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História As Velas Mágicas - A Ameaça


Escrita por: Delecom

Capítulo 21 - A Ameaça


A polícia chegou e o diretor explicou para eles qual era a situação. O armário de Vince foi revistado. Como eu pensei, haviam lá as provas de que ele era o verdadeiro culpado. Várias ferramentas que ele utilizou para remover os parafusos do palanque e também para arrombar o armário do Leroy.

Já que este delinquente não estava mais no colégio, os policiais iriam buscá-lo em sua casa e levá-lo sob custódia. Caso não o encontrassem lá, Vince seria dado como foragido. Ele responderia por tentativa de homicídio e por tentar incriminar o Leroy. Se fodeu, trouxa.

Leroy estava tão aliviado que nem ligou para o fim do seu relacionamento. Ele entendeu que o ritual foi um erro e que o amor de Angel por ele não foi real, principalmente por causa da resposta da garota quando ele terminou. Leroy havia mandado um “Está tudo acabado” para ela lá no ginásio e Angel respondeu com um “Dane-se. Adeus”.

E foi isso. O Leroy estava a salvo. Ele decidiu ir com o Harry e a mãe deste de carro até o hospital para visitar o Marvin, visto que ainda não havia feito isso. Jenny e eu ficamos na escola, que estava quase vazia a essa altura pois a maioria dos alunos já haviam finalizado suas provas. Fiquei sentado nas escadarias porque não tinha coragem de sair. Jenny veio se sentar ao meu lado.

— Spencer disse que estaria me esperando quando eu saísse — informei a ela.

— E você está com medo de sair e encontrar ele pra... Bem. Você sabe. — Jenny agora evitava falar sobre o término para não me magoar de novo.

— Ele vai agir como se nem se importasse, não é? Igual a Ruth e a Angel.

— Não sei, Tyler. Talvez.

— Eu... Eu não vou aguentar isso, Jenny. — Droga. Lá estavam as lágrimas de novo. Por que eu tinha que ser tão sensível?

— Ah, Tyler. — Ela me abraçou. — Não importa o que aconteça, eu e seus amigos vamos te dar todo o apoio que você precisar.

Mas eu queria o Spencer...

 

Quando saí da Bridgestone finalmente, ele não estava mais lá. Era de se esperar, já que eu tinha demorado. Eu iria até a sua casa.

Então, o braço de alguém passou velozmente sobre minha cabeça e sua mão tapou a minha boca. Fui arrastado para trás com força. Não dava para gritar por socorro e eu era fraco demais para me soltar de seja lá quem estava me carregando.

Eu já estava com medo e fiquei ainda mais quando vi que estava sendo levado até um beco deserto atrás de umas lanchonetes perto da escola. Fui jogado contra a parede com violência e enfim pude ver o meu agressor.

— Vince.

— E aí, Anderson? — Seu semblante não estava nada feliz. — Sabia que a polícia está atrás de mim? E, adivinhe quem é o culpado. Seu X9 do caralho.

— Você tentou matar o Marvin e ia pôr a culpa no Leroy — joguei na cara dele. — Merece ir pra cadeia.

— Ah, é? Então, talvez, eu possa cometer mais um crime antes de ir. — Vince pegou uma barra de ferro que estava encostada na parede atrás dele.

Uma onda de pânico inundou meu coração. Eu sabia que agora não iria adiantar mais eu terminar com o Spencer. Eu estava prestes a pagar o meu preço. Não tinha para onde correr. Vince havia me colocado entre duas latas grandes de lixo. Estava encurralado. Eu só podia gritar por socorro, então fiz isso.

— Fica quieto! — Ele me prendeu contra a parede, tão veementemente que quase fiquei sem ar.

Pelo menos, eu tinha chamado atenção. Estava de dia e nos encontrávamos atrás de um estabelecimento comercial. Vince percebeu o perigo que estava correndo.

— Escute o que eu vou dizer, Anderson. — Colou o dedo indicador no meu peito. — Eu não vou descansar enquanto não acabar com a sua raça.

E, para evitar que fosse pego, foi embora, deixando-me livre.

Aquela ameaça, para mim, foi mais como se as próprias velas viessem até mim e dissessem que meu tempo estava acabando. Ou eu terminava isso imediatamente, ou... Só Deus sabe o que o Vince faria comigo. E eu achando que a Jenny quem estava me pressionando.

Não consegui me mover. Não sabia o que fazer a seguir. Logo, como se o destino quisesse tomar as decisões por mim, recebi uma mensagem no meu celular. O peguei para ver quem era. Jenny havia me mandado o seguinte:

“Tyler. O Spencer está aqui esperando por você. Ele tinha ido ao banheiro e ficou sem bateria no celular pra te avisar”.

Isso é mais um sinal, velas mágicas?

Eu não tinha muitas opções agora. Eu queria acreditar que o Spencer gostava de mim de verdade e, mesmo que não, que eu poderia continuar nosso relacionamento, por mais egoísta que isso pudesse ser. Entretanto, depois de tudo o que aconteceu, depois daquela ameaça, era óbvio que eu não podia. Meu egoísmo teria um preço alto, a não ser que eu acabasse com isso agora.

Finalmente consegui dar um passo. Depois outro, e mais outro. Andei o caminho de volta até o colégio. Pude ver o Spencer e a Jenny de longe, na portaria. Meu coração apertou.

Quando eu me aproximei perto o suficiente, Spencer bagunçou o meu cabelo.

— Qual foi, baixinho? Eu vou dar uma mijada rapidinho e você me abandona? Que tipo de namorado é você? — ele disse isso no seu tom brincalhão de sempre.

— Spencer. Preciso te dizer uma coisa. — Olhei para a Jenny. Ela entendeu que precisávamos de privacidade. Apertou meu ombro forte e depois se afastou.

— Pode dizer. — Ele me fitou com aqueles olhos azuis doces e curiosos. Olhos que me lembraram de todas as coisas que passamos juntos.

Me recordei de quando ele me pegou o espionando no vestiário. Mesmo zangado, ele parecia tão doce e inofensivo. Eu havia ficado com medo dele quando, na verdade, não era preciso. Depois, ele pegou meu celular e pediu que eu fosse até sua casa. Nós demos nosso primeiro beijo...

— E aí? — Spencer chamou minha atenção, visto que eu estava mudo.

As palavras não saíam, entretanto. Eu continuava pensando em nós. Quando eu o encontrei no telhado pela primeira vez. Ele me disse coisas incríveis e, por um minuto, achei que fosse real.

Meus olhos lacrimejaram.

— Tyler, tá me assustando.

Realmente. A expressão do Spencer agora era de total preocupação. Ele sempre se preocupava com o meu bem-estar e os meus sentimentos. Eu nunca soube dizer se esse era o jeito dele ou apenas um efeito colateral do ritual.

— Tyler! — Spencer me chacoalhou quando minhas lágrimas começaram a rolar, tirando-me do meu estado de torpor.

— Spencer — eu finalmente consegui desengasgar. — Não podemos mais ficar juntos.

Silêncio amedrontador.

Era agora. Ele ia dizer que não ligava. Que finalmente estava livre de mim. Que não tinha ideia do porquê havia aceitado ficar comigo.

Mas não foi nada disso o que ele disse.

— Que brincadeira é essa, Tyler? Como assim não podemos mais ficar juntos?

Talvez eu tivesse que ser mais claro para o ritual acabar.

— Eu quero terminar, Spencer — tentei soar o mais firme possível.

Ele me lançou um olhar incrédulo. Dessa vez funcionou?

— Terminar? — riu sem humor. — Até hoje de manhã estávamos tão bem e agora você quer terminar? Tyler, o que tá acontecendo?

Ainda não? O que eu tinha que dizer? Eu já tinha sido o mais claro possível. Fiz do mesmo jeito que Harry ou Leroy. Por que comigo tinha que ser mais difícil?

— Tyler, que droga. — Ele me balançou de novo, com ainda mais impetuosidade, como se estivesse desesperado por eu não estar o respondendo. — Me diz o que foi que eu fiz. É por que eu quero que tudo seja mantido em segredo? Se for isso, então, eu conto a todos. Não importa. Só, por favor... — Spencer hesitou. Sua respiração estava descompassada e...

Ah! Puta que pariu! Ele estava chorando!

— Por favor, não faz isso comigo Tyler — completou, já em prantos. — Por favor.

Merda, merda, merda! Eu fiz o Spencer chorar. Era a primeira vez que eu o via assim, tão indefeso e vulnerável. Eu estava preocupado que ele fosse agir como se nem se importasse, mas, ainda sim, teria sido melhor do que o assistir se debulhar em lágrimas. Meu coração se fragmentou em milhões de pedacinhos.

Será que...

Não.

Eu não podia continuar ali ou acabaria voltando atrás. Me desvencilhei dos dedos de Spencer e ele não ofereceu resistência. Ao invés disso, ele escondeu o rosto na palma das mãos para e soluçou descontroladamente.

Queria muito abraçá-lo e confortá-lo dizendo que eu só estava brincando, mas não podia. Precisava ser forte.

E, com um aperto no peito, comecei a andar.

E andei, para longe dele.


Notas Finais


Música que define este capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=XWSMd1IjFYU </3
Por motivos de eu não quero ser assassinado por certos leitores, estou fugindo do Brasil por tempo indeterminado rsrs


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