História As Quatro Estações Para o Amor - Temporada 01 - Capítulo 24 - Outono: Setembro

— Nami, você está bem? — Luffy perguntou, preocupado.

Eu não conseguia lhe dar uma resposta, minha garganta estava impedida, por um nó que se formou na mesma.

Bem ali, na minha frente, estava o motivo das minhas crises, dos meus pesadelos, dos meus traumas.... Eles continuavam os mesmos: Carina com seu cabelo roxo e olhos azuis, sempre com a áurea de divertimento pairando sobre ela; Kid também não mudara nada, cabelo vermelho bagunçado para dar o ar despreocupado e olhos pretos.

Os dois pararam de me olhar e começaram a analisar o Luffy, e o sorriso que estava no rosto do Kid se transformou em uma expressão de descontentamento.

— O que você está fazendo relando na minha garota? —  Ele perguntou, irritado.

— Luffy! — O chamei. — Vamos sair daqui, por favor.

Ele parecia um pouco confuso, mas assentiu e ignorou o Kid. Luffy me pegou nos braços e saímos dali, enquanto eu ouvia o Kid gritar e a Carina tentando o acalmar. Antes que chegássemos ao pátio, as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto e isso foi o suficiente para o Luffy parar de andar e ficar parado.

— Por que ele está aqui?!  —  Eu perguntei, irritada com tudo ao meu redor. — Por que aquele imbecil precisava vir atrás de mim?!

As lágrimas começaram a ficar mais intensas. Eu não conseguia acreditar que aqueles dois estavam ali, não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Eu apenas queria que tudo fosse uma mentira.

— Nami... — sussurrou com tristeza. Luffy! Ele ainda me segurava nos braços e me olhava com preocupações.

— Pode me colocar no chão, Luffy  — murmurei.

— Você tem certeza?

Assenti e ele logo me colocou no chão. Passei a mão pelo meu rosto, tentando limpar as lágrimas que caiam com intensidade por ele. Como eu odiava isso, como odiava me sentir tão...fraca. 

— Eu vou no banheiro, Luffy. Encontro você com o pessoal.

Antes que eu pudesse dar um passo, senti os braços dele envolverem a minha cintura e me puxar para perto do seu corpo. Por causa disso, meu coração começou a bater rapidamente fora de compasso. Percebi que eu não queria que ele me soltasse, queria ficar ali com ele. Com Luffy.

— Luffy...

— Tudo bem, Nami. Vai ficar tudo bem — Ele disse ao pé do meu ouvido. — Você não precisa chorar.

Eu não preciso chorar? Como pode dizer isso, idiota! Claro, é bem fácil para ele dizer essas coisas quando não sabe de nada! Sim, Luffy não faz ideia de nada e está muito enganado se pensa que é pouca coisa!

— Vamos comer, Luffy.

— Mas...

Me soltei dele e o olhei com um pequeno sorriso. Isso, continue sorrindo, Nami. Eles não têm que notar o que você sente.

— Está tudo bem. Não se preocupe.

Ele não parecia muito convencido com aquilo, mas não teve tempo de dizer nada, pois alguém bateu em suas costas e foi com tudo para o chão. Olhamos para ver quem era e encontramos a aluna nova que se atrasou hoje. Rebecca, estava no chão juntamente com o seu lanche.

— Está tudo bem? —  Luffy perguntou e estendeu a mão para ela.

Ela abriu os olhos e ficou olhando para a mão estendida do Luffy. Depois de um tempo que me pareceu ser uma eternidade, Rebecca aceitou a ajuda e o moreno a puxou para cima.

— Sinto muito, eu não vi você — Rebecca falou meio sem jeito.

— Tudo bem. Mas acho que agora você não tem mais lanche — comentou o moreno, apontando para baixo. Rebecca olhou para o chão, onde o seu lanche estava espalhado.

— É, pelo jeito sim.

Luffy ficou olhando a garota por um tempo, até que milagrosamente ele teve uma ideia.

— Que tal se você vir lanchar com a gente? Sanji faz uma comida deliciosa, tenho certeza que você vão adorar!

— Mas eu não quero ser um incômodo.

— Você não vai ser...

— Rebecca — Ela falou, sorrindo minimamente.

— Eu sou o Luffy e essa aqui é a Nami!

— Muito prazer, Rebecca! — falei.

Ela sorriu para mim e logo já estávamos andando em direção do pátio, onde os alunos estavam reunidos com seus amigos, como sempre os nossos amigos estavam embaixo de uma árvore reunidos e comendo, assim que chegamos todos olharam para a Rebecca, que ficou um pouco envergonhada.

- Pessoal essa aqui é a Rebecca, eu convidei ela para lanchar com a gente!- Luffy falou todo animado.

Sanji rapidamente começou a cortejar a garota, que estava sem graça, eu me sentei ao lado da Robin, que me olhou por um tempo.

- Quer conversar? - Ela perguntou. - Seu rosto está um pouco inchado.

- Eu estou bem, Robin. - Falei, não querendo prolongar aquele assunto.

Ela não acreditou muito na minha resposta, pude perceber, porém não insistiu muito no assunto.

Assim que o intervalo terminou, eu, Robin e Rebecca fomos para o vestiário feminino, onde iríamos nos trocar para a aula de Educação Física.

Mal entrei no vestiário e dei de cara com a pessoa que eu menos queria ver, Carina estava ali usando o uniforme da aula, enquanto prendia o cabelo em um rabo de cavalo.

- O que está fazendo aqui, Carina? - Eu perguntei sentindo a irritação na minha voz.

Ela parou de arrumar o cabelo e me olhou com um sorriso de lado.

- Eu estudo aqui, Nami. - Ela disse como se não fosse nada. - Aliás é tão bom te ver, my friend.

Ela se aproximou de mim com os braços abertos e aquele gesto me fez sentir tanta raiva dela.

- Fique longe de mim, Carina. - Eu falei cruzando os braços.

Ela deu risada e colocou as mãos na cintura, para mostrar que aquilo não havia lhe afetado, o que provavelmente é verdade, Carina só se importa com ela mesma e com seus desejos.

- Você mudou bastante, nos últimos dois anos, Nami. - Ela falou me analisando. - Kid está com saudades de você.

- Dane-se aquele idiota! - Falei aumentando o meu tom de voz.

- Ele não vai gostar de ouvir você chamando ele assim.

- Eu não ligo, Carina! Por que vocês não vão embora e me deixam em paz?!

- Por quê? Simples, Kid te quer de volta, então viemos atrás de você!

Ele me quer de volta? Isso é ridículo!

A porta do vestuário foi aberta e uma das garotas da minha sala, apareceu ofegante.

- Os meninos estão brigando! - Ela falou séria.

- Quem está brigando? - Robin perguntou.

- Luffy-san e um menino novo da outra turma.

Robin e eu nos entre olhamos e corremos para fora do vestiário e vimos uma gritaria no corredor, enquanto havia uma roda de pessoas, tentei entrar no meio dessa roda, porém foi um pouco complicado, demorei certo tempo até conseguir me espremer pelas pessoas e encontrar o Luffy e o Kid se olhando com raiva. O moreno estava com um pequeno corte no canto da boca, enquanto o ruivo estava com o olho direito inchado e um corte na bochecha.

- Você pode falar o quanto quiser. - Kid disse. - Mas no final será a mim que ela vai escolher, Nami sempre irá me escolher!

Oi? Eu sempre vou escolher ele? Isso só pode ser brincadeira, Kid só pode estar louco, por que eu o escolheria? Por que eu voltaria para o idiota que bebeu naquela noite e.... E fez o mundo que eu conhecia virar de ponta cabeça!

- Ela é minha! - Luffy falou irritado. - E eu não vou deixar que você fale aquelas coisas dela!

- Não vai é? - Kid deu uma risada baixa. - Mesmo sendo verdade?

- Não são verdades, Nami nunca faria nada daquilo!

- Parece que você não conhece a Gata Ladra direito. Não sabe nada sobre ela!

Gata Ladra, eu odeio do fundo do meu coração esse "apelido", ele me traz péssimas lembranças...

- Não chame, ela assim! - Luffy gritou. - Você que não a conhece!

- Nami. - Robin falou aparecendo do meu lado. - É melhor você fazer alguma coisa.

Ela tem razão, pela situação se ninguém interferir, Luffy vai acabar indo parar na diretoria e eu não acho que isso seja bom.

Me aproximei deles, que ao perceberem minha presença ali, me olharam.

- Luffy. - O chamei andando até ele. - Pare com isso, por favor.

- Ele estava te ofendendo, Nami! - O Chapéu de Palha falou me olhando. - Ele disse mentiras sobre você.

Eu não acho que sejam mentiras, Luffy.

- Mentiras? - Kid falou dando risada. - Por quê você não fala para esse idiota, minha gatinha. Por que não fala para ele que tudo que eu falei é verdade?

- Não me chame assim, Kid. - Eu disse sem olhá-lo. - Eu não sou mais sua.

- Não é mais minha? - Ele deu risada. - Desde quando?

- Você sabe, desde quando. - Eu murmurei.

- Sei é? Acho que eu preciso ouvir da sua boca, para eu ter certeza.

Eu não vou dizer...Ele não vai conseguir me afetar com esse papo ridículo!

- Acho que me lembrei! Se eu não me engano você terminou comigo, depois que seu pai morreu naquele acidente.

Meu coração se apertou ao ouvir ele falar sobre aquele dia, o único dia que eu queria desesperadamente apagar da minha memória.

- Luffy, por favor.

Eu o olhei com súplica e aquilo foi o suficiente para ele respirar fundo e pegar a minha mão, me puxando para algum lugar longe dali.

Kid e Carina só vieram para o Japão, para me importunar, para fazer com que eu remoa cada minuto, cada segundo daquele dia. As bebidas, os cigarros, o som auto, a chuva, a moto, o acidente e o pior de tudo meu pai morto, pela minha falta de responsabilidade!

As lágrimas que eu achei que não voltariam tão cedo, começaram a percorrer o caminho tão conhecido pelo meu rosto, enquanto o meu coração se corróia por dentro. Enquanto a culpa daquele dia voltava com uma grande intensidade.

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"No outono, a culpa novamente me dominou."