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História Auréola de Cinzas - Esperança


Escrita por: mj_ohara

Notas do Autor


GENTE, TENHO VÁRIAS COISAS PRA FALAR NAS NOTAS FINAIS, ENTÃO VEJO VOCÊS LÁ. NÃO ME ESQUEÇAM LÁ FALANDO SOZINHA!
Boa leitura <3 <3

Capítulo 14 - Esperança


Quantos dias ao todo? Quantas horas formariam esses quantos dias? E quantos minutos formariam quantas horas e quantos segundos formariam tais minutos, e…

A mente de Daehyun não fazia mais sentido. Há pouco havia acabado de passar pelo que acreditava ser a pior sessão de tortura dentre todas as que Hyosung e Jieun haviam feito com ele. Mas apesar da dor insuportável e de achar que tinha quebrado o pulso esquerdo, estava entorpecido. Sua cabeça não parecia raciocinar tão bem quanto deveria e ele nem mesmo sabia se seus Alterum ainda estavam em sua busca. De qualquer forma, só esperava que todos estivessem bem, que todos permanecessem vivos e a salvo e continuassem como havia sido até hoje sem ele caso não escapasse dessa.

Daehyun não tinha a mínima noção de tempo, não fazia ideia de há quanto estava preso ali naquele lugar, jogado no chão de qualquer jeito, sem nenhum banho, quase sem roupas – ainda com a mesma calça e apenas ela. – e acorrentado pelos pulsos. A única noção de tempo que tinha às vezes era quando Song Jieun vinha lhe dar sua dose diária de veneno. Ele havia contado a quantidade de copos até então, já haviam se passado três. O terceiro copo havia sido dado há um tempo, então acreditava que já estava perto de sua próxima dose. Quatro copos, quatro dias, era o que havia concluído. Ria-se internamente porque se risse por fora, seu corpo inteiro doeria; por que elas o prendiam se ele quase não conseguia erguer a cabeça? Era uma perda de tempo. Elas achavam que ele escaparia dali mancando? Não diria que era impossível, mas definitivamente não seria tão fácil.

E, bem, talvez não estivesse tão desgastado quanto parecia. Estava preso naquele lugar desde que elas iniciaram o ritual e, estranhamente, apesar de não lhe darem nada além da água e do veneno, suspeitava que aquela poção possuísse algum ingrediente que não o deixava tão mal quanto poderia ficar. Descobriu que, na verdade, o veneno enfraquecia apenas a sua alma e retirava aos poucos a proteção que Himchan havia colocado. Os efeitos físicos adversos e indesejados causados não eram nada mais, nada menos do que reações, Jieun dissera a ele no dia anterior. Ou seja, seu cansaço físico não era mágico, era exaustão mesmo.

Era devido a essa pequena força, o suficiente para se erguer, que ele havia encontrado, também no dia anterior, aquela pequena falha. Era uma espécie de abertura bem ao lado de onde suas correntes se prendiam à parede, uma fenda. Cutucara o buraco e logo descobrira que, provavelmente pela idade das paredes, aquilo era destrutível. Com o auxílio de suas próprias correntes, Daehyun iniciara uma atividade árdua de tentar desgastar o pedaço da parede ao qual estava preso. Diria que estava quase dando certo e, como a única iluminação para o quarto era a luz do corredor, Jieun não percebera nada até então.

Não que ele fosse conseguir sair correndo por aí, mas não custava tentar. E se conseguisse se soltar, não iria perder tempo reunindo suas últimas forças para escapar.

Sua garganta ardeu de sede. Normalmente, Jieun lhe trazia um pouco de água, o que havia decidido que era por bondade dela já que poderia muito bem largá-lo sem nenhuma; pelo que se lembrava, ele não poderia morrer de forma alguma além de por meio desse ritual, então morrer desidratado estava incluso na lista de acontecimentos impossíveis. Restava esperar que Jieun tivesse seu acesso de bondade do dia e lhe trouxesse a água.

A porta rangeu do outro lado da sala e ele cogitou a possibilidade de erguer a cabeça para ver quem era, mas já sabia que era sua visita diária. Então, apenas permaneceu deitado de bruços, com o rosto enfiado no chão gelado e cheio de poeira enquanto preparava o estômago para o que viria a seguir e torcia para que, novamente, ela não percebesse o pequeno buraco na parede. Agradecia cada vez mais pelo quarto escuro.

— Está dormindo? – sentiu a ponta da bota dela cutucando suas costas sem muita delicadeza e gemeu de dor em resposta. Era melhor que ela soubesse que ele estava acordado. No dia anterior, ele realmente estava dormindo. E sentir o salto dela perfurando sua perna não fora a melhor das sensações. – Que bom, ajeite-se.

Daehyun engoliu em seco. “Ajeite-se”, ela dizia, mas sabia que ele não conseguia mexer nem mesmo um músculo sem se sentir todo dolorido. Aquilo era apenas uma desculpa para ela chutá-lo até que ele se virasse com a barriga para cima; depois ela o seguraria pelos cabelos, forçando-o a se sentar e a beber a poção.

Dito e feito. Sem ter a paciência para esperá-lo se erguer, logo ela estava segurando-o em posição sentada e encostava um copo em seus lábios. Ele nem mesmo conseguia pensar em resistir, se tentasse se soltar do aperto dela e não beber o líquido, apenas apanharia mais. Se fosse para alguém salvá-lo, seus Alterum o fariam. Além disso, ele precisava poupar energia para caso conseguisse fugir.

Mas não era veneno, era água. Dessa vez ela havia trazido água antes da poção, que estranho. Ele logicamente bebeu tudo sem questionar, quase lambendo os lábios no final. A água havia descido como se fizesse um milagre por sua garganta, e Daehyun não iria reclamar por ser pouca, pois logo sabia que viria aquela coisa nojenta para que ele bebesse.

— Hyosung atrasou sua poção de hoje. – ela disse com uma expressão que entregava que estava extremamente irritada. – Incompetência da parte dela, é claro. – e parou de segurá-lo pelos cabelos, largando-o e ele caiu no chão de qualquer jeito novamente; dessa vez, com as costas encostadas no gelado do piso. Talvez aquilo aliviasse um pouco a sua dor. – Mas não pareça muito feliz, logo eu trarei…

E ela interrompeu sua própria fala e franziu a testa.

Daehyun achou aquilo estranho e a observou com cuidado, quase com medo por um momento. Ela estava com a testa franzida e estava olhando para outro ponto da sala. Suas mãos apertavam-se e ela respirou como se estivesse surpresa, ou indignada. Porra, ela havia percebido. Jieun percebera que ele estava cutucando o reboco até quase soltar suas correntes da parede. Ele ia se ferrar muito, ia apanhar, ela iria cortar sua garganta e garantir que aquilo se tornasse um novo método de tortura.

Mas, então, Jieun simplesmente saiu correndo da sala, sem nem mesmo bater a porta atrás de si, os saltos ecoaram com força pelo corredor e se afastaram rapidamente ao fundo. Era incomum que ela saísse sem dar uma risada sarcástica ou um olhar de nojo, mas para ela ter perdido a compostura daquele jeito, algo estava acontecendo.

Uma pontada de esperança surgiu no fundo de sua alma. Seus Alterum? Poderiam ser eles? Para ela ter saído tão desesperada e nem sequer iniciado uma nova sessão de tortura, algo grave ou preocupante estava acontecendo. Queria tanto poder sentir todos eles, assim ficaria menos ansioso. Mas o importante no momento era que ela havia dado o fora. Era hora de voltar ao trabalho.

Agarrou um pedaço da corrente e tornou a cutucar o reboco. Era um serviço cansativo, porém ele já teria terminado aquilo se estivesse em condições normais. Principalmente porque agora, com seu pulso esquerdo dolorido, ele não tinha mais o auxílio das duas mãos. O escuro o atrapalhava e aquilo levantava muita poeira, o chão embaixo do buraco se enchia de pó; mas era melhor do que nada. Era bom que terminasse logo, pois o que quer que Jieun estivesse fazendo no momento, parecia importante e esperava que fosse demorado.

Quase suspirou de alívio e felicidade quando terminou de soltar a primeira corrente. Sua sorte é que ele já havia desgastado bastante a parede no dia anterior e elas estavam quase por um fio. Partiu para a corrente do outro braço pouco tempo depois, onde também já havia iniciado o trabalho ontem. Estava ofegante e quase riu de si mesmo, quem se cansaria facilmente com aquilo? Mas o melhor era se concentrar. Sua sorte é que suas correntes não eram tão compridas, então conseguiria enrolá-las nos braços, pois soltar as algemas não seria possível tão cedo, e sair por aí sem fazer barulho.

Sentiu as lágrimas de alívio escorrendo por seu rosto quando terminou de soltar a segunda corrente, rapidamente enrolando-as nos braços como havia planejado. Sua maior dificuldade no momento seria levantar-se e conseguir fugir, mas já havia conseguido se soltar e aquilo era fantástico. Equilibrou-se com cuidado, sentindo as pernas doerem e falharem. Daehyun quase caiu de joelhos, mas se apoiou na parede a tempo. Precisava sair dali logo e dependia apenas de si mesmo, Jieun havia vacilado pelo menos uma vez, deixando a porta aberta. Era sua única chance.

Caminhou com cuidado até a porta, respirando com calma para que se concentrasse em seus próprios movimentos. Andar havia se tornado algo difícil, mas ele sabia que conseguiria. Arriscou espiar pelo corredor. Era um corredor de pedra, com teias de aranha em todos os lugares, teto muito alto e totalmente iluminado por archotes. Jieun havia ido pela esquerda, também de onde sempre vinha. Daehyun virou-se para a direita e seguiu caminho, apoiando-se na parede e tomando cuidado para que suas correntes não se desenrolassem dos braços.

Os joelhos doíam muito e os cortes profundos, que ainda bem que não sangravam mais, que tinha nos pés ainda ardiam quando ele caminhava descalço pelo corredor de pedra. Mas o pensamento estava apenas em sua liberdade, a que queria tanto alcançar. Logo chegou ao fim do corredor quase rastejando e deparou-se com outro corredor, ainda de pedra, porém com buracos na parede como se fossem janelas; era noite do lado de fora e nuvens engraçadas estavam no céu. Ao final do corredor, à sua esquerda, havia uma escada que subia. À direita, o corredor se estendia. Achou melhor prosseguir pela direita, e logo continuou cambaleando.

— Não sei o porquê de ela não querer dar isso a ele pessoalmente hoje. – eram passos e risadas vindos de trás de si. Vinham da escada e não era apenas uma pessoa. Cambaleou mais rapidamente e seguiu em frente, enfiando-se entre as colunas do corredor. As vozes se viraram para o corredor que ele estava antes e então aproveitou para tentar correr o mais que podia; o que, claramente, não era muita coisa. Não demorou muito para que ouvisse a exclamação nervosa.

— Onde ele está? – foi um grito. A voz não era de Jieun ou de Hyosung, porém de um homem. Provavelmente alguém que trabalhava para elas. Outra voz o respondeu e Daehyun não quis ficar muito tempo concentrado na conversa. Precisava escapar dali. Algo o dizia que aqueles homens estavam indo levar seu veneno diário.

Não sabia mais onde estava, só sabia que, com muita dificuldade, subira dois lances de escadas. O engraçado era que o corredor ainda não havia mudado. As estruturas continuavam de pedra e quase sem janelas, iluminadas por archotes; ainda estava nas masmorras? O quanto Jieun havia descido com ele? Pelas poucas janelas percebia que o castelo de Jieun ficava a beira de um penhasco, então mesmo que estivesse nos últimos andares, ainda teria um pouco de iluminação do sol durante o dia.

Os pés arderam muito em certo ponto, mas ele não parou. Prosseguiu caminhando com dificuldade até o fim desse outro corredor, encontrando outro lance de escadas. Àquela altura já deveriam ter avisado Jieun e Hyosung de que ele havia desaparecido de sua cela e elas provavelmente estavam a sua procura junto de diversas pessoas ao seu serviço. Subiu mais dois lances de escada e finalmente a aparência do local mudou um pouco.

O local ainda era de pedra, porém tinha uma aparência de um corredor mais aberto; com janelas grandes e afinadas em forma retangular, tapeçarias nas paredes, lustres gigantes no teto e salas com portas de madeira pesada. Parecia o térreo de um castelo medieval, diferente do castelo de Yongguk que era totalmente trabalhado em pisos de mármore preto e lustroso no andar de baixo, com lustres ornamentais de cristal belíssimos, tapeçarias e quadros em todos os lugares, os quartos com piso em madeira, as cortinas de veludo e os lençóis de seda. Sentia falta da hospitalidade vinda desse lugar.

Não perdeu tempo, logo observando cautelosamente seus arredores. Não ouvia um único som. O que era estranho, já que todos deveriam estar em seu encalço. A verdade é que ele não sabia quantas pessoas trabalhavam ali para Jieun, mas nunca vira muitas. Mesmo assim, deveriam estar em algum lugar. Sons de passos rápidos vindos atrás dele e quase guinchou, desesperando-se. Seguiu pelo corredor sem parar de olhar para trás, os sons se aproximando. Estavam atrás dele, iam alcançá-lo. Talvez os homens que trabalhavam para Jieun? Talvez.

E foi em meio a esse nervoso que se esbarrou com alguém. Todos os pensamentos que passaram por sua cabeça foram sobre o quanto ele possivelmente tinha se ferrado. Iria ser lindamente torturado, por que diabos ficava olhando para trás? Tinha que olhar para frente!

Mas então ele foi puxado – pelo pulso esquerdo, e que dor sentiu! – para dentro de uma sala e prensado contra a parede, uma mão cobrindo sua boca. A porta de madeira cobria sua figura e a da pessoa que o puxara. Quem corria pelo corredor passou xingando, era um homem, talvez o mesmo do momento anterior, mas logo foi embora. Daehyun permitiu um suspiro de alívio, a figura estranha parecia estar do seu lado, mas não conseguia enxergar muito bem devido à escuridão da sala.

— Fique calmo. – era uma mulher. Tinha uma voz doce e ela retirou sua mão da boca dele. – Você está muito fraco, é um milagre que esteja conseguindo andar. Realmente está em seu limite. Pode desmaiar a qualquer momento. – ela estava sussurrando e ele não conseguia enxergar seu rosto direito; a sala estava muito escura, ele via apenas contornos. – Himchan fez um bom trabalho quando cuidou de sua alma. Ele conseguiu te fortalecer ao máximo ao ponto de suportar passar por tamanha tortura.

— Quem é… você? – ele perguntou, percebendo o quão fraca ainda estava sua voz. Decidiu que o que o fazia andar tão rápido mesmo naquele estado provavelmente era a adrenalina que acelerava muito bem o seu coração e o fazia pensar melhor, porque seu físico sozinho não tinha capacidade para fazer tudo aquilo.

— Eu sou Sunhwa. – ela disse com um sorriso na voz. – Estou aqui para te ajudar. Mas fique quieto, elas não sabem que eu sei sobre você.

— Sunhwa? – o nome rodopiou em sua cabeça. Ela era a melhor amiga de Youngjae, não era? A que ele havia ficado com, hunf, ciúmes há pouco tempo.

— Eu trabalho com Jieun e Hyosung protegendo a Terra, mas eu… eu não sabia que elas estavam fazendo algo tão horrível para alguém tão importante pro Jae. Eu tenho que ajudar. Aqui. – ela segurou seus pulsos, e ele quase se retraiu quando ela tocou no esquerdo, mas logo sentiu seus braços livres das correntes. Sunhwa usou um feitiço para retirá-las de seu braço e as segurou para que não fizessem barulho caindo no chão. – Quando os guardas foram reclamar para Jieun que você havia escapado, eu já estava quase indo às masmorras para te libertar. Porém, você foi mais rápido. Sua sorte é que não tem tantos guardas que trabalham para Jieun, ela prefere fazer quase todo o trabalho sem ajuda.

— Eu não entendo… por que você…?

— Eu só quero ajudar, Daehyun. Não apenas por Youngjae amar você e ele ser importante para mim, mas também porque Jieun e Hyosung estão erradas. Nosso dever é proteger os seres humanos, e não maltratá-los. Vocês têm o livre arbítrio, é seu direito escolher o que querem. Eu não sei como Jieun fez tudo isso escondida, eu devia ter percebido, eu… Youngjae nunca comentou nada sobre um novo Alterum, então… bem… – ela disse, parando na metade da fala e Daehyun ainda sentiu-se incomodado por não conseguir enxergar seu rosto naquela escuridão. Pelo que havia entendido, ela não sabia que Jieun estava tentando matá-lo. Então, provavelmente, ela também não sabia que Jieun já havia o matado no passado e até mesmo tentado matar Junhong. Ou sabia e Youngjae só tinha lhe contado parte da história. – Deixa pra lá. Agora preste atenção. Jieun está com problemas.

— Quê?

— Presta atenção! – ela chamou sua atenção estalando o dedo. – Yongguk, Himchan e Jongup há pouco atravessaram a barreira entre Submundo e Terra; não sei como, mas eles conseguiram atravessar o feitiço da Hyosung-Unnie. Jieun está abalada, eles estão perto demais. É a sua chance de escapar, não tem como falhar. Mas eu não posso ficar te ajudando. Ela me mandou ir embora, disse que eles estavam invadindo a Terra dela e que ela iria lutar contra eles sozinha; Jieun não pode saber que sei de toda a verdade, sei que ela está errada e não vai lutar sozinha. Hyosung está escondida, mas está aqui em algum lugar, eu sei que está, tome cuidado com ela também! – Sunhwa falava muito rápido e Daehyun quase não assimilava o assunto, então apenas assentia enquanto ela prosseguia.

“Você vai seguir, com muito cuidado, por favor, até o andar de cima. Use as escadas do fundo, ninguém nunca anda por lá. Seguindo pela direita há uma sala que, ao entrar, verá que tem toda a parede destruída. Está em desuso há séculos e ninguém nunca a reparou. Fique lá, eles darão um jeito de lhe encontrar quando chegarem.”

Daehyun não conseguia nem mesmo murmurar um obrigado ou saber se podia confiar nela. Ela poderia estar mentindo, poderia estar sim ao lado de Jieun, poderia estar jogando um jogo junto com ela e Hyosung. Mas confiar em Sunhwa significava confiar em Youngjae? Daehyun não tinha mais nada a perder. Esperava que Jae soubesse escolher amigos.

Assim que saiu da sala, ela saiu atrás dele, porém foi na direção oposta. Daehyun reparou nela apenas por alguns segundos. Tinha os cabelos castanhos claros bem compridos e usava um vestido cheio de babados e rosa bem claro. Apenas isso, e logo estava seguindo, mancando e se apoiando nas paredes para não cair no chão e acabar com tudo. Não foi tão difícil alcançar o fim do corredor, mas subir as escadas já estava se tornando um problema após todos os lances que já havia subido. No entanto, logo conseguiu encontrar a tal sala e abriu a porta sem muitas dificuldades.

Era uma sala aberta para fora, o castelo realmente ficava a beira do penhasco. Parte de sua parede havia sido destruída como em uma explosão e ela estava totalmente vazia. A brisa noturna lhe deu arrepios fortes na pele nua e ele permitiu-se cair sentado, encostado à parede enquanto tentava recuperar a energia que não tinha. Seus pés haviam voltado a doer como se estivesse pisando em brasa e o pulso esquerdo tinha aparência de inchado, os lábios pareciam ainda mais secos. Mas pelo menos ele não estava mais preso naquela masmorra. Por isso, agradecia.

Analisou seu pulso inchado e listava seus ferimentos mais doloridos. Os pés, com certeza, estavam em primeiro. Não achava que se precisasse levantar novamente, conseguiria. Observou as solas dos pés. Estavam com os ferimentos abertos e que sangravam novamente, e ardiam muito; não se lembrava do momento em que as feridas abriram. As pernas estavam cansadas e talvez houvesse um hematoma ou outro. O estômago já havia se recuperado dos socos e talvez seu rosto estivesse um pouco marcado também. Os pulsos estavam vermelhos e com hematomas em alguns pontos, principalmente devido a ter ficado preso.

Encostou a cabeça na parede e fechou os olhos. A adrenalina havia passado e agora ele não achava que se levantaria tão cedo. Sua cabeça rodava um pouco, deixando-o tonto, mas precisava permanecer acordado. Precisava.

Ouvia ao longe os barulhos altos de alguma coisa se quebrando ou sendo destruída. Ouviu gritos, gente falando muito alto, mas não conseguia definir muito bem os sons ou as vozes, ou adivinhar que falava. Ainda seria Jieun atrás dele? Sunhwa disse que eles estavam próximos, quando chegariam? Queria tanto descansar com eles novamente, queria tanto poder…

A porta se abriu subitamente e seu peito se encheu de esperança. Mas todas elas foram estilhaçadas quando quem entrou foi um dos capangas de Song Jieun.

— Achei você. – ele disse com um tom de voz malicioso. – Não foi tão inteligente deixando rastros de sangue pela escada. – Por um instante chegou a achar que Sunhwa tinha delatado seu esconderijo, mas então percebeu que era sua própria burrice.

Claro. O sangue dos pés. Merda. Tanto esforço pra nada? Tentou se erguer o mais rápido possível, mas o cara já estava em cima dele, acertando-lhe um soco no rosto que o fez bater a cabeça na parede e sentir tudo ao seu redor escurecer por alguns segundos. Caiu no chão e achou que perdeu a consciência por um momento, pois logo percebeu que estava sendo arrastado por um corredor pelo pulso machucado. Não conseguia se mover e muito menos entender o que acontecia. Respirou com dor, tentando se soltar, mas sem conseguir. A cabeça girava, girava, girava. Ouvia sons agudos ao seu redor, como se tudo apitasse.

Logo alguém falou algo. Houve um grunhido, um engasgo, e seu pulso estava livre. Sentiu algo quente e úmido espirrando contra seu corpo, mas não sabia o que era. Fedia a ferro, seria sangue? O que estava acontecendo?

Abriu os olhos com cuidado quando sentiu seu corpo sendo envolvido com carinho em braços fortes, sendo puxado para o colo de alguém que se sentou ao seu lado. Sentiu uma gota quente pingando em seu rosto e escorrendo até seus lábios, era salgado. Lágrimas? Não enxergou muito bem a imagem a sua frente, seus olhos demorando em se adaptar à visão, mas o cheiro não o enganou. Era Jongup. Ele estava chorando. Por que ele estava chorando?

— J-Jongup? – conseguiu falar, tentando estender a mão e tocar seu rosto, mas desistiu. Agora em seus braços, sentia-se fraco, mas a felicidade naquele exato momento foi tão grande que lágrimas escaparam de seus próprios olhos.

— Daehyun! – ele o puxou mais contra si, abraçando-o com força e até doeu; mas Daehyun não se importou. Era reconfortante poder ver Jongup, poder tê-lo tocando em si, abraçando-o com tanta saudade e tanto sentimento. Sunhwa não havia mentido, eles realmente tinham ido salvá-lo. Sunhwa era uma pessoa maravilhosa. Agradeceria a ela depois, caso a visse novamente.

Jongup apertou os fios de seu cabelo com leveza, puxando o rosto de Daehyun contra seu pescoço. Ele quase desmaiou de êxtase sentindo o cheiro bom que exalava de Jongup, um cheiro delicioso que ele não queria parar de sentir nunca mais.

— Você está horrível. – Jongup disse, rindo com suavidade, sem que as lágrimas deixassem de escapar. Daehyun riu de volta, sentindo-se estranhamente feliz.

— Estou me sentindo horrível. – falou com dificuldade, mas naquele momento Jongup parecia ser toda a sua energia. – Ainda bem que não me vi no espelho.

— Jieun estava berrando algo incompreensível sobre você ter se soltado do local onde ela havia te prendido. Ela estava indignada. – ele continuou, acariciando a bochecha de Daehyun com uma das mãos e olhando-o como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo. – Como conseguiu?

— Eu sou muito esperto. – riu sozinho e Jongup ajudou-o a se sentar. A visão de Daehyun finalmente se organizou e ele reparou que uma parte de seu próprio braço e o rosto de Jongup estavam manchados com sangue; era aquilo que tinha espirrado nele há pouco. Era o sangue do homem que o estava arrastando, percebera. – Sunhwa me ajudou, disse que Jieun não pode saber.

— Jieun não sabe que a amizade de Sunhwa com Jae é tão profunda assim, apesar de saber que eles mantêm contato. – Jongup esclareceu, ainda acariciando seu rosto com o polegar.

— Sunhwa não… não sabia que Jieun estava fazendo isso. – falou, ainda com dificuldade, se esforçando mais do que deveria. Jongup percebeu e colocou o dedo contra seus lábios para impedi-lo de continuar falando.

— Contamos outra história para ela quando você morreu há 100 anos. Uma versão alternativa, preferimos manter toda a coisa sobre Jieun em segredo, entre nós. Ela sabe que você é o mesmo Daehyun, mas não sabe que Jieun o matou. – Jongup explicou rapidamente, apesar de parecer realmente absorto no momento. – Aliás, Jieun está uma fera atrás de você, mas Yongguk e Himchan estão segurando ela. – respondeu. Daehyun franziu a testa.

— E Hyosung? – perguntou, mas Jongup pareceu confuso.

— Eles não a viram. Ela não está aqui. O principal objetivo era apenas te tirar daqui sem nos envolvermos em brigas, então…

— Ela está aqui sim! – Daehyun exaltou-se e tossiu, mas prosseguiu logo depois. Não podia deixar de informá-los sobre algo perigoso. – Ela está aqui, ela nunca sai daqui. Eles têm que tomar cuidado, pode ser uma armadilha delas. Manter-se escondida e depois atacar. Não ia ser nem um pouco fácil de lidar com Hyosung. – continuou tossindo muito após falar, a garganta machucada. Aquele veneno que lhe davam diariamente machucava muito seu estômago e ele já via a hora de vomitar novamente.

— Vamos atrás deles. – Jongup passou os braços por baixo do corpo de Daehyun, levantando-se com ele no colo. Daehyun relaxou nos braços de Jongup, sentindo-se seguro, finalmente. – Descanse, nós vamos dar um jeito nisso.

Não demorou muito para que eles chegassem onde estava Song Jieun. Jongup conseguia correr muito rápido mesmo com Daehyun em seu colo. Quando eles chegaram lá, apesar da visão de Daehyun estar um pouco turva e a exaustão ter voltado ao seu corpo, ele não pôde evitar reparar. Era um salão largo, a parede atrás de Yongguk e Himchan estava totalmente destruída, talvez aquilo tivesse feito o barulho alto que Daehyun tinha ouvido. Song Jieun estava parada em frente à outra parede, respirando fundo e com uma expressão de matar. Yongguk estava com garras compridas e… eram presas em sua boca? Asas imensas estavam em suas costas, eram como asas de morcego, gigantes e escuras. Himchan estava ao seu lado sem nem mesmo um traço da postura frágil que aparentava ter às vezes. Dessa vez não estava vestido de branco, e era até engraçado vê-lo sem os trajes comuns.

— Ora, vejo que o encontrou rápido, Jongup. – ela disse entredentes, forjando um sorriso amarelo no rosto. Daehyun sentiu o olhar dela perfurando seu corpo enquanto Jongup ia até seus Alterum e o colocava no chão, atrás de Himchan e Yongguk. Himchan foi à sua direção, postando-se ao seu lado enquanto Jongup erguia-se para fazer companhia a Bang. – Ele tinha acabado de fugir. Estava perambulando por aí, não é mesmo? – ela parecia incrivelmente frustrada, mas ele não queria perder tempo observando-a, não quando tinha Himchan ao seu lado.

— Você está bem? – ouviu Himchan sussurrando enquanto levava a mão até seu rosto.

— Não. – falou, cansado. – Mas estou melhor.

— Você está muito fraco, consigo sentir sua energia. Como está conseguindo falar, eu queria saber. – Himchan sorriu. – Deixe-me ver seu pulso.

Himchan segurou seu pulso esquerdo observando o inchaço com a testa franzida.

— Podemos resolver isso quando chegarmos em casa. Mas, primeiro, não podemos nos distrair. – ele gesticulou para Song Jieun que debatia com Yongguk algo muito interessante, principalmente porque seu tom de voz estava altíssimo; mas enquanto ela gritava com Yongguk, ele precisava falar algo.

 — Yongguk? – Daehyun disse com a voz baixa, apesar de que através da gritaria de Jieun, duvidava que ela fosse ouvi-lo. Yongguk inclinou a cabeça levemente para o lado, indicando que estava ouvindo apesar dos berros da mulher. – Hyosung está por aí. Cuidado com ela.

Bang assentiu discretamente e aquilo poderia ter passado despercebido aos olhos de qualquer um, mas Daehyun relaxou ao saber que o recado estava dado. Ele não conseguia prestar atenção na conversa, principalmente porque seu estômago ardia muito de alguma forma. Não era como se ele estivesse sentindo essa dor toda em momentos que não tomava a poção, mas aquilo estava ficando estranho. Era um sentimento crescente de ardor que borbulhava em seu estômago e parecia que podia sair a qualquer momento.

— Dae? – Himchan colocou a mão em suas costas. – Daehyun? Daehyun? – e ele teve tempo apenas de virar-se para o lado e vomitar sangue novamente. Himchan estava debruçado sobre ele no exato momento e ele ouviu a risada de Jieun ecoar. Jongup virou-se de lado, parecendo dividido entre socorrê-lo ou permanecer em posição de luta contra Jieun, mas Yongguk o puxou para que continuasse atento.

— Ele está muito fraco. A poção não é brincadeira, afinal foi preparada especialmente para ajudar a matá-lo. – ela sorriu macabramente. – Ah, aliás, espero que saibam que eu consigo controlar algumas das sensações que Daehyun tem, viu? Graças a essa poção, é claro. Como essa, por exemplo. – e ela apontou o indicador, sacudindo-o levemente duas vezes. Daehyun sentiu como se seu estômago se rasgasse ao meio e gritou. Himchan puxou-o para seu colo, sem se importar com o sangue que havia nele. Daehyun gritou de dor e se encolheu em uma bolinha, concentrando-se apenas na sensação de dor que agora estava em seu corpo inteiro.

Ouviu um grito de fúria e logo a sensação diminuiu drasticamente. Ele respirou profundamente, erguendo a cabeça. Yongguk havia pulado em cima de Song Jieun com as garras em prontidão e ela, para se esquivar, desconcentrou-se por alguns segundos, perdendo o controle do feitiço; parte de seu rosto estava ferido, o que indicava que Bang havia pegado de raspão. Agora, ambos se encaravam em posição de luta. As mãos de Jieun tinham um brilho roxo forte e ela sorria.

— Você realmente quer brigar, Yongguk?

— Você não me deixa escolha.

E Bang estava prestes a erguer as garras e avançar para cima dela quando Daehyun a viu. Em sua visão embaçada, foi como um brilho apenas, mas ele sabia que era Hyosung. Ela ia acertar Yongguk e ele nem mesmo iria ver de onde o ataque havia vindo. O desespero cresceu rapidamente em seu corpo, tomando conta de todos os seus sentidos e quase ultrapassando a dor. Ele não ia conseguir gritar a tempo, não ia conseguir avisar!

E então Jongup subitamente se lançou contra Bang com muita força, surpreendendo até mesmo Himchan que se sobressaltou com a atitude súbita. Empurrou-o para o chão e os dois rolaram, se embaraçando um no outro e olharam surpresos para trás. No local onde Yongguk antes estava havia agora duas grandes estacas de gelo que facilmente teriam empalado ambos. Algo dizia, na consciência de Daehyun, que seu desespero havia alertado Jongup.

Yongguk, ainda um pouco zonzo e com Jongup sobre si, ouviu a risada sombria vinda de trás de si e lá estava Hyosung, empoleirada em cima de um lustre quebrado que se dependurava estranhamente.

— Vejo que você também veio, meu anjinho. – Hyosung disse, fechando a cara para Jongup. – E você também, Himchan. – ela saltou de cima do lustre, parando perfeitamente em pé. – Vieram buscar nosso bichinho de estimação? Espero que saibam que não vamos entregá-lo tão facilmente.

— Por que está envolvida nisso, Hyosung? – Himchan resmungou, quase se colocando a frente de Daehyun para protegê-lo com seu próprio corpo, mas ainda agachado e segurando-o em seu colo. Ele estava pálido e muito fraco, principalmente depois do último acesso de dor, mas ainda estava consciente e observava tudo. Precisavam se apressar para levá-lo embora, mas as duas provavelmente não facilitariam o jogo.

Hyosung apenas sorriu.

— Como vocês já devem saber, além dos meus próprios motivos, não posso deixar barato para quem magoou minha irmãzinha.

A confusão tomou posse do sentido de todos. Himchan franziu a testa e olhou para Jongup com a mesma expressão de dúvida. Yongguk manteve a expressão impassível, porém apenas seus Alterum sabiam que ele também não estava entendendo nada sobre a última parte da fala de Hyosung.

— Ah, vocês não sabiam? – ela deu uma risada sarcástica, ajeitando uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Somos irmãs. – e ela fez cara de deboche frente às expressões de choque de Himchan e Jongup. – O quê? Só por causa dos sobrenomes? Jieun herdou o da mamãe, apenas. – e ela voltou-se para sua irmã, ainda com a pose de que se ria da ignorância dos outros. – Mandei nossos guardas irem embora para não nos atrapalharem. Espero que nos divirtamos bastante hoje.

Jongup e Yongguk se ergueram rapidamente, percebendo que ainda estavam paralisados observando a situação se desenrolar ao seu redor. Enquanto ela falava, já estavam ambos costas contra costas. Jongup encarava Hyosung e Yongguk encarava Jieun. Ambas sorriam estranhamente para eles. Não demorou muito para que Jongup optasse por liberar suas asas também. Elas rasgaram a parte superior das costas de sua blusa, abrindo-se gigantes, tanto quanto as de Yongguk, porém com penas negras. Apesar de não serem brancas como a de todos os anjos e estarem tingidas de negro devido ao seu sangue demoníaco, elas ainda assim eram magníficas e lhe traziam um brilho único.

Hyosung ria-se sozinha.

— Ah, foi eu que lhe dei esse presente, Jongup. – Hyosung disse, cruzando os braços. – Vai usá-lo contra mim?

— Minhas asas sempre foram minhas, Hyosung. – ele disse, franzindo a testa. – Mas se você se refere a essa vida que tenho agora, só tenho que lhe agradecer. Afinal, não teria conhecido pessoas importantes caso ainda fosse um anjo.

Hyosung pareceu não gostar daquilo. Ela fez algo estranho com as mãos e de repente elas tinham uma tonalidade alaranjada, como se uma estranha luz que fosse emitida. Ela partir para cima de Jongup, correndo em sua direção e ele foi ao seu encontro. Ambos se engalfinharam em uma luta física que Daehyun não conseguia compreender; mas de alguma forma, nenhum dos dois se tocava. Era como se eles conseguissem desviar de todos os ataques do outro, porém parecia que Hyosung conseguir acertar Jongup magicamente e feri-lo. Enquanto isso, não demorou muito para que a luz roxa nas mãos de Jieun se transformasse em chamas e ela começasse a lançá-las contra Yongguk.

— H-Himchan. – Daehyun chamou-o e Himchan logo estava apertando-o em seus braços, mantendo-o deitado em seu colo. – Vá ajudá-los.

— Não posso. Se eu sair daqui, você fica mais vulnerável. – ele franziu a testa. Daehyun respirou com dificuldade.

— O-onde estão Jae e Junhong?

Himchan pareceu ficar hesitante em responder, mas logo prosseguiu.

— Jun teve problemas controlando a Ira. Jae ficou cuidando dele. – Daehyun arregalou os olhos, tentando se erguer, mas a dor tomou conta de seu corpo novamente e ele amoleceu nos braços de Himchan.

— E-ele está bem? – foi só o que saiu de seus lábios.

— Eles vão ficar. Mas o que importa agora é você. Fique quieto.

Apesar de não conseguir enxergar muito bem, a luta parecia muito mais acirrada do que Daehyun podia perceber. Jieun tinha habilidades incríveis usando aquelas chamas e Yongguk parecia cada vez mais longe de alcançá-la. Mesmo que conseguisse usar suas garras e suas asas, Jieun se defendia formando barreiras de fogo e atirando pequenas bolinhas de chama que explodiam em contato com qualquer superfície; por sorte, Yongguk era muito bom desviando e suas asas pareciam mais com escudos rígidos e firmes.

Já Jongup parecia não ter mais uma disputa tão acirrada com Hyosung, apesar de que ela era ótima com feitiços de proteção e tinha ao seu redor uma espécie de barreira visível da qual Jongup nem mesmo arriscava se aproximar. Ambos tinham agora uma distância em seu combate e Daehyun tinha certeza de que aquilo garantiria a vida de Hyosung; caso Jongup alcançasse seu pescoço… bem, os estragos que um Ghoul poderia causar.

Mas do que Daehyun mais tinha medo no momento era de Jieun. Ele já tinha percebido que a bruxa estava lutando com tudo de si para matar Yongguk e capturá-lo de volta; ela parecia muito mais determinada do que Hyosung. Sabia que Bang era forte o suficiente para resistir, mas ainda assim temia pelo outro, principalmente porque apesar das garras, ele não parecia estar atacando Jieun com tudo o que tinha.

— Yongguk não está lutando para matá-la. – Himchan esclareceu, percebendo no exato momento o medo de Daehyun. – Ele está apenas tentando abrir uma brecha para que consigamos escapar. – Himchan parecia tão hesitante quanto Daehyun ao falar aquilo, até mesmo o apertava inconscientemente em seus braços. – Ele diz que não, mas tem um caráter muito bom, muito mais do que deveria. Digno de um verdadeiro líder. – Daehyun tentou relaxar no conforto da quentura de Himchan, mas aquilo se tornava impossível com Hyosung gritando com Jongup bem ao seu lado.

— Você não vai atingi-los. Sua luta é comigo. – Jongup rosnou para Hyosung, abrindo suas asas ao máximo, como se formasse uma grande barreira. Parecia na visão engraçada que Daehyun tinha que era uma parede negra. Ele acreditava que estava começando a perder os sentidos novamente, talvez por causa da dor que não era tão intensa, porém era duradoura. Himchan percebeu aquilo, ajeitando-o em seu colo. Percebia que ele estava começando a ficar cada vez mais pálido, seu pulso estava perdendo a força. Ele não poderia morrer sem mais nem menos, mas quanto mais fraco ficasse, mais forte se tornaria a dor.

Algo aconteceu e Himchan ergueu a cabeça para observar. Não sabia como, mas de algum jeito Hyosung e Jieun agora estavam um do lado da outra, elas haviam dado as mãos de um jeito esquisito, como se formassem um símbolo estranho com as mãos. Yongguk e Jongup ambos estavam à sua frente, usando suas asas para cobri-los do campo de ataque delas, mas ele tentava enxergar o que estava acontecendo. Ainda segurava Daehyun firmemente em seus braços, como se aquilo pudesse protegê-lo mais.

Subitamente, Daehyun começou a muito suar muito, parecia estar ficando inconsciente e sua pele pálida estava ficando gelada. Himchan rapidamente verificou sua pulsação; antes estava fraca e agora estava muito rápida. Por que ele estava taquicárdico de repente? Ele olhou para Song Jieun por entre as asas de seus Alterum e percebeu que ela ainda sorria.

— Yongguk! – ele gritou, tentando chamar sua atenção. – Ele está tendo um choque cardiogênico, precisamos tirá-lo daqui!

Yongguk pareceu hesitar, não podia simplesmente virar-se de costas e ir lidar com a situação, mas caso não fosse, Daehyun iria sofrer cada vez mais. Percebia sua dificuldade para respirar; o peito doía, além das pernas, braços, cabeça e estômago. Era difícil dizer onde em Daehyun estava mais machucado, mas agora não era a hora. Precisavam forçar uma brecha de emergência já que Jieun não iria abrir uma.

— Jongup. – Yongguk mencionou e Jongup apenas assentiu.

Yongguk virou-se de costas no mesmo momento e correu o mais rapidamente que pôde na direção de Himchan e Daehyun, alcançando-os em poucos segundos; Jongup permaneceu parado com suas asas bem abertas, preparado para atacá-las a qualquer momento. Tudo aconteceu em um piscar de olhos. Yongguk segurou Daehyun firmemente em seu colo e logo correu na direção da parede destruída ao fundo da sala, simplesmente pulando no penhasco. Assim que Yongguk pulou, Jieun e Hyosung desfizeram seja lá o que faziam com as mãos, o que provavelmente causara os últimos sintomas em Daehyun, e lançaram contra Jongup feitiços de chamas. Ele apenas protegeu-se sem pensar, cobrindo o corpo com suas asas e soltando um grunhido de dor. Apesar de serem asas bem fortes, havia sido o suficiente para machucá-lo um pouco. Ele não enrolou mais, apostando em sua sorte e correndo na direção de Himchan assim como Yongguk. E logo, ele fez o mesmo, saltando no penhasco com Himchan agarrado a si. Sentiu uma explosão grande atrás de si assim que saltou, caindo com alta velocidade até que finalmente abriu suas asas. Yongguk já estava muito longe, era apenas um ponto no céu naquele momento. Mas era isso que todos esperavam, que ele se apressasse. Jongup sentiu um pouco de dificuldade para voar com a asa ferida, mas aquilo não o atrapalharia tanto; apenas não chegaria tão rápido até Yongguk.

— Elas ainda estão mirando em nós, Jongup. – Himchan disse, olhando por cima dos ombros do outro. – E sua asa está machucada.

— Vamos conseguir. Fale-me se elas mandarem algo em nossa direção, assim conseguirei desviar. – Jongup segurou-o firme em seus braços, tentando voar o mais rápido que pôde.

— Acho que elas desistiram. – Himchan observou o castelo diminuindo em distância e as montanhas começarem a tomar conta, mas via perfeitamente as duas. Via Jieun se contorcendo de fúria, via Hyosung paralisada no mesmo lugar.

— Elas não desistiram, você sabe disso. Mesmo que Daehyun logo não seja mais humano, você sabe que elas ainda virão atrás de nós. Isso se tornou algo pessoal demais.

Himchan, então, parou de olhar para trás, apertando seus braços em torno do pescoço de Jongup sem machucá-lo.

— Você viu o olhar de Hyosung também. Apesar de ser egoísta, ela não era vingativa. Isso se tornou algo que não será resolvido facilmente.

— Nós vamos resolver, Chan. Fique tranquilo.

E o castelo sumiu completamente ao fundo enquanto eles cruzavam a barreira entre o Submundo e a Terra, barreira que Himchan havia conseguido, com a ajuda de Sunhwa, fazer abrir-se temporariamente. E o que mais parecia importante no momento era como as emoções de Yongguk estavam explodindo no peito de ambos. Mesmo que ele já estivesse muito longe, já invisível aos olhos, cada gota de sentimento podia ser percebida. E tudo o que ansiava no fundo do peito de Yongguk era o quanto precisava se apressar. Aquela oportunidade de fuga havia sido única, não podia ser desperdiçada, precisava deixar Daehyun a salvo.

Com Daehyun gelado e tremendo em seus braços, Bang Yongguk não achou que, alguma vez em sua vida, fosse capaz de bater suas asas com tanta força.

 


Notas Finais


PRIMEIRAMENTE CÊS JÁ SABEM.
DEPOIS, O QUE FOI AQUELE FUCKING COMEBACK?? GENTE, PELOAMOR DE DEUS. Sei que to atrasada, mas é o primeiro capítulo de Auréola pós Skydive então vamolá. MEU ULTIMATE TAVA MARAVILHOSO, KIM HIMCHAN DONA SIM, SENHORA. Arrasou, pisou mesmo. Mas B.A.P sempre pisa na gente, então estamos acostumadas. DEPOIS, O QUE FOI O JONGUP SENDO O TRAIDOR. FIQUEI INDIGNADÍSSIMA. Meu bias wrecker e tava muito óbvio que ia ser ele o traidor, muitas indiretinhas. Aí eu pensei "LÓGICO QUE NÃO VAI SER, PQ TÁ ÓBVIO QUE É ELE".

E ERA ELE MESMO, O INFELIZ. MAS EU AMEI CADA MINUTO DAQUELE HOMEM NO MV, TAMBÉM. NAJA, MAS NAJA CLASSUDA.

Daehyun arregaçou na atuação. Sem mais. Cadê ele fazendo dorama?? Aí vocês falam que ele é dramático aqui em AdC ahahhahahha~ BangJaeLo ficaram tão sumidinhos no mv, mas ainda assim aquela cena do Bang levando o tiro e o Zelo arrastando, meu coração foi junto ;--; E O JAE LEVANDO TIRO NA CABEÇA. JUST NO. RESSUCITEI SÓ PRA MORRER DE NOVO ALI NAQUELA HORA.

E pra finalizar o surto pós-comeback: MEU HIMUP, NGM SAI. O QUE FOI AQUILO. FOI UM QUASE BEIJO AÍ DEPOIS EU DESCUBRO QUE ROLOU BEIJO MESMO. E ELES FALAVAM COM NATURALIDADE SOBRE O BEIJO GENTE, BEIJO
BEIJO
HIMUP
MEU OTP, NGM SAI.
IMAGINEM COMO EU NÃO FIQUEI MAL. EU FIQUEI MAL GENTE, ARREGAÇADA, TODA MORTA MEXMO.

ENFIM. QUERO SABER COMO ESTÃO VOCÊS APÓS ESSE COMEBACK? TODAS VIVAS? NÃO, JÁ SEI. MAS EVEN SO.

E sobre o Guk: tá difícil não vê-lo nas lives, nos programas, etc, mas a gente tem que acreditar que isso é pelo bem dele <3 Não podemos ser egoístas e querer que ele volte logo sendo que ele está doente ;-; Então MUITA força para ele, muita força pra nós, e vamos continuar dando apoio aos meninos, mandando mensagens positivas, votando e tudo o mais que nós babyz sempre fizemos por nosso B.A.P <3 Eles fazem de tudo pela gente, vamos devolver todo esse afeto com o nosso máximo como fandom!

BEIJO, ATÉ O PRÓXIMO CAPÍTULO! :3 FIM DO MÊS ACHO QUE TEM! XD


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