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História Através do tempo - KakaSaku - Folga


Escrita por: Ladyofbyakugou

Notas do Autor


Sim, depois de anos eu retornei com mais um capítulo.

Queria dizer tantas coisas a vocês agora, mas sei que estão ansiosas pela leitura e não posso exigir mais do que isso.

Portanto, boa leitura.

Capítulo 17 - Folga


Fanfic / Fanfiction Através do tempo - KakaSaku - Folga


Sakura onee-chan — assim que abro a porta do quarto, sou recepcionada com a euforia de sempre daquele que torna meus dias incrivelmente mais coloridos. —, eu fiz um desenho nosso. — ele diz pulando no meu colo.

— Sério mesmo? — pergunto surpresa. — Vai me mostrar? — Raijin assente diversas vezes antes de pedir para descer. Coloco-o no chão e ele corre para trás da sua cama.

As roupas que a enfermeira que reveza comigo escolheu para ele hoje — agora que Ino não pode mais virar plantões e me dar o suporte de antes — não me agradam nem um pouco.

Vem! — me chama, apontando para o espaço entre a parede e a sua cama. Caminho até lá ciente da bagunça que vou encontrar.

Raijin não mediu esforços na sua obra e posso afirmar isso pelo uso de várias cores ao fazê-lo. Observo o desenho com claros traços infantis e tenho um pouco de dificuldade para entender, por isso forço um pouco a minha visão, ignorando totalmente o fato de que Raijin utilizou a parede branca do hospital para a sua performance artística.

— Você disse que é um desenho nosso. — ele assente. — Então são pessoas, certo? — arrisco perguntar e ele balança a cabeça positivo e alegremente, eu sento na sua cama para ter uma visão mais detalhada do desenho. Aponto para o bonequinho que possue alguns rabiscos rosas na cabeça. — Essa sou eu?

Sim. — ele se aproxima e aponta para o outro bonequinho menor que está, provavelmente, não tenho certeza, de mãos dadas comigo. — E esse é o Raijin. — revela um pouco envergonhado. Ele é uma gracinha.

— Ficou lindo, meus parabéns. — afago seus cabelos já grandes demais para o meu gosto, ele sorri em resposta. — Mas não quer incluir mais pessoas aí, não? Há espaço de sobra. — ele fica pensativo por alguns segundos.

Mamãe e papai? — o sorriso abandona o seu rosto e ele encara os pés, tirando do bolso um giz de cera da cor verde.

— Sim, tenho certeza de que eles ficarão muito felizes com seu desenho.

Eu sei que é muito difícil para ele lidar com a morte precoce dos pais. Raijin é somente uma criança que foi submetida a uma crueldade sem medidas. Mesmo eu, ao perder meus pais no final da minha adolescência, ainda não consigo lidar tão bem com a partida. Mas sei que esse garotinho na minha frente é muito forte e me prova isso a cada dia mais.

E a Misa? — percebo que estava divagando e desperto com a pergunta do pequeno, ele encara o leito atrás de mim e sigo o seu gesto.

— Ela também ficará muito feliz. — sorrio por ele considerar tanto Misaki ao ponto de querer incluí-la em sua arte infantil.

Mas ela só dorme. — me viro para ele novamente, sua face é de aborrecimento e me divirto às custas da sua inocência.

— Porém um dia ela irá acordar e vocês serão grandes amigos e farão muitos desenhos juntos. — minhas palavras o animam e ele torna a sorrir por um momento, porém logo a confusão ganha a sua face e ele pende um pouco a cabeça para o lado, encarando novamente o leito de Misaki com um bico nos lábios.

Eu não sei como são os olhos dela, estão sempre fechados. Como vou desenhar?

— Isso é bem simples de se resolver. — aos risos, seguro a mãozinha que ele carrega o giz de cera verde e a ergo até o meu rosto. — Eles são assim que nem os meus, olha. — abro mais os meus olhos e ele ri. — Verdes, muito verdes. Porque eu sou a mãe dela e ela tinha que herdar pelo menos algum traço meu. — agora é a minha vez de fazer bico e Raijin é quem afaga o meu cabelo.

O envolvo em um abraço e o puxo para o meu colo lhe fazendo cócegas na barriga, o som da sua gargalhada se espalha no ambiente.

Vou fazer... o aniki também. — Raijin diz ainda rindo e eu faço uma pausa para olhá-lo.

— Quem é seu Aniki, Raijin?

O papai da Misa.

Eu já imaginava essa resposta, o que me confirma uma suspeita bem antiga: Kakashi os visita com frequência. Percebo que estou sendo observada e encaro o par de olhinhos cor de âmbar que estão concentrados em mim, ele mantém o queixo erguido para me olhar.

— O que foi, Raijin? — pergunto, assistindo-o apertar os olhos e tirar uma mexa de cabelo que há alguns dias vem teimando em ficar na sua cara e percebo que já o incomoda. — Temos que cortar esse cabelo com urgência. — sorrio, deslizando minhas mãos pelas suas madeixas.

Onee-chan, você é a mamãe da Misa? — pergunta de repente me fazendo erguer uma sombrancelha.

— Sim. — confirmo, ainda acariciando seus cabelos.

E o Aniki é o papai dela?

— Exatamente.

Eu acho que sei onde ele quer chegar, embora tenha absoluta certeza de que ele já sabe todas as respostas, mas apenas está desempenhando o seu papel de criança ao instigar sua curiosidade sobre os adultos a sua volta.

Então — seus olhos se iluminam, ao mesmo tempo em que sinto algo atrás de mim. — , você e o Aniki são...

— NA-MO-RA-DOS. — e claro, só poderia ser Ino desempenhando o seu papel de intrometida. Me asseguro de encará-la com a minha melhor expressão ameaçadora, mas ela me ignora completamente. — Sabia, Raijin? — ela busca apoio no colchão e chega um pouco mais perto como se fosse segredar algo para ele. Raijin se encolhe em meus braços, ela ainda é a enfermeira responsável pelas injeções afinal de contas. — A sua onee-chan aqui e seu Aniki são completamente...

— Chega dessas baboseiras, Yamanaka. — Tsunade a adverte e Ino dá um pulo, provavelmente não havia percebido que nossa mestre vinha logo atrás dela. — Sakura, podemos falar? — eu apenas meneio a cabeça e desço o pequeno do meu colo, ficando de pé para ouvir o que Tsunade tem a dizer.

Raijin abraça minhas pernas na tentativa de se esconder de Ino que, ao perceber que ele a teme, levanta as sombrancelhas e mostra as unhas como se fossem garras, amedrontando-o. Ela está realmente preparada para a maternidade?

— Pois bem, eu terei que encarar o conselho de Konoha em poucos dias e necessito que uma minuta escrita sobre todo o funcionamento do hospital seja entregue e esteja assinada pelo Hokage ainda hoje. — explica.

Tarefa um pouco difícil para se exigir em um prazo tão curto, porém eu já esperava um relatório depois da vistoria que ela me designou, portanto estou bastante adiantada e apenas meneio a cabeça em concordância, ciente de que só terei que reunir os documentos e coletar a assinatura do Kakashi até o fim da tarde.

— Tire o restante do dia de folga para executar essa tarefa, sei que no hospital você não conseguirá se concentrar com as demandas chegando sempre até você.

— Mas, Tsu...

— Ela irá fazer e irei ajudá-la, já que também tenho o dia de folga hoje. — eu estava prestes a explicar que não precisava de nada disso porque o trabalho já estava totalmente feito, quando Ino resolve se intrometer novamente. A encaro cética e ela me devolve uma piscadela, ciente da tarefa já concluída.

— Certo, vocês duas cuidem disso então. Conto com vocês. — Tsunade suspira pesado, os anos como diretora do hospital tem exigido muito dela.

Olho para Raijin ainda encolhido nas minhas pernas e tenho uma grande ideia.

— É, Tsunade-sama... — procuro as palavras certas para o meu pedido, minha mestre me lança um olhar de desconfiança. — Eu gostaria de levar o Raijin para cortar o cabelo e, se possível — encaro novamente o pequeno que se mantém atento às minhas palavras —, comprar algumas mudas de roupas. Acredito que deixar um pouco o ambiente hospital o fará muito bem.

— Você sabe que tirá-lo da supervisão médica vai contra a nossa política, Sakura. — me alerta, calma. — Além de que preciso que mantenha o foco total na tarefa que a designei. — me sinto culpada por omitir a verdade, mas Ino está empenhada em me tirar daqui hoje.

— Mas ele estará sob supervisão médica. — Ino toma a palavra, enlaçando o braço no meu. — Supervisão das duas melhores médicas com iniciação psicológica desse hospital. Pense no tempo que ele se encontra aqui e como Sakura o faz bem. — Tsunade lança um breve olhar para Raijin e logo retorna para Ino. — Tenho certeza que não há melhor pessoa para cuidar e auxiliar o Raijin em sua reintegração na aldeia do que a própria Sakura — ela me oferta um grande sorriso. —, que o acolheu e cuida dele como se fosse o seu próprio filho.

São raras as vezes que as palavras de Ino me emocionam, em vista que da sua boca normalmente saem sempre as mesmas besteiras as quais estou acostumada a ouvir diariamente. Mas são nesses momentos que me recordo do porquê de sermos melhores amigas.

— Você por acaso está usando o seu jutsu para me convencer, garota? — Tsunade coça o queixo, ainda desconfiada. Ino nega com a cabeça e ela sorri anasalado nos dando as costas e caminhando até a porta. Nós duas nos encaramos sem entender, mas nossa mestre para assim que abre a porta e nos olha por cima do ombro. — Quero ele de volta antes das sete. — e sai, nos deixando surpresas com sua atitude.

— Diga que eu sou a melhor. — com o indicador erguido no ar e uma mão na cintura, Ino faz a sua exigência em troca do seu feito anterior. Eu revirou os olhos.

— Você é a melhor. — resolvo ser boazinha e em resposta sou obrigada a assistir uma espécie de dancinha da vitória bastante desengonçada. — Mas por que você insistiu nisso? Sabe que o relatório já está pronto, eu mesma contei a você assim que concluí. — ela para os movimentos e me olha.

— Ah, você sabe a resposta. — ela dá de ombros, mas enxergo o rubor quase imperceptível das suas bochechas quando o faz. — Você só trabalha e trabalha, achei que seria a oportunidade perfeita de sair um pouco comigo e aproveitarmos como antigamente. — então é isso? Quase não consigo esconder um sorriso pela confissão. — Além de que também será uma ótima oportunidade para o Raijin se divertir um pouco — olha para ele animada e o mesmo se encolhe ainda mais. —, não é? — mesmo receoso, ele assente e Ino sorri vitoriosa.

— Está certo. — solto um grande suspiro, me rendendo e volto a minha atenção para Raijin. — Então vamos cortar esse cabelo e comprar umas roupinhas novas? — ele assente de maneira divertida e sai de trás de mim para procurar algo em sua pequena pilha de brinquedos.

Enquanto Raijin se prepara, caminho em direção a Misaki e afago seus cabelos macios. Me inclino e deposito um beijo em sua testa, assim como faço sempre ao me despedir. Porém algo um pouco diferente acontece dessa vez, pois sinto que seu corpo responde ao meu gesto, de maneira que a sinto mover a cabeça minimamente abaixo dos meus lábios. Volto para minha posição inicial e aperto meus olhos em sua direção, mas nada acontece. Todos os aparelhos indicam a mesma situação, sem alterações. Ela continua a dormir.

Teria sido a minha imaginação?

— Testa — Ino me chama e eu desperto da minha confusão, virando a cabeça para olhá-la. Ela está de pé perto de Raijin e pede para que ele segure a sua mão, o mesmo nega, é claro, enquanto abraça o boneco ninja que tanto gosta. —, me ajuda aqui por favor. — solto uma risada indo até os dois, mas não sem antes destinar uma última observação silenciosa a Misaki.

Imaginação?


---


Raijin se olha no espelho e vira de um lado para o outro, dessa vez o conjunto que escolhemos para ele é uma camisa vermelha com uma calça verde escura. Ele claramente detestou, assim como as últimas três peças que o fizemos vestir.

— Eu acho que ele tem aversão a cores. — do meu lado, Ino cochicha baixinho para que somente eu ouça, seus braços estão cruzados e sua expressão é de desaprovação.

— Deixa disso, porca. — a repreendo, ainda com a atenção em Raijin.

Olhando o próprio reflexo, Raijin ajeita o cabelo, outrora cumprido demais, que agora recém cortado o traz uma aparência indubitavelmente melhor que a anterior. E mesmo ele parece concordar com isso, ao julgar pelo seu comportamento desde que deixamos o salão há quase uma hora atrás.

Onee-chan — ele se vira para mim e me abaixo para ficar a sua altura. —, eu não gosto dessa. — Ino bufa.

— Mas ficou tão lindo em você. — forço uma careta triste e ele toca minha bochecha. — Tem certeza de que não quer vestir essa? — ele assente e eu suspiro derrotada, me levantando. — Certo, então que tal você dar uma voltinha pela loja e pegar aquelas que você gosta? — sugiro, seu rosto se ilumina e ele sai correndo pelos corredores repletos de roupas.

— Eu não faço a mínima ideia de como lidarei se meu filho for tão exigente dessa forma. — Ino diz, capturando a minha atenção. Ela está na frente do espelho com um vestido vermelho, ainda no cabide, colado ao seu corpo, se olhando por diversos ângulos e fazendo caretas a cada mudança. Pisco algumas vezes tentando lembrar em qual momento estivemos na sessão feminina para que ela o conseguisse. — Eu espero que no mínimo ele puxe o meu bom gosto para roupas. — estica o tecido sobre o seu corpo, sorrindo para o seu próprio reflexo.

— Se for filho do Sai não conte muito com isso. — brinco e ela me lança um olhar atravessado pelo espelho.

— Sobre isso — de repente vira-se para mim, empurrando o vestido no meu corpo, a olho confusa enquanto tento segurar a peça para que não caia. —, amanhã receberei a visita de um dos médicos especialistas em pré-natal de Suna. 

— O que isso quer dizer? — pergunto, acomodando o vestido em meus braços de forma desajeitada.

— Não é óbvio? — força um sorriso e sei que ela está com medo. — Ele nos dirá se o meu bebê carrega o mesmo DNA do Gaara. Em outras palavras, amanhã saberei quem é o pai do meu filho. — morde os lábios, se perdendo em um ponto qualquer da loja.

— Mas isso não pode ser prejudicial para o bebê? — toco em seu ombro. — Ino, não é por desaprovar essas medidas que você escolheu esperar até o nascimento? Achei que essa fosse a sua decisão e que você convenceria ambos de aceitá-la. — busco entender sua repentina mudança.

Até então Ino manteve a ideia de que a paternidade do seu bebê somente poderia ser comprovada depois do seu nascimento. Lembro que eu mesma a alertei sobre os perigos em que o bebê se submeteria ao ser exposto a quantidades excessivas de chakra e como a precisão dos jutsus usados é duvidosa. Agora estou aqui tentando entender como ela conseguiu ignorar tudo isso.

— Gaara me assegurou de que serão usados métodos totalmente medicinais e diferentes dos que conhecemos aqui em Konoha. — vira novamente para o espelho e leva ambas as mãos à barriga já um pouco visível. — E me assegurou também que nunca colocaria a vida do próprio filho em risco. — me encara novamente pelo reflexo.

— Possível filho. — a corrijo e ela ergue uma sombrancelha loira. — Confia mesmo nele, não é? — ela suspira.

— Acha que estou me precipitando? 

Eu sei que sua pergunta não é destinada somente ao seu bebê e aos tipos de exames que ele será submetido ainda no seu ventre. Eu consigo ver através dos seus olhos e enxergar nas entrelinhas os sentimentos que vem se esforçando para esconder, por medo de que ao revelá-los o resultado será seu coração partido mais uma vez. 

E tudo isso atrelado ao fato de que um certo Kazekage está de passagem pela aldeia por tempo suspeito demais para os olhos mais atentos.

— Eu confio em você e no seu coração. — sorrio para ela que me devolve o gesto na mesma intensidade. — Agora tome esse vestido de volta. — empurro a peça para ela que me nega com a cabeça e arrasta novamente para cima de mim. — Oi? — ergo uma sombrancelha para a sua ousadia. — Não é porque você está grávida que serei sua carregadora hoje. Foi para isso que insistiu pela minha folga? — ela ri.

— Por que não tenta experimentar? 

— Isso? — olho para o vestido com o cenho franzido, é realmente bonito, porém um pouco distante do que costumo a vestir normalmente. — Não é exatamente o que...

— Ah, deixa disso. — antes que eu termine minha sentença, já estou sendo empurrada para o provador mais próximo de onde estamos. Ouço os risinhos das vendedoras ao passarmos por elas. — Já basta o Raijin me fazendo perder a paciência ao desprezar minhas dicas de moda. — sou empurrada para a cabine, Ino segura a cortina azul com força. — Você não fará o mesmo com essa mulher grávida aqui, pois acredite: alterações hormonais mudam as pessoas. — e a fecha com brutalidade.

Sou deixada sozinha com a vergonha pelo pequeno vexame que fui submetida e o vestido que estou sendo obrigada a experimentar. E certa de que não tenho escolha senão obedecer a grávida temperamental que me espera do lado de fora dessa cabine, assim o faço.

Deslizo o tecido que se molda ao meu corpo e saio para encontrar a luz novamente. Sou recepcionada por dois pares de olhos que parecem atônitos demais ao me verem.

— Você está linda... — Ino diz, seus olhos marejam. Ela está claramente refém dos seus próprios hormônios. — Eu nunca pensei que uma peça escolhida por mim ficaria tão bem em outra pessoa. 

Ino me guia até o espelho e eu fico impressionada assim que encontro o meu reflexo. O vestido é realmente um pouco diferente do que estou acostumada a usar; o decote é um pouco maior, porém nada vulgar ou exposto demais, e seu cumprimento segue as mesmas proporções.

Onee-chan — ouço a voz de Raijin e o procuro no reflexo do espelho, o encontrando atrás de mim e constatando que usa pelo menos quatro camisas ao mesmo tempo, uma em cima da outra. Dou risada da sua aparência. —, você parece uma princesa. — diz, erguendo a mão para alcançar a minha para então observar nosso próprio reflexo.

— Ele realmente dispensou meu magnífico senso de moda para isso. — descrente, Ino indica Raijin com ambas as mãos. Eu apenas consigo rir do seu aborrecimento. — Venha, já que gostou mesmo delas vamos ao menos separá-las para a compra. — se abaixa para ficar a altura dele que a observa desconfiado. — Eu não vou morder, só vou ajudar você com essas camisas. — explica e ele cede deixando que ela retire a primeira camisa, de cor preta, do seu corpo. Na segunda Ino fecha a cara totalmente e na terceira torce os lábios. — Mas que diabos? — a quarta deixa seu corpo e descobrimos que ainda há uma quinta, porém todas com as mesmas características da primeira: — TODAS SÃO PRETAS?! Sakura! — olha para mim incrédula, mas eu já estou desatando a rir com a situação que presencio e não lhe dou tanta atenção. — E você ainda disse que ele não tinha aversão por cores! — dou de ombros.

O aniki se veste assim. — o pequeno revela envergonhado. — E a onee-chan acha ele bonito...

Então, está tudo explicado. 

É a vez de Ino rir com a cara que faço diante da confissão de Raijin.

— Tá bom, tente encontrar calças agora. — Ino o instrue enquanto dobra suas camisas pretas e coloca todas dentro de uma cesta, Raijin anui e sai correndo novamente pela loja. — Ah, só não vai voltar aqui vestindo um monte de calças de uma vez! — grita para ele ao se levantar. — Não quero que ande pela loja parecendo o Choji quando usa o seu jutsu de expansão!

— Não seja tão cruel, porca. — volto a encarar meu reflexo. — Ele é somente uma criança.

— Sim, somente uma criança... — Ino concorda suspirando pesadamente e volta-se para mim. — E desviando o foco um pouco das crianças, acho que você fará a alegria de um adulto hoje ao aparecer vestida assim. 

— O-o quê? — fico ruborizada com seu comentário, ela me olha sugestiva enquanto se aproxima e segura meus dois braços, repousando a cabeça no meu ombro.

— Pense no quanto Kakashi-sensei achará você linda nesse vestido ao ponto de querer você sem ele na primeira oportunidade em que estiverem sozinhos de novo. Aposto que você nem precisará explicar do que isso se trata — indica com a cabeça o envelope que repousa em uma cadeira, junto com nossas bolsas, e que traz em seu interior a minuta que Tsunade pediu que eu fizesse. —, porque o Kakashi-sensei assinará qualquer papel que você levar até ele sem pensar duas vezes.

Apesar de envergonhada, reflito sobre suas palavras. E, levando em consideração os dias que seguiram após a nossa primeira noite juntos, dessa vez, apenas dessa vez, não consigo discordar das insinuações de Ino.

— Não é hora de pensar safadezas, testa. — sinto um leve tapa na minha cabeça e percebo que estava encarando meu reflexo no espelho por tempo demais. Ino se afasta com um largo sorriso no rosto. — Deixe para concretizar tudo mais tarde. — me dá uma piscadela. — Ainda não consigo acreditar que minha amiga testuda é finalmente uma mulher. 

— Você precisa mesmo repetir isso sempre? — a repreendo.

— Não, mas é divertido ver sua cara de ex-virgem quando eu falo. 

— Vá para o inferno, Ino.

Umas das desvantagens de ter alguém que nos conheça tão bem é que não há maneiras de ocultar algo mesmo quando se prefira assim. O pensamento me faz voltar no dia seguinte da minha primeira noite com Kakashi, de como em apenas algumas perguntas Ino foi certeira em seu diagnóstico sobre mim e eu não pude negar, assinando minha sentença ao fazê-lo.

— Isso me faz lembrar mais uma coisa. — estou prestes a me dirigir ao provador para retirar o vestido e colocar minhas roupas normais, quando Ino começa a falar novamente. — Sakura, você está se prevenindo?

— Sim. — confirmo, voltando para perto dela para que não tenhamos que falar muito alto. Assuntos sobre minha vida sexual ainda me deixam desconfortáveis. — Estou tomando pílulas desde quando percebi que poderíamos... — arranjo a garganta. — hum, você sabe. — Ino ri.

— Muito bem, mas me diga a cor da pílula que está tomando. — pisco algumas vezes para ela, mas não há espaço para que eu pergunte onde ela quer chegar com isso, pois logo sou bombardeada com novas informações: — Porque eu estava tomando a vermelha e veja só o resultado. — indica a própria barriga e condição. — Não acho que ela seja tão eficiente assim, principalmente porque tem que obedecer o seu horário rigoroso de vinte e quatro horas ou ela não fará tanto efeito no organismo. 

Onee-chan! — estava prestes a respondê-la, quando Raijin chega até nós correndo de forma desengonçada e exatamente como Ino o advertiu que não fizesse: com cinco ou mais calças no corpo.

— Eu desisto, desisto! — Ino gesticula para o alto e quase posso ver alguns cabelos brancos surgindo em sua cabeça. Ela será uma boa mãe apesar de tudo, não tenho dúvidas. — E você — aponta para mim. — nem pense em ir até o prédio kage vestindo aqueles trapos de antes. Você vai sair daqui com esse vestido e ponto final. — ordena, caminhando até o caixa. — E traga essa ofensa à moda junto com você. — se refere ao Raijin e nós dois nos encaramos sorrindo amarelo.

Resolvemos fazer como ela manda e a seguimos, peço que Raijin vá na frente apenas para que eu apanhe nossas coisas. E no momento em que tenho tudo e mãos, minha bolsa se abre e uma caixinha cai do seu interior pousando bem ao lado dos meus pés. A recolho, mas não sem antes dar uma boa olhada no objeto.

Ino, espero que você esteja muito enganada sobre o que disse.


---


Satisfeito com o corte de cabelo e a roupa nova que usa, Raijin esbanja energia a medida que caminhamos pelos corredores do prédio Kage. Ele pula, corre, gira, ri e faz tudo o que uma criança dessa idade tem o direito de fazer.

— Que incomum — Ino diz assim que paramos de frente para a sala do Hokage. —, a porta está fechada totalmente. Será que é alguma reunião importante de líderes? Não deveríamos esperar? — dou de ombros.

— Já estamos aqui e só há uma maneira de descobrir isso. — bato na porta, ouvindo o "entre" na voz que reconheço ser do Shikamaru. Ino recua e eu apenas dou de ombros, ela pode me esperar aqui fora se quiser.

Raijin alcança a minha mão e eu abro a porta que me dá a visão dos quatros homens dentro da sala que me olham simultaneamente quando entramos.

— Boa tarde, Hokage-sama. — foco apenas em Kakashi e caminho em sua direção. — Vim a pedido da Tsunade-sama que me designou para recolher sua assinatura na minuta sobre o funcionamento do hospital que terá de ser apresentada ao conselho de Konoha amanhã. — explico, repousando o envelope na sua mesa. A expressão que ele traz na face é diferente, quase que furtiva. Cerro os olhos. — Hokage...

— Tsc — um estalar de língua preenche o ar, Kakashi olha para a sua esquerda. —, então você realmente seguiu a profissão de médica? — a voz tão conhecida e carregada de desdém me faz respirar fundo antes de seguir o gesto anterior de Kakashi e encontrar exatamente quem eu imaginava ser.

E dessa vez não é o futuro quem me visita, mas o real presente.

— Sasuke-kun?



Notas Finais


POSTANDO AS PRESSAS PORQUE EU ANDO CORRIDA DEMAIS.

MAS PELO MENOS EU RESSURGI.

Desculpa, no próximo terá mais Kakasaku do que isso.

Edit1: desculpa postar assim, eu estou escrevendo esse capítulo desde ontem e estava muito ansiosa pra rever todas vocês novamente. Fico muito feliz que não me abandonaram mesmo tendo total razão se escolhessem fazer.

Amo todas. 💜


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