles continuavam lá, eram como memórias. Realmente parecia que ela havia mesmo vivido aquilo. Pouco antes de abrir os olhos, avistou um leão andando até ela de forma majestosa e ouviu seu rugido, que foi abafado pelo barulho da porta batendo com força na parede do dormitório.      

   Isabelle abriu os olhos rapidamente e levantou da cama com um pulo. Percebeu que a irmã já havia saído da cama e provavelmente estava tomando banho. A Sra. Dyavolski andava entre as fileiras de beliches segurando com força sua boa e velha palmatória na mão direita. O barulho de seus saltos ecoava pelo grande cômodo, causando arrepios em todas as meninas. De alguma forma, o uniforme bizarro de diretora que ela usava deixava-a com uma aparência ainda mais durona e assustadora. As meninas que já haviam passado pela vista da Sra. Dyavolski retiravam-se do dormitório com uma expressão de alívio no rosto.

   Quando faltavam apenas duas meninas para a vez das irmãs, Alexa chegou correndo silenciosamente com os cabelos pingando e o uniforme um tanto amassado. A diretora parou na frente das meninas e curvou seus lábios no que elas imaginaram ser um sorriso.    

― Srta. Beaumont. – falou a mulher rispidamente. – Percebi sua ausência quando cheguei. Estou correta?

   Alexa continuou impassível e encarou os olhos azuis e frios da diretora.

― Sim, senhora. – concordou mecanicamente. 

   O sorriso da Sra. Dyavolski expandiu-se e seu olhar desceu até a mão direita da menina. Alexa estendeu o braço sem demonstrar nenhuma emoção e esperou a ardência já conhecida da palmatória atingindo sua mão com força.

 

   Cinco minutos depois, as irmãs Beaumont andavam pelo corredor a caminho do refeitório enquanto Isabelle reclamava sem parar e Alexa massageava levemente a palma da mão que ainda formigava um pouco.

― Ela é um pesadelo! – grunhiu Isabelle. A irmã apenas concordou com um aceno de cabeça. – Não vejo a hora de sair daqui! Apenas mais oito meses, faltam apenas oito meses. – seu olhar pousou sobre a palma vermelha da irmã. – Está doendo muito?

― Não. É apenas um formigamento. – falou Alexa, um tanto avoada. – Nada comparado a uma queimadura ou um ferimento de espada... – assim que ouviu a irmã dizendo isso, Isabelle paralisou e a fitou, com uma chama de esperança em seus olhos. Sabia que era egoísmo desejar que a irmã estivesse tendo os mesmos pesadelos horríveis que ela tinha, mas não conseguiu evitar. Alexa estava com as sobrancelhas franzidas e parecia avaliar as palavras que havia dito. – Não sei por que falei isso. Foi uma comparação estranha, esqueça.

   As chamas se apagaram nos olhos da mais nova tão rápido como quando haviam aparecido e ela assentiu silenciosamente, enquanto as duas continuavam andando até o refeitório.

   Quando atravessaram as pesadas portas de madeira todos os olhares voltaram-se para as duas e as acompanharam à medida que andavam até a cantina. Sr. Roy, o Rabugento – como elas o haviam apelidado anos atrás, quando eram crianças – entregou seus pratos e elas os colocaram sobre suas bandejas, Alexa pegou um cacho de uvas e Isabelle um pouco de pudim.

   Elas viraram-se para as mesas e perceberam o movimento de todas as meninas disfarçando os olhares.

― Ali tem uma mesa vaga.

   Alexa apontou para uma mesa no canto perto das janelas, as duas andaram até ela e sentaram-se. Terminaram o prato ainda sentindo olhares sobre elas, e Isabelle se perguntava se devia comentar alguma coisa com a irmã sobre seus sonhos.

― Então, Alex. – falou Belle depois de um tempo, pegando uma das uvas da irmã. – Sobre o que você falou antes... – Alexa tirou os olhos de suas uvas e fitou a irmã com uma expressão curiosa. – Sobre um ferimento de espada, eu estava pensando...

― Não tem nada para pensar. – Alexa a interrompeu. – Foi um comentário inapropriado e sem importância.

― Mas é importante para mim. – Isabelle olhou nos olhos da irmã. – Porque desde o meu aniversário eu fico tendo esses sonhos horríveis onde sou assassinada! Acontece toda vez que eu fecho meus olhos, e se você também estiver tendo esses sonhos... – ela abaixou o tom de voz para um sussurro fraco. – Eu preciso saber... Porque parece que estou enlouquecendo.  

  Alexa desviou o olhar para a janela, não querendo ter que encarar a irmã. Ela sabia que cederia no momento em que olhasse em seus olhos, nunca conseguiu esconder nada de Isabelle. Mas também sabia que assim que falasse a verdade, tudo ficaria muito mais real. E isso não era algo para o qual ela estava preparada.

  Por fim, a morena olhou novamente para a irmã, que tinha os olhos azuis aguados e aguardava por sua resposta.

― Então nós duas somos loucas. – respondeu em um sussurro.



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