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História Através da Estrada. - Visitas Para Clara.


Escrita por: GiovannaPotter

Notas do Autor


Bem, aí vai mais um capítulo. Espero que gostem!

Capítulo 4 - Visitas Para Clara.


Fanfic / Fanfiction Através da Estrada. - Visitas Para Clara.

Não sabia quanto tempo tinha se passado, mas acordava novamente com uma conversa acalorada do lado de fora, pelo que podia ouvir, entre meus pais, H e o Dr. Fonseca.

- Não posso acreditar... Não com a minha filhinha... - minha mãe parecia chorar, mas o som era abafado.

- Sra.,  a situação pode ser revertida, porém ainda não temos a tecnologia necessária. Claro, há pesquisas por todos os lugares, mas ainda nada podemos fazer. Vai ser necessário tempo para ver como sua filha reagirá à sua nova condição e como seu corpo funcionará de agora em diante.

- Não há nenhuma cirurgia possível no momento? - meu pai perguntava, parecia desolado.

- Fizemos tudo que tinha ao nosso alcance, Sr. Moraes. Vocês terão que se conformar com isso. - Dr. José falava, com sua transparência e sua incapacidade de se colocar no lugar do próximo.

- O que ele quer dizer Jorge, - Hélio se pronunciava pela primeira vez na conversa. - É que, quando uma chance de um novo procedimento estiver em vista, o faremos imediatamente.

A conversa terminava ali. Em um movimento inútil, tentei me levantar da cama, ir até eles e socar a cara daquele médico sem coração. Mas tudo que aconteceu foi eu me lembrar de que não posso mais sair da cama sozinha. Não tinha forças para me erguer e movimento nas pernas para me manter em pé. 

Logo, todos que conversavam lá fora entraram no meu quarto, com cuidado para não fazerem barulho. As cartas que tinha aberto momentos antes tinham sido retiradas da cama e colocadas ao lado da caixinha de música, que agora se encontrava fechada.

- Podem acender a luz. Estou acordada. - eu disse, talvez dando um pequeno susto no grupo.

Meus pais foram me abraçar, talvez naquele momento mais desolados que eu, enquanto H acendia a luz.

- Ãh... - Hélio pigarreava. - Bem, amor, o Dr. tem uma... Notícia.

- Pode dizer. - todos me olhando, esperando para me segurar de uma queda que eu teria após a notícia. Eu tentaria resistir a isso.

- Bem Srta. Clara, após várias pesquisas e exames, temos um diagnóstico do seu quadro. - agora percebia que o Dr. carregava papéis nas mãos. Eram radiografias que ele me mostrava, com o auxílio de uma lanterna para melhor visão das áreas feridas. - Vemos nessas fraturas, uma grande falha motora e celular, deixe-me explicar, em outros termos...

Não entendia muito bem o que ele dizia. Biológicas nunca fora meu forte.

- Dr., apenas me diga a conclusão, por favor.

- Bem... - ele pareceu se ofender com o corte que dei, mas não ligava para isso. Logo ele se recompôs. - Lamento em lhe informar,  você perdeu seus sentidos motores e táteis dos seus membros inferiores. Em outras palavras, você está paraplégica.

Baque, sucedido por um silêncio cortante. Sentia meu sangue circular por quase todo o meu corpo. Uma lágrima conseguiu transbordar. Esperava que aquela fosse a única e, rapidamente a limpei.

- A situação no momento é irreversível, mas toda tecnologia que tivermos será usada em você, juntamente ao apoio de uma fisioterapeuta.

- Tá. - aceitei. Era a única coisa que podia falar. Não ia discutir, perguntar se havia outro jeito. Não queria saber, não queria pensar, só concordar.

- Tá? Apenas tá? Clara, você está bem? - minha mãe olhava para mim como se eu estivesse em choque, porém, eu não estava. Me encontrava em perfeitas condições racionais. Apenas já havia me conformado com a minha situação. Me resumia em cacos que teriam que ser colados ao decorrer do tempo. 

- Tudo bem. Posso conviver com isso. Quando tenho minha alta? - me recompus, ou ao menos tentei.

- Você terá que ficar aqui por mais alguns dias, amor. - meu noivo me respondia, no canto do quarto, sem saber o que falar ou fazer.

- Ok.

- Querida, você está bem mesmo? - meu pai me checava. Eles faziam carinho em mim. Esses pequenos gestos já me deixavam bem. Dava pequenos sorrisos para eles dois.

- Sim pai. Não é o fim do mundo. - realmente não era. Na verdade, era o inverso. O começo de uma nova realidade. - Vou ficar bem.

O Dr. logo se retirou do quarto, deixando-me só com a minha família, que permaneceu ali por bastante tempo. Minha mãe queria ficar no hospital, dormir lá, mas disse que não era necessário, além do mais, Hélio estava comigo. Já meu pai insistia que eu deveria voltar para a casa deles. Eu resisti. Disse que não era necessário. Não é porque vou ter que ser cuidada como um bebê que eu deva voltar para a casa deles. Eu daria meu jeito. Seguiria em frente.

De tarde, o casal se foi. H fora trabalhar e eu ficara sozinha, assistindo TV. Não podia ficar alienada ao mundo. Precisava saber de tudo que acontecia.

Muitas notícias, economia, entretenimento, futebol. Nenhum escândalo ou catástrofe. Pelo menos o exterior permanecia normal.

Beirando o início da noite, eu cansada de ficar deitada e de comer torradinhas e gelatina, recebi uma visita muito inesperada. Uma visita dupla.

As figuras, o casal dinâmico, meus parceiros de crime. Daniel e Marissol.

Eles apareceram no quarto de surpresa, fazendo, como sempre, o maior barulho possível. Isso porque Dan havia trombado na porta e Mari começara a rir.

- Controle-se, caramba! - O moreno brigava com a jovem, talvez porque ela estava rindo da trapalhada dele. - Ei, Clear! Como está? - eles finalmente entravam no quarto.

- Oie! Adivinha quem chegou? - Mari andava recinto, desfilando. Eles faziam-me sorrir.

Uma enfermeira que passava fechou a porta do quarto, não sem antes fazer uma careta feia para os visitantes.

- Como deixaram vocês entrar? - era realmente um mistério.  Eles se aproximaram de mim e, com um beijo na bochecha, cumprimentei os dois.

- Ei, você guardou o balão! - Sol percebia, olhando para a estrela meio murcha. - Que amor!

- Também, onde ela jogaria fora? - Daniel provocava. - Como está, Bebê?

- Bem. Quero dizer... Eu não vou andar mais, porém, tirando isso, permaneço ótima.

Os dois congelaram com a notícia. Se entreolharam. Não sabiam o que fazer. Talvez eu tenha sido um pouco, digamos que direta demais. Eu só não queria pensar muito naquilo, então quanto mais rápida eu fosse ao tratar desse assunto, menos tempo eu perderia em me martirizar. Também não queria que eles enrolassem muito no quesito "ter pena de mim".

- Desculpem. Fui um pouco indelicada. - falei, tentando cortar a tensão.

- Isso é sério, quero dizer, não há alternativa? - Mari se aproximava da cama, incrédula.

- Bem, parece que por enquanto, não.

Percebi que os dois tinham algo que não podiam me contar. Não perguntaria o que era. Mais uma bomba para mim não era o que eu desejava no momento.

- E as coisas do trabalho, como vão? - perguntei, mudando de assunto. - Quem está escrevendo por mim?

- Roberta. Ela está te substituindo. - Mari respondeu, percebendo que eu precisava falar de outra coisa. - Ah, Lucas te mandou lembranças. Ele ficou espantado quando soube do acidente. Fez até um pequeno editorial sobre isso. Eu tenho o jornal se você quiser ler depois. - fiz que sim com a cabeça. Daria tudo para ver o que Lucas tinha a dizer sobre meu acidente.

Conversamos bastante, parecia que a Karla, do ramo de pesquisas econômicas estava grávida, Paulo da manutenção poderia ser amante do Lucas (Daniel tinha certeza que sim, Marissol desconfiava) e a máquina de café tinha quebrado novamente.

Muitos perguntaram de mim e eu afirmei que, se quisessem saber como eu estou, poderiam dizer qual é minha verdadeira condição.

A conversa fluía muito bem, porém, quando perguntava algo relacionado ao meu cargo sentia um pouco de tensão e, Daniel em específico permanecia em silêncio. Não perguntei, gostaria de descobrir por mim mesma o que havia ali.

Depois de uma hora de visita, meus colegas se foram, agora a loira esbarrava na porta, dando direito ao moreno rir bastante.

Fiquei sozinha novamente. De tempos em tempos alguns enfermeiros passavam no meu quarto para checar se eu estava bem, conferir minha pressão, me ajudar a ir no banheiro (isso era um pouco constrangedor, mas eu me acostumaria), essas coisas de hospital.

Achei que finalmente estava só. Era noite, Hélio ainda não tinha passado no quarto e, parecia que iria demorar um pouco para me ver de novo.

Ia pegando no sono, porém, uma pessoa entrava no quarto. Não era nenhum médico ou enfermeiro.

Era um homem, um tanto alto, parecia ser musculoso. Tinha algo nas mãos. Ele andava devagar pelo quarto, deixara o que segurava no sofá e já ia embora, até que eu me pronunciei.

- Quem é você? - falei baixinho, mas ele conseguiu entender.

- Oh, desculpe, não queria mesmo te acordar. Você quer alguma coisa? - aquela voz. Conhecia aquela voz.

- Bem, pode acender a luz e conversar comigo. Eu não estava conseguindo dormir direito mesmo.

Ele acendeu a luz, revelando um belo homem, de cabelo moreno e barba bem feita. Olhos claros, usava um uniforme de policial. Mesmo com a aparência máscula, ele não parecia ser tão velho. Chutava uns trinta anos.

- Sente-se. - apontei uma cadeira que ficava perto da cama. Ele obedeceu ao pedido. - Então, quem é você?

- Bem, meu nome é Theodoro Costa, mas todo mundo me chama de Theo. - eu reconhecia esse nome, de algum lugar, sabia que sim. - Eu sou policial e, bem... Eu te socorri em seu acidente.

Sabia que conhecia aquele nome, aquela voz! Me lembrava vagamente do dia do acidente mas consegui reconhece-lo.

- Me desculpe mesmo, devo estar sendo muito pertinente não é?

- Não, não! Nunca seria! Eu só tenho a lhe agradecer, se não fosse por você eu nem estaria aqui! Inclusive, foi você que me deu a caixinha?

- Ah, foi sim. Você gostou?

- Amei. Eu adoro essa música, desde pequena. Não precisava se preocupar, de verdade.

- Que é isso, não foi nada.

- Mas... Desculpe perguntar, por que essa preocupação toda? -  desde que Hélio me disse que tinha ganhado uma caixinha de Theo fiquei com essa dúvida na cabeça.

- Bem. Eu realmente não sei. Talvez você me lembre alguém. - não quis ir mais afundo naquele assunto. Ele devia ter seus motivos, mas aquilo não me importava mais. Ele poderia ser um bom amigo.

Conversamos por um bom tempo. Theodoro me fez sentir como se eu não estivesse em um hospital. Ele fazia algumas piadinhas, e, mesmo depois de saber que eu estava paraplégica, não me tratou com dó ou como se eu fosse incapaz. No final, conhece-lo foi muito interessante.

- Bem, eu trouxe alguns bombons. Comida de hospital é um inferno. - dizendo isso, ele trouxe a caixa que tinha deixado no sofá até mim. Eu a escondi debaixo do travesseiro. Nenhum médico ou enfermeiro precisava saber. - Bem, acho que deu minha hora.

- Mas já? - não podia acreditar, a conversa estava tão boa.

- É, eu tenho que trabalhar amanhã cedo então, tenho que descansar. Mas se você quiser, eu volto.

- Claro! Quando você voltar poderemos dividir os chocolates!

- Que nada, são todos seus. Lá na delegacia, você pode achar engraçado, mas só comemos rosquinhas.

- Bem, de qualquer forma, volte quando quiser. Gostei de conversar com você Theodoro!

- Ah, por favor, me chame de Theo. Será um prazer voltar. - dizendo isso, ele abriu breve sorriso, mas quando ia na direção da porta, H entrou no quarto.

- Clara, as luzes estavam acesas e... Ah, você tem visitas.


Notas Finais


E então???


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