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História Avatar - a Lenda de Mira - Altura


Escrita por: sahsouto

Capítulo 38 - Altura


Mira

O que havia ao norte? Eu realmente não sabia, mas a senhora Akat me disse para seguir para lá.

— Ao norte sem ninguém você irá. Ao ponto mais alto você subirá e de lá você verá o local que você quer ir. Não se preocupe, você saberá quando ver.

Foi o que ela me disse, foi em um tipo de código ou metáfora, não posso duvidar muito essa é a minha única chance.  O meu senso de direção não é dos melhores, eu costumo me perder com grande facilidade, mas por algum motivo eu estou reconhecendo alguns lugares.  Eu já estive aqui antes? Não consigo lembrar.

Enxergo ao longe o maior arranha-céu da cidade. Ele é a maior coisa que eu já vi. Acho que esse é o ponto mais alto.  O sol começa a aparecer e com isso o movimento da cidade é percebível. Essa área é muito rica. Nem o bairro que me colocaram depois que me descobri dobradora ostenta tanto quanto esse lugar. Carros de luxo  param no sinal de trânsito e pessoas bem vestidas atravessam concentradas em celulares.  Homens de ternos pesados passam sob o sol que já está forte e alguns artistas de rua dão ao lugar um tom mais alegre.

Olho para as minhas roupas, acho que elas não condizem com esse lugar, deve ser por isso que algumas pessoas estão me olhando torto.  Meu cabelo também está bem bagunçado. Arranco uma faixa da minha blusa e o prendo em um rabo de cavalo alto.

Ando no meio daquelas pessoas esnobes que evitam encostar em mim. Vejo alguns guardas que me encaram com desconfiança. Acho que ninguém por aqui me conhece. Melhor assim, não quero encontrar repórteres.

Chego em frente ao grande arranha-céu. Ele é bem maior de perto. Fico tonta ao olhar para cima. Varrick Tower é o nome do prédio.  Muitos lugares se chamam Varrick, em homenagem a um grande empresário e inventor da época da Avatar Korra, seus herdeiros não deixam que ninguém esqueça quem foi Iknik Blackstone Varrick.

O lugar tem classe, logo na entrada há uma portaria com seguranças, eles usam um uniforme azul um pouco parecido com o da polícia.  Tento parecer distraída e passar por eles, mas sou barrada.

— Você tem permissão para entrar aqui? -- Um deles me diz.

— Bem, permissão, permissão, não. Mas eu queria muito ir até o último andar, ver a cidade do alto.

— Só visitas monitoradas.

— E como eu consigo essas visitas monitoradas?

— Você precisa de um grupo com pelo menos 20 pessoas, assim você pode requisitar entrar na lista de espera. 

Vinte pessoas? Lista de espera? Eu não tenho tempo para isso.

— E quanto tempo isso demora?

— Vejamos. Temos horário daqui a 4 meses.

— Quatro meses?  Eu preciso chegar até o ultimo andar agora!

Ele riu.

— Então consiga uma permissão.

Eu respirei fundo , a raiva estava começando a aparecer. Eu não posso perder a cabeça agora.

— Moço, você não sabe quem eu sou.

— Mesmo se fosse o presidente. Eu estou autorizado a barrar qualquer pessoa que queira entrar sem permissão.

Algumas pessoas pararam para ver a nossa discussão. Eu podia sentir olhares afiados e rizinhos de canto de algumas pessoas que passavam por nós.

— Então eu terei que entrar a força. – Eu disse me contendo.

— Chamarei a polícia, caso tente.

— Pode chamar.

Assim eu me posicionei. Senti o familiar formigamento nas mãos. E soquei o ar. O vento atingiu o segurança em cheio. Ele não chegou a cair no chão, mas o seu olhar dizia tudo, mostrava medo.

— Liguem para a contenção, agora!  -- Ele gritou para os outros.

Contenção? O que era a contenção?

Ignorei e passei por ele com determinação.  As pessoas abriam o caminho para mim. Aqueles rizinhos e  olhares desapareceram.

O hall do prédio era a coisa mais incrível que eu já havia visto. O chão era de uma pedra clara e brilhante, o teto era alto e possuía arabescos lindos e  os móveis de madeira escura  combinavam com aquele lugar.

Me aproximei do elevador.  E apertei o botão. Enquanto eu esperava vi que o hall estava ficando cada vez mais vazio. Isso realmente não era bom.

Vi uma porta que dizia: Escada de emergência. Acho que vai ser melhor eu ir de escada.

Abri a porta, e vi uma imensa escadaria circular.

— Você não vai querer ir de escada, acredite em mim.

Tomei um susto e virei pra trás.

Um homem que aparentava não ter nem trinta anos me olhava com uma aparente simpatia, seus cabelos eram negros puxados para trás. Seus olhos tinham um tom  de azul claro impressionante. E sua pele era de uma bonita cor de oliva.

Demorei um pouco para raciocinar o que ele vestia. Ele parecia um artista de rua. Suas roupas eram azuis e bem espalhafatosas. Não combinava nenhum pouco com o lugar.

— Quem é você? – Perguntei

— Eu? Sou apenas uma pessoa que está te aconselhando. São 130 andares, você não vai  conseguir chegar ao topo de escada, acredite eu já tentei. – Ele dizia em um tom divertido.

Achei melhor ouvi-lo, apesar de não parecer muito confiável.

Volto para esperar o elevador.

— Você causou uma confusão divertida lá na frente. – Ele estava ao meu lado, tentando puxar conversa – Quer dizer eu nunca encontrei ninguém que precisa-se da contenção.

De novo com essa história de contenção.

— O que é isso de Contenção?

— Você não sabe? Você é uma dobradora de ar certo?

— Você pode considerar que sim. – Eu disse desconversando.

— Achei que eles ensinassem essas coisas na escola.

— É que esse ano está um pouco maluco, não deu para ir muito para a escola.

— Contenção é a guarda especial para dobradores. Eles são os únicos que conseguem conter dobradores enlouquecidos.

A lembrança que veio na minha mente era dos guardas da escola, aqueles que impediram Meelo e  Ty zin de brigarem.  Eles foram alvejados por tranquilizadores, foi assustador.

Engoli em seco.  E olhei em direção a entrada. Não havia muita movimentação.

Finalmente o elevador chegou. Havia algumas pessoas de roupas bem formais que saíram do elevador o deixando vazio.

Entrei e o homem entrou comigo. Apertei o botão que dizia Mirante. O homem não apertou nada.

— Você também está indo para o último andar? – Eu perguntei desconfiada.

— Sim, lá tem uma ótima vista.

— Quem é você? – Perguntei novamente.

— Fora ser a pessoa que te ajudou e dispensou a contenção?

— Sim, espera. Como assim dispensou a contenção?

— Eu sou Venon Blackstone Varrick, mas pode me chamar de Venon, sou o filho mais novo do fundador desse prédio.

Venon, venon. Esse nome é muito familiar.  Ele não é aquele que sempre está envolvido em polemicas? Aquele que sempre está nas colunas de fofoca?

Olhei torto para ele.

— Eu te dei permissão. Você pode ir até o mirante sem problemas.

— Por que você está fazendo isso?

— Digamos que é uma vantagem ter a Avatar te devendo um favor.

Isso não soou bem.

— Só uma pessoa desinformada não conseguiria te reconhecer. Você é a primeira página do jornal de hoje, mas as pessoas desse lugar não gostam de ler o jornal de manhã, provavelmente eles vão descobrir mais tarde e se sentirem culpados por terem te tratado desse jeito.

Ele falou tão rápido que eu me perdi.

— Eu estou na primeira página do jornal?

— Será ela a Avatar? Mira a garota de 14 anos que impressionou o mundo no festival salva um grupo de dobradores de fogo de serem levados pela temível União do Fogo.- Ele fez um gesto como se escreve-se no ar.

Será ela a Avatar? Eles ainda têm coragem de duvidar. Respiro fundo, não posso ficar revoltada por causa disso. Tenho coisas mais importantes para fazer.

Finalmente a porta do elevador se abre.  O sol me cega por alguns segundos.  Saio do elevador e vou em direção ao mirante, Venon me segue, mas se mantém afastado.

— Aqui é muito alto! – Eu grito 

Republic City nunca foi tão linda. Daqui eu posso ver a cidade inteira, meus olhos alcançam o Rio Yue Bay, posso ver grandes embarcações daqui. Me viro e procuro a cidade da Fuligem. Ela é inconfundível, uma nuvem negra de poluição fica sobre ela, mas vejo as torres das fábricas.

Nada me faz saber onde meu pai está. Nada

Acho que Venon percebeu o meu desespero. Ele se aproximou e me olhou preocupado.

— Você está procurando alguma coisa?

— Sim, mas eu não encontrei.

— Talvez você não esteja olhando do ângulo certo.

Ele se aproxima de mim e toca o meu rosto.  Estou pronta para dar um soco no rosto dele, quando ele ajusta o meu rosto para o norte.

— Tente deste ângulo. 

Faço o que ele diz.

No horizonte vejo alguns prédios, um deles se destaca por ser alto, velho e  sem janelas, ele parece estar abandonado. Na cobertura do prédio há uma placa velha que está tombada, e só é possível ver de helicóptero ou de um lugar alto, como eu estou.

Unidade

Carcerária

Geral

 

Ou seja, UCG.

— Você sabia que por causa da pressão dos empresários dessa área o governo foi forçado a mudar a sua prisão para outro lugar?  E com isso o nome também foi alterado. Essa geração conhece esse lugar como Prisão Governamental de Republic City.  Ou cadeia, xilindró, presídio...

Ele começou a falar demais.

— Como você sabe de tudo isso? – Eu o interrompi

— Digamos que eu tenho a altura necessária.  – Ele falou tentando parecer enigmático. 



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