LUZ NOCEDA
- Essa... doeu – Não tinha ideia alguma se estava me referindo ao fato de ter despencado quase nove degraus... nove ou dez? Sei lá, me senti absurdamente tonta.
- LUZ!! – Meus amigos gritaram de longe e eu pude ver o vulto deles descendo a arquibancada em disparada enquando uma multidão se reunia ao meu redor. Só conseguia pensar que estava passando muita vergonha.
- Luz, LUZ, LUZ? – Ouvi uma voz conhecida e me voltei para a direção dela. Não consegui reconhecer a/o garota/o que me chamava e depois disso não lembrei mais de nada.
Horas depois...
- O que deu nessa menina? Só podia ser ela a cair 12 lances de escada – Imediatamente reconheci como a voz de Eda, mas não abri os olhos.
- Ela se... distraiu – Willow disse e eu senti uma pressão leve na minha mão e um perfume adocicado que eu reconhecia bem e inclinei minha cabeça para o lado oposto onde vi que Amity ressoava tranquilamente na cadeira, com algumas rugas de preocupação a testa. Olhei para o relógio na mesa eram 03:25 da manhã. Não acreditava que ela tinha ido dormir no hospital por minha causa. Tentei sorrir, mas só conseguir emitir um ruído satisfeito já que estava muito dopada para isso.
- Como alguém se distrai ao ponto de se estrebuchar no chão? – Eda perguntou ainda desconfiada.
- Ela viu Amity beijando outra garota, ou outra garota beijando a Amity, quando nós vimos ela já estava no chão – Gus confessou rapidamente. Ele era fraco, lhe faltavam mentiras. Soltei um som insatisfeito e os olhares se voltaram para mim e eu tornei a fechar os olhos novamente.
- Ela deve estar delirando, o médico prescreveu vários analgésicos – Willow disse com... pena?
- Só podia ser essa garota rica pra fazer a Luz virar a cabeça. Céus que boiola – Eda fez cara de tédio e saiu.
- Não acredito que você “caiu de amores” – Willow falou enquanto eu abria os olhos surpresa com o fato deles estarem rindo de mim.
- Sabíamos que estava acordada – Gus deu de ombros.
- Eu... morri? – Perguntei tonta.
- Tá sentindo isso aqui? – Willow pressionou minha testa e uma dor lancinante invadiu minha cabeça.
- Aaau... – Gemi baixinho e confirmei com um movimento de cabeça.
- Então não tá morta – Gus falou olhando para mim.
- O que ela tá fazendo aqui? Só deve tá como amiga né? – Perguntei curiosa despertando rapidamente para saber o motivo pelo qual a Amity com o cabelo LILÁS, sim, só agora eu conseguia prestar atenção que ela havia pintado o cabelo de lilás. Ela estava magnífica, pensei. Qual a cor que ficava ruim nela? Não consegui pensar em nenhuma. Ela era perfeita, mas só erámos amigas... só amigas. Lembrei do beijo dela e da Borsha e murchei.
- Ela não desgrudou de você – Willow falou admirada.
- É, nunca vi alguém tão preocupada com seu bem-estar. Acho que não poderia ser atitude diferente de amizade – Gus falou e eu fechei os olhos para absorver seu discurso.
- Ou de amor – Willow se contrapôs e uma faísca de esperança iluminou meu rosto abatido. Não teria como não estar abatida depois de me estrupiar, pensei sem nada falar.
- Viu como o rosto dela se iluminou? Não pode dar esperança para ela – Gus falou baixo para Willow imaginando que eu não escutaria.
- Gente, eu tô ouvindo – Falei olhando para Amity, estava com receio que ela acordasse com essa quantidade de vozes.
- Você tem que superar logo, antes que seja tarde – Gus falou em um tom sério olhando nos meus olhos.
- Isso não é assunto para agra, Gus, a Luz não tá bem, tá numa enfermaria na escola – Willow interviu me defendendo.
- Não entendo essa sua vontade que a Amity não fique com a Borsha, não era você que não gostava dela? – Gus perguntou claramente atingindo um ponto que minha amiga de óculos não esperava. Ela saiu sem dizer nada e não o respondeu, o clima pesou e eu fechei os olhos, quem sabe aquilo não seria, na verdade, um pesadelo?
Horas depois...
- Desculpe... desculpe por não ter podido te segurar antes que você caísse, não sei ao certo o porquê mas sinto que a culpa é minha – Amity falava isso acariciando meus cabelos enquanto imaginava que eu dormia.
- Não foi sua culpa – Balbuciei abrindo os olhos e na minha mente pensando que era totalmente culpa dela por estar beijando a Borsha.
- Ah... Oi? Haha... Você tá... hum... acordada? A quanto tempo? – Amity havia ficado completamente vermelha num intervalo de dois segundos e retirado as m]aos rapidamente dos meu cabelos curtos. Atitude que me deixou... incomodada?
- Só ouvi você dizendo que sentia que era a culpada? Tem algo mais para me dizer, Amity Blight? – Perguntei levantando uma das sobrancelhas e fazendo uma careta de dor ao perto que havia um curativo em cima desta.
- O que foi? O que tá doendo? Quer que eu chame um médico? Uma enfermeira? Ou te dê logo os analgésicos? – Sua fala disparou e eu apertei sua mão suavemente, tentando me lembrar um pouco de como respirar logo após esse toque sutil.
- Eu estou “bem” – Falei com um sorriso fraco esperando que ela não conseguisse traduzir a dor que meu coração guardava. Eu não teria mais chances com ela, sem chance, pensei destruída.
- Hum... certo, tem certeza que não quer um antibiótico? Alguma coisa que alivie a dor? Sabe, você caiu muitos degraus, Noceda – Ela falou com um sorriso maroto nos lábios e eu a olhei sem entender.
- Desculpa, mas agora podemos achar graça, uma moeda para saber os pensamentos de Luz Noceda naquele exato momento? – Ela perguntou com os olhos brilhando de curiosidade.
- Não l-lembro – Gaguejei lembrando exatamente do que eu estava vendo ao me desequilibrar e sair rolando pela arquibancada.
- Não seja boba, dou duas moedas.
- É, sério, não lembro – Menti descaradamente mais uma vez. Amity Blight não poderia sequer sonhar que uma garota latina, desajeitada e sem dinheiro gostava dela. Decidi que iria esconder aquele sentimento em um lugar bem protegido para que eu não corresse o risco de estragar com a amizade, afinal, onde eu estava com a cabeça de pensar que talvez ela gostasse de mim?
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