No tapete próximo à lareira, estamos nós ainda deitados com os corpos completamente descobertos. Levanto a cabeça que estava sobre o seu peito e tomo pouca distância. Apoio o cotovelo no chão, ponho a mão no rosto e fico a admirá-lo. Ver aquele corpo nu sob a luz da lareira. Sua pele toma um tom levemente dourado pela luz das chamas. Seus cabelos escuros, úmidos pelo suor. Seus olhos, nariz, lábios. Os traços perfeitos do seu maxilar e queixo. Aquele pescoço que me atiça. Poderia facilmente emoldurar aquela visão e comercializar como uma obra de arte valiosa. Aquele homem lindo, com um beijo maravilhoso e que faz um sexo tão gostoso poderia ser real?
[Th] – Que foi? Porque tá me olhando assim? – Pergunta ele com um sorriso de canto.
[S/n] – Você é real? É mesmo humano?
Ele sorriu.
[Th] – Não sei... talvez não. Talvez eu seja um alienígena.
[S/n] – Alienígena? – Pergunto sorrindo.
[Th] – Sim. Você acredita em aliens?
[S/n] – Não sei. Nunca pensei sobre isso.
[Th] – Eu acredito. Acho meio egoísta da nossa parte pensar que só existe seres aqui na terra. Porque a terra pode ser habitada e outros planetas não?
[S/n] – É. Faz sentido.
[Th] – Na verdade eu acho que os seres extra-terrestres também devem se perguntar se a Terra é habitada. Com isso acho que todos os planetas e galáxias tem seus próprios seres. Então, eu acredito em aliens. Será que eles acreditam em humanos?
[S/n] – Que conversa mais aleatória pra se ter depois do sexo.
Ele exibiu seu sorriso quadrado.
[Th] – É. Acho que somos um pouco aleatórios.- Ele distribui alguns selinhos em meus lábios, depois se veste, se levanta e traz alguns edredons.
[Th] – Vai, se veste, quero te mostrar uma coisa.
Após vestida, ele me embala em um dos edredons e me leva até a porta da casa.
[S/n] – Aonde você quer me levar a essa hora da madrugada?
Ele então abre a porta e tenho a visão espetacular de uma paisagem coberta pela neve. Ainda era possível ver flocos de neve caindo.
[S/n] – Uaaauu! – Levo as mãos ao rosto. – Nossa, que lindo!
Ele me olha sorrindo, satisfeito com minha felicidade ao ver a neve. Também embalado em um cobertor, ele me abraça por trás e juntos olhamos aquela paisagem.
[Th] – Então... Posso dizer... que... você... é minha namorada? – Diz hesitante próximo ao meu ouvido.
Me viro de frente para ele
[S/n] – Tá me pedindo em namoro?
[Th] – É.. - diz desviando os olhos de um jeito estranhamente tímido
[Th] – Desculpa não ter preparado isso melhor com flores, anel... coisas assim...
[S/n] – Não precisa nada disso. Achei fofo. Claro que quero ser sua namorada – O abraço apertado.
[Th] – Quero assumir nosso relacionamento.
[S/n] – Sim. Mas vamos continuar mantendo o profissionalismo no nosso ambiente de trabalho.
[Th] – Na frente deles sim – ele diz, rindo de um modo safado.
(...)
Depois de um tempo, voltamos para dentro e vamos para o quarto dormir. Deitados na cama de frente um para o outro nos abraçamos, nos aquecendo naquela noite fria.
[Th] – Mesmo se o Sr Hoffmann optar por não fazer a exposição, pra mim essa viagem já valeu muito a pena.
Olho para aqueles olhos com ternura.
[S/n] – Tenha certeza que pra mim também.
[Th] – O fato de você estar aqui comigo, me faz esquecer as minhas preocupações. Eu nem me sinto mais preocupado sobre isso.
[S/n] – Tenho esse poder? – Pergunto sorrindo
[Th] – É, você tem. – Beija minha testa.
Nós então adormecemos. Ao amanhecer, acordo com o som de um celular tocando. Ainda sonolenta, observo o Taehyung encerrar a ligação com uma expressão de surpresa.
[S/n] – Era o Sr Hoffmann?
[Th] – Era.
[S/n] – E ai? Ele decidiu?
Ele me olha e lentamente esbouça um sorriso.
[Th] – Ele vai seguir com a exposição.
[S/n] – Sério? Ai que ótimo!
Ele comemora fechando os olhos fazendo uma de suas dancinhas inusitadas me fazendo rir.
[S/n] – Fico feliz que tenha dado certo.
[Th] – Acho que você me traz sorte. Obrigada por vir comigo.
Envolvo os braços em seu pescoço e o beijo.
[Th] – Vou ligar pro pessoal da galeria pra dar a notícia.
[S/n] – Uhum. Faz isso.
(...)
Encerrada a ligação.
(...)
[S/n] – Quero muito dar um passeio na cidade, mas tô tão cansada. E com esse frio absurdo me dá uma preguiça de sair daqui. Acho que vou ficar mais um pouquinho aqui na cama.
[Th] – Tá bom. Descansa mais um pouco. Eu vou fazer mais algumas ligações, depois faço algo pra gente comer.
[S/n] – Tá bom.
Volto a dormir e acordo horas depois. Com os cabelos envoltos em um coque improvisado e enrolada em um edredom vou até a cozinha buscar algo para comer. A mesa estava posta com o café da manhã feito pelo Taehyung. Tinha frutas, pães, queijo. Checo o café na chaleira, percebendo que o mesmo já estava frio.
[Th] – Não te aconselho tomar isso. Foi a primeira vez que fiz e pelo tempo, se podia estar ruim, agora com certeza está bem pior. Tem suco na geladeira.
[S/n] – Ok.
Vou até a geladeira pegar a jarra de suco e encho um copo, voltando à mesa.
[S/n] – Obrigada pela refeição. Tô morrendo de fome.
[Th] – Você sabe que já passou da hora do almoço né?
Olho surpresa para o relógio na parede da cozinha. Já era 16h00 da tarde.
[S/n] – Meu Deus do céu, dormi tanto assim?
[Th] – Sim. Já já é hora do jantar.
[S/n] – Desculpa, você já deve tá com fome de novo. Você almoçou?
[Th] – Eu tava ocupado, mas comi algumas coisas.
[S/n] – Vou preparar algo pra você. – Levanto em um impulso.
[Th] – Nada disso. – Com as mãos sobre os meus ombros ele me conduz a sentar de volta na cadeira - Tô bem, não to com fome. Você é quem tem que comer. Relaxa. Come aí, mais tarde a gente faz algo pro jantar.
[S/n] – Tá bom. E então? Conseguiu falar com o pessoal da galeria?
[Th] – Sim, eles ficaram aliviados. Agora podem dar seguimento às coisas da exposição. Eu também fico aliviado por eles. Se dedicaram tanto desde o inicio da proposta. Ficaria muito sentido por eles se tivéssemos de cancelar.
[S/n] – Acho tão legal como você se relaciona com sua equipe. Como eles te respeitam e te admiram.
[Th] – Sim, a Singularity é como uma segunda casa pra mim.
[S/n] – Desculpa a pergunta, mas... é que você é tão jovem. Como se tornou galerista? É uma espécie de herança de família?
[Th] – Herança? Não. Não sou de família rica assim. Na verdade existe toda uma história na criação da Singularity.
[S/n] – Sou toda ouvidos.
Ele sorri.
[Th] – Então... Meio que é parte da minha história também. Assim como você me formei na faculdade de Artes visuais. Meu objetivo inicial era ser fotógrafo. Mas queria trabalhar no ramo das artes, com fotografia minimalista, fazer exposições, coisas assim, mas não deu muito certo. Como você sabe, esse tipo de arte é pouco valorizado aqui no Brasil e eu não tive muitas oportunidades. Então, como precisava de grana, passei a trabalhar como fotógrafo de eventos, ensaios. Não era o que eu queria, mas era o que podia fazer na época. Daí depois de um tempo, eu recebi o convite do meu melhor amigo pra trabalhar em uma das galerias que a família dele abriu aqui no Brasil. Comecei como marchand e depois passei a ser o curador. Só que aí a família dele precisou fechar a galeria aqui no Brasil por questões administrativas. Ele então me chamou para ser Diretor da galeria dele lá na Coreia do Sul, a Serendipity.
[S/n] – Você voltou pra Coreia?
[Th] – Sim. No início hesitei um pouco porque não imaginava ter que voltar pra Coreia tão cedo. Mas eu sabia que aquela era uma oportunidade de ouro que ele estava me dando, então decidi ir. Atuei como diretor da Serendipity e acabei pegando gosto por essa parte de gestão. Fiquei lá por alguns meses. Foi um pouco difícil me readaptar porque lá na Coreia tudo é bem diferente daqui. Embora eu tivesse feliz profissionalmente, sentia que fui pego de surpresa em ter que mudar minha vida assim, voltando a morar lá. Então eu ficava naquele conflito de sentimentos. O Jimin sempre foi muito sensível e sempre se preocupou muito comigo. Não é a toa que somos melhores amigos. Ele então propôs me ceder o espaço que tinha sido da galeria da família dele aqui no Brasil para que eu pudesse ter minha própria galeria. Ele sabia que eu não tinha recursos na época, então usou toda sua influência como galerista para me ajudar. Ele usou contatos, me ajudou com recursos. A família dele é bem influente e poderosa nesse ramo. Mesmo com toda essa ajuda, foi bem complicado no inicio. Achei que iria falhar e acabar tendo que abrir mão de tudo, mas graças à equipe conseguimos persistir e ter sucesso. Eles me ajudaram muito desde o inicio. Chegaram a trabalhar por meses sem receber até conseguirmos nos estabelecer no ramo e ter um retorno financeiro. Eles viam que eu tava dando o meu melhor, não só por mim, mas por todo o esforço do Jimin em me ajudar. Essas pessoas foram e são muito importantes pra mim, por isso eu os valorizo tanto. O Jimin é um verdadeiro anjo em minha vida. Posso dizer que a Singularity foi um presente dado por ele. Eu o admiro muito como ser humano. Fui totalmente influenciado pela gestão dele na Serendipity e tenho isso como exemplo.
[S/n] – Nossa, não imaginava que tinha sido assim.
[Th] – Pois é. Sou muito grato às pessoas que cruzaram meu caminho e me ajudaram a me tornar um ser humano melhor e a conquistar tudo que conquistei até então. Na época fui muito criticado, surgiram até rumores de que eu e o Jimin tínhamos um caso, pelo fato dele ter me ajudado tanto com a Singularity.
[S/n] – Mentira! Jura? Achavam que vocês eram gays?
[Th] – Sim. Rolava todo tipo de fofoca. As pessoas não estão acostumadas a sentimentos genuínos dentro de uma amizade.
[S/n] – Nossa...
[Th] – Eu até me sentia inseguro com relação à galeria. Me perguntava se era certo, se eu era merecedor de tudo aquilo. Aqueles comentários me faziam acreditar que eu não tinha mérito algum sobre a galeria. Como se eu fosse um interesseiro que tinha recebido tudo de mão beijada sem fazer esforço. Isso me deixou mal por um tempo. Até que recebi apoio de todos os que estavam comigo e eles me fizeram enxergar todo esforço que tive pra conseguir chegar onde estamos hoje. Tudo que enfrentei dia a dia antes da gente conseguir se estabelecer no mercado. Então, eu entendi que as pessoas só veem o que querem ver. Independente do que a gente faça, sempre vai ter quem critique, quem fale coisas maldosas ao nosso respeito. Ao invés de se preocupar com esse tipo de gente, temos apenas que ser gratos por aqueles que estão sempre conosco, nos ajudando e nos apoiando e dar nosso melhor.
[S/n] – Sim, verdade. Você tem toda razão. E é por isso que sua equipe te admira tanto, tenha certeza. E agora você ganhou mais uma admiradora.
Ele sorri pra mim.
[Th] – Bom... Vou tomar um banho. Por falar nisso, o que você acha da gente usar aquela banheira?
[S/n] – A gente? Que proposta indecente é essa?
[Th] – Ok. Desculpe. Vou indo então... sozinho. – Diz de um jeito dramático.
[S/n] – Tá, vai lá. – Digo, fingindo não me importar.
Aguardo alguns minutos e entro em seguida no banheiro. Ele já havia ascendido à pequena lareira que ficava próxima a banheira. Estava sentado com parte do corpo imerso na água. Ele mostra um sorrisinho de lado ao me ver entrar pela porta.
[S/n] – Só vim escovar os dentes. - Digo fingindo não dar importância a presença dele ali.
Escovo os dentes percebendo seu olhar sobre mim. Ao terminar, olho em direção a janela ao lado da banheira que estava com a cortina aberta. [ver foto de capa do capítulo].
[S/n] – Você vai acabar sendo preso por obscenidade.
[Th] – Não tem ninguém lá fora. Mas, tem razão. Acho melhor você vir fechar as cortinas.
[S/n] – Eu?
[Th] – Sim.
Eu então me aproximo. Subo os pequenos degraus de pedra onde está acoplada a banheira e estendo os braços para fechar as cortinas da janela.
[Th] – Eu te ajudo.
Ele então se levanta na banheira e fecha as cortinas. Com o corpo completamente nu, se aproxima de mim de uma forma provocativa e se senta de volta na banheira me olhando de forma sexy. Eu sabia que não tinha condições de resistir àquele joguinho. Nem que eu quisesse. Tirei minhas roupas e entrei naquela banheira, sentando em seu colo de frente pra ele. Ele desfez o coque em meu cabelo, deixando-os soltos. Aproximamos nossos lábios e nos beijamos. Com uma das mãos entrelaçada em meus cabelos, ele intensificou o beijo, mudando de ângulo, contornando com a língua no interior da boca num deleite de sensações, enquanto deslizava a outra mão sobre minha coxa. Percorreu aqueles lábios até meus seios os beijando. Dessa vez eu é quem emaranhei meus dedos naqueles seus cabelos molhados. Me segurando pela cintura, ele me encaixou em seu membro ereto. Eu descia e subia lentamente, contemplando em sua face suas expressões de prazer, gemendo e mordendo os lábios. Ele segurava firmemente meu quadril, e conduzia a ir mais rápido naqueles movimentos, expressando cada vez mais excitação até o êxtase.
Eu sentia estar vivenciando com ele cada uma das minhas fantasias. Tudo que eu sempre quis ter, com alguém que me fazia sentir tão amada, desejada. Eu estava completamente apaixonada. Queria que aqueles nossos momentos durassem para sempre. Eu e ele. Nós.
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