História Ausência - Jackson Wang - Uma sensação de medo

— Joy? 

Chamei-a antes que ela saísse do carro.

— Não diga nada do que aconteceu para sua mãe. — ela sacudiu a cabeça. — Se você não contar nada, prometo comprar uma boneca linda. 

Minha garotinha sacudiu a cabeça de novo, porém dessa vez comprimindo os lábios ao tentar não deixar transparecer a alegria que sentiu ao ouvir-me. Segurei o riso assim que a vi entrar animada em casa, desliguei o carro, sai dele e o travei. Ao entrar também em casa chamei por Yuga, mas não tive resposta. Procurei-a na cozinha e nos cômodos do piso superior mas também não encontrei-a. Ao voltar para sala vi Joy sentada no sofá e notei que ela não parava de acariciar o braço por de baixo do casaco, me aproximei cauteloso e agachei em sua frente em seguida toquei o braço dela, levantei a manga do casaco, logo vendo um hematoma em seu antebraço. Olhei-a nos olhos e tornei a ficar com uma feição séria. 

— O que é isso? — ela baixou o olhar e deixou algumas lágrimas escorrerem dos olhinhos. Percebi que meu tom de voz forte e sério que provocou essa reação dela e respirei fundo. Enxuguei os olhos dela e a beijei a costa da mão. — Diga ao fú qīn quem fez isso? Diga meu amor. Seu fú qīn pode resolver. 

— Se eu dizer fú qīn vai me bater e achar que estou mentindo. — Joy tinha a voz chorosa. 

Sacudi a cabeça de um lado para o outro. Me levantei e sentei-me ao lado dela. 

— Não é verdade meu amor, fú qīn não é assim, você sabe disso. Diga por favor quem fez isso? Se você não dizer, fú qīn não poderá te ajudar e isso vai acontecer mais vezes. Foi sua mú qīn? 

Joy negou o que me deixou aliviado. 

— Quem fez então, meu amor?

Minha garotinha hesitou, porém logo disse:

— Aquela moça de hoje, fú qīn. Ela disse se eu contasse o senhor iria me bater e não acreditaria em mim. 

— O meu amor,... pode deixar que ela nunca mais vai triscar em você. — dei um beijo no topo da cabeça dela e puxei-a para um abraço. — Ninguém toca na minha princesa. — começei a fazer cócegas no pescoço dela a fazendo se remexer toda enquanto ria.

Ouvi o barulho da porta se abrir e subi o olhar em direção da entrada de casa. Minha feição sorridente sumiu e logo deu espaço para uma mais confusa. Parado em frente daquela porta, estava o amigo de minha esposa com ela nos braços dele, Yuga não parecia bem, estava pálida. Levantei-me, em seguida me aproximei e o encarei. Hoseok, também me encarava na mesma medida, não consigo gostar dos amigos de Yuga porém esse odeio. Tentei pegá-la dos braços dele, mas ele foi mais rápido, passou por mim e a pôs deitada no sofá assim que Joy se levantou. 

— O que aconteceu? — questionei mas ambos não responderam nada. Aquilo já estava me irritando. — O que acon...

— Ela passou mal. — respondeu ele.

— Eu perguntei a ela. — meu tom de voz era rude. 

— Me desculpa, mas respondi, pois Yuga não está bem e acho melhor não deixá-la passar por uma situação de nervosismo como essa. Bom, Yuga estou indo! Se cuida e cui...

— Obrigado, Hope. — virei o rosto assim que ela sorriu e ele curvou-se para dá-la um beijo na testa. Respirei fundo para não tirá-lo dali aos chutes e socos. 

— Tchau princesa. — Joy correu e o abraçou. 

Olhei para Yuga e percebi que ela aguardava que eu levasse o amiguinho dela até a porta.

— Vamos, Joy. Tomar banho. 

Estendi a mão para minha garotinha que correndo veio até mim e pegou-a.

···

Após o banho, Joy acabou dormindo. Pensando em uma maneira de resolver tudo com Yuga desci para sala, mas a encontrei dormindo. Me aproximei e a peguei no colo, levei-a para o quarto e a pus na cama. Yuga revirou-se no colchão e acordou.

— Cadê Joy? — perguntou ela em voz grogue.

— Está dormindo. — respondi desabotoando a camisa em seguida a tirando. Ela sentou-se no colchão e passou observar-me. 

— O que fazeria se soubesse que seria pai? 

— Ora não sei, acho que teria uma mistura de sentimentos, por que a pergunta? Yuga por acaso você está grávida? 

— Não, não, não tem chances. — ela levantou-se da cama quase em um pulo. — Vou ver Joy...

Balançei a cabeça e sorri. 

— E eu vou tomar um banho. 

Confesso que estou inseguro com esse assunto. E Yuga me parece está do mesmo jeito, aliás, compartilhamos também do mesmo medo. 

— Esqueça isso, Jack. — sussurrei pra mim mesmo enquanto andava em direção do banheiro. 

Na madrugada acordei, ouvindo e vendo Yuga fazer ânsia ajoelhada em frente a privada. Iria me levantar e ir até ela, mas preferi que ela não notasse que eu a vi. Pela simples palavra chamada medo.