História Atraída Pelo Perigo - Capítulo I

Anteriormente...

- Ora, ora... Olha só quem eu encontrei... - aquela voz novamente, mas agora atrás de mim.

Merda...

Viro-me de vagar ao ouvir o som da arma sendo engatilhada.

Agora...

~ Emilly

• Alemanha, 01h29 A.M •

Engulo em seco o susto que tomei, não esperava por isso. E coloco o melhor sorriso de deboche em meu rosto.

- Ora, ora... Olha só quem me encontrou - falo de forma irônica.

- Ahh garota, pena que essa tua irônia não vai durar tanto. - ele sorri.

- Não me subestime Juan.

- Não estou... São apenas fatos. Ou por acaso tem uma arma escondida? - estreito meus olhos e sorrio.

- Não preciso de uma para acabar com você...

- É o que veremos... - ele mira em minha cabeça e atira, no mesmo instante me jogo para o lado e corro em sua direção. Outro tiro, dessa vez atingiu minha perna direita. No mesmo momento paro... E ouço outro tiro. De repente Juan cai no chão espatifado. Olho para trás e vejo Martin.

- Eu dou conta - diz ele, numa falha tentativa de imitar minha voz. - tenho certeza que sim.

Ele se aproxima de mim e agarro em seu braço apoiando todo meu peso... Não fazia ideia que uma bala na coxa poderia doer tanto.

- Emilly! Você foi baleada!

- Eu estava dando conta - olho para ele sem expressão.

Ele me pega em seu colo e sai correndo de lá, seu carro estava próximo, ele me leva até o mesmo e me coloca no banco de trás. Ele tira sua camiseta e a rasga no meio, assim amarra em minha perna fazendo um torniquete.

  - Calma, vamos dar um jeito nisso, só fique acordada... Você esta perdendo muito sangue.

Balanço minha cabeça concordando. Ele entra no carro e sai daquele lugar. Minha visão estava começando a ficar turva, me sentia fraca... O sangue, ainda que pouco agora, insistia em derramar por todo o banco e chão do carro... Aquele infeliz deve ter atingido minha artéria.

Martin continuava dirigindo, o mais rápido que pode...

- Emilly! Não feche os olhos! - ele dizia virando a cabeça para trás algumas vezes.

A voz dele estava longe e minha visão embaçada. Tentei o máximo que pude ficar acordada. Mas era mais forte que eu. A última coisa que vi foi Martin parando o carro e abrindo a porta de onde eu estava, ele me pegou no colo e depois não me lembro de mais nada.

...

Estava tudo negro, como a calada da noite... O único som que eu ouvia vinham de meus pensamentos desacordados. Assim foi por um bom tempo até que eu ouvi algo muito longe, algo que não fazia parte do plano em que eu estava. Era um 'bip' .. E ficava mais e mais próximo...

'Bip' 'bip' 'bip'.... Uma claridade invadiu meus olhos, me cegando... Abri-os com dificuldade. Estava tudo branco e claro e uma voz....

- Emilly? Emilly! - Martin diz exasperado segurando minhas mãos e tocando em meu rosto - Que susto você me deu! - viro minha cabeça, ainda confusa, em sua direção e o encaro.

- Martin..? - falo com dificuldade.

- Não, não se esforce... Passou por uma cirurgia complicada. A bala tinha se alojado e acabou pegando sua artéria, perdeu muito sangue...

- Eu... Não posso... Ficar aqui - falo tentando soltar os fios que me ligavam aos aparelhos, mas ele me impede.

- Você não vai sair daqui, não sem antes estar recuperada! Então sossega esse facho que serão três longos dias! Papai jaja chega.

- Por que disse a ele? Falei que não era para falar nada.

- Talvez por que seria estranho de repente a filhinha dele sumir por três dias e aparecer em casa de amuletas e com a perna enfaixada. Ou não? - diz ele pensativo - é, você tem razão, não seria nada estranho e não deveria ter contado... Se liga né Emilly.

- Não estamos seguros aqui!

- Emilly! Para de neurose, você esta em um hospital e não em um campo de guerra. - ele fala elevando um pouco a voz.

- Depois não diga que não avisei - viro minha cabeça para o lado oposto. Será que ele não percebe que estamos expostos de mais? Temos muitos inimigos e eles têm olhos por todos os lados... É só uma questão de tempo para aparecer alguém aqui e nos matar.

Ouço a porta ser aberta e olho rapidamente.

- Emilly! Meu Deus, menina! O que estava pensando?! - meu pai corre ao meu encontro - Você poderia ter morrido! Não te deixei a frente dos negocios para você fazer tudo sozinha! - uma lágrima rola por seus olhos.

- Calma papai... Estou bem, não se preocupe - respondo calmamente.

- Emilly Swert Von Mayer! A senhorita nunca mais faça isso comigo! Esta me entendendo?! Parece que gosta de se enfiar no meio do perigo. No que estava pensando quando foi enfrentar um mafioso e sua equipe armada?

- Pai... Calma, esta assustando a enfermeira - Martin diz se referindo a enfermeira que estava no quarto, nós nem a percebemos, ela estava meio encolhida e com a cara de espanto.

- Foi só uma bala perdida... - Martin diz sorrindo para ela. Ela então sai meio as pressas do quarto.

- Acho que o senhor chamou um pouquinho de atenção - falo olhando para ele.

- Chamar atenção? Magina... Ele só acabou de tatuar na testa 'por favor, nos prendam' - diz Martin um pouco exaltado.

- Temos que sair daqui - papai diz com as mãos na cintura e olhando para cima com o um ar pensativo.

- Ah, jura? Vamos esperar ela trazer a cambada de enfermeiros e medicos e os surpreendemos, pegamos suas roupas e saimos com Emilly do hospital como se ela estivesse sendo transferida.

- Gente... - falo tentando chamar atenção deles, mas é em vão.

- Você anda vendo muito filme Martin, vamos pelo tubo de ventilação - papai diz olhando para o mesmo no teto.

- E como vamos levar a Emilly? Ela acabou de sair de uma cirurgia.

- Gente?! - tento mais uma vez.

- Trouxe sua arma?

- Sim! - Martin responde e reviro os olhos.

- Gentee!! - falo exageradamente alto e eles me olham. - Estamos no térreo.

- Ta bom Emilly, deixa a gente res... - eu o corto.

- A janela! - então eles olham para a mesma.

- Ah, claro que pensamos nisso - Martin responde indo em direção a mesma.

- Martin, pula a janela e pega sua irmã do outro lado...

Termino de tirar aquelas agulhas e aparelhos que estavam ligados a mim e desço da maca. Minha sorte era que papai estava ao meu lado por que minha perna vacilou comigo e me desiquilibrei. Ela estava bem fraca a que foi baleada, não tinha dado conta disso ainda.

- Que porra de garota teimosa! Alguém falou para você descer da maca? - Martin me olha de uma forma como se tivesse cometido o maior dos crimes.

- Martin, olha como fala com tua irmã - diz papai me segurando - agora pula logo essa droga dessa janela.

Ele obedece e papai me carrega até a mesma, com um pouco de dificuldade me ajuda a passar por ela. Martin me pega do outro lado e assim papai a pula também. Ouvimos a porta abrir e Martin sai correndo comigo no colo, e papai vem logo atrás. Chegamos até o carro, nosso pai entra no lado do motorista e Martin me ajuda a entrar no carro e ele entra também.

Saimos de lá quase que instantâneamente. Cerca de vinte minutos depois chegamos em casa. Martin me tira do carro em seu colo, ja que não tenho força suficiente para andar por conta própria.

Entramos em casa e ele me leva até meu quarto, chama Mônica, nossa governanta, para me ajudar.

- Vai ficar bem? - papai diz aparecendo na porta, apenas balanço a cabeça afirmando. - Vou atrás de uma enfermeira, acredito que ainda precise de alguns cuidados médicos.

- Tudo bem...

- Pronto, a banheira esta pronta... - Mônica diz aparecendo no quarto.

- Obrigada Mônica - sorrio para ela sem mostrar os dentes.

- Vê se não se mete em mais encrenca Emilly. Espero que isso sirva de aviso para você.

- Economize suas palavras, papai.

- É... Você nunca obedece - ele da de ombros e sai fechando a porta.

- Pode parar de se fingir de forte agora - Mônica diz me olhando.

- Cacete, isso dói de mais - falo com cara de dor e levo minha mão ao ferimento que estava enfaixado.

- No que se meteu agora dona Emilly?

- Uns acertos de contas, nada de mais... Foi só um pequeno descuido.

Ela me ajuda a levantar e ir até o banheiro do meu quarto.

- Ai, ai, ai... Pera - falo parando e respirando fundo - pronto, vamos.

Ela me ajuda a ir até a banheira, sento na ponta da mesma e ela me ajuda a tirar aquela roupa de hospital. Entro na banheira e meu corpo relaxa com a água morna. Fecho os olhos e encosto a cabeça no beiral dela, respiro fundo e tento me esquecer da dor que sentia. Talvez ela fosse embora assim.

- Vou atrás de um remédio para você, talvez alivie um pouco a dor. - assinto e ela sai.

Mônica sai me deixando sozinha com todos meus pensamentos. A imagem de Lavínia aparece assim que fecho os olhos, ainda não consegui superar o que houve com ela, faz exatamente um ano que não a vejo, não ouço sua voz, o som de sua risada... Ela me faz falta, muita falta.

- Oh Emilly - Nem notei quando Mônica chegou e se ajoelhou ao meu lado - Não chore pequena, vai ficar tudo bem. - Ela acaricia ternamente meu rosto e enxuga algumas das lágrimas que insistiam em cair. 

  Respiro fundo e olho para ela.

  - Seu pai foi atrás dos remédios, logo ele volta.

  - A dor que eu sinto, remédio algum pode tirar Môni.

  - Lavínia?

  Apenas assinto e sem se preocupar se iria se molhar, ela me abraça dizendo que vai ficar tudo bem.

...

~ POV Narrador.

  Hong Kong • 10h15 A.M •

  - Senhor Ozama, já está tudo pronto. O senhor quer revisar o plano?

  Dizia um rapaz jovem, por volta de seus 22 anos, ao seu chefe.

  - Por favor, não quero que haja falhas. Segundo os Martinelli, o evento será na próxima semana e é imprescindível que não haja falhas. Não teremos outra oportunidade como essa tão cedo.

  O rapaz o houve atentamente e o apresenta novamente todo o projeto do plano.

                                 - Continua...