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História Asceta - Asceta


Escrita por: babybitch_

Notas do Autor


Oi amoreeeeees, td bm? Espero q ss.

Eu trouxe mais um cap pra vcs e o de hoje promete! Espero q gostem.

Boa leitura 📖😄 e dsclp qqr erro ortográfico ☺️😄

Bjoooooooooooos
😘😘😘😘

Capítulo 17 - Asceta


Fanfic / Fanfiction Asceta - Asceta

New York, 2020

Ariana voltou para dentro da escola, cheia de raiva; ecoando o barulho de seus saltos no chão, andando com pressa. Antes de alcançar as portas do refeitório, Shawn saí de lá.

-O que ele queria?- Mendes pergunta, chegando mais perto dela.

-Do que está falando?- ela o olha confusa.

-Depois que você saiu eu fui atrás pra falar com você e te vi entrando no carro de Cameron. Tem alguma coisa a ver com ele ter corrido ontem da sua festa?

As vezes um dos problemas desse casal, era notar coisas demais...

-Sim.- Ariana concorda, por fim, soltando um suspiro- Ele está querendo contar tudo pra Romena.

-Tudo, tipo tudo?

-Tudo!- exclama Ariana, se referindo as coisas que ela já viveu tanto com Cameron quanto as outras pessoas que eles já envolveram no relacionamento deles- Eu tava tentando convencê-lo a não fazer isso...

-E ele?

-Ele disse que não contaria se...- hesitou.

-Se o que, Ari?!- Shawn pergunta, desesperado.

-Se eu transasse com ele uma última vez.- confessou baixinho.

-Aquele...!- Shawn ameaçou ir na direção de onde Ariana veio; queria bater em Cameron por ele ter feito uma proposta tão indecente para sua namorada, mas Ari o impediu, colocando as mãos em seu peitoral.

-Esquece isso. Isso não vai nos ajudar na principal questão: o que vamos fazer?- Ariana fala, voltando no assunto.

-Eu não sei, não é como se a gente tivesse muita opção.- ele coça atrás da cabeça, nervoso.

Ariana mordia a ponta da unha do dedão enquanto pensava em alguma coisa. Shawn olhava para ela, na esperança que viesse alguma ideia dela e de sua própria cabeça. E ficou um silêncio mortal até que uma lâmpadazinha se acendeu na mente da morena.

-Vamos ter que dar uma adiantada nas coisas e arriscar na sorte.- ela fala triunfante e olha para o namorado, que está com uma cara de confuso- Vamos pular pro Plano Sala!

(...)

Eu sei que vocês devem estar curiosos para saber o que é o Plano Sala... Ou não. Mas de qualquer modo, ele iria acontecer naquele mesmo dia.

Faltava uma aula para o almoço, Romena estava saindo da sua de história neste exato momento. As aulas avançadas de história aconteciam no segundo andar, um andar que não tinha movimento nenhum na parte da manhã e Ariana sabia muito bem disso.

A novata foi a última a sair da sala já que se enrolou para copiar as coisas do quadro e não saiu até que terminasse. Guardou as coisas na mochila e não se intimidou pelo corredor vazio que teria que enfrentar para ir para sua sexta aula do dia.

Enquanto andava tranquilamente começou a ouvir uns barulhos. Não pareciam ser sobrenaturais, muito menos barulho de alguém limpando uma sala ou coisa do tipo. Parou no meio do corredor para tentar ouvir melhor e começou a ouvir vozes. Não, vozes não. Gemidos.

Surpresa e curiosa, Romena foi procurar a origem do barulho -o que é uma burrice, porque se estivesse em um filme de terror seria a primeira a morrer, né. Olhou pela janela da porta de uma sala, mas não tinha nada lá. Fez a mesma coisa na segunda sala, mas também não tinha nada lá.

Sorrindo, ela foi para a terceira porta, com a certeza de que era de lá que vinha o barulho, mas seu sorriso morreu no mesmo minuto que viu o que era. Ariana estava sentada em cima da mesa do professor e Shawn estava entre suas pernas, penetrando-a com força; estava de costas e apenas os movimentos de seu quadril era visível, mas ela sabia que era ele. O mais estranho de tudo era que Ariana parecia olhar fixamente para ela, com intensidade, quase que chamando-a para se juntar a eles.

E por mais doloroso e estranho que fosse, Romena não conseguia desviar os olhos daquela cena. Era completamente hipnotizante e excitante. Principalmente pelo fato de Ariana não estar nem um pouco desconfortável com o fato de ter sido pega, ainda mais por sua própria amiga. Até passou pela cabeça de Benítez que a morena fez isso justamente ser flagrada, mas ela logo descartou essa ideia.

Com a respiração falha, Romena apertou as pernas, sentido uma formigação gostosa e incomoda no meio delas. Mordeu o lábio, se imaginando ali entre eles, por um momento e quase que tocou no próprio peito para se satisfazer. Mas uma voz em sua cabeça gritou, dizendo que aquilo era um absurdo e Romena acordou para a realidade.

Minha melhor amiga e meu namorado, parece até uma fanfic!, ela pensou. Irritada, fechou a cara -Ariana viu essa mudança de humor- e saiu correndo dali, segurando as lágrimas nos olhos. Cruzou o corredor e virou bruscamente para descer as escadas quando quase trombou com alguém.

-Ah, Romena, que susto!- Tina Fisher disse, colocando a mão sobre o coração- O que está fazendo aqui?

A novata enxugou rapidamente as duas únicas lágrimas que conseguiram escapar antes de se virar para a loira e responder:

-Eu estava saindo da aula. O que você fazer aqui?

-Eu gosto de vir pra cá na hora do almoço, é silencioso e calmo.- ela responde com um sorriso. Olhou melhor para a cara da menina a sua frente e preocupada, continuou- Perai, você está chorando?

-O que? Não!- ela virou o rosto para o outro lado.

-Está sim- afirmou Tina- O que foi?

E essa pergunta fez com que Romena desabasse em lágrimas. Ela escorregou na parede até o chão e se sentou em um degrau, enterrando a cabeça entre as pernas. Tina se sentou ao lado dela -meio sem jeito já que nunca consolou alguém antes- e acolheu-a em um abraço acanhado.

-Eu sei que não somos amigas, mas... Se precisar falar com alguém, eu sou uma ótima ouvinte, sabe?- ela falou baixinho, forçando uma voz meiga.

-Obrigada.- agradeceu ela. A verdade é que ela não queria falar com ninguém sobre o que viu ou sobre o que sentiu, porém ela precisava tanto ser consolada que as palavras simplesmente saíram de sua boca- Eu vi Shawn e Ariana transando em uma das salas agora a pouco.

-Oh!- disse ela, surpresa. Sem saber que palavras certas usar, Tina se esforçou- Eu não sei por qual dos dois você tem uma quedinha, mas não tem nada que você possa fazer. Shawn e Ari namoram desde que se conhecem por gente e...

-O que?!- Romena levanta a cabeça e olha desesperada para Tina. Ela estava muito mais do que surpresa, não tinha nem palavras para descrever o quão indignada estava.

-O que? Você não sabia?- Fisher franziu o cenho e R negou com a cabeça- No entanto eles nunca esconderam de ninguém.

-Como você sabe disso? É tão nova nessa escola quanto eu!

-Todo mundo sabe!- ela falou como se fosse óbvio e, vamos combinar aqui que, realmente era- Eles tem fotos juntos no Instagram e qualquer outra rede social.

-Posso ver?- pediu Romena, enxugando o rosto, que estava ensopado. Tina olhou para ela, estranhando esse pedido- O que foi? Eu não tenho Instagram.

-Ok.- com uma cara de nojo, Tina pegou seu celular da bolsa e abriu no feed da Ariana- Aqui, tem várias fotos deles juntos.

Romena pegou o celular da mão dela e começou a descer o feed. A maioria das fotos era dela -parecendo e posando como uma modelo profissional- e algumas eram com Shawn ou de uma paisagem aleatória. Ela clicou em todas as que estavam com Shawn, se perguntando como não notara nada estranho entre os dois antes. Tipo, nessas fotos eles parecem estar tão apaixonados e felizes, como que não eram assim na frente dela?

-Você disse que todo mundo sabe que eles namoram...

-Isso.- cortou Tina, pegando seu celular de volta.

-Então por que nunca ouvi ninguém comentando sobre eles na escola?

-Porque isso já é notícia velha. Como eu disse, eles estão juntos desde pequenos, o namoro deles é tão assunto quanto a sexualidade da Lady Gaga, todo mundo já sabe. Novidade mesmo seria se eles terminassem, mas não acho que isso vá acontecer.

-Por que acha isso?- Romena pergunta.

-Porque eles são completamente apaixonados! Queria encontrar minha cara metade assim como eles se encontraram.- Tina fala, toda sonhadora. Essa resposta fez com que novas lágrimas brotassem nos olhos de Benítez- Olha, eu realmente não sei por qual dos dois você está apaixonada, mas vou te dar um conselho querida: não adianta ficar se lamentando por nenhum deles, eles são um casal e isso sempre foi assim. Nunca vai mudar.

O conselho de Tina até que foi bom... Se Romena Benítez não fosse Romena Benítez, mas como ela é, tudo o que Fisher disse foi totalmente anulado. Pena que Romena não sabe disso ainda.

-Obrigada, Tina.- R se levantou. A loira não sabia nem da metade, mas a novata não ia ficar explicando. Do que iria adiantar? Depois de tudo que ela lhe contou, Fisher não iria acreditar que a própria menina na sua frente teve um caso com Shawn- Vou usar muito desse conselho.

-Por nada, qualquer coisa estamos aí!- ela sorriu, se levantando também.

As duas se despediram e seguiram caminhos opostos. Na verdade, Romena estava destinada a matar o resto das aulas e ir para algum lugar que não precisasse ver nem a cara de Ariana muito menos a de Shawn. Correr pelo Central Park não me é má ideia, pensou quando atravessava a porta da frente da escola.

(...)

Quando Romena não apareceu para almoçar, Shawn e Ari ficaram meio preocupados. Eles tinham certeza de que o plano tinha dado certo e também tinham certeza de que ela precisava de um tempo antes de vir tirar suas dúvidas com relação ao que viu, mas ambos tinham a impressão de que esse tempo iria durar mais do que eles previram.

Já era noite quando Romena chegou em casa. Sua mãe ainda estava trabalhando, o que foi um alívio. Não queria que ela a visse com a cara toda inchada de chorar, nem perguntasse por quê ela estava toda suada.

Subiu direto para o banheiro, tirou as roupas e foi para baixo do chuveiro relaxar todos os músculos que estavam tensos, tanto pela corrida quanto pelas novidades que adquirira.

Durante todo tempo que estava correndo não pensou um minuto sequer naqueles dois, mas agora que sua mente estava vazia... Bom, é como diz o ditado, né "Mente vazia, oficina do Diabo".

Tinha algo no modo como Ariana a olhava naquela hora que a estava perturbando. Era mesmo como se ela estivesse me chamando!, divagou ela. Fechou os olhos enquanto a água quente batia sobre seu corpo, tentando se lembrar da cena.

O olhar, a maneira como Ariana não segurava Shawn e sim a mesa, as pernas abertas mais que o necessário -como se coubesse outra pessoa entre o meio delas-, o fato dela não estar nem um pouco preocupada em estar sendo observada. Tudo naquilo a incomodava, estava tudo muito estranho; tudo parecia um convite.

Por que Shawn deixou ela pensar que eles estavam namorando para no final transar com a verdadeira namorada na sua frente? Por que Ariana não ficou preocupada em ter sido pega em flagrante? Por que a PORRA de sua intimidade estava molhada em lembrar deles transando?

Eram tantos porquês e nenhum deles com uma resposta.

Romena desligou o chuveiro, se enrolou na toalha de foi para o quarto. Colocou um pijama confortável e se deitou na cama, pronta para dormir depois do dia longo que teve.

Virou de um lado. Depois do outro. Voltou para a posição inicial e se remexeu na cama novamente. Ela não iria conseguir dormir, não enquanto tantas dúvidas rodeavam sua cabeça. Levantou da cama e começou a andar de lado para o outro inventando respostas para suas perguntas.

Parou bruscamente quando percebeu uma coisa: ela não tinha ficado com ciúmes uma vez se quer! Quer dizer, ela tinha sentido coisas. Ficou excitada, confusa, surpresa, tentada, inconformada, brava e até se sentiu traída, por um breve momento. Mas ciúmes? Ela não sentiu isso nem uma vez. Tecnicamente, era para ela sentir ciúmes, já que era seu namorado transando com uma pessoa que não era ela, só que ela não sentiu.

Voltou a se deitar na cama tentando se lembrar de todas as sensações que ela sentiu no momento em que viu eles trepando. Só conseguiu se lembrar de um: tesão. As outras coisas que eu citei, vieram depois, quando Tina contou tudo para ela. Durante a cena mesmo, ela só sentiu tesão. No chuveiro, ela ficou molhada quando lembrou deles.

E mais uma dúvida chegou para perturbar sua cabeça: por que ao invés de ciúmes ela sentiu tesão?

Afinal, ela mesma se convencia de que não sentia nada por Ariana, então como sentiu aquele formigamento nas partes íntimas vendo os dois transando juntos. E não venham me dizer que era inveja, que ela desejava estar no mesmo lugar de Ariana, porque não era. Muito pelo contrário, ela se imaginou ali com eles.

Que absurdo! No que eu estou pensando? Eu não quero isso, não quero mesmo!, gritou consigo mesma. Enquanto colocava em sua cabeça que era não seu corpo clamava sim e foi nesse debate consigo mesma que ela pegou no sono, totalmente esgotada.

(...)

"Lençol. Claridade. Era a única coisa nítida.

Ela sentia coisas. Coisas que nunca sentiu antes. Beijos, depositados por todo seu corpo em lugares diferentes, mas ao mesmo tempo. Unhas raspavam por suas costas enquanto mãos quentes tocavam sua intimidade. Ela não conseguia ver ver ninguém, a não ser um par de olhos bem a sua frente. Olhos castanhos, hipnotizantes. Ela já o vira antes. Onde?

Tentou se lembrar, mas de repente uma onda de prazer começou a tomar seu corpo. Ela fechou os olhos e esqueceu no que estava pensando. Era bom. Bom demais. Ela parecia estar no paraíso. E aquela sensação... Ela não queria que fosse embora nunca!"

Romena acordou, ofegante e toda suada. Sentia sua intimidade pulsar. Tentou levantar da cama, mas suas pernas a traíram; estavam relaxadas demais.

Que porra está acontecendo?, pensou ela. Tocou de leve suas partes íntimas e ficou surpresa ao se encontrar molhada. Não, não, não! Eu não tive um orgasmo com esse sonho maluco! Mas ela teve e se lembrava direitinho de com quem tinha sido, apesar de não ter conseguido ver quem estava nele.

Escolheu ignorar e se levantou da cama, não ligando para o protesto de suas pernas bambas, afinal, ela ainda tinha aula. Foi para o banheiro tomar banho, estava toda suada e... Melada, vamos dizer assim.

Depois de limpa, voltou para o quarto e viu o horário. Estava atrasada, ia perder a primeira aula. Ela não pareceu muito preocupada com isso na verdade; ela queria ver Ariana o menos possível e evitar uma das aulas que tinham juntas era quase perfeito.

Para variar, sua mãe já tinha saído de casa quando ela desceu ao primeiro andar para tomar um rápido café. Deixou a xícara na pia com pressa e correu para o ponto de ônibus para que conseguisse pegar o próxima, já que perdera o primeiro.

Depois de quase uma hora ela chegou na escola. Conseguiu chegar no finalzinho da aula de francês, mas como era de se esperar não deixaram que ela entrasse. Ficou esperando, sentada no chão, ao lado da porta da sala de filosofia até que desse o horário. Não muito tempo depois, bateu o sinal.

Enquanto se levantava, Ariana passou por ela, olhando-a fixamente. Apesar de se sentir como uma vítima de bullying, ficou excitada; a calcinha começando a ficar molhada. Se recomponha!, se ordenou, fechou os olhos e entrou na sala sem saber se ia trombar com alguém ou não. Por sorte, isso não ocorreu e ela se sentou no mesmo lugar de sempre, esperando que a aula começasse.

Giovane MacCley, o professor, chegou. Ele se instalou em sua mesa e deu bom dia a turma, animado como sempre. Ele era o professor favorito de Romena por causa disso, sempre educado e feliz.

-Bom, turma, aula passada concluímos o Positivismo de Comte- disse o professor, sorrindo- Alguém tem alguma dúvida antes de partirmos para o próximo assunto?

Os poucos alunos da aula olharam para os lados, procurando por alguma mão levantada, mas ninguém se manifestou.

-Sem dúvidas, então? Ótimo.- disse ele. Sr. MacCley virou de costas para a turma, pegou um giz e começou a escrever no quadro- Nosso tema hoje é Arthur Schopenhauer, alguém já ouviu falar sobre ele?

Uma menina levantou a mão e o professor apontou para ela, deixando espaço para que ela falasse.

-Só que o amor é central na filosofia dele.- ela disse.

-Não só o amor como a vontade também.- Sr. MacCley acrescentou- De acordo com ele, a existência humana situa-se em um mundo movido pela vontade.

Esperou em silêncio, para ver se alguém iria tirar alguma dúvida, como ninguém o fez, ele continuou.

-"Tudo o que existe no mundo é a representação, ou seja, é a interpretação de cada sujeito sobre o objeto analisado. O Sol existe para mim porque eu o vejo, assim como todas as coisas existem porque entro em contato com elas", ele dizia.

Que prepotente!, pensou Romena.

-E antes que vocês pensem que é prepotência dele- o professor falou, como se tivesse visto essa frase na cabeça da novata, o que a fez pular na cadeira de surpresa- Não é. O que ele quis dizer com isso foi que todos os objetos os quais fazemos representações devem estar em um lugar e um momento e devem seguir a regra de causa e efeito, entendem?

Ninguém questionou ou interrompeu, então o MacCley prosseguiu.

-O ser humano sente que vive em um mundo como representação pela utilização dos sentidos, pelo corpo. Ocorre devido a uma vontade, que é a força essencial presente em qualquer movimento no mundo.
"A vontade impulsiona o movimento da própria natureza e a vontade é cega, livre, sem objetivo e irracional, não há um plano pensado nessa vontade."

Claro que não é racional, se fosse eu não sentiria vontade de transar com Shawn e Ariana... Perai, o que eu estou pensando?!, Romena arregalou os olhos no meio da aula, mas logo disfarçou, para o caso de alguém olhar.

-A existência humana não tem sentido delimitado, apenas a busca pela satisfação dos desejos.- o professor explica, com delicadeza- O sofrimento está no querer, vocês sabiam? Pois é, está no querer, pois quando o ser humano quer algo é por carência do objeto que ele deseja lhe traz sofrimento.

Hum, isso está meio relacionado ao como Romena está se sentindo, não?

-Mas, Sr. MacCley,- ela interrompe a aula sem nem sequer levantar a mão. Sorte dela que ele é super bonzinho e deixou que ela falasse- Se traz sofrimento, por que as pessoas ainda querem realizar seus desejos?

É claro que era uma pergunta meio pessoal para ela, mas ainda assim se encaixava na matéria.

-Porque o ser humano é um ser ambicioso. O ser humano nunca vai deixar de querer, por isso estamos destinados a sofrer.

-E se eu me negar a realizar meus desejos?

-Acha que sofrerá menos por isso?- o professor estava com um brilho nos olhos, ele adorava quando os alunos interagiam na aula dele.

-Se você realizar você sofre, pois ambiciará por mais, então a lógica seria não desejar tanto para não sofrer, não é?

-Vou responder sua pergunta na próxima aula, nosso tempo acabou. Obrigada pela atenção, pessoal!- o professor sorriu e voltou para sua mesa, começando a arrumar suas coisas enquanto o sinal tocava.

Romena guardou suas coisas correndo na mochila e foi até o professor antes que ele saísse de sala. Os outros alunos iam deixando a sala.

-Sr. MacCley,- ela o chamou, se aproximando de sua mesa- Tem como o senhor responder minha pergunta hoje, eu realmente preciso da resposta.

Pelo bem da minha sanidade mental, pensou. Essa história toda de desejo se encaixava perfeitamente no que sentira ontem e o que ainda sentia hoje.

-Por que, achou uma ligação com a vida pessoal?- ele perguntou, brincando.

-Me pegou.- ela sorriu, para descontrair, mas era verdade.

-Sabe você é uma boa aluna- ele disse focando no ombro dela. Romena achou estranho, mas não falou nada- Eu gosto quando você faz perguntas.

-Ah, obrigada. Vindo de você isso é um elogio e tanto,- ela sorri para ele, carinhosa como só ela pode ser- Você é o meu professor favorito!

-É muito- ele falou um pouco mais baixo, olhando para tudo dela, menos os olhos- Gostoso, saber disso.

Romena era inocente demais para interpretar essa frase e essa olhada que ele deu nela de uma maneira errada, mas eu não sou idiota não, viu, Giovane MacCley!

-E então, pode me explicar?- ela insiste, olhando para ele esperançosa.

-Que tal amanhã, junto com a turma? É injusto uma aulinha particular só pra você, não acha?- ele pergunta e apesar de sua pergunta parecer bem direita, ela me parecia com um duplo sentido.

-Claro, tem razão. Voltamos nesse assunto amanhã, então.- mas, de novo, ela é inocente demais para perceber essas coisas.

-Então até mais, querida!- ele sorriu para ela e acariciou uma mecha de seu cabelo. Foi embora antes mesmo que Romena pudesse estranhar a situação.

(...)

A próxima aula que Romena tinha era com Ariana e como se não bastasse ainda eram duplas! Respirou fundo antes de entrar na sala e ficou aliviada quando não a viu no lugar dela. Será que ela faltaria essa aula?

A resposta entrou pela porta, radiante como sempre, e sentou-se ao lado da novata. Elas não trocaram uma palavra até a aula começar... Nem depois que ela começou, na verdade.

Sra. Gisleny não parou de falar um minuto na aula, falou do começo ao fim e isso impediu que Ariana tentasse chegar na amiga. Mas teve uma vez, no meio da aula, que Ariana empurrou sem querer -e dessa vez foi sem querer mesmo- a caneta com o cotovelo para o lado de Romena na mesa. Foi pegar e ao mesmo tempo a novata também e seus dedos se tocaram. Uma corrente elétrica descarregou pelo corpo inteiro das duas e elas se olharam, tentando saber se uma sentiu a mesma coisa que a outra.

Igual filme, né mores! Mas vai por mim, isso aqui tava bem mais intenso.

Romena desviou os olhos, se lembrando de que quase queria se juntar aos dois ontem -com um pouco de nojo de si mesma- e deixou que Ariana pegasse a própria caneta, voltando a prestar atenção na aula.

Quando terminou a aula, Romena nem guardou seu material na mochila, apenas o pegou na mão e saiu correndo da sala, não se preocupando em com quem esbarrou.

Foi parar de correr quando estava longe o suficiente de Ariana e sabia que ela não poderia mais lhe alcançar. Ajoelhou no chão para guardar o caderno na bolsa e nem viu que a parte pontuda da argola que segurava as folhas enroscou na parte interna de seu colarinho; três botões estouraram e ela estava praticamente com metade dos seios para fora. Esbaforida, ela logo se apressou em juntar a camisa para se cobrir e procurou seu casaco na mochila.

Estava um pouco quente, mas ela teria que suportar. Era isso ou ficar com metade dos peitos e do sutiã aparecendo e não acho que isso seria apropriado para uma escola.

Depois de fechar o zíper, foi para a para sua próxima aula, tentando disfarçar o máximo possível que nada tinha acontecido com sua roupa.

(...)

O resto do dia aconteceu normalmente, quer dizer, tirando o fato de Romena não ter almoço com a elite. Para falar bem a verdade ela nem foi ao refeitório, com medo de encarar Shawn e Ariana juntos. Ficou lendo Orgulho e Preconceito no banheiro, não estava com fome mesmo.

Logo que chegou em casa foi para o seu quarto e tirou toda a parte de cima da roupa. Tinha que costurar os botões que saíram da camisa, já que ela só tinha um uniforme.

Quando foi procurar na mochila os botões se lembrou que deixou eles no chão da escola. Bateu na cabeça, se lamentando por ser tão idiota e correu para a caixa de costura da mãe, torcendo para que ela tivesse botões brancos reserva. E ela tinha, mas só um.

Melhor do que nada, pensou Romena, levando o kit custura para seu quarto e costurar o único botão. Depois de pronta, ela vestiu novamente a camisa e se olhou no espelho do banheiro. Bom, está melhor do que antes, mas agora parece que eu estou com um decote, igual aqueles que a Vanessa e a Jully usam.

Como não tinha jeito, ela teve que aceitar que iria assim amanhã para o colégio.

Com toda essa correria, ela se esqueceu de que tinha aula extracurricular de artes hoje. Agora só na próxima semana...

Ela foi tomar um banho e dormir, não tinha mais nada para fazer acordada a não ser pensar. E essa era a última coisa que queria fazer; não queria pensar nos desejos -ou na negação deles- que sentia por Ariana e Mendes.

(...)

Romena chegou no horário certo da aula, sem atrasos. Dessa vez quem atrasou e não chegou para a primeira aula foi Ariana e Romena percebeu isso. Será que ela tinha transado com Shawn e perdeu o horário?

Quando o sinal tocou, e ela estava louca para ele tocar, todos saíram da sala e Romena foi para sua aula de filosofia avançada obter sua resposta. Sentou-se em sua carteira e esperou o professor chegar.

Giovane MacCley entrou na sala, com um sorriso maior do que o de ontem. Largou as coisas na mesa, ele parecia ansioso. Deu bom dia a classe, como sempre fazia e já perguntou:

-E aí, vamos começar a aula?

Todos acenaram positivamente com a cabeça.

-Ontem, Srta. Benítez, você me fez uma pergunta e eu prometi que responderia nessa aula. Então vamos lá. Você me perguntou se, se você deixar de desejar, vai sofrer menos, isso?

-Isso.

-Bom, de acordo com Schopenhauer, não. Ele deu um nome para pessoas que negam seus desejos, se chama asceta. O asceta nega a vontade de viver e distancia-se de questões mundanas. Ele se retira do "jogo da vida" porque compreendeu que a vida é a busca pela eterna satisfação a vontade e, por esse motivo, é sofrimento.

-Ou seja, se eu negar e não negar meus desejos, no final eu vou sofrer?- pergunta Romena, confusa.

-Como eu disse, Srta. Benítez, o ser humano está destinado a sofrer.- ele sorri e dá uma piscadela discreta para ela. Ela sorri com esse ato de intimidade- Bom, apesar desse discurso ser usado por Schopenhauer, Nietzsche se baseou pelas suas visões. E é ele que vamos estudar na aula de hoje: Friedrich Nietzsche.

Mas depois disso Romena não estava mais prestando atenção. É bem verdade que eu tenho negado meus desejos por Ariana já faz um tempo. Quando nos beijamos no hotel, no Brazil, eu senti coisas e por sentir coisas eu cortei o beijo e a mandei dormir. No que isso me ajudou? Nada. Eu não ganhei nada, só perdi e mesmo assim não parei de desejar ela, devaneou enquanto o professor falava.

Não era só em Ariana que ela pensava agora e sim também no desejo que teve quando viu os dois trepando. Ela queria estar lá, junto deles, beijando Ari com tanta vontade depois de tanto tempo se negando. Mas o que ela ganharia com isso? Ela mataria seu desejo, mas e depois? Ela desejaria mais ou simplesmente se acabava em um sofrimento profundo por ter finalmente, conseguido o que desejou?

Não, era melhor deixar as coisas como estão. Já estava complicado e sofrido o suficiente.

O tempo passa tão rápido quando ela se perde em seus pensamentos que nem perceber quando o sinal bateu. Só notou que todos já haviam saído da sala quando o professor a acordou para a vida, tocando levemente em seu braço.

-Querida, está comigo?- ele pergunta, estalando os dedos na frente dela.

-Oi, desculpa.- ela disse, sorrindo.

-A aula acabou.

-Ah, sim, obrigada, professor.- ela se levantou e guardou suas coisas dentro da mochila.

-Estava bem longe da aula hoje, estava pensando no que te disse?- ele pergunta. Romena estava prestes a sair, mas ele fechou a porta da sala.

-Sim, um pouco.- ela sorri, desconfortável.

-Quer uma dica?- ele se aproximou mais dela, ficando a dois passos de distância- Não fique se remoendo muito nisso, sabe. Ascetas são pessoas idiotas que não sabem o verdadeiro prazer da vida e de como isso pode lhes trazer felicidade.

-E se eu for uma asceta?

-Tenho certeza de que não é. Você parece uma mulher de atitude- ele disse, chegando mais perto e tocando seu rosto- Bonita, sexy.

Sua mão foi descendo até o seu decote e parou no meio de seus seios.

-O que está fazendo?- Romena pergunta, paralisada.

-Ora, como assim o que eu estou fazendo, estou te dando o que você quer.- ele fala mas Romena faz uma cara de confusa- Ah, qual é. Você veio até mim ontem, implorando por uma resposta de negação de desejos e hoje me aparece com esse decote.

Ele chega ainda mais perto dela e beija o canto de sua boca. Sua mão desliza, por fim, para um de seus seios e ele o aperta. Romena engole em seco quando sente a outra mão dele subindo pelo meio de suas coxas.

-Eu... Eu não...- ela falava, sem realmente saber o que dizer- Por favor... Eu não... Por favor.

Mas ele não estava nem aí, continuava a circular seu mamilo com um dedo enquanto sua mão estava cada vez mais perto de sua intimidade.

-Me solta!- ela finalmente conseguiu arranjar a voz e a força que queria e o empurrou com força. Antes que ele pudesse voltar para cima dela, Romena deu a volta e correu até a porta. Por sorte, ele não a tinha trancado e saiu em disparada para fora da sala, com os olhos borrados de lágrimas.

Ela não tinha noção de para onde estava indo, só queria distância daquele homem. Correndo com as mãos no rosto, trombou com alguém; ela caiu. Essa pessoa se ajoelhou no chão junto dela e colocou a mão em seu braço. Ela conhecia esse toque.

-Ariana?


Notas Finais


Ent, gostaram? Espero q ss.

Obrigada pela atenção e até o próximo capítulo 😊❤

Bjoooos
😘😘


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