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História Auditory Hallucination - Maldito papel


Escrita por: taexxxxxie

Notas do Autor


AAAAAAAAAH olar -u-

Trouxe mais um capítulo, obrigada pelos favoritos e já amo vocês que comentam ❤

Ps: Na leitura pode ter alguns nomes/expressões coreanas que vocês não conhecem, então vou dizer um >
Ahjussi: É como chamam os senhores mais velhos, é tipo um "tio", que chamamos aqui no Brasil.
Se tiver algum outro, falem nos comentários sz

E lá vamos nós...

Capítulo 5 - Maldito papel


Fanfic / Fanfiction Auditory Hallucination - Maldito papel

                       POV Baekhyun

Eu estava em um ânimo incomum. Era realmente a primeira vez que eu ia naquele parque com alguém que não fosse a minha mãe, em tempos atrás. Várias vezes por entre os brinquedos eu esquecia do porquê estava ali e por várias vezes também eu me pegava reparando no sorriso dela, já que era raro os momentos em que Yerin não estava gritando comigo ou querendo me bater com o primeiro objeto que encontrasse.

Mas, de todo jeito, ela é tentadora, me deixa quase que louco para ter pelo menos um beijo. Convenhamos, todas as vezes que toquei nela, cheguei perto e até mesmo no selinho que roubei dela me subiu um fogo que já dá para entender bem o que é, né? Eu preciso tê-la primeiro que qualquer um, principalmente primeiro que o idiota do Minhyuk e não pouparei nenhuma carta na manga.

Afinal, modéstia parte, eu sou Byun Baekhyun. Sou desejado por todo mundo, e consigo todas que quero. Já dei uns pegas até mesmo em uma professora substituta, que em minha defesa, era muito gostosa.

O único problema é que Yerin é teimosa, respondona e bem difícil de lidar, porém não acho que chegue a me odiar.

— Te odeio.

Talvez chegue sim.

— Qual o problema agora, Yerin?

Bufei e a encarei, pondo as mãos no bolso. Tá, eu a beijei, roubei um beijo na verdade. Mas fiz tudo certinho, fui até romântico escolhendo uma música para ser nossa. Qual era o problema dessa vez?

— Qual o problema Baekhyun? Sério? Mas que porra.

Ela passou direto esbarrando o ombro no meu braço com força e dando passos pesados na direção da saída do parque. Estranho, muito estranho. Geralmente eu que saio assim, depois de ficar com as garotas. Por isso meus relacionamentos não duram mais que 2 dias.

Sehun diz que meu lema é "Haruman", ou seja, "Um dia", já que eu termino com uma garota em só um dia e 90% dos casos depois de uma transa.

  Suspirei alto e dei meia volta indo atrás dela que já tinha os dois punhos fechados.

  — Yerin... Yerin!

Ela se virou tão bruscamente que eu até me assustei pensando que levaria um soco.

— Baekhyun, você acha que consegue conquistar todas com essa sua lábia e conversa fiada né?

— Sim? 

Yerin respirou fundo fechando os olhos.

— Babaca. —  deu uma pequena pausa — Desculpa, não sei pra quantas isso funcionou, mas comigo não vai dar certo.

— Será? — me aproximei sorrindo de lado.

— Não. Não vai conseguir nem mesmo um beijo meu.

— Na verdade, eu já consegui dois.

Ela grunhiu de raiva e se virou começando a andar de novo. Dei um riso abafado e andei rápido tentando alcançá-la.

— Será que dá pra sair de perto de mim, Baek?

— E como vai voltar pra casa?

— E no quê isso te interessa?

— Bom, você veio no meu carro.

— Posso voltar a pé, então. — ela olhou em volta.

— É longe de mais, Yerin. Se for andando é capaz de chegar em casa só amanhã.

— Foda-se, seu babaca.

A garota saiu caminhando e atravessou a rua até o outro lado, subindo na calçada. Dei de ombros e andei até o carro que estava estacionado ali perto. Tirei as chaves do bolso e entrei. Assim que dei a partida, a porta do outro lado se abriu e vi Yerin bufando de raiva ao entrar.

— Ora, ora.

— Só vai logo. — ela cruzou os braços, e não consegui segurar minhas risadas.

— A mocinha se arrependeu, hein? O que te fez mudar de ideia?

— Baek, cala a boca.

— Eu ia te deixar em casa, mas não sei se quero mais. — cruzei os braços e afundei as costas no banco, fechando os olhos.

— O que? Tá de brincadeira.

— Por que eu daria carona pra quem me odeia e me xinga? — continuei de olhos fechados e me segurando o máximo para não rir, fingindo estar com raiva.

— Q-Quando que eu te xinguei? Só liga esse carro logo...

— "Foda-se, seu babaca." — a imitei abrindo os olhos e encarando a garota que parecia se xingar mentalmente. Vitória que chama.

— Tá, tudo bem, eu xinguei por impulso. Agora já podemos ir?

— Nossa, é só isso que tem a me dizer? Nem ao menos um pedido de desculpas? — forcei um bico.

— Você tá louco pra eu te bater né?

— Tô louco é pra que você bata outra coisa pra mim.

— O QUÊ?

Se ela já era branca, ficou um completo fantasma. Adoro fazer isso.

— Bater um milkshake pra mim, linda.

— Milkshake? — Yerin suspirou aliviada, eu segurei o riso.

— É... sabe, bater até ficar só um leitinho cremoso... — sorri de canto mordendo o lábio inferior.

— Byun Baekhyun, liga esse carro logo antes que eu faça você sangrar até morrer.

— Agressiva. Fica pensando safadezas e depois eu que sou o culpado, nossa.

— Eu não fiz nada, você que fica falando besteira.

— Besteira eu faço é na cama, quer ver?

Juro que dessa vez eu pensei que fosse morrer. Não sei o que ela jogou em mim só sei que eu pude ver a morte passando bem na minha frente em câmera lenta. Foram longas e duras 2 horas de viagem. Eu estava jogado na cama e tinha um belo de um saco de gelos na testa.

— O que você aprontou dessa vez? Isso foi o Taemin? Ou alguns dos amiguinhos dele?

Sehun riu quando tirou o saco de gelos da minha testa para ver o quão ruim estava.

— Me dá isso, mané. Não, não tem a ver com o desgraçado do Taemin, é bem pior que ele.

— Pior do que o maior arruaceiro de Seul que colocou uma gangue atrás de você pra te meter a surra?

— Bem pior. Era quase que um ninja. Eu mal podia ver seus movimentos.

— Terminou com uma garota outra vez e levou uma bolsada na cara né?

— Já disse que foi como um ninja, aliás, um assassino sanguinário. Ai! — o outro pressionou o saco de gelos com a mão e começou a rir.

— Aham, eu acredito.

— Sehun, vai pastar no mato.

Joguei o gelo nele e me sentei na beirada da cama. Estava de pijamas, eram umas 19h e Sehun veio aqui em casa passar a noite já que era fim de semana. Fazíamos isso quase todo mês, como um ritual de melhores amigos que temos desde quando éramos crianças.

— Já escolheu os filmes e jogos?

Sehun se sentou de pernas cruzadas no chão do meu quarto e ligou a tv.

— Pensei que você já tinha feito isso.

Peguei meu celular que não parava de tocar em cima do criado-mudo e encarei a tela do mesmo, logo jogando ele em cima da cama.

— Quem é? Taeyeon de novo?

— Essa garota não me deixa em paz. Só foi por um dia. Já terminei com ela faz mais de dois meses, que saco.

— Qual é cara, ela gosta de você.

— Ela é chata, sem graça e irritante.

— Dá uma chance, ela é bonita e você disse que beija bem.

— Qual parte do "ela é chata, sem graça e irritante" que você não entendeu? — me joguei de cara na cama ouvindo o celular tocar outra vez.

— Quantas chamadas não atendidas?

— 37. — falei com a voz arrastada por estar com o rosto afundado no travesseiro. 

— 7?

— 37, caralho.

— Credo. E mensagens?

Peguei meu celular e olhei a tela de novo para ver as quantidades de mensagens dela.

— 8 mensagens por sms e 5 no facebook.

— Baekhyun, atende logo a garota e diz pra ela parar. Vai ficar enrolando até quando?

— Eu não tô enrolando. — resmunguei.

— Tá sim, Sr. Don Juan. Responda pelo menos as mensagens.

— Aish. Não quero. — me sentei na cama e cruzei os braços, firmando um beicinho nos lábios.

— Deixa de ser infantil Baek.

Sehun riu e jogou uma almofada em minha direção, mas eu a segurei e arremessei de volta nele que desviou apenas.

— não sou infantil, sou fofo. — fiz um V com os dedos nas duas mãos e os coloquei sobre o rosto numa tentativa de aegyo.

— Eca, Baekhyun. Eu já te disse pra nunca mais fazer isso, nossa, que horror.

— As garotas gostam. — continuei na mesma pose.

— Só as garotas mesmo. Agora vá lá pegar meus marshmallows.

— Folgado, vai você.

— Vai lá, por favorzinho Baek, eu te dou um abraço e um beijinho, hm? — Sehun fez um bico e me mandou beijos com a mão. 

— A gente tá namorando por acaso? Depois eu que sou o infantil. Sai.

Sehun riu quando eu fiz o sinal da cruz ao me levantar da cama. Absurdo esse menino. Ainda fica querendo me fazer de empregado na minha própria casa, vê se pode.

— Volta aqui amorzinho, vamos tomar um banho juntos.

— SEHUN, VAI SE FODER!

Gritei ao ver o outro levantar e sair correndo atrás de mim com os braços abertos e fazendo bico de beijo. Eu já odiava mulher melosa, quanto mais o Sehun. Corri até a cozinha e nunca havia percebido o quanto ela era distante do meu quarto antes, parecia uma eternidade até chegar lá.

— Aqui, toma. Vou fazer pipoca.

— Piroc.. pipoca! Ah, pipoca. — ele riu com a mão tapando a boca e pegou o saquinho de marshmallow que eu entreguei.

— Precisa de algo, Sr. Byun? — a Sra. Kim, que trabalha aqui em casa já desde muito tempo atrás, parou em frente a porta da cozinha.

— Não Sra. Kim, obrigado. — sorri para ela para a idosa que praticamente havia me criado.

— Boa noite Sra. Kim! — Sehun se curvou para ela.

— Ah, Sr. Oh! — ela deu uma breve reverência.

— Baek, vou subir pro quarto, faz aí a pipoca viu?

Concordei com a cabeça, ele era folgado mesmo. Peguei o pacote de pipoca e coloquei no microondas, esperando uns 5 minutos até todo o milho estourar. Assim que cheguei na porta do quarto e quase tive um AVC quando me deparei com Sehun com meu celular no ouvido.

— Desculpa Taeyeon ele não pode falar agora, quer deixar um recado?

  Quando ele desligou o celular eu quase joguei a pipoca toda em cima dele. Estou a mais de dois meses ignorando ela e ele vem e atende a porra do celular, parabéns.

— O que você pensa que tá fazendo?!

— Ah, eu não aguentava mais esse celular tocando. Coisa chata.

— O que ela disse?

— Mandou você tomar no cu. Com todas essas letras.

— Sério?

— Claro que não, ela disse que sentia saudades e que queria encontrar com você na segunda.

— Imbecil você, hein?

— Custava atender e dizer "Não quero, desculpa." ? Ah, por favor né.

Ele tomou a pipoca da minha mão e uma das latinhas de refrigerante, sentando-se no chão em frente a tv.

— Você negou né?

— Eu disse que você ia. Vá.

— VOCÊ O QUÊ?

— Baekhyun para de ser otário. Vá encontrar a garota e diga de uma vez por todas que não gosta dela.

— Eu já disse mil vezes.

— Diga 1001 vezes então.

— Oh Sehun, você tá definitivamente morto.

— Olha aqui, bota a mão em mim e eu te denuncio por agressão física e por assédio.

— Assédio?

— É, seu lindo.

— Já disse pra parar com essas frescuras, Sehun. Coloca o vídeo game logo aí.

Me sentei no chão do lado dele e abri a latinha de refrigerante que estava na minha mão.

— Não tinha cerveja não?

— Eu não posso mais tomar cerveja, lembra?

— Ah, verdade, você perdeu a aposta com o Suho.

— Agora tô sem cerveja por 3 meses, merda.

— Bem feito, acho é pouco.

Eu encarei Sehun com um olhar mortal e ele logo riu e semicerrou os olhos. 

— E a novata? Fiquei sabendo que você saiu com ela...

— Foi pra fazer aquele maldito trabalho de geografia, a novata ainda saiu com raiva de mim.

— Raiva por que?

— Eu beijei ela, fiz piadinhas maliciosas e fiz ela ir na Roda Gigante sem ela querer, só.

— "Só." Nem vou perguntar quais foram as piadinhas, seu mente poluída.

— Não pergunte mesmo.

— Baekhyun... quer fazer uma aposta?

— Aposta? Que aposta?

— Apostar a novata. Duvido você pegar ela até o final do próximo mês. E não vale só beijinhos.

— Tá brincando né? Ela quase me matou por causa de um beijo roubado. Tá vendo não? — apontei para o galo vermelho no meio da minha testa.

— Se você conseguir eu te dou o número daquela minha prima gata que você viu no ano novo. E mais o que você quiser.

— O que eu quiser... — repeti pensativo.

— Sim, dou todos os contatos de garotas bonitas que eu tiver.

— E se eu perder?

— Se você perder, vai.... namorar com a Taeyeon, por mais de uma semana.

— Pesado.

— E ainda vai enfrentar o Minhyuk, ele também tá atrás da novata, já que ela é uma delícia.

— É, tem razão, ela é. — mordi os lábios lembrando do beijo e de como ela me deixava louco.

Eu ia atrás dela de qualquer jeito mesmo, não podia deixar que uma garota daquelas passasse despercebida. Se um beijo roubado foi tão bom, imagina um beijo com vontade? Só de pensar já me dava um êxtase. Seria um risco e tanto, principalmente por causa do Minhyuk e pelo fato dela me odiar. Nem sei como ela consegue, eu sou incrível.

Taeyeon... é, a novata vale a pena esse risco todo. Porém, aquilo não vai ser nada, repito, NADA fácil.

— Ok Sehun, eu aceito.


                     POV Yerin

— Você tá bem Yerin? — Taehyung perguntou.

Eu estava desde deitada no chão da sala o domingo inteiro em cima do carpete. Se alguém me visse não poderia saber se eu estava morta ou viva. Na verdade, nem eu sabia. Encarei o teto por horas e cheguei a conclusão de que a pior coisa foi ter aceitado a ideia de trabalho do Baekhyun.

Nossa música... babaca. Aposto que ele faz isso com todas. Sendo todo playboy do jeito que é, tenho certeza. 

De repente, a luz da lâmpada foi bloqueada e eu pude ver o rosto de Taehyung bem próximo ao meu. Ele tinha se abaixado e colocado o rosto na frente do meu para tapar a minha visão do magnífico teto, e eu pude ver a magnífica beleza dele sorrindo. Seu sorrisinho quadrado era tão contagiante que eu não consegui não sorrir de volta. Eu parecia ter recuperado um tanto de vida naquele segundo.

— Yerin, o que tá fazendo? Pensando na vida?

— Na verdade, eu tava planejando um homicídio.

Eu vi Tae engasgar com a própria respiração e não me contive em dar uma breve risada.

— Homicídio? Não sou eu, né? Eu nem fiz nada, sou um anjo, um anjinho inocente...

— Nossa Tae, assim fica parecendo o Minhyuk tagarelando. — ri, interrompendo ele.

— Minhyuk...?

Ele sorriu fraco e se sentou no chão ao meu lado enquanto eu continuei deitada.

— É um amigo da escola. Ele é bastante falador e vive em encrencas.

— Não deveria ficar próxima desse tipo de gente.

— Ele é uma boa pessoa, na verdade é um amor. Não se preocupe, Tae.

— Tá, agora me diz pra quem você tá planejando um homicídio.

  Ele voltou a dar um sorriso mais largo e apoiou a cabeça nas mãos, estava extremamente fofo, parecia uma daquelas crianças que se sentam perto dos avós só para ouvir histórias antigas.

— É o Baekhyun. Aquele babaca.

— O que ele aprontou agora? — Tae suspirou.

— Não foi nada, Tae, esquece. Eu vou pra cama, já tá tarde. É bom ir dormir também.

— Ah, claro. Onde esteve o dia todo?

Ele estava mais calado e sério, sua voz saiu fraca e ele olhava o chão enquanto perguntava. Eu não queria falar sobre ter saído com Baek, mesmo que fosse pelo trabalho. Sabia que Tae odiava ouvir até o nome dele.

— Onde eu estive... er... saí com uma amiga, a Naeyeon.

— Hm... ok então. Ah... boa noite, Yerin.

Ele se levantou e subiu as escadas, me pareceu bem estranho já que ele sempre afaga meus cabelos antes de ir para o quarto. Me levantei depois de uns 5 minutos a mais olhando o teto e fui para o meu quarto. Deitei já de pijama na cama e peguei o celular para dar uma última olhada nele antes de dormir. Abri as mensagens e vi o que tinha acontecido de errado para Tae estar um pouco mais calado.

" Yerin... quer ir tomar um outro sorvete comigo depois das aulas? É que... sei lá, deu vontade. Não que isso seja um encontro, é só que eu... enfim, topa?

       Taehyung "

Droga. Eu visualizei a mensagem e não respondi, não sei o porquê. Tae nem tocou no assunto e eu passei o dia todo ontem fora sem nem dar uma reposta e nem falei nada hoje, deve ter achado que eu o ignorei. Me senti mal e culpada por isso. Eu não lembro de ter aberto essa mensagem, juro. Ele deve ter ficado meio mal com isso. Como eu sou idiota. 

Caminhei até a porta abrindo-a devagar, fitei a porta do quarto de Taehyung e me xinguei mentalmente até que a porta dele se abriu e eu congelei, do jeito que estava.

  — Y-Yerin?

Ele gaguejou, e eu não sei dizer quem ficou mais vermelho de nós dois. Tae estava sem camisa, apenas de samba-canção. Ele tinha um corpo invejável, e eu tive que me segurar bastante para não tocar em cada gominho de sua barriga exposta, não é todo dia que se vê uma beleza dessas dentro de sua própria casa, né?

— D-Desculpa... eu pensei que... você tava...

— Dormindo? — ele riu sem jeito, coçando a nuca.

— É... Tae, desculpa por não ter respondido sua mensagem ontem, não sei o que houve que acabei visualizando e não respondendo...

— Tudo bem... não tem problema.

— Se quiser, a gente pode ir amanhã?

— Não se preocupa pequena, vai descansar. Outro dia a gente vê isso. Boa noite.

Ele se aproximou e afagou meus cabelos e o peso das minhas costas diminuiu 80%. Eu ainda estava um pouco corada por ver ele com aquelas roupas, ou melhor, quase sem roupas, e também por eu estar com um pijama bem curto.

Ele desceu as escadas para beber água, acredito eu, e eu voltei para dentro do quarto e fui dormir.

              
                        [...]

Como todos os dias, Taehyung veio me deixar na escola e ficamos o caminho quase todo calados, sem falar uma palavra sobre o que aconteceu na noite passada.

Era um silêncio constrangedor, mas inevitável.

Adentrei a sala de aula e suspirei aliviada de só encontrar Minhyuk e Naeyeon na sala. Nenhum sinal de Baekhyun e seu bando.

— Bom dia flor do dia! — Minhyuk levantou da cadeira ao meu encontro para dar mais um daqueles abraços matinais e confortantes dele.

Mas como o dia estava lindo e tranquilo demais para ser verdade, um braço surgiu do além e barrou Minhyuk que fuzilou com os olhos o ser que estava do meu lado.

— Eu sabia tava tudo tranquilo demais. — murmurei, me virando para Baekhyun que mantinha um sorriso de canto nos lábios.

— Sentiu minha falta, amor? 

— Amor, o cacete. — Minhyuk retrucou e empurrou o braço de Baek.

— Digo o mesmo. De onde tirou esse amor aí? Bebendo uma hora dessas?

— Eu não bebo faz décadas, linda. E se eu estivesse bêbado agora, nem eu e nem você estaríamos de roupa.

Ele piscou para mim, e eu quase dei um soco nele. Meu bom humor da manhã foi todo estragado por ele, como de costume.

Eu estava com raiva, raiva não, ódio. Como se não fosse o bastante, ele sorriu de lado pondo as mãos no bolso e fitou Minhyuk que xingava, o garoto falou tantos palavrões que uns sequer eu nem conhecia.

— Já acabou? — Baekhyun fingiu bocejar.

— Não sei como ainda não te dei uns bons socos. Nem preciso né, Taemin faz isso muito bem. — Minhyuk riu irônico. Quem é Taemin?

— Cala a boca, inútil.

— Sai de perto então ou quer que eu chame Taemin e os amigos dele pra te darem uma lição igual da outra vez?

Dessa vez não foi Minhyuk, mas sim Baekhyun que deu um soco no rosto do outro, o que só o fez rir soprado.

— Disse pra calar a boca. — Baek estava com ódio nos olhos, nunca o vi tão sério assim.

— Deve ser por isso que você só apanha dele, seu soco é muito fraco.

Minhyuk acertou em cheio o rosto de Baek que apenas sorriu de canto limpando com a mão o sangue que escorreu pelo nariz. Antes que ele pudesse revidar, professor Jihong entrou e nos expulsou de sala. Sim, eu acabei junto.

— Não sentem vergonha de me levarem junto nessa furada? Hein?

— Yer... — Minhyuk tentou falar.

— Calado. Eu não posso perder aulas, eu odeio perder aulas, sabem como é difícil estudar pra provas sem ter visto as aulas?

Minhyuk e Baekhyun estavam de cabeças baixas sentados um ao lado outro no banco do corredor enquanto eu dava sermões em pé e ameaçava bater neles até ficarem só o pó.

— Desculpa Yerin... — Minhyuk divagou, eu encarei Baek que continuava calado.

— O que é? — ele murmurou.

— Cadê as desculpas? Minhyuk não brigou sozinho.

Cruzei os braços e o olhei fixamente, ele resmungou algo como Minhyuk ter começado a briga e blah blah blah.

— Eu tô sangrando aqui e quer que eu peça desculpas? Conta outra.

— Tá sangrando porque é um idiota... — Minhyuk falou baixo.

— Yah, quer morrer? — Baekhyun o encarou levantando o punho.

— Vocês... querem que eu quebre os dois ao meio?

— Aish.

  Minhyuk se levantou olhando o relógio no pulso e voltou o olhar para mim dando um sorriso.

— Tenho que ir pra detenção agora, antes que o diretor arranque minha orelha. Até depois, Yerin.

  Ele me deu um beijo estalado na bochecha de propósito e saiu caminhando calmamente. Baekhyun bufou e levantou também, colocando a mão no nariz.

— Que bonito hein, que bonito. Eu atrapalho o casal?

— Cala a boca e levanta essa cabeça pra parar de sangrar.

— Obrigado pela gentileza. — ele sorriu irônico e saiu andando.

— Onde vai?

— Enfermaria. Se você não vai cuidar de mim, eu arranjo alguém que cuide.

— Cuidar de você? Deixa de exagero, foi só um soco.

— Só um soco? É porque não foi em você né.

— Vem logo.

Eu o puxei pela mão até a enfermaria que ficava ali perto. Já tinha ido lá algumas vezes por causa de dores de cabeça, nada muito grave, só o de sempre.

Abri a porta e vasculhei o local com os olhos a procura do enfermeiro, mas o lugar estava vazio.

— O Sr. Namjoon não tá aqui de novo? Que beleza. — Baek resmungou.

— Não tá, vem. — eu o puxei, o fiz sentar em uma das camas e procurei pela caixinha de primeiros socorros que ficava sempre perto do armário.

— Olha esse sangue, meu Deus. Eu vou morrer!

— Não exagera.

— Olha isso aqui! Ainda aquele inútil daquele enfermeiro só sabe fazer cantada em cima da moça da cantina, ele deve tá lá agora.

— E você só sabe resmungar.

  Ele me ignorou e abaixou um pouco a cabeça, pude sentir seus olhos em mim ao mesmo tempo em que eu procurava a bendita caixa de primeiros socorros.

— Hm. A srta. Agressividade vai cuidar de mim? É isso mesmo que tô vendo? — Baekhyun sorriu sorrateiro, e eu suspirei.

— Quer que eu vá embora?

— Tá louca? Se você for embora agora eu vou morrer sem sangue. — choramingou, parecendo uma criança.

— Isso me lembra uma certa casa de sustos. — ri irônica.

— Combinamos de você nunca falar sobre isso. — ele me olhou sério.

— Combinamos? Não lembro. — dei uma risada maléfica e esfreguei uma mão na outra, igual aqueles vilões quando planejam algo ruim.

— Nem vem. Eu falo pra todo mundo dos nossos beijinhos então. — o moreno sorriu malicioso de novo.

— Você quer que eu faça sair sangue pelo outro lado seu nariz? — fechei o punho e o coloquei perto do rosto dele.

— Já disse o quanto você fica bonitinha brava? Aigoo. — arregalei olhos quando o mesmo colocou uma mão em cada lado do meu rosto e apertou minhas bochechas.

  Eu estava com a caixinha de primeiros socorros na mão e quase a joguei em cima dele que me impediu com a mão.

— Eu vou chamar o Sr. Namjoon e você se vire com ele, tchau.

— Não, calma, o Sr. Namjoon não, ele conhece meu pai e vai dizer que entrei em uma briga, me desculpa. — Baekhyun juntou as palmas das mãos e formou um beicinho nos lábi9s.

  Suspirei e tomei em mãos a caixinha de novo, pegando algodões e os molhando com o soro que achei.

— Vem. E fica quieto.

Me aproximei e inclinei mais um pouco a sua cabeça para trás segurando em seu queixo e com a mão que estava livre limpei o sangue com os algodões.

Baek me olhava fixamente e isso era um tanto desconcertante, porém dei de ombros e continuei com o que fazia, tendo cuidado para não pressionar com tanta força e acabar machucando mais.

— Pronto? — ele tocou a ponta do nariz com os dedos.

— Pronto, agora vê se é menos infantil e para de brigar por aí. Fica com a cabeça levantada.

— Por que todo mundo fica dizendo que sou infantil, isso é moda? — bufou, levantando.

— Deve ser porque você é. — guardei a caixinha no armário e caminhei até a porta.

— Mas você viu que foi o Minhyuk que provocou.

— Tanto faz, você bem que mereceu.

— Nossa. Obrigado pela parte que me toca o coração viu, linda?

— Quando precisar... — sorri sarcástica e abri a porta.

— Yerin...

Suspirei fraco e me virei para ele. Por favor, que não seja mais uma de suas brincadeiras porque o dia mal começou. Fitei Baekhyun, que ficou em silêncio por alguns segundos cabisbaixo encarando o chão enquanto tirava o algodão do nariz.

— Obrigado. Por ter me ajudado.

— Baekhyun... o seu... — fiquei um pouco assustada e apontei lentamente para o seu nariz com o dedo indicador.

— Não, eu sei, eu sei, não foi nada, mas mesmo assim eu quero dizer obrigado.

— Mas, Baek...

— Já sei, vai me xingar. Tudo bem, não é como se eu não fosse xingado todo dia por alguma garota e...

— Não é isso idiota, seu nariz tá sangrando de novo.

— O quê? Meu nariz?... — ele levou os dedos até o nariz e depois os olhou, vendo o sangue pingar. — Puta. Que. Me. Pariu.

Ele ditou pausadamente, encarando a mão suja de sangue e, depois de dar um grito agudo que quase me deixou surda, o vi quase desmaiar.

Eu não sabia o que fazer, ele era muito dramático. E quando digo muito, eu não estou brincando. Mas, toda vez que ele abria a boca me dava vontade de rir.

— Yerin, eu vou morrer! Me ajuda! Meu Senhor das Maquiagens Masculinas, me ajuda! Eu não posso morrer, eu sou muito jovem!

— Cala a boca, Baekhyun. — comecei a rir.

— Mas eu tô morrendo, MORRENDO! Você não me escutou? Eu ainda quero ser pai e ensinar ao meu filho safadezas. Ainda quero ter um gato e um papagaio com o nome de Xiumin.

— Xiumin, por que Xiumin? — Emeu me controlava para não rir igual uma louca. Baek não parava de falar sobre morte e sobre papagaios.

— Xiumin é fofo, papagaios são fofos, eu sou fofo, é um combo triplo. Ah, não me deixa morrer, eu ainda tenho muitas bocas pra beijar!

— Baekhyun, você não vai beijar ninguém mais se eu costurar essa sua maldita boca. Agora fica quieto.

— OLHA, É UM ANJO, EU TÔ VENDO UM ANJO, CHEGOU MINHA HORA!

— Baekhyun... é uma borboleta.

— Ah... então de anjo só tem você aqui. — ele sorriu de lado, estava demorando.

— Você tem demência? Você não vai morrer por causa de um sangramento no nariz, mas vou fazer você sangrar em outro lugar até a morte se continuar com isso de anjo.

— Porra Yerin. Foi só um momento de fraqueza, sua abusada. — ele fez uma careta emburrada.

— Tá, mas você chamou o Sr. Namjoon de satanás quando ele entrou na sala a uns minutos atrás e jogou água nele como se fosse água benta, porque não queria "ir pro inferno". Você bebeu né? Diz a verdade.

— Eu fiz... o quê? Merda. Tá, não foi culpa minha, eu tenho uma agonia quando vejo meu próprio sangue.

— Juro que não quero ver você bêbado nunca na minha vida.

— Não queira mesmo, nem o Sehun me aguenta, já me trancou dentro de um porão uma vez.

— Coitado do Sehun.

— Coitado de mim que fiquei naquele lugar sujo e sem comida.

— Coitada de mim que não sei o que tô fazendo aqui com você ainda.

— Isso é porque você já me ama e não consegue mais viver sem mim.

Ha ha ha. Nem sei como eu vivi todos os meus 17 anos sem você. — sorri irônica.

  Ele se levantou e se aproximou de mim com aquele sorriso de playboy irritante estampado no rosto, dei alguns passos para trás e o fitei.

— O que pensa que tá fazendo Baek?

— O que eu queria fazer desde que cheguei nessa sala.

Seu braço envolveu minha cintura e me puxou de vez, colando nossos corpos. Tentei empurrá-lo mas ele era bem forte e segurou meu pulso com a mão livre, aproximando seu rosto do meu pescoço.

Sua respiração estava ofegante. Senti um arrepio por todo o corpo quando a ponta de seu nariz encostou na minha nuca.

Assim que ele soltou meu pulso para segurar com mais firmeza a minha cintura, eu o acertei no rosto com a primeira coisa que consegui achar, e bom... não foi a melhor escolha.

   
                          [...]
 

Meu caderno estava caindo constantemente já que eu abaixava a cabeça inúmeras vezes para rir sem que o professor percebesse.

Respirei fundo e levantei a cabeça novamente, mas virar para o lado era involuntário já. Eu não conseguia me controlar.

Alguns alunos cochichavam e também riam um pouco menos discretos do que eu, Minhyuk era um deles.

— Yerin, você é minha deusa. — Minhyuk riu fazendo um "legal" com as mãos.

Tive que cobrir a boca com a mão para abafar minha risada. Ouvi Baekhyun resmungar e aquilo foi ainda mais cômico. Ele estava sentado na cadeira do meu lado, mantinha a cara emburrada e tinha um pedaço de algodão enfiado em cada uma das cavidades do nariz. Eu não conseguia não rir quando olhava para ele.

Ele só olhava para a frente sem falar nada, mas parecia mesmo que estava planejando um massacre. Respirei fundo e senti meu braço ser cutucado pela Naeyeon.

— Ei, como fez isso? — ela sussurrou rindo, apontando para Baekhyun.

— Joguei alguma coisa nele, mas foi sem querer querendo. — ri e olhei para Baek, entretanto dessa vez ele se virou para mim e me encarou cruzando os braços de cara fechada.

Engoli seco e desviei o olhar, principalmente para não ter uma crise de risos no meio da aula.

— Algum problema, Srta. Shin? — a professora me fitou, e gelei.

— Nada, desculpa Sra. Park.

— Na verdade, tem sim, Sra. Park. — Baekhyun levantou o braço, e quase lancei faíscas pelos olhos.

— E qual seria, Sr. Byun?

— É, e qual seria? — retruquei olhando Baekhyun.

— Eu não tô me sentindo bem, Sra. Park, acho que vou desmaiar a qualquer momento. — ele pôs a mão sobre a testa e fez uma cara de dor. — O Sr. Namjoon disse que se eu me sentisse assim, a Yerin tinha que me levar para enfermaria de novo. — ele fez bico.

Já podia concorrer ao oscar de melhor ator. Eu o vi sorrir de lado bem discretamente e quis matá-lo.

— Ah, é mesmo? Então, Srta. Yerin, pode levá-lo agora?

Olhei com ódio para Baekhyun que fingia estar passando mal. Só queria saber o que ele estava planejando porque boa coisa não era.

Me levantei da cadeira e Minhyuk segurou minha mão me entregando um papelzinho todo dobrado. O olhei de relance e o vi piscar para mim e fazer um sinal de silêncio colocando o dedo indicador na boca.

Guardei o pequeno papel no bolso do sobretudo e me dirigi até a porta, Baekhyun veio logo atrás.

— Tá, você ficou maluco? Por que fez isso?

— Yerin, é serio, eu não tô bem, olha. — o moreno pegou minha mão e levou até sua testa, insinuando que estava com febre ou algo do tipo.

— Isso não vai funcionar. Diz logo por que fez isso. — o encarei séria.

— Queria sair daquela sala, mas não queria sair sozinho.

— E por que não chamou seus amiguinhos? Tenho mais o que fazer Baekhyun, já perdi 2 aulas por sua causa.

— Você que fez eu ficar assim, então eu tinha que fazer você vir. E qual seria a graça chamar Sehun ou Jungkook?

— Eu sei lá, pra você eu não sei, mas pra mim teria. Aquele Jungkook é lindo.

Sorri de canto. Queria meio que tentar irritá-lo, mas era verdade, Jungkook era lindo. Lindo era pouco, ele ainda era fofo mesmo que fosse um pouco criança ou atirado demais.

— Ah, tá interessada no Kook? — ele escorou as costas na parede com as mãos no bolso, me olhando.

— Se eu falei do Jungkook, então não pode ser no Sehun né? — sorri irônica.

— Você responde seus pais desse jeito também? — ele resmungou.

— Eu não tenho pais. Pelo menos, não mais.

Comecei a andar para qualquer lugar como quem não quer nada e lembrei do papelzinho que Minhyuk me entregou antes de sair da sala. O que poderia ser? Eu tinha que dar algum jeito de ler ele sem Baekhyun ver, queria evitar ter que bater nele de novo.

— Onde vai? A enfermaria não é por aí...

— Não preciso ir à enfermaria e nem você, então por que não vai arrumar algo pra fazer? — continuei andando pelos corredores.

— Porque não senta na nossa mesa, no intervalo?

— No intervalo... espera, o quê? Que mesa?

— A mesa onde eu sento, tem alguns lugares sobrando, por que não senta lá comigo?

— Sentar lá com você, é? — indaguei confusa.

— Ou sentar em cima de mim, pode ser também. Você que escolhe.

— Quer morrer?

  Ele mordeu os lábios e riu, bagunçando meus cabelos.

— Além das piadinhas maliciosas, agora vai esfregar na minha cara que é bem mais alto que eu?

Ele veio para o meu lado e ficou totalmente com o corpo reto. Estava comparando nossa altura e ele devia ser 30 centímetros mais alto que eu, me senti uma anã.

— Bom, você ainda parece mais alta que a nanica da Naeyeon. Taeyeon também.

— Quem é Taeyeon? — era nome de uma garota, provavelmente uma das milhões que ele já deu o bote.

— Um garota irritante que gosta de tirar minha paciência. Nada de mais.

— Não ligo mesmo, já pode ir agora.

  Eu precisava ler o que tinha naquele papel, a curiosidade estava me consumindo por dentro.

— Isso seria, por acaso, ciúmes?

— Ciúmes? De você? Eu? Dispensa comentários.

— Vai negar,mas dá pra sentir daqui, não se preocupe, só tenho olhos pra você.

— Me erra, Baekhyun.

Ele acha mesmo que sinto ciúmes dele? Ciúmes seria a última coisa que sentiria dele, por mim, só sinto pena das garotas que caem na lábia dele.

— Sou irresistível, eu sei. Até eu mesmo sinto ciúmes de me mim às vezes.

— Dessa vez não vou jogar algo da enfermaria em você, vou jogar ácido.

Empurrei ele para o lado e continuei o caminho porém ele me seguiu. Achho que o único jeito de me livrar dele seria indo ao banheiro feminino. Baek é garoto afinal, era proibido entrar. Me direcionei até o banheiro que ficava já ali perto, entrei no feminino e, como esperava, Baekhyun ficou do lado de fora.

Tirei o papel do bolso e comecei a desdobrá-lo com cuidado entretanto acabei derrubando ele no chão quando fui pega de surpresa ao ouvir a voz de Baek ecoar no banheiro.

— O-O que tá f-fazendo? Esse é o banheiro feminino. FEMININO!

— E o que é que tem? Já entrei aqui várias vezes.

— Você é gay? Pode me falar, vou dar total apoio, te empresto até minhas maquiagens.

— Tá doida? Eu, hein. Gosto de mulher, não se preocupa. E entrei aqui pra fazer "coisinhas" com muitas delas. Se é que me entende.

— Preferia não ter entendido.

Fiz uma careta de nojo e tentei imaginar como ele faria aquilo várias vezes sem nunca ter sido visto. Bom, não importa.

Abaixei a cabeça e procurei rápido o papel que derrubei. Não podia arriscar que Baek o visse e eu tinha que ler aquilo logo de uma vez.

— Procurando alguma coisa, Yerin?

— Você ainda tá aqui, Baek? Eu quero usar o banheiro, se não se importa.

— Não, não me importo, pode usar. — ele sorriu e se escorou na pia.

— É brincadeira né? Eu quis dizer pra você sair.

— Ah, foi isso? Hm... Não quero. — sorriu todo fofo ironicamente.

Suspirei alto e avistei o papel no canto da parede. Eu teria que me abaixar, mas Baek veria e eu tenho receio do que ele possa fazer ou dele perguntar o que eu achei e pedir para ver.

— Baekhyun, eu vou... eu tenho que... que... err... ajeitar meu sutiã, então sai. — corei, foi inevitável, mas foi a melhor desculpa que arranjei para fazer ele sair.

— Tudo bem. Se quiser ajuda, eu posso entrar com você naquele box ali e ajeitar ele pra você. Ou tirar.

Maldito safado. Ele fazia essas piadinhas irritantes, mas sabia como fazer uma expressão sedutora ao mesmo tempo, aquilo me intrigava. Sabe quando alguém faz algo odioso, mas fica incrivelvemente sexy quase te convencendo a fazer a mesma coisa que ele? É exatamente isso que Baekhyun faz.

— Sua maior ajuda é sair desse banheiro e me deixar em paz por 2 minutos.

— Foi só uma sugestão.

— 2 minutos.

— Tá bom, tá bom. Garota teimosa. Mas saiba que isso tudo só aumenta minha tesão. — ele piscou antes de sair do banheiro, e eu quis "des-ouvir" aquilo.

Enfim, finalmente no sossego, abaixei bem rápido e peguei o papel do chão porém antes que eu pudesse abrí-lo alguém entrou no banheiro. Era uma garota do 1° ano, ela era bem famosinha na escola, e AH! Ela era a garota que estava se agarrando com Baekhyun no primeiro dia de aula, me lembro bem.

Ela nem me olhou, pareceu nem perceber minha presença ali e entrou em um dos box do banheiro, fechando a porta silenciosa. Estranhei mas dei de ombros, precisava saber o que tinha naquela porcaria de papel.

E eu realmente estava com azar. O sinal tocou e eu tinha que voltar para a aula, Baek gritou do lado de fora dizendo que era aula da professora megéra, se atrasar para as aulas dela é o mesmo que assinar seu óbito. Fiz uma careta e guardei o papel de volta no bolso.

[...]

  Quando as aulas enfim terminaram, saí acompanhada de Naeyeon, Minhyuk e Hoseok. Hoseok era um amigo de Minhyuk e não sei mais dizer quem é mais tagarela dos dois.

— Você é tão fofinha, awn. Eu poderia te guardar num potinho a vida inteira! — Hoseok abriu os braços e veio pronto para me dar um abraço daqueles de urso, mas Minhyuk o puxou pela mochila de volta para trás fazendo o mesmo emburrar a cara.

  Ele era bastante fofo, tinha covinhas perto da boca e eu nunca tinha visto isso antes. Ele tinha um sorriso incrível e sua animação era super contagiante. Ele é como Minhyuk, só que um pouco mais chamativo, digamos assim.

— Já chega, Hoseokão. Pode ir parando. — Minhyuk ditou, e Hoseok bufou de raiva.

— Hoseokão não, inferno.

— Vocês dois são sempre assim? — Naeyeon perguntou rindo.

— Deve ser ótimo sair com vocês dois todos juntos. Deveríamos sair, nós 4.

— Ah... sair nós 4? — Minhyuk sorriu um pouco sem graça.

— Seria um máximo! — Nae concordou.

— Verdade, e eu ia poder abraçar vocês duas bem muitão, principalmente a Yerin que é uma gracinha. — Hoseok parecia bem animado e eu ri. O único que não parecia ter gostado muito da ideia foi Minhyuk e não entendi o porquê.

— Ei, novata. — ouvi a voz de Baekhyun atrás de mim, lá se vai meu sossego outra vez.

— O que quer?

Hoseok ficou bem desconfortável quando Baek chegou. 9 mesmo vale para Minhyuk e Naeyeon. Ninguém ali gostava dele, isso era um fato.

— Seu celular, por favor.

— Meu celular? Pra quê?

— Preciso fazer uma ligação e esqueci o meu.

— E os seus amigos?

— Esqueceram também, que coincidência. — ele sorriu sem mostrar os dentes e pegou o celular da minha mão.

Meu celular estava desbloqueado então ele só colocou os números e ligou. De imediato, um celular começou a tocar e Baek o tirou do próprio bolso.

— Yah, Byun Bababa? Sério isso? — me olhou fazendo uma careta.

— Você disse que esqueceu o seu celular.  — o encarei.

— Só precisava de uma desculpa pra conseguir seu número, sabia que ia me negar se eu pedisse a você.

— Ainda bem que sabia.

— Tá, vou te ligar pra saber se está pronta.

— Pronta pra quê, garoto?

— Ué, a gente vai sair, lembra? O trabalho de geografia. Sabe que já é pra quinta-feira né?

— Ah, droga. Tinha esquecido desse odioso trabalho.

— Agora que lembrou. Vou te ligar, às 14h, ok?

Ele simplesmente saiu junto com Sehun que dava umas risadinhas vez ou outra. Minhyuk e Hoseok permaneciam em silêncio, Naeyeon se despediu e foi para casa assim que Baek e Sehun chegaram ali.

— Então... você vai sair com o idiota lá? — Minhyuk perguntou cabisbaixo, enquanto andávamos.

— Não ouviu? É pra um trabalho, né Yerin?

Concordei com Hoseok balançando a cabeça positivamente. Eles se despediram rápido e segui caminho até o carro onde Tae me esperava com aquele lindo terno de sempre.

— Não pode usar roupas menos formais pra vir me buscar? Parece meu motorista.

— Se eu viesse com roupas normais, o que mudaria? — ele riu.

— Sei lá, podiam achar que você é meu irmão, um oppa. Ou até mesmo meu namorado, vai que cola. — não sei porque falei aquilo, eu realmente não sei.

  Vi um rubor surgir nas bochechas de Tae que deu um pequeno sorriso, mas não falou nada, e assim foi o caminho todo até em casa. Ele não disse uma palavra sequer e passou o caminho todo corado. Era fofamente constrangedor.

— Yerin, seu aniversário já tá perto, falta um mês. O que vai querer?

Ele cortou o silêncio quando entramos em casa. Fiquei um pouco pensativa. Nunca comemorei um aniversário desde a morte da minha mãe, aliás, teve alguém que me fez comemorar meu aniversário uma vez, o Jun Hee.

Não gostava de lembrar de nada que fosse relacionado à ele, mas em meus aniversários eu sempre acabava lembrando disso.

Depois da morte da minha mãe, passei anos sem comemorar meu aniversário. A bruxa da minha tia nem ao menos se importava e saia para beber, geralmente passava dois a três dias sem voltar para casa e meu pai... nunca soube onde ele se metia nas noites. Nesse tempo eu conheci o Jun e em uns dos meus aniversários ele comprou um bolinho daqueles de levar para escola mesmo e colocou uma vela em cima.

Foi a primeira vez em anos que ouvi um "Parabéns pra você" de novo. Desde que cheguei em Seul, meu avô faz festas ou às vezes apenas compra bolos. Agora ele não vai estar aqui, então, não sei bem o que fazer.

— Você quer uma festa? Posso organizá-la pra você se quiser.

— Não, Tae. Vou pensar melhor nisso depois. Agora preciso me arrumar, tenho que ir fazer um trabalho.

— Vai sair hoje?

— Sim, mas volto cedo.

— Ok.

Subi para o meu quarto e fui direto me arrumar, eu não sabia para onde íamos dessa vez mas eu não queria ir parecendo um mendigo. Depois de um longo banho, optei por um vestido preto básico que tinha umas rendinhas e seu comprimento era no meio das coxas e coloquei o sobretudo que uso na escola.

Eu queria ter umas roupas com comprimento mais abaixo do joelhos, tipo um "Anti-Baekhyun", mas fazer o quê né, não tenho. Deixei os cabelos soltos, eles são num tom castanho claro e chegam quase na cintura. Eu não os usava muito soltos por questões de calor ou agonia dele ser bem grande.

Desci pronta, comi alguma coisa e não sabia onde Tae estava para poder me despedir dele. Ele sumiu desde o almoço. 

 

                         [...]

— Namsan? Nós vamos pra Namsan?

— Já te disse que sim umas 7 vezes, Yerin.

— Mas... Namsan? Sério? Nós vamos pra Namsan?

— Se me fizer repetir uma nona vez, eu te beijo sem dó e nem piedade dentro desse carro.

— Já me calei.

— Ótimo.

Namsan era um monte de mais de 200 metros que fica em Seul. Lá tem uma torre bem linda e é um dos pontos mais visitados da capital. Era mesmo uma boa para o trabalho, mas, é um lugar onde 80% dos que vão são casais. Isso é bem desconfortável.

— Namsan Tower... é um bom tema pra colocar no trabalho.

— Eu sei, sou um gênio.

— Que convencido.

— Já pode perguntar pela nona vez para onde vamos. Tô esperando.

— Deixa de malícia, Baekhyun. Te jogo pra fora desse carro.

— E quem vai dirigir se eu não estiver aqui, uh?

— Não sei, só sei que te jogo.

Essa safadeza extrema do Baekhyun é incurável, mesmo com toda as ameaças de morte ele ainda continua, argh.

De longe, avistei a Namsan Tower. Parecia enorme. Soube que é lindo à noite, com várias decorações e toda aquela iluminação colorida se destacando.

— O que tem tanto aí pra ser visitado? — perguntei.

— Vejamos... além de ser o ponto mais alto de Seul, tem o Museu Teddy Bear, os restaurantes, o teleférico que vamos usar para subir até lá, e etc.

— Museu o quê?

Teddy Bear. É um museu de ursinhos que contam a história da Coreia.

— Isso é serio? Um museu de ursinhos?

— Nunca ouviu falar? Você veio de onde, Ilha Jeju? Não sabe de nada.

— Vim de Busan, qual o problema?

 Cruzei os braços irritada e encostei a cabeça no banco fechando os olhos.

— Ah, é? Eu sou de Bucheon.

— Quem é que é do "interior" agora hein, hein?

— Bucheon não é interior.

— Mas Busan é mais "metropolizado" do que Bucheon. Então eu ganhei, agora fica quieto até a gente chegar.

— Nossa, Yerin.

Ele estacionou o carro um pouco distante, já que para chegar na Namsan Tower é preciso subir o teleférico. Subir um teleférico na altura de mais de 200 metros não era tão perigoso quanto ir com Byun Baekhyun ao lado.

— Me dá sua mão. — ele estendeu a mão para que eu entrasse no teleférico, e dessa vez eu não pude recusar, era uma ajuda necessitada. Segurei sua mão firmemente e subi, a cabine, por assim dizer, é bem ampla e os vidros transparentes davam uma visão linda de Seul.

Me aproximei de um dos vidros e tentei absorver o máximo de pontos que aquela visão me proporcionava. Sorri ao observar a cidade ficar cada vez menor na medida em que o teleférico subia.

— É nessas horas que a garota diz ter medo de altura e abraça o oppa lindo.

— Não começa Baek.

— Não é Baek, é oppa.

Me virei para fitá-lo e ele estava bem próximo já, observava a cidade do meu lado. Respirei fundo para não meter a mão na cara dele e voltei a olhar a paisagem.

— Não vou te chamar assim nem se me pagar.

— E se eu pagar com beijos?

— Piorou.

— Você é difícil hein. Podia facilitar só um pouquinho.

— Estamos a mais de 100 metros do chão e posso muito bem te jogar daqui de cima.

— Sempre me ameaça, aish.

— Você é mais velho, mas é tão infantil. Isso é genética? Porque só assim, viu...

— Sou mais velho, mas você me chama como se você fosse a mais velha. Fala aí "Baek oppa!" — ele fez uma voz dengosa e um beicinho, provavelmente imitando o que as garotas faziam quando saiam com ele, é típico.

— Já disse que não vou te chamar assim. Não chamo ninguém assim, no máximo sai um ahjussi.

— Se me chamar de ahjussi eu que vou te jogar daqui de cima.

— Baek ahjussi... não é uma má ideia.

— Yerin... você tem que me chamar de oppa, oppa!

— Já disse que nem se fosse caso de vida ou morte.

— Então vamos apostar.

— Uma aposta, sério? Quantos anos você tem?

— Não se tem idade pra apostar. Aceita ou não?

— Qual a aposta?

— Eu vou escrever todo o trabalho e se a gente tirar 10, você vai me chamar de oppa por uma semana, na frente de todo mundo.

— Dois dias, no máximo.

— Três dias. E se a nota for menor que 10, você pode escolher o que quiser, que eu faço.

— O que eu quiser? Mesmo que seja ir na casa de sustos várias vezes seguidas?

— M-Mesmo que seja isso. — gaguejou um pouco enquanto eu dava uma risada vingativa.

Seria um risco? Talvez. Não acredito que Baekhyun vá tirar um 10, já que ele tem um histórico de notas de 7 para baixo, então o risco só seria minha nota ser baixa mesmo.

Não sei, mas ele parece bem confiante, uma aposta é uma aposta. Três dias chamando ele de oppa, isso me dá até ânsia.

— Aceita ou não?

— Tá, eu aceito. Mas se eu ganhar, já sabe né, o que EU quiser. — dei ênfase no eu, e ele hesitou um pouco logo assentindo.

  De todo jeito, a aposta já estava feita. Agora é contar com a sorte e com a preguiça de Baekhyun também. Só espero não tirar nota baixa por causa disso.

— Você tá ouvindo?

— O quê?

— Presta atenção no som.

Havia um som no teleférico, bem no cantinho. E tocava algumas músicas bem aleatórias como Twice até VIXX.

— O que tem de mais no som?

— Nossa, assim me magoa. É a nossa música, lembra? I Feel You.

— Não estamos namorando pra termos alguma música nossa.

— Não estamos... ainda.

— Não estamos e nem vamos, nada de ainda.

— Essa música é tão boa... — Baek fechou os olhos e sorriu minimamente, balançando a cabeça de um lado para o outro no ritmo da música.

Eu dei de ombros voltando a olhar a vista de Seul e reparei um pouco naquela música, na melodia agradável, no instrumental de violão, mesmo na letra a qual definitivamente não podia ser "nossa".

Baek começou a cantarolar a letra da música baixinho e sua voz tinha um tom aveludado bom de ouvir. Ele até cantava bem e a voz dele combinava com a música, mesmo que estivesse cantando bem baixo.

Sem perceber, eu já estava cantarolando o ritmo do refrão junto, sem palavras, apenas seguindo a melodia, quase num sussurro até que a música acabasse e começasse outra qualquer.

— Não pode negar mais, nossa música é muito boa.

— Ela é boa, mas não é nossa.

Baekhyun resmungou e finalmente chegamos no topo do monte, onde ficava a Namsan Tower.

— Onde vamos primeiro? O museu? Comer? Ou dar uns amassos ali naquele cantinho.

Nem me dei ao trabalho de responder e comecei a andar, observando todo o local. A torre era muito alta e o lugar estava bem movimentado.

Eu não sabia muito bem o que tinha para fazer ali e fiquei um pouco perdida até que Baekhyun apareceu do meu lado sorrindo de canto enquanto olhava garotas bonitas passarem por ele. Mereço.

— Então... vamos no museu. É bem legal... — ele ainda mantinha os olhos nas garotas, e eu suspirei baixo voltando a andar.

— Vamos então.

Ele apressou os passos na tentativa de me alcançar e adentramos o museu. Logo na entrada tinham dois ursos bem grandes, um de cada lado do portão. É tudo bem criativo, os ursinhos eram vestidos em roupas históricas formavam cenas do passado. Foi uma das melhores coisas que já vi na vida.

— Tô com fome, quantas horas vai passar aqui? — Baek não parava de resmungar, mas eu queria observar cada detalhe daquele museu.

— Se quiser ir sozinho, pode ir a vontade.

— Eu não vou sozinho, vou com você. Agora olha isso um pouco mais rápido.

— Já veio aqui muitas vezes, né? Deve ter visto esse museu um milhão de vezes.

— Um trilhão. Já decorei onde fica cada coisa daqui.

— Veio com um trilhão de garotas até aqui?

— Garotas não, nunca vim aqui com garotas. Talvez, algumas vezes. Ou mais de algumas vezes, quem se importa. Eu não lembro de nenhuma mesmo.

— Nossa Baekhyun, que consideração.

— Pra que ter consideração com alguma delas? Só usei mesmo.

— Que idiota babaca. — me virei para fitá-lo. — Não tem remorso nenhum? Nem um pouco de vergonha dizendo isso?

— Não, nada. Tô super bem. — ele me olhou como se fosse realmente super normal. Patético.

— Você só as usa, como se fosse brinquedos. Isso é ridículo.

— Mas elas são brinquedos. Usar por um dia e depois jogar fora... já é um hobbie.

— Imbecil. Isso é bem ridículo e machista, não acha?

— Eu acho normal, sempre fiz isso. As garotas caem em cima, e eu só aproveito. Tenho quem eu quiser facilmente.

— Que nojo. Eu achava você um idiota, agora acho você um lixo também. "Usar" alguém é não algo pra se vangloriar, sabia?

Aquilo realmente me irritou, foi o limite dos limites. Como pode ser tão repugnante? Com certeza teve garotas que gostaram dele de verdade e ele simplesmente as usou, isso me causa nojo, apenas.

O ignorei totalmente e comecei a andar furiosa. Não sei o que ainda estava fazendo ali.

— Não pode simplesmente me chamar de lixo e sair assim. — ele me parou me puxando pelo pulso. — O que eu faço, só faço porque deixam. Fui criado assim também, então não é culpa minha gostar de fazer isso.

— "Não é culpa minha"... Isso é mais uma justificativa patética.

— Tá, não vou negar. Eu gosto, ter fácil o que quero é uma sensação ótima. Sempre foi assim. Pelo menos até agora, já que você é a primeira a me dar tantos foras.

— E vou continuar dando, porque odeio pessoas como você. Que usam os outros, que querem tudo fácil nas mãos. Você é só mais um garotinho mimado.

Tentei me soltar dele, mas ele era bem mais forte e apertou meu pulso impedindo que eu saísse dali.

— Garotinho mimado? — bufou de raiva — Já disse que sempre tive as coisas fáceis, só me acostumei. Não ligo para os sentimentos de ninguém, só quero me divertir. Não é culpa minha se elas acabam gostando, ficando grudentas. Isso é problema delas.

— Como eu disse, você é só mais um babaca que ilude garotas com sua carinha de playboy.

— É tipo isso mesmo. Não me importo com o que pensa.

— Por que faz isso? Só prazer?

— Exatamente, só pelo prazer. — Baek sorriu de canto. — Não posso relutar contra isso, mas também não sou de ter sentimentos além do prazer com qualquer uma. É relativo.

— Entendi, um babaca playboy que só pensa em si mesmo. Combina mesmo com você.

— Aish, Yerin. Já chega, eu tô com fome e você fica estragando meu humor.

— Eu que estrago seu humor? Que ótimo, parece que tudo que vai volta mesmo. — sorri sarcástica. — Agora já pode me soltar?

Ele me pareceu um pouco confuso e eu balancei meu braço fazendo ele olhar e me soltar no mesmo segundo. Meu pulso estava um pouco avermelhado e eu respirei fundo tentando conter a raiva.

Voltei a andar totalmente em silêncio e ouvi Baekhyun suspirar e caminhar logo atrás até me acompanhar.

— Onde vamos agora? — perguntou e ouvi um ronco vindo de sua barriga, ele sorriu sem jeito e aquilo amenizou um pouco a tensão no clima. 

— Sua barriga já respondeu por mim.

Baekhyun colocou a mão sobre a barriga e fez uma careta.

— Eu vou morrer de fome.

— Se eu ainda não te matei, não é de fome que você vai morrer.

— Isso é bom ou ruim? Não sei dizer.

Ele riu baixo e colocou as mãos no bolso, mesmo depois dessa briga enorme e da raiva absurda que eu estava sentido, parecíamos mais relaxados.

  Subimos pelo elevador até o último andar, onde ficava umas lojas e um restaurante bem exótico se contar que ele é um restaurante giratório. Isso, giratório, não sei como, mas ele "gira" a cada 48 minutos ou algo assim, não sei explicar.

Comemos qualquer lanche, Baekhyun comeu umas três vezes seguidas e pagou por tudo já que eu não havia levado dinheiro mesmo.

— Tem a loja de lembranças aqui, vem ver.

Ele saiu caminhando na frente e eu o segui, a loja tinha várias pelúcias, miniaturas de pontos turísticos e mais um monte de coisas bonitinhas ao estilo Coreia do Sul, além de que  não eram tão caras assim.

— Isso deve dar bastante dinheiro. — ditei olhando os preços de algumas pelúcias.

— É verdade. Principalmente as lembrancinhas da Namsan Tower.

— Aquelas miniaturas?

— Sim. Ah, lembrei de algo que não pode faltar quando se vem pra Namsan.

— O quê?

— Você vai ver, vem. — o moreno segurou minha mão e saiu me puxando até uma parte descoberta da torre onde a vista era incrível por causa da altura.

— Aqui. — me levou até um lado onde tinham centenas, não, milhares de cadeados presos na grade que rodeava a torre.

Eram de todos as cores e tamanhos, formas também. Haviam os normais e uns em formato de coração e em cada um deles haviam mensagens, escritas a mão mesmo.

— Senhor, pode me vender um?

— Claro. — Baekhyun parou ao lado de um velhinho que tinha um tipo de barraca com vários cadeados diferentes, o velhinho entregou um a Baek junto com uma caneta preta.

— O que vai fazer com isso? — indaguei. Baek ainda segurava minha mão e com sua mão livre segurava um cadeado branco com detalhes vermelhos.

Ele me puxou até a grade e procurou por algum lugar não tão cheio, o que era quase impossível, mas acabou encontrando e se virou para mim.

— Toma. — me entregou a caneta e o cadeado — Escreve alguma coisa pra mim.

— Escrever o quê? Que te odeio? Claro. — peguei o cadeado de sua mão.

— Aish, então faz só um coração, pelo menos isso.

Ele me entregou a caneta, eu fiz um coração não tão grande no canto do cadeado e ele pegou de volta ficando de costas para mim e escrevendo algo.

— O que tá escrevendo?

— Não importa. — riu prendendo o cadeado em algum lugar que não consegui ver.

— Não vai me deixar ver? Onde você colocou?

— É besteira, agora vamos.

O olhei estreitando os olhos. Baekhyun sorriu, aquele mesmo sorriso que vi da outra vez no parque. Ele não podia simplesmente sorrir assim sempre? Eu acabei sorrindo involuntariamente.

O outro andou um pouco e se apoiou em uma parte da grade, onde não se colocava cadeados, e fitou a vista de Seul ali de cima. Eu parei ao seu lado e me apoiei na grade do mesmo jeito que ele estava fazendo.

— É estranho vir aqui sem meus amigos ou não estar beijando ninguém nessa hora. Por que a gente nã...

— Não. — ri, interrompendo ele.

— Af. Nossa aposta já tá valendo né?

— Ah, sim. Se você me fizer tirar nota baixa nesse trabalho, já sabe né?

— Já sei, já sei, vai me matar. Não precisa repetir mais.

— Bom menino. — ergui o braço e dei uns tapinhas leves no ombro dele como se fosse uma criança.

— Ei, eu não sou uma c... o que é isso?

Ele segurou meu braço e o aproximou dos olhos, encarado meu pulso o qual estava bem mais vermelho.

— Isso não é nada. — tentei puxar me braço de volta, mas ele me impediu.

— Quando se machucou?

— Hoje mais cedo, quando você... ah, deixa.

— Quando eu...? Isso foi quando eu segurei seu pulso, na briga, não foi?

Ele me soltou e ficou cabisbaixo, não sei o que ele estava pensando, porém  apenas concordei. Não estava doendo só avermelhado, mas pela primeira vez Baekhyun me pareceu genuinamente preocupado, e aquilo foi bem esquisito.

— Tudo bem, já fizemos tudo que tínhamos que fazer aqui e são 17h. Já podemos ir. — ditei, começando a caminhar.

— Desculpa. — ele me acompanhou depois de alguns segundos, e eu travei.

— O que você disse? Eu... Byun Baekhyun pedindo desculpas, à mim logo?

  Ele bufou e saiu andando na frente. Fiquei sem reação e voltei a andar apressando meus passos até alcançá-lo. Não esperava por isso.

— O mundo deve tá acabando.

— Cala a boca, Yerin.

— Os maias acertaram mesmo o fim do mundo, só não acertaram que seria hoje, uau.

— Eu vou embora e vou te deixar aqui.

— Depois você vai voltar e me pedir desculpas de novo? Uh?

  Ele se virou brusco para mim e tinha um beicinho emburrado nos lábios. Eu ri mais do que o normal. E foi assim até eu voltar para casa.

— Do que tá rindo, Yerin? — Taehyung estava de regata branca e um shorts quando cheguei, quase babei - não tanto quanto na noite passada mas foi bem parecido.

— Ah, nada. O que você tava fazendo?

— Treinando alguns golpes de Taekwondo.

— Sério? Sempre quis aprender algum. — sorri tirando o tênis que usava.

— Quer que eu te ensine? Não é tão difícil.

— Não sei se consigo, sou bem desastrada com essas coisas.

— Tudo bem, vem cá.

Ele estendeu a mão e eu a peguei, em seguida ele me levou até o meio da sala de estar e fez alguns movimentos para que eu repetisse, e eu fui um completo desastre, pelo menos ele riu muito.

— Vem, você tem que fazer assim... — Taehyung me puxou pelo braço e me ajeitou na posição certa em que deveria ficar, depois me disse o que eu tinha fazer.

— Parece complicado. — falei.

— Esse é o movimento mais fácil de todos. — riu.

— Tudo bem, vou tentar.

— Ergue bem os braços e inclina mais a perna. Desse jeito não, assim...

Ele se aproximou na mesma hora em que eu fiz o movimento. Acabei esbarrando nele e caímos juntos, mais especificamente: ele caiu em cima de mim.

— E-Eu disse que sou desastrada... — sorri sem jeito gaguejando um pouco. Seus cabelos suados grudavam um pouco na testa, ele estava tão perto que suas bochechas - e as minhas também, provavelmente - estavam vermelhas, muito vermelhas.

— D-Desculpa Y-Yerin, e-eu... — Tae desviava o olhar a cada segundo, seus braços estavam apoiados no chão e eu não conseguia encará-lo de jeito nenhum. As palavras não saiam e nem mesmo ele saía de cima de mim.

Virei o rosto para o lado e ele finalmente resolveu se levantar, sentando no chão do meu lado. Inclinei e acabei vendo um papel dobrado no chão.

Lembrei do papelzinho que Minhyuk tinha me entregado na aula o qual não conseguir ver o que era. Deveria ter caído do meu sobretudo quando esbarrei em Taehyung.

Estiquei o braço para pegar o mesmo e Tae percebeu, ele ainda estava com as bochechas vermelhas e coçava a nuca tentando disfarçar que estava envergonhado, talvez.

— O que é isso?

— Não sei, vou ver agora.

  O desdobrei e quase xinguei em voz alta quando vi que as letras estavam todas borradas. O papel deve ter molhado quando derrubei ele no banheiro da escola. Que sensacional. Agora eu nunca vou saber o que Minhyuk escreveu ali.


Notas Finais


O que será que o Minhyuk escreveu nesse papel hein? e.e Digam aí o que acham aksjsj
E qualquer erro na escrita ou crítica, podem me dizer, eu agradeço muito.

Espero que tenham gostado, já vou começar a escrever o próximo capítulo, então obrigado por lerem ♡


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