Auto Sabotagem - Lágrimas de Um Perdedor

Morajo's POV

Eu acordei em mais um dia, mas não me levanto de imediato, sempre fico olhando para o teto até que meu cérebro acorde cem porcento, e após uns trinta minutos, enfim, me levanto. Era mais um dia chato, mas parte de mim estava feliz por ser Sexta-feira, Sábado eu não teria que fazer nada, apenas... nada. Levanto da cama e ando em direção ao banheiro em passos lentos e cansados, dormi por horas, mas ainda me sinto exausto, olheiras mais visíveis que antes e dor nas costas quase que insuportável. Vou em direção ao banheiro, faço minha higienização e caminho até a sala de estar, pude ouvir Torajo e minha mãe conversando na cozinha sobre alguma coisa qualquer, mas não estava tão interessado em ouvir. Após algum tempo, minha mãe percebe que já levantei e me chama para tomar o café, mesmo sem vontade me levanto, vou até a cozinha e me sirvo, mesmo estando sem apetite, eu como, senão levo sermão do cabeçudo e da mamãe. Após terminar, agradeço pela comida e volto ao meu quarto para ficar pensando em qualquer bobagem que meu cérebro quiser que eu pense.

Terça-Feira, 09:34 AM — Estúdio de Gravações

Meu irmão e Zulmi conversavam sobre o próximo vídeo, Linn escrevia o roteiro, e eu, apenas observava tudo enquanto estava largado no sofá. Eu suspiro, mesmo que eu que tenha ajudado o Torajo à crescer o canal de primeira, eu me sinto inútil, um completo ninguém e que meus amigos estão melhores sem mim, talvez eu esteja certo. Estava imerso em meus pensamentos até que fui interrompido por uma voz me chamando, era Zulmi.

— Morajo? Alô, Terra para Morajo. — A garota fala, e então percebo que ela esteve falando comigo por algum tempo, eu me sento corretamente e finalmente começo a prestar atenção no que ela dizia.

— Você vai ficar responsável por ajudar o Linn com o roteiro, já que esse vídeo não tem tanto assim o que fazer, já temos um editor e eu e o Torajo gravaremos o próximo vídeo.

— Tudo bem. — Eu digo desanimado, e percebo o olhar de todos ali sobre mim.

— Ei, Morajo... tá tudo bem? — Meu irmão diz, com o tom de voz preocupado. Eu apenas balanço a cabeça que sim, Torajo suspira. — Então tá bom... a Zulmi e eu iremos dar uma passadinha na casa dela, vamos buscar a iluminação nova que chegou. Não queimem o estúdio até lá. — Torajo então complementou, sorrindo para mim e para Linn, e logo ele e a blueberry foram vistos saindo pela porta, ficando apenas eu e o limão siciliano na sala, ele se aproxima de mim, se sentando na outra ponta do sofá em que eu estava, ele logo começou a falar.

— Morajo, tá... tudo bem? Você tem agido meio estranho ultimamente, a Zulmi e o Torajo têm andado meio preocupados com você cara. — Eu fiquei meio sem jeito, era a primeira vez que Linn se aproximava de mim para perguntar como eu me sentia, e aquilo mexeu comigo, eu nunca o havia notado até agora, ele mudou muito desde que nós éramos adolescentes. Eu tentava lutar contra esses sentimentos, e algumas vezes eu impulsivamente o xingava sem motivo aparente para tentar esconder o que sentia, não é como se eu me orgulhasse disso, mas era melhor do que ter seus sentimentos negados e ter que ver seu rosto toda vez no estúdio de gravação.

— Eu tô bem — Menti. Eu sabia que não estava nada bem.

— Não é o que me parece. Sabe, você tem a Zulmi e o Torajo para conversar, e se quiser, até eu, somos seus amigos e você pode confiar na gente. — Eu o olhei, ele estava mais próximo que antes, com aqueles olhos brilhantes em uma expressão preocupada, odiava pensar nisso, mas era fofo. Me esforcei para não entrar em pânico, mas foi inevitável, apenas desviei o olhar e o ignorei, respirando fundo. Eu gostaria muito de lhe dizer o que eu sentia, e gostaria mais ainda que ele compartilhasse dos mesmos sentimentos, mas ele falou que nunca gostou de ninguém durante um dos vídeos que gravamos com um detector de mentiras. Ele não gostava de mim, eu tinha consciência disso. Pensar nisso me faz ter náuseas e vontade de chorar.

— Eu... acho que vou pro meu quarto. — Me levanto — Fala pro Torajo que eu não tô me sentindo muito bem e fui pro meu quarto, depois terminamos o roteiro. — Falo sem ao menos olhar para Linn, eu estava envergonhado de imaginar ele me abraçando enquanto diz que me ama, se ele descobrisse o que eu penso sobre ele, provavelmente me odiaria, e nunca mais olharia na minha cara. Eu sinto nojo de mim mesmo, e os outros deviam também. Caminhei rapidamente para fora daquela sala, não dando chance para o amarelado dizer nada. Peguei meu celular, fui em direção ao meu quarto, tranquei a porta e me desabei em lágrimas, eu passeava o dedo pela tela do celular, minhas lágrimas caindo pela tela, enquanto procurava alguma música que me fizesse chorar mais ainda.