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História Asylum - Uma conversa entre loucos, assassinos e suicidas


Escrita por: wftmoose , Eva_Z e mishacolls

Notas do Autor


HELLO MEUS AMORES
sou eu nat (natzinha, nath, "senhorita que adora desgraçar minha vida", ser humano gélido, "vadia do mal" ksdjh entre outros, ou apenas mishacolls)
esse capitulo era pra ter saido ontem, mas ocorreu uns problemas tecnicos, conhecidos também como "nao sei a senha do e-mail" e falta de tempo
ESPERO QUE GOSTEM
BOA LEITURA

Capítulo 5 - Uma conversa entre loucos, assassinos e suicidas


 

POV Dean Winchester

 

Passei o resto do dia trancado, pra falar a verdade passei toda a noite ali, mas eu não tinha muita noção de tempo devido aos remédios. A sala era fria, húmida e escura, a única luz que entrava ali vinha do pouco espaço entre a porta e o chão. Eu já havia desistido de lutar contra a camisa de forças há horas, me entregando aos efeitos que os medicamentos me causavam, aquilo era como tomar dez porres de uma vez, e eu entendo de porres. Subitamente a porta se abriu, me tirando dos meus devaneios, que no momento, se resumiam a olhar para a parede e tentar criar linhas de raciocínio lógicas, coisa que era impossível, eu mal conseguia somar dois mais dois. Porra de remédios.

A freira que recebeu os policiais ontem estava a porta, ela tinha uma expressão séria no rosto, olhava para mim como se esquadrinhasse minha alma.

-Hora do recreio? - perguntei com um sorriso sarcástico

-Chame como quiser. - respondeu friamente. - Apenas levante-se do chão e me siga.

Fiz como ela disse, me levantei com dificuldades pelo fato de ainda estar com os braços presos, saí pela porta e a segui pelo imenso corredor. Tudo ali era incomodamente branco, diversas portas se alinhavam de ambos os lados, aquele lugar me dava arrepios, sem contar as imagens de santos (os quais eu não faço ideia do nome) espalhadas aos montes. Aquelas estatuetas eram medonhas, pareciam me encarar.

-Elas incomodam você? - me perguntou ainda caminhando, fazendo um barulho irritante ao que seus sapatos encontravam o assoalho de madeira.

-Eu não queria falar isso, soa meio desrespeitoso, mas sim, elas são horríveis. - respondi erguendo brevemente as sobrancelhas

-Já era de se esperar que as entidades dentro de você não se sentissem à vontade com os santos. - falou ainda caminhando sem nem olhar para mim.

Eu continuava seguindo-a enquanto observava dentro de alguns cômodos que estavam com portas abertas. Em um deles havia um cara deitado em uma cama de molas, seus braços e pernas estavam presos, observei mais um pouco e ele levantou o corpo o quanto pode, “rosnando” pra mim. Arregalei os olhos meio assustado e andei mais rápido ao perceber que estava ficando pra trás.

-Entidades? _ perguntei me referindo ao que ela havia dito.

-Sim, você pode enganar a si mesmo mas eu sei. - afirmou e eu cerrei os olhos pensando que merda era essa que ela sabia. - As potestades a quem você concedeu beneplácito de usar seu corpo, elas certamente ficam  apoquentadas com tantas imagens dos canonizados. - eu abri a boca para responder, porém estava processando melhor aquelas palavras.

-Pra começar eu não dei bene...bene... Essa coisa que você falou aí pra ninguém “usar” o meu corpo, eu não sou um objeto. - afirmei. Eu faria aspas com as mãos, mas fica meio difícil quando elas estão presas. - E depois, se a senhora estiver falando em Latim, desculpe mas eu não sou bilíngue.

Antes que ela tivesse tempo de responder chegamos em uma sala de onde um cara saiu alegre, mas assim que seus olhos viram a freira velha e feia a qual eu acompanhava seu sorriso se foi. Entrei juntamente com ela, vendo uma enfermeira sentada escrevendo alguma coisa, devo admitir, ela era uma gata.

-Enfermeira Meg Masters. - a ruiva disse fazendo a outra se assustar. - O seu paciente. Seja breve, e tenha cuidado. Gostaria de lembrar a você que a gentileza não é um dos nossos métodos, muito menos com o tipo dele.

-Sim senhora, irmã Rowena. - ela disse em um tom de respeito, porém não parecia amedrontada.

Logo a mais velha saiu da sala, nos deixando sozinhos. A morena disse para eu me sentar e assim eu fiz, sorriu simpática e eu retribui o sorriso,  ela parecia legal, o que de certa forma era um alívio. A primeira coisa que ela fez foi me soltar da camisa de força, o que eu estranhei, afinal, eu era um louco assassino, pelo menos era o que todos achavam.

-Muito obrigado, você não faz ideia do quanto isso estava doendo. - movimentei os braços ainda meio doloridos. - Eu sou Dean. -estendi a mão na direção dela para cumprimenta-la, mas ela recuou por instinto. - Qual é? É só um aperto de mão, não vou te atacar. - ri da expressão confusa e assustada dela

-M-me desculpe, foi involuntário. Temos que tomar cuidado por aqui. _ ela sorriu relaxando e apertando minha mão. _ Eu sou Meg.

Ficamos calados por um tempo enquanto ela pegava algumas coisas como seringas e gazes, colocando tudo em uma bandeja. Me tirou uma amostra de sangue, fazendo tudo da forma mais gentil que podia, depois colocou um estetoscópio nos ouvidos e parou de frente para mim.

-Tire a blusa por favor. - ela disse simples

-Olha, você até que é bonita e tal mas... - eu comecei, mas fui interrompido

-Tira logo a blusa, eu preciso avaliar seu ritmo cardíaco. - ela deu uma gargalhada leve me fazendo rir junto. Fiz como ela mandou, sentindo o metal gelado do aparelho encostar nas minhas costas. - Como eu tinha imaginado, aqueles monstros de hábito te deram uma dosagem forte demais de medicamentos. - suspirou sacudindo a cabeça negativamente. - Me surpreende você não estar chapado.

-Na verdade eu estou um pouco, mas são anos ficando chapado, tempo o suficiente para saber me portar.- sorri debochado vendo-a gargalhar de leve. - Vem cá, tem como eu ligar pra alguém? Eu não posso continuar aqui.

-Sabe que está em um hospital psiquiátrico né? - me lançou um olhar cínico. - Você não pode ligar, as freiras não deixariam, acho que a polícia também não.

-Mas é que, eu teria um julgamento na semana que vem e... Bom ele foi cancelado, mas não deveria ter sido, eu preciso dessa chance, preciso de um advogado.

-Ótimo, temos um aqui. - disse irônica.

-Como assim?

-Esquece... - ela riu abafado. - Então Dean, eu acho que você vai ficar um bom tempo conosco, então, pode arrumar um jeito de se distrair. Gosta de ler?

-Eu não vou ficar muito tempo aqui.- afirmei vendo-a revirar os olhos e soltar um “hurum”. -E sim, eu meio que gosto de ler. Mas não conte a ninguém, isso pode estragar minha reputação. - ela riu me fazendo rir junto.

Se virou para mim com uma grande caixa de papelão, parecia pesada, então me apressei para ajudá-la. Coloquei a caixa sobre a maca vendo que haviam vários livros ali.

-Obrigada. -falou dando um longo suspiro e  mexendo nos livros. - Eu tenho muitos livros aqui, a maioria é literatura gótica, eu gosto dos clássicos como Fran... Espera onde está o Frankenstein? - ela falou procurando pelo livro. -  Quer saber, esquece... Castiel deve te-lo pego pra ler novamente. Enfim, pode escolher o que quiser. - eu sorri para ela indo em direção a caixa.

Olhei os livros ali dentro procurando algum que me interessasse, até que vi a capa negra do “Crime e Castigo”, um clássico russo sobre um assassino. Sorri ao folhear as páginas amareladas, achando irônico o fato de me interessar por ele, parecia tão certo é tão errado pra mim.

-Vai querer esse? -ela me perguntou e eu apenas assenti saindo de meus pensamentos. - Combina com vocês. - afirmou e eu não achei aquilo lá muito delicado de sua parte.

-Eu não matei ele. -falei um pouco mais alto do que deveria.

-Calma aí, eu não disse isso. - levantou os braços em rendição. - Eu só acho que é o seu tipo de livro, só isso.

-Des-desculpe... Eu não queria ser rude, é só que todos pensam que eu matei ele, mas eu não... - mais uma vez tentei falar mas fui interrompido.

-Ei, relaxa. Eu realmente não quero saber o que é que você fez pra vir parar aqui. Não sou psicóloga, sou enfermeira. Minha preocupação é o seu físico, e fazendo uma avaliação profissional, você está no ponto. - piscou um olho sorrindo e me dando um soquinho no ombro.

Eu ri junto dela, nos despedimos brevemente (já que na realidade eu não ia a lugar algum) e eu saí da sala, seguindo o corredor até chegar a escada assim como ela havia me instruído. No andar de baixo pude ver algumas pessoas e freiras transitando, já devia ser tarde, provavelmente o almoço já havia sido servido, mas eu não me importei, os remédios me tiravam o apetite. Sentei ali mesmo nos degraus e abri o livro começando a ler.

"O medo... Isto é um axioma... É curioso: de que será que as pessoas têm mais medo? [...]"

Refleti por um momento sobre isso, alguns dias atrás a resposta para tal pergunta seria: Meu maior medo é que algo aconteça ao Adam. Mas agora, qual era meu medo? O que me afligia? Porque inegavelmente, eu estava aflito.

"Se agora tenho tanto medo, como seria, de fato, se eu chegasse a levar a coisa a cabo ?[...]”

Aquelas palavras estranhamente faziam sentido para mim, eu pude me identificar. Eu não era o verdadeiro assassino, mas pagava o preço como se fosse, e isto era o suficiente para me deixar com medo, então, o que seria de mim se eu de fato tivesse feito o que me acusam? Meu raciocínio foi cortado quando uma freira me chamou.

-Ei você. - ela falava olhando para mim. - Não pode ficar aí, se quiser ler deve ir para a sala. Venha, me siga!

Me levantei e a segui, passamos por um grande saguão e chegamos em um espaço enorme, é bem iluminado. Sofás e mesas estavam espalhados por ali, e várias pessoas faziam coisas aleatórias como brigar com as pilastras e morder as peças de xadrez. Dei um riso nasalado, respirei fundo e entrei  andando a passos rápidos, sentando em uma das mesas vazias. Abri meu livro novamente tentando me concentrar.

"Acontecem certos encontros com pessoas que desconhecemos inteiramente com quem começamos a nos interessar à primeira vista, como que de repente, súbito, antes que articulemos uma palavra.. [...]”

Sorri ao pensar que aquele lugar certamente não era o mais propício para alguém fazer amizades, tive ainda mais certeza quando vi uma velha, a mesma que eu vi dançando sozinha no dia em que cheguei, bater no chão e nos móveis com um pedaço de madeira qualquer. “Tatu... Tatu... Sai daí tatu.” Ela dizia procurando por alguma coisa. Sorri com a cena e comecei a observar as outras pessoas ao redor, hora me assustando hora rindo das coisas sem sentido que ali aconteciam. Os mais normais pareciam ser um grupo de três pessoas sentados em uma mesa não muito distantes de mim. Um deles era alto e moreno, seus cabelos compridos e bem cortados, típica cara de gente rica. O outro tinha os cabelos mais escuros que contrastavam com sua pele clara e seus olhos azuis. Por último uma garota ruiva muito bonita e... Retiro oque disse, eles não são assim tão normais, a garota estava me olhando como se  fosse uma criança eufórica pelo presente.

Desviei a atenção meio constrangido, mas ela não parou de me encarar. Quando olhei novamente e ela estava vindo em minha direção, olhei para os lados meio assustado, lembrando depois que não teria para onde fugir. Droga! Deus queira que ela não seja completamente maluca.


 

POV Sam Campbell

As horas neste lugar pareciam se passar de forma lenta, os segundos se transformavam em

anos e tudo parecia acontecer devagar. Eu estava ali tinha apenas um dia, e já odiava tudo. Odiava todos esses cômodos brancos, e essa claridade que fazia meus olhos arderem. Odiava a forma como éramos controlados e vigiados como se fossemos animais que podem dar um ataque a qualquer momento. Eu não sou um louco, e basta ver todas essas pessoas para saber que eu sou de fato são.

O dia se arrastava até o cair da noite, ali não havia muito a fazer, na verdade não tinha nada para fazer, a não ser jogar xadrez ou ler. Duas coisas atrativas para mim, entretanto, apenas

cogitar a ideia de executar uma dessas coisas me deixavam ainda mais entediado. Estava em pé ao lado da janela, a ruiva não estava mais ao meu lado, ela lia algum livro sentada no pequeno sofá daquele cômodo repleto de anormais. Vez ou outra, uma mulher dizia coisas estranhas como “Sai, tatu” e pisava no chão fortemente como se quisesse esmagar alguma coisa, era uma cena cômica e perturbadora ao mesmo tempo. Porém, foi um garoto de olhos azuis quem me chamou mais a atenção, ele dizia coisas baixas e de repente seu tom de voz se alterava, mas ele falava consigo mesmo. E aquilo só me fez refletir ainda mais pelo fato de estar ali.

Quando a noite caiu, houve o toque de três sinos e então, todos os que estavam ali e os que

não estavam, saíram de seus respectivos lugares e caminharam até algum lugar desconhecido. Franzi meu cenho com aquela cena, acho que Charlie viu minha confusão já que caminhou até onde eu estava.

- Esse é o toque da hora dos remédios. – ela falou com um sorriso de canto, seguindo as outras pessoas e eu caminhei ao seu lado.

O corredor não estava lotado como achei que estaria, as freiras agiam de forma rápida,

fazendo com que o serviço fosse feito rapidamente. A ruiva foi chamada, uma das freiras lhe entregou um copo descartável e ela ingeriu todos os remédios, abrindo a boca em seguida para uma rápida inspeção de que ela os havia tomado.

A ruiva foi liberada, e deu meia volta, não passando por ele. Seguiu para um outro corredor me lançando um aceno de cabeça e um breve tchau com as duas mãos, e com seu típico sorriso gentil. Algumas outras pessoas fizeram o mesmo que ela, seguindo corredores diferentes ou não, aquilo não importava. Seu nome deveria ser um dos últimos, ele permaneceu ali parado tendo a visão de como todo aquele processo era feito.

Sua vez chegou. Ele andou rapidamente até uma das freiras, quando os remédios me foram dados, eu o observei por breves segundos, engolindo-os por completo, abrindo meus lábios e levantando a minha língua. Quando a mulher a minha frente ordenou que fosse para meu quarto, não hesitei em sair de sua presença intimidante.

Após ter dado alguns passos, senti todo meu corpo esquentar, meu cérebro pulsava dentro do meu crânio e minhas pernas estavam desgovernadas. Levei minhas mãos até meus olhos que ardiam intensamente. Tudo ao meu redor girava, as pessoas estavam duplicadas. Me escorei na parede, e de repente todos os meus membros falharam e eu cai, inconsciente.

Quando acordei novamente, eu não estava preso como da última vez, o que foi um alívio. Andei cambaleante até a porta semiaberta, e logo já estava fora dali, ainda tentando me acostumar mais uma vez com aquela claridade excessiva. Avistei Charlie sentada no refeitório, a ruiva apenas remexia na comida, seus olhos estavam baixos e a mão apoiada na face deixava claro o tédio. Caminhei em sua direção, mas a ruiva não pareceu perceber, apenas quando já estava sentado ao seu lado e a cutuquei.

- Planeta dos loucos chamando por Charlie. – falei tentando soar o mais divertido possível.

E assim que ela me viu, abriu um grande sorriso como se fosse uma criança ganhando um presente.

- Você está aí! – exclamou.

- Onde mais eu poderia estar? – ironizei, sorrindo de lado e ela me deu um leve soco no braço.

Nossa conversa fluiu rapidamente, dizíamos coisas idiotas e sem sentido. Chegava a ser irônico a forma como nossa conversa louca, se encaixava em pessoas loucas que estavam em um lugar para loucos. Continuamos a conversar de forma quase animada, até que meus olhos pousaram em um moreno que lia um livro não muito longe dali.

- Qual é a dele? – perguntei apontando diretamente para o garoto.

- Sabe como  é, ele é louco. Só não chegue perto.– me alertou

- E por que? – me fiz curioso.

- Porque ele é louco. – exclamou quase que gritando.

Por alguns segundos minha atenção se voltou para o garoto de olhos azuis, que lia as palavras de forma tão absorta que admirei sua capacidade de concentração quando ao seu redor aconteciam coisas tão...malucas.

- Vou ir falar com ele. – disse, já me levantando e indo na direção do garoto, ignorando todos os chamados da ruiva.

Sentei-me à sua frente, mas mesmo assim ele continuou a sua leitura e eu apenas consegui me perguntar por quanto tempo a mais ele se manteria tão envolvido pela leitura, mas logo constatei que muito. Estalei os dedos na frente da sua face, e suas íris azuis se levantaram para me encarar. Esbocei o meu sorriso mais simpático possível.

- Ei, eu sou Sam. – me apresentei, e o garoto apenas arqueou as sobrancelhas. – Sou novo aqui. – sorri novamente. – E você como se chama?

- Castiel. – Ele respondeu relutante.

- Bom, eu e a minha amiga Charlie queríamos que você se sentasse conosco. – falei gentil.

- Quem? – perguntou.

- Aquela ruiva ali. – apontei para a garota que tinha a feição zangada.

- Ah, sim. – disse voltando para a sua leitura novamente, me ignorando outra vez.

Franzi o cenho e estalei meus dedos novamente, atraindo sua atenção para mim.

- Quer se sentar com a gente? – indaguei.

- Ah, sim. – respondeu, simples.

- Legal, então vamos. – disse já me levantando da mesa e seguindo para o meu lugar do lado da ruiva, sendo seguido por Castiel.

O garoto dava passos lentos e sua cabeça estava baixa, por alguns segundos achei que ele estava dizendo alguma coisa, mas logo descartei essa ideia já que tudo o que eu ouvia era sussurros e bom, poderia ser de qualquer pessoa. Ele se sentou ao lado da ruiva que me lançou um olhar feroz, e naquele momento percebi que se um olhar matasse eu seria um homem morto.

- Charlie, esse é o Castiel. – os apresentei.

O moreno se arriscou a observar a garota e lhe deu um sorriso mínimo.

- Oi. – disse seca.

- Ola. – ele respondeu. – Ah, cale essa boca. – ele dizia agora com a cabeça baixa e as mãos na cabeça.

A ruiva mantinha seu olhar fuzilante sobre mim, que eu ignorei completamente.

- Então, Castiel. – ela o chamou, cínica. – Com quem você fala?

- Com ele. – respondeu. – Ele sempre diz coisas que eu discordo. – completou.

- Ele quem? – perguntei, ainda com um sorriso no rosto.

- Eu não sei. – sua voz era baixa.

Um pequeno silêncio se instalou, Charlie tentava se comunicar comigo através de olhares e, surpreendentemente, eu entendia tudo. Castiel não era uma pessoa normal, mas nós dois também estávamos ali, significava que aos olhos de outras pessoas também não éramos normais, sendo assim, porque julgá-lo?

- Aquele é o Winchester? – perguntou a ruiva, olhando para um lugar fixo, para onde estava um loiro.

- Sim. – respondi, engolindo em seco.

Charlie o encarava fixamente, e acho que o assassino reconheceu isso já que também a encarava com uma feição preocupada no rosto. A garota estava prestes a se levantar, quando segurei na sua mão impedindo-a.

- Não vá até lá! – comecei. – Ele é um assassino.

Ela revirou os olhos, e sorriu de lado.

- E ele é um louco. – apontou com a cabeça para o garoto ao seu lado que continuava com seu monólogo.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa para impedi-la de ir até lá, a garota já tinha se soltado e caminhava na direção daquele insano, aquele que cometeu um dos piores crimes da história. Ela caminhava em encontro ao Dean Winchester.

Sentou-se na frente do loiro que parecia um tanto atordoado com aquela conversa inesperada, os dois estavam longe demais para que eu pudesse conseguir escutar alguma coisa que eles falavam, porém, sabia que ela fazia aquilo como uma revanche por Castiel.

Em algum momento, a ruiva jogou sua cabeça para trás rindo de algo que provavelmente Dean tinha dito, só de ver aquela imagem desse sociopata, senti todos os meus músculos entrarem em alerta. Olhei para Castiel, o mesmo tinha voltado para a sua ávida leitura. E de repente, quando olhei novamente para Charlie a mesma apontava em minha direção, engoli em seco ao ver seu olhar de vitória sobre mim.

Quando a ruiva se levantou, e foi acompanhada pelo Winchester, tudo o que pude fazer foi entrar em modo de defesa. Olhei para a mesa, e vi alguns talheres mas percebi que tanto a faca como o garfo eram coisas inofensivas, e se Dean resolvesse nos atacar não teríamos nenhuma salvaguarda.

Eles estavam muito próximos e a cada segundo ainda mais, o pânico já se fazia presente no meu ser e eu estava a um passo de correr, mas não queria parecer um covarde.

- Ei. – a ruiva o chamou, quando sentou-se no seu lugar, porém o loiro continuou em pé ao seu lado.

- Dean, este é o Sam. – ela disse apontando para mim.

O loiro me encarou brevemente até sorrir de canto, quem o visse jamais pensaria que ele matou o próprio irmão.

- Eu sou Dean. – ele disse apontando para si mesmo. – Dean Winchester. – Eu apenas acenti relutante.- Você não é muito de falar, não é? – perguntou olhando para mim.

- Na verdade eu sou sim. – respondi. – Mas eu não falo com assassinos...


 

POV Castiel

Abri meus olhos no instante em que os sinais tocaram, indicando que era hora de nos levantarmos. Os corredores, que estavam desertos até o momento, ganharam uma claridade a mais quando as luzes foram acesas por completo e, quase que ao mesmo tempo, foram preenchidos de pessoas que saiam de seus respectivos quartos. Ao que tudo indicava, eram 7:30 da manhã.

Peguei minhas coisas e fiz minha higiene matinal no banheiro, como de costume, sendo acompanhado de mais algumas pessoas. Voltei para meu quarto, guardando meus pertences e colocando meu típico sobretudo bege.

Sentei em minha cama, alisando meu livro com o polegar. Querendo ou não, ele era meu único amigo lá dentro, fora Meg (a enfermeira mais gentil que já vira). O único que me compreendia. Se as vozes pelo menos me entendessem, me ajudassem, seria mais fácil sobreviver naquele lugar.

Ouvi outro sinal tocar, só que três vezes seguidas, diferente do último. Aquilo avisava que era a hora dos remédios. Mais precisamente às 8:00. Havia dois horários para que os medicamentos fossem dados aos pacientes: um de manhã e outro à noite (que não tinha horário definido).

Meu nome era um dos primeiros a serem chamados, portanto, não demorou muito para que os comprimidos já se encontrassem no meu organismo. Apesar de estar acostumado com aquela verdadeira bomba de drogas, eu ainda ficava meio tonto e enjoado. Meu corpo inteiro ainda reagia como se fosse a primeira vez. Um calor descomunal subia pelo meu peito, podendo chegar até a cabeça. Nesse caso, a tontura aumentava, fazendo com que eu desmaiasse, muitas das vezes. Daquela vez, eu só senti um calor momentâneo e um pouco de tontura, nada demais, o que era muito raro.

Antes de ir para o refeitório, passei em meu quarto para pegar o meu livro, como fazia todas as manhãs. Aquele costume se tornara quase que uma característica própria. Ninguém mais gostava de ler aquele livro, a não ser Meg. Mas já era de se esperar, pois as pessoas não viam o mundo como eu o via. Depois de tantas coisas que vi, minha sensibilidade quanto aos sentimentos e reações humanas se aguçaram. Com os livros e músicas, por exemplo, foi a mesma coisa.

Sentei na mesma mesa de sempre, abrindo o livro e procurando a página em que eu havia parado a última leitura.

Bom dia, flor do dia” – disse a mesma voz ecoando na minha cabeça.

- Ah, não! – bufei colocando as mãos no rosto – Por favor, me deixe em paz... – disse em um fio de voz.

“Nossa, Cass, que grosseria! Você era mais educado”.

- Falou muito bem. Era – rebati – Pelo menos com você, é assim.

“Essa magoou de verdade” – ironizou, dando uma gargalhada alta, que fez com que eu tampasse as orelhas. Foi quase como um grito inesperado.

- Eu só quero ler a porcaria do meu livro, é pedir demais? – murmurei.

“Credo! Que mau-humor...Vou sair mesmo, porque falar com você não parece uma opção boa”

Logo após disso, não ouvi mais nada. Suspirei aliviado, não acreditando que havia conseguido finalmente fazê-lo parar de falar. Em dias normais, ele falava por horas seguidas, sendo totalmente ignorado por mim. Apesar de ter vontade de responde-lo com um xingamento, eu conseguia me conter para não parecer mais anormal do que eu já era perante às pessoas daquele hospício.

Levantei o olhar por alguns segundos, quando senti alguém me observar. Era um homem moreno, com os olhos verdes e, aparentemente, muito alto, conclusão que poderia ser tirada ao observar o espaço que suas pernas ocupavam debaixo da mesa.

Minha teoria foi confirmada quando ele se levantou, mostrando seus quase dois metros de altura e seus cabelos ligeiramente compridos. Para a minha surpresa, ele começou a caminhar na minha direção, enquanto era chamado pela ruiva que estava sentada na mesma mesa que a dele. Charlie era o nome dela, se não me falha a memória.

Eu realmente não queria bancar o louco, apesar de que todos já sabiam disso. Preferi ficar quieto e fingir que eu lia meu livro, quando, na verdade, estava rezando internamente para que ele não viesse até mim.

Infelizmente, ele veio diretamente ao meu encontro, sentando na cadeira à minha frente. Senti ele me olhar por longos segundos, até estalar os dedos na altura dos meus olhos. Encarei-o e ele abriu um sorriso simpático. Larguei o livro ainda aberto na mesa, prestando atenção no que ele iria me dizer.

- Ei, eu sou Sam. – ele se apresentou, fazendo com que eu arqueasse uma sobrancelha. Por que diabos ele foi falar comigo? – Sou novo aqui. – sorriu novamente. – E você como se chama?

- Castiel – respondi com um pouco de receio. Não queria fazer amizade com ele, pois sabia que haveria algum momento em que ele se afastaria por conta própria.

- Bom, eu e a minha amiga Charlie queríamos que você se sentasse conosco. – disse em tom de voz que é usado para se falar com crianças. Eu poderia ser louco, mas não era idiota.

- Quem? – tombei a cabeça levemente para o lado.

- Aquela ruiva ali. – apontou para Charlie, que estava com uma feição irritada. Ela deveria tê-lo alertado sobre mim, mas mesmo assim ele resolvera falar comigo.

- Ah, sim. – disse, ignorando-o ao pensar na possibilidade de que ele estaria com dó de mim e que, por aquele motivo, havia começado a conversa. Peguei meu livro e fingi lê-lo, na expectativa de Sam ir embora.

- Quer se sentar com a gente? – indagou novamente, após estalar os dedos para chamar minha atenção.

- Ah, sim. – respondi, vendo que não havia outra saída.

- Legal, então vamos. – disse já se levantando da mesa e seguindo para o seu lugar do lado da ruiva, sendo seguido por mim.

“Então quer dizer que alguém resolveu fazer amizades, não é? “

- Ele quer fazer amizade, não eu – cochichei baixo o suficiente para que só eu pudesse ouvir, abaixando a cabeça para que ninguém visse que eu estava falando sozinho novamente.

Eu me sentei ao lado da ruiva, que encarava o mais alto com um olhar mortal. Me encolhi involuntariamente por conta de todos aqueles olhares, que foram causados por mim.

- Charlie, esse é o Castiel. – disse Sam, me apresentando para Charlie, que me lançou um sorriso, claramente forçado, imitando exatamente como estava no momento.

- Oi. – disse seca.

- Olá – respondi com a voz baixa. Olhei para Sam, que me encarava com um olhar compreensivo.

“Olha, garanhão. Ele gostou de você...” – ele falou debochado.

- Ah, cale essa boca – não consegui me controlar diante de um absurdo daqueles, me arrependendo logo em seguida.

- Então, Castiel. – ela me chamou – Com quem você fala?

- Com ele. – respondi. – Ele sempre diz coisas que eu discordo. – desabafei.

- Ele quem? – o moreno me perguntou, ainda com um sorriso no rosto.

- Eu não sei. – respondi com uma pontada de mentira. Na realidade, eu meio que sabia.

Todos ficaram em silêncio por um momento, até que o assassino pass1ou pela porta. Praticamente todos no local pararam o que estavam fazendo para observá-lo. Mas a única pessoa que fazia questão de deixar isso visível, era Charlie.

- Aquele é o Winchester? – perguntou a ruiva, olhando para um lugar fixo, para onde estava um loiro.

- Sim. – Sam respondeu, olhando para baixo e desfazendo o sorriso. Aquilo deveria incomodá-lo.

Assim que o loiro se sentou numa mesa vazia, Charlie se aproveitou e levantou para falar com ele. Aquilo, obviamente, era uma pequena vingança por Sam ter sido teimoso e falado comigo.

- Não vá até lá. Ele é um assassino – exclamou o moreno com uma feição apavorada.

- E ele é um louco – disse a ruiva, como se eu não estivesse ouvindo, pelo simples fato de estar com os olhos grudados no livro.

Um silêncio se instalou no local outra vez. Sam estava olhando fixamente para um ponto, que logo julguei sendo a mesa em que os dois estavam sentados. Eu deveria estar em estado de pânico, talvez, mas eu simplesmente não conseguia. Quando fui falar algo para que ele se acalmasse, Dean e Charlie já estavam na mesa, me tirando dos meus devaneios.

- Eu sou Dean. – ele disse apontando para si mesmo. – Dean Winchester. – completou.

Sam não respondeu nada.

- Você não é muito de falar, não é. – brincou.

- Na verdade eu sou sim. – ele disse. – Mas eu não falo com assassinos.

O loiro apenas abaixou a cabeça, murmurando alguma coisa que não consegui ouvir e muito menos fazer leitura labial, afinal, eu não mantinha contato visual com ele.

- Sam! – Charlie o repreendeu – Venha aqui. – disse o puxando pelo pulso.

Quando ambos saíram, Dean sentou logo à minha frente, abaixando um pouco o livro que cobria meu rosto e me encarando por cima do mesmo. Ele observou a capa do livro e voltou a me olhar.

- Você deve ser o Castiel, certo? – disse docemente, dando um leve sorriso – Eu sou Dean.

“Ele é uma gracinha, não acha? ” – a voz se tornou presente, no instante em que passei a observá-lo com um pouco mais de atenção.

Seus cabelos eram loiros, um tanto quanto escuros, seus lábios rosados e levemente umedecidos e seus olhos verdes penetrantes. Ele era...encantador. Não! Claro que não, ele era apenas uma pessoa atraente. Não para mim, obviamente, para as mulheres.

- Como sabe meu nome? – respondi me atrapalhando com as palavras, após vários segundos o observando – Tem a ver com o seu pacto?

- Que pa... – ele parou por um instante, rindo antes de continuar – É por causa do seu livro. Meg comentou que você gosta de ler os clássicos, principalmente Frankenstein.

Dei um sorriso de orelha a orelha quando o ouvi falar sobre meu clássico preferido. Conversamos por um bom tempo com ele sobre esse tipo de livro, descobrindo que ele também havia pegado um: Crime e Castigo. Era um pouco irônico se formos comparar o motivo pelo qual ele fora parar naquele lugar, e o tema daquela obra.

- Então fica assim: Você termina de ler este livro aí pela décima vez enquanto eu termino esse aqui. Depois nós trocamos, assim teremos mais assunto um com o outro. – propôs. – Tudo bem pra você trocarmos os livros?

 A voz gritou animadamente no meu ouvido, ecoando pela minha cabeça, fazendo com que eu tampasse os ouvidos e soltasse um gemido de dor. Recebi um olhar curioso por parte do Winchester, percebendo o quão estranho aquilo poderia ter sido.

 “E eu bem que queria trocar saliva com você, Deanno” – respondeu na minha mente, fazendo com que eu arregalasse os olhos diante de tal frase.

Minhas bochechas coraram no mesmo instante, por conta da vergonha que sentia no momento. Saí da mesa sem dizer palavra alguma. Eu só queria ter uma conversa normal com alguém por alguns segundos.  Isso era pedir demais?





leiam as notas finais


 


Notas Finais


bom pessoal
o proximo capitulo pode demorar para sair porque a Eva perdeu o celular dela, então nós não estamos nos comunicando e por essa razão não tem como criar o proximo capitulo :(((
masssssssss eu quero muito saber suas opiniões, sugestões, critcas e etc
nos diga quais as partes que mais gostaram, o que acham que pode melhorar e etc
COMENTEM PRA A GENTE SABER QUE ESTÃO GOSTANDO!!!
beijoxxxxxx


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