História Assistente Pessoal - Contagem Regressiva

 – Sasuke, você não me respondeu quando te perguntei sobre o real motivo de todo mundo me olhar estranho quando disse que viríamos para esse lugar... – dei um sorriso de canto.

– Quer saber mesmo? – olhei em seus olhos e ela apenas concordou com a cabeça. – Ok... Apenas me prometa uma coisa...

–  O que?

– Que não vai embora daqui assim que eu terminar de te contar...

–  Prometo. –

Fique relutante em contar, afinal, temia que a Sakura ficasse com medo. Mas, como aprendi que a minha esposa é mais corajosa que eu, sentei na cama para iniciar a história e a Sakura fez o mesmo. Seu olhar era de total curiosidade e empolgação.

– Bem, por onde posso começar... Há muito tempo atrás...

– Isso parece histórias infantis! – ela me interrompeu e começou a rir. –  Mas, já gostei da forma que começou.

Senti-me desafiado a melhorar um pouco a história, mesmo a mesma já sendo bem intrigante, aliás, essa história era usada por meu pai para amedrontar Itachi e eu quando crianças. Hoje meu irmão usa para assustar seus filhos de uma forma cômica, isso me faz ter total consciência que nunca farei com meus filhos. 

– Hum... Veremos se você vai continuar a pensar assim... Como eu ia dizendo, há muito tempo atrás essa mansão era habitada por um Uchiha chamado Obito... Ele vem de um parentesco bem antigo da linhagem do meu pai... Quando ele comprou essa mansão, lhe foi contada essa mesma história... A história de que espíritos presos neste lugar vagam por essa mansão em busca de vingança... E realmente, o Obito desapareceu misteriosamente em uma certa noite, ninguém viu nada, ninguém soube de nada... Os empregados afirmaram que ouviram uns barulhos estranhos vindos do sótão... Mas, nunca encontraram nada... – ela engoliu em seco. – Todos os Uchihas que se tornaram proprietários desse lugar sumiram sem deixar rastros.

– E quem é o proprietário atualmente?

– Sou eu. – falei calmamente.

A Sakura primeiramente me olhou de uma forma bem estranha e logo em seguida se levantou apressadamente para arrumar as nossas bagagens de viagem. Fiquei sentado na cama, rindo da sua pressa e preocupação. 

–  Vamos embora, Sasuke...

–  O que houve com a promessa? – ela ficou parada me olhando. 

– E se...

– Calma, Sakura! Isso é só uma história idiota! É só mais uma história antiga dos Uchihas pra assustar as crianças... Funciona com os filhos do Itachi.

Ela se sentou na cama e se encolheu em meus braços. – E você acredita nisso? 

– Claro que não. Já vim a esse lugar várias vezes e nunca me aconteceu nada. Provavelmente, o Obito deve ter fugido com alguma mulher... Sabe como são os Uchihas...

– E sinceramente, essa história não me assustou em absolutamente nada! Você podia ter improvisado com noivas amaldiçoadas e quadros sombrios.

Começamos a rir, mas paramos imediatamente quando o vento soou através da janela e derrubou um quadro que estava pendurado na parede do nosso quarto. Após o pequeno ocorrido, voltamos a rir, porque sinceramente, são coincidências bobas. Era o que passava em minha mente e provavelmente, da Sakura também.

Poucas Horas Depois...

Acordei com o barulho da chuva. Olhei para o lado da cama e a Sakura não estava deitada. Olhei no relógio e eram exatamente meia-noite. Me levantei indo em direção ao banheiro, mas ela não estava lá. Saí do quarto e fui andando pelo silencioso corredor da mansão. Não fazia ideia de que ele era tão longo assim. O silêncio estava absurdamente me preocupando. Desci as escadas rapidamente e nem fazia ideia do que me levava a lembrar do Obito Uchiha em um momento como esse. Cheguei até a sentir alguns calafrios estranhos. Justo nesse momento eu tinha que lembrar dessas malditas histórias de terror.

Comecei a ouvir pequenos sons vindos da cozinha. Me aproximei da porta de entrada, e toda a minha preocupação foi embora quando olhei uma Sakura sentada perto do balcão com uma variedade imensa de comida ao seu redor. Tentei me aproximar sem assustá-la.

– Poderia me avisar, sabia? – assim que ela me viu começou a rir e voltou a comer. – Se as almas perdidas viessem me buscar no quarto, você nem me ajudaria... Estaria comendo totalmente despreocupada...

– Ah, desculpe... – ela falou com um sorriso no rosto. – Seu filho pediu comida.

– Não exagere na comida! Que tal irmos embora amanhã mesmo?

– Que bom! Assim eu posso voltar ao trabalho... Mas por que?

– Porque não quero que você fique com medo desse lugar.

– Sei... – ela começou a rir baixinho. – Não fui eu que cheguei todo assustado aqui.

–  Muito engraçado... – falei em um tom irônico. – E como assim você quer voltar ao trabalho? – tentei mudar de assunto.

–  Amor, ainda estou treinando uma equipe substituta! E pelo que me lembro você ainda é o presidente das Empresas Uchihas, então, vou continuar sendo sua assistente pessoal e irei lhe ajudar o máximo que puder!

– Não existe melhor pessoa que você pra isso! – Abracei seu corpo e foi bem engraçado sentir o cheiro de comida na Sakura. – Estou louco pra voltar para a nossa casa e ter de volta a tranquilidade e a paz que nós dois merecemos...

Alguns Dias Depois...

– A sua casa estava possuída! – já estávamos há mais de uma hora em meu escritório ouvindo as reclamações do Naruto. – Em um próximo evento, nem me convidem!

– Você exagera, Naruto! – a Sakura se divertia com todos os comentários idiotas do Naruto. Ela estava ao meu lado cuidando de algumas negociações da empresa.

– E Sakura, você está gorda! – o Naruto olhava intrigado para o aumento de peso bem visível em minha esposa. Não dava mais pra omitir essa informação dos amigos mais chegados. Mesmo sendo direto, a Sakura pareceu não se importar e até gostava de estar vestindo um número maior. Era nítido, pois sempre que podia, ficava horas se admirando no espelho.

– Ei, Naruto, não fale assim com a Sakura... Ela está grávida!

– Grávida? Vocês se casaram a poucos dias e... É sério?

– Claro, seu idiota...

– Parabéns amigos! Enfim, me façam um favor... Não me avisem quando o filho de vocês nascer! Vou esperar toda a família de vocês dois irem embora pra eu ir visitar essa criança... Tenho certeza que o Neji vai dizer o mesmo!

– Foi tão terrível assim dormir em minha casa? – perguntei.

– Você nem faz ideia.

Ficamos o dia todo resolvendo negociações e ouvindo as lamentações do Naruto. A equipe escolhida e treinada pela Sakura começava a assumir decisões mais importantes em seus cargos, isso me deixava extremamente satisfeito em ver que minha esposa poderia relaxar quando nosso bebê chegasse.

(...)

Após esse dia longo, voltei com a Sakura para nossa casa. Realmente, tudo estava em paz. Tudo estava em perfeita tranquilidade. Sem a minha família por perto e sem a família louca da Sakura, as coisas estavam indo muito bem. Minhas ações no mercado apenas cresciam e nossos resultados eram totalmente positivos. Meus sócios se deliciavam com tantos lucros. Mas, meu desejo era apenas estar em casa. Agora entendo o grande apego que o Itachi sente por sua família e sua escolha em seguir um trabalho mais tranquilo para ter tempo de participar em tudo na vida dos seus filhos. Esse desejo estava se tornando o meu também. Afinal, Naruto podia assumir meu cargo com total confiança. Seriam coisas a se pensar em um futuro não tão distante.

(...)

Os meses se passavam e a Sakura já estava na décima sétima semana de gestação. Era complicado contar dessa forma, mas era o jeito que a Sakura gostava, então, já estava acostumado.

– Como eles reagiram? – fiz a pergunta enquanto analisava algumas negociações em meu notebook. Já a Sakura andava de um lado por outro no quarto, pois já havíamos extrapolado o prazo para contar aos seus pais sobre a gravidez. Até os jornais já especulavam algo sobre uma possível gravidez e a chegada de mais um Uchiha.

– Não sei ao certo... Meu pai apenas desligou o telefone. – ela se sentou ao meu lado na cama e colocou as mãos sobre o meu ombro. – É o primeiro neto deles! Eu pensei que ele fosse me parabenizar e dizer que estava feliz, mas apenas desligou!

– Hum... Isso só confirma o que eu sempre te digo... A sua família é estranha... – tirei o meu notebook da cama e puxei a Sakura para um abraço. – A sua avó já sabia, então, sua mãe já devia saber também...  E o idiota do Sasori também sabia porque vasculhou as suas coisas... Enfim, acho que só faltava o seu pai mesmo... Amor, ele deve estar rindo à toa nesse momento e com alguns minutos, te garanto que eles vão te ligar!

– Tem certeza?

– Eu já me enganei com alguma coisa? Sakura, confie em mim, afinal, sou Sasuke Uchiha...

– A última vez que ouvi isso pensei que sua família fosse nos resgatar naquela ilha deserta... – ela começou a rir. – Você teve muita sorte por estar comigo... E admita, que foi o Sasori quem nos salvou!

Ficamos abraçados por um bom tempo, sentindo o calor do corpo um do outro. Gostava de sentir o perfume da minha esposa. Mas, infelizmente, o telefone tocou e ela levantou toda apressada para atendê-lo. Pelo tom da sua voz, era notável que estava falando com a sua família. Continuei sentado na cama esperando o fim dessa ligação.

Depois de vários minutos, a Sakura voltou para a cama com um sorriso bem grande em seu rosto. Nem precisei perguntar, porque ela logo começou a dizer o quanto a sua família estava animada com o nosso filho e que eles estavam ansiosos pra voltarem para Konoha.

– Como assim voltarem? – perguntei.

– Minha mãe disse que eles virão quando o bebê estiver perto de nascer... Não se preocupe, Sasuke, podemos ligar alguns dias antes e avisá-los...

 – Pelo menos, ainda temos vinte e três semanas de paz.

Seu sorriso era fácil quando eu usava o termo "semanas". Sakura amava e eu amava vê-la feliz. 

– Eu amo você. – ela me deu um beijo rápido e se aconchegou em meus braços.

– Sakura Uchiha, eu te amo.

Alguns Meses Depois...

Saí do meu escritório o mais rápido que pude. Peguei o meu carro e dirigi rapidamente até a mansão. Hoje seria o dia em que uma amiga da Sakura que trabalhava em partos humanizados estaria em casa para nos dar as orientações prévias para o nascimento da nossa filha. A Sakura insistia para que eu estivesse presente em todas essas orientações. Era muito chato. Mas, eu fazia apenas para agradá-la, pois tinha certeza que pra ser um bom pai eu não precisaria dessas orientações chatas. Sei que serei um bom pai. Quando cheguei na mansão a  Yakumo já me aguardava no portão de entrada. Desde o nosso casamento, ela decidiu que ficaria na mansão até o novo pequeno Uchiha nascer.

– A sua esposa já está na sala com a parteira estranha... – ela segurava um sorriso em seu rosto.

– O que ela inventou hoje?

– Parece que estão apenas meditando! Em meu tempo, pequeno Uchiha, as coisas não eram tão complicadas assim!

Entrei na mansão e de imediato já notei a Sakura sentada de frente com a sua amiga enquanto a mesma acariciava a sua barriga de quase nove meses, aliás, quarenta semanas. Nossa filha estaria chegando em breve.

– Não acredito que pago tão caro para apenas ter a barriga da Sakura tocada por você! – falei em um tom irônico para irritar a Ino. Ela é uma médica conhecida pela minha esposa. A Sakura e ela são amigas desde a infância e voltaram a se encontrar recentemente quando a Sakura entrou em contato com ela solicitando seus serviços, conhecidos no país todo, por valorizar o parto humanizado.

– Uchiha e suas ironias... Até já me acostumei com isso. – ela disse e fez sinal para que eu me sentasse ao lado da Sakura. – Enfim, como o momento do parto está chegando, vocês devem ficar atentos a qualquer sinal... Se a Sakura sentir contrações em um intervalo de tempo curto ou sentir algum líquido diferente sair do seu corpo vocês devem manter a calma e irem para o hospital imediatamente. Vocês podem me ligar que mesmo não estando em plantão, os atenderei imediatamente. Não se preocupem com nada! O parto do primeiro filho leva horas pra ocorrer e tudo sairá perfeitamente... Entendeu, Sasuke? Para que tudo ocorra bem, o pai precisa passar segurança para a mamãe nesse momento.... Então, não estrague com o seu desespero.

– Até parece que eu vou ficar desesperado... Eu sei exatamente o que devo fazer. – falei com um sorriso no rosto.

– Já estamos ansiosos... – a Sakura disse. – Minha família chega amanhã e a minha sogra prometeu vir também...

– Que bom, Sakura... Apenas não se estresse e mantenha o seu corpo sempre em repouso... Qualquer mudança você pode me ligar! Estou sempre disponível a vocês! Enfim, já estou indo... Nos vemos no hospital quando a Sarada nascer... E por falar na Sarada, quem escolheu o nome?

– O Sasuke... – ajudei a Sakura a se levantar e ela foi acompanhando a Ino até a saída. Nem quis mais ouvir nada da conversa dessas duas.

Me sentei no sofá e chamei a Yakumo para me trazer um café bem quente. Eu precisava pensar no que faria esses dias, já estávamos em contagem regressiva. Na verdade, a cada dia em que se aproximava a chegada da nossa filha, eu ficava ainda mais nervoso. Mas, a Sakura não poderia saber disso, afinal, nada pode dar errado nesse grande momento.