— Você está grávida? Swend sabe? Ai meu Odin… O que você está fazendo aqui?! — O melhor amigo do meu marido praticamente gritou essa frase e eu revirei os olhos.
— Não se preocupe comigo. Estou bem e meu filho está seguro.
— Swend já sabe?
— Não, eu descobri há um pouco mais de três semanas. Estava pensando em esperar para contar, para não preocupar meu marido, mas meu filho não quer comer as coisas e me faz vomitar, como você viu.
— Você precisa contar para Swend, te desejo felicitações, mas é necessário que ele saiba.
— Vou contar hoje…
Não adianta mais esconder mesmo…
— Aqui estão vocês! — Swend apareceu no local sorrindo e Ingvarr se aproximou de Swend, o abraçando levemente. — Tanta saudade assim, Ingvarr?
— Claro, como se eu fosse sentir falta de você. Sinto falta das mulheres da nossa casa.
— Daqui a pouco um pai furioso corre atrás de você. — Meu marido riu e me abraçou.
— Bem… Eu vou ver algumas coisas na minha tenda. Vocês precisam conversar.
Revirei os olhos com a declaração de Ingvarr e fiz uma negação com a cabeça para ele, que apenas sorriu travesso como uma criança e saiu de perto de nós dois.
— Sobre o que ele está falando?
— Bem… Durante a viagem a Deusa Danann veio me visitar durante a noite. Ela falou sobre a nossa união, disse que não podemos nos separarmos por que somente nós dois temos que derrotar o mal de acordo com uma profecia antiga.
Swend ficou pensativo durante uns instantes, olhando para longe no meio da floresta, peguei seu rosto levemente e o fiz olhar para mim.
— Tem outra coisa que eu preciso te contar…
— Pode falar, meu bem. — Ele disse me dando um beijo pequeno na testa.
— Naquela mesma noite, antes de sumir, a Grande Mãe me deu uma notícia que até então eu não sabia, está bem no comecinho, mas já ta me dando trabalho… — Sorri pensativa.
— E qual foi a notícia? Está tudo bem contigo?
— Sim, sim… É que… — Peguei a mão de Swend e coloquei em cima do meu ventre. — Tem uma parte de nós dois crescendo aqui dentro de mim.
Swend ficou atônito durante um tempo e depois ficou encarando meu ventre, em silêncio. Toquei em seu braço, nervosa com a reação dele, sei que nosso casamento é apenas para me proteger, mas eu não tinha como saber.
— Isso é maravilhoso… Mas você tem certeza? Seu corpo… Não mudou nada. — Ele perguntou ainda com a mão no meu ventre.
— Eu estou com enjôos durante a viagem inteira e eu acho que posso sentir ele, mesmo sendo muito recente… Minhas regras não vêm há muito tempo também.
Swend sorriu e se ajoelhou na minha frente, beijando o meu ventre e sussurrando algumas palavras que eu não consegui escutar direito. Meu marido se levantou logo em seguida e me deu um beijo longo e cheio de sentimentos, ouvimos uma trombeta e ele se separou rapidamente de mim.
— A guerra… Você não pode ficar exposta, não vou permitir.
— Eu vou ficar bem, só precisa me dar um pouco de armamento. — Após eu ter dito isso, Swend ameaçou reclamar, mas eu o parei com a mão. — Confie em mim, fui treinada pelos meus seis irmãos.
Ele suspirou e a trombeta foi tocada de novo, ele segurou a minha mão e nós fomos até o acampamento. Havia muitos homens armados e equipados já, machados afiados, lanças, espadas… Tinha até alguns arqueiros já armados. Swend me levou até a tenda e pediu para um dos homens pegar uma roupa de guerra para mim e algumas armas. Escolhi um arco e uma aljava, mais algumas facas de arremesso e uma de batalha. Meu marido parecia inconformado, mas continuava se arrumando para a guerra, cheguei perto dele e o abracei por trás sentindo o calor do seu corpo.
— Eu te amo. — Falei baixinho e um peso saiu das minhas costas.
Ouvi um suspiro vindo do meu marido e ele se virou pra mim, me abraçando e beijando o topo da minha cabeça.
— Eu amo você também. — Segurou o meu rosto com as duas mãos e olhou no fundo dos meus olhos. — Minha vida é sua agora, então me prometa que qualquer coisa que acontecer, se as coisas ficarem muito perigosas, você vai fugir.
— Não irei sem você.
— Avalon… Me prometa.
— Eu prometo.
Ele me beijou novamente e nós fomos para fora da tenda. Todos estavam reunidos e armados na frente das tendas. As tropas começaram a marchar em direção ao castelo do meu pai e Swend ficou ao meu lado o tempo todo, depois de um longo tempo, subimos uma colina e eu pude ver o castelo em que eu nasci. Minha visão escureceu um pouco e minhas pernas fraquejaram, Swend me segurou e me encarou preocupado.
— Eu estou com medo… — Afirmei olhando para a minha antiga casa.
— Estou com você, não importa o que aconteça.
Um movimento chamou minha atenção para o horizonte, tropas começaram a surgir e possuíam o brasão da minha família, do seu lado estavam as tropas de Elbio e eu vi uma tempestade se formando do lado de Elbio.
Hedda.
— Aquela tempestade…
— Sim, é o Grande Mal.
No vento era possível de se escutar a risada horrível de Hedda, os sussurros dos Deuses e dos antigos também era possível de se ouvir, mas eram apenas murmúrios incompreensíveis, o clima era repleto de ansiedade, medo e raiva. Os gritos do povo do meu pai, meu povo, eram ouvidos e retribuídos pelos gritos do povo de Swend, que agora também era o meu povo, fazendo com que o meu coração ficasse apertado e partido.
Raios brilharam no céu e ele ficou escuro antes mesmo de anoitecer, por causa da tempestade que Hedda estava criando. Concentrei meus esforços em proteger minha família e meus amigos, nada de mal poderia atingir eles, não comigo perto.
As trombetas soaram e todos souberam, a guerra iria começar ali e só os Deuses sabiam o que iria acontecer.
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