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História Avatar - a Lenda de Mira - Desequilíbrio


Escrita por: sahsouto

Capítulo 51 - Desequilíbrio


Mira

Eu havia percebido assim que tinha descido aqueles degraus.

A energia era densa, quase palpável. Era como estar no interior de uma pilha. A energia era visível nas paredes, elas passavam em corrente. Olhei para todos, mas acho que só eu havia notado.  Fiquei quieta, eu ainda não entendia o que estava acontecendo.

Meelo estava sem cor, mas eu sentia que as coisas iriam melhorar.

Conforme avançávamos olhos curiosos nos olhavam. Pessoas apáticas com um certo brilho no olhar, eles sabiam mais sobre nós do que ao contrário.  Saira parecia familiarizada com tudo.

Primeiro eu ouvi uma voz. Depois eu ouvi o meu nome.

Olhei para trás, as pessoas já haviam sumido.

Ninguém pareceu reagir aquilo.

Ouço novamente. É um chamado bem forte. E tenho uma enorme vontade de segui-lo.

— Eu tenho que ir por ali. – Eu disse apontando para um caminho diferente.

Todos ficam confusos.

— Não se preocupe. Tudo vai dar certo Meelo. A energia espiritual daqui é forte, chega a ser sufocante.  Seja quem for essa Baba Dy ela vai conseguir trazer a Nari de volta. – falo tentando me explicar.

— Como você pode ter tanta certeza. – Ele diz duramente.

— Vocês não conseguem ver, mas a energia da Nari aumentou um pouco desde que entramos aqui. E agora eu tenho que ir a algum lugar. Eu não sei como explicar, mas alguém está me chamando.

Realmente Nari estava diferente, essa tal de Baba dy irá conseguir ajudá-la

Sou chamada mais uma vez, e os deixo seguindo um novo caminho.

Nunca imaginei que poderia existir um lugar assim. Ninguém nunca me disse que existia tanta gente morando no grande deserto.  Acho que esse é um segredo que eles escondem do mundo.

A energia fica cada vez mais forte.

— Mira!

Dessa vez esse som não vem da minha mente. Viro-me e vejo Riku sem fôlego.

— Eles me disseram para ir com você, para que não a percamos.

— E desde quando você obedece sem pestanejar?

— Para falar a verdade, o seu caminho parece bem mais divertido.

— Imaginei.

O olhei de cima abaixo, ele não parecia afetado pela energia do local.

— Só me prometa que não irá atacar ninguém.

— Eu só me defendo pequena Mira.

— E não me chame de pequena, temos quase a mesma altura.

— Como quiser Mira. – Ele disse sarcasticamente.

O chamado ficava indo e vindo. Nos perdemos pelo labirinto de pedras e construções algumas vezes.

— Isso está ficando entediante. Aonde você quer ir afinal?

— Eu não sei. Eu tenho que seguir o chamado.

Ele me olhou como se eu fosse maluca.

— Ah, tá, esse lances de Avatar e tudo mais. – Ele deu de ombros.

— Tipo isso. – Eu concordei.

Andamos mais um pouco.  Eu também já estava ficando cansada de me perder, assim eu me concentrei, talvez Korra, ou algum avatar soubesse o que é isso. Mas não deu em nada. Parecia que eu estava sem sinal. Deve ser por causa da energia. 

— Energia! – Eu disse alto.

— Energia? – Riku perguntou.

— Sim. Nas paredes. Eu disse me aproximando de uma.

O fluxo era continuo, ele ia todo para uma só direção.

Riku se aproximou também. E tocou uma das paredes.

— Nada. Não sinto nada.

— Vamos segui-la.

Corremos seguindo a energia.  Desviamos de casas  e entramos em alguns tuneis escuros. Assim o chamado foi ficando cada vez mais forte.

Nos deparamos com uma caverna.

O som que vinha da minha mente ficou mais alto. Eu não escutava mais nada além do chamado.

Sou cutucada e olho para o Riku.

— Temos companhia. – Eu ouço ele dizer longe.

Sim três homens nos esperavam na porta da caverna.  Eles pareciam com guardas. Os uniformes pareciam muito com o da guarda da capital de Laogai, além de serem muito parecidos um com o outro. Será que são irmãos?

— O que querem aqui?  -- O do meio diz.

Eu não tinha como explicar para eles. Olha só  estou ouvindo alguém me chamando na minha cabeça  vocês poderiam nos deixar passar? Eles não acreditariam e nada disso e eles também não pareciam nenhum pouco amigáveis.

Riku logo se prontificou.

— Isso vai ser rápido. 

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa os guardas avançaram.

— Riku vai logo.

Mas ele não fez nada.

— Não está funcionando.

— O que não está funcionando?

— A dobra! Não está vindo.

Minha mente parou um pouco.  

Não havia água por perto por isso tentei o ar. O formigamento veio mas o ar não me obedeceu. 

— O que está acontecen... – eu não tive tempo de falar, os guardas já estavam na nossa frente.

— Dobradores? – Um disse com ironia.

— Acho que eles não sabem. – Assim um deles deu uma cotovelada na cara de Riku que caiu desacordado.

— E você garotinha? Teremos que te por para dormir também?

Eu olhei para eles suplicando.

— Ela parece inofensi...

E eu o chutei no meio das pernas. Ele caiu no chão, expressando muita dor. Não é só por que eu não estou conseguindo dobrar que eu não consigo me defender.

Os outros caíram na gargalhada.

— Essa garotinha é bem nervosinha.   

— Pegue as algemas, vamos levá-los para Unac, ele vai  interrogá-los.

Eles não me apagaram, nem me bateram, mesmo aquele que eu chutei se conteve, mas vi no seu olhar o ódio.

— Tem certeza que eu não posso acabar com essa pirralha?

— Tenho. – Um deles disse segurando o riso. – Leve o garoto também.

Ele pegou Riku e o jogou como um saco de batatas nas costas. 

Fui levada pela escuridão. Eu não conseguia ver o caminho por isso tropecei algumas vezes.

O chamado era cada vez mais alto.  Tentei mover as algemas, mas elas estavam bem presas.  Tentei sentir a água no ambiente. Mas foi em vão. Nada. A energia atrapalhava tudo.

A temperatura abaixou consideravelmente. Eu comecei a tremer. Eu detestava frio.

Fomos levados a uma espécie de sala, muito mal iluminada. Havia uma mesa e alguém estava sentado nela.

— O que temos aqui? – A voz era grave e sufocante.

— Esses dois tentaram nos atacar na entrada. Achamos pertinente traze-los ao senhor. 

Uma sombra impedia a visão completa do homem. Mas ele era alto, mais do que qualquer um que eu já havia encontrado. 

Ele se moveu um pouco e eu pude ver os seus traços. Ele tinha um nariz comprido e olhos pequenos, não dava para distinguir a cor,  seu cabelo era cheio e escuro. Um pequeno óculos pousava no seu nariz.

Ele me olhou de cima abaixo, e senti um olhar de reconhecimento.

— Ora, ora. Parece que nossa convidada finalmente chegou. Podem soltá-la, e levem o garoto para um dos quartos.

Eles não pareceram satisfeitos, resmungaram um pouco  saíram da sala, levando Riku com eles.

— Você me conhece?

— Zun me avisou que você estava vindo.

Um turbilhão de sentimentos passaram por mim. Então o destino havia me trago até o meu objetivo inicial.

— Mandamos alguém para a capital, mas você e seu amigo fizeram uma grande confusão. Mas pelo jeito deu tudo certo, você sabia aonde deveria ir.

— É você? A pessoa que eu devo provar que eu  sou o avatar?

— Bem querida, é mais ou menos isso. Deixe eu me apresentar, sou Unac.

— Mas achei que você estava preso.

— Isso é uma prisão. Mas eu não estou preso.

— Mas... – Ele me interrompeu.

— Acho que você percebeu que esse lugar não é tão recíproco para dobradores não é? – Ele pergunta, desviando o foco da verdadeira questão.

— Sim.

— O que torna esse lugar perfeito para o nosso verdadeiro objetivo.

— Objetivo?

— Sim, a volta dos dobradores.

As imagens de Haru sendo torturado me atingiram e eu senti vontade de vomitar. Esse cara, ele não é da UCG, ele é do governo.

— Você deve estar se perguntando, por que eu fiz você vir aqui. Eu não preciso de nenhuma comprovação, ou qualquer coisa. Você sabe como isso soa idiota?  Você ter que comprovar para alguém a sua verdadeira natureza?  Mas você sabe, eu precisava de um motivo, e sabia que Zun acreditaria em tudo.

Meu coração acelera  ainda mais. Eu sinto medo, a coisa mais aterradora que eu já havia sentido.

— Voltando a sua pergunta. Eu não estou preso, por que eu mando aqui.

Eu não consigo responder. Eu me sinto em um caminho sem volta, como se não existisse mais futuro.

— Você deve ter visto os vídeos. Como uma organização pequena e quase inofensiva estaria no poder de vídeos que poderiam alavancar uma verdadeira revolução?  Isso é uma coisa tão básica, mas ninguém pensa.  É claro que eles são manipulados. Eles pensam que seguem um propósito, mas na verdade eles fazem outro.

— Por que? – E a única coisa que consigo dizer.

— Você ainda me pergunta o porquê?  Isso precisa de uma resposta?  Para a volta dos dobradores, para a abertura do mundo espiritual, para o mundo voltar a ser como era antes, são tantas razões minha pequena Avatar. Ninguém gosta de mudanças, e nosso mundo está mudando rápido demais.

Ele se levantou e me encarou. Seus olhos eram de um verde musgo pálido

— Zun me passa todas as informações. Todos os passos da UCG, assim eu posso decidir todos os caminhos. Quando ele me disse que o pai da avatar era um membro da UCG, foi fácil  te guiar até mim.  Agora vamos, quero te mostrar o verdadeiro motivo que eu requeri sua presença.

Ele tentou pegar o meu braço, mas eu me desviei.

— Se é assim, então siga-me.

Meus pés não saíram do lugar.

— Seu amigo, você ainda quer vê-lo?

Engoli em seco. Riku era inútil sem a dobra, e não conseguiria se defender. Por isso eu cedi, dei passos demorados em direção a ele.

Andamos em passos demorados em um caminho escuro e úmido. O frio aumentava e a energia também, correntes brilhantes passavam pela parede.

— Você parece distraída.

Me concentrei e continuei andando. Não queria que ele soubesse mais nada.

Unac  me levou até uma câmara muito bem iluminada. O que eu vi me deixou aflita. Celas, grades grossas e pesadas, no interior dela haviam pessoas.

— Incrível não é.  Todos esses anos de pesquisa nesse lugar.

— O que é tudo isso?

— São dobradores. Vocês em Republic City tem sorte, o governo os protege com mãos de aço, a União do fogo também é bem ciumenta em relação aos dobradores de fogo, mas as outras nações não estão preocupadas. Até Laogai  me vendeu seus prisioneiros dobradores.  – Ele dizia tudo com um sorriso no rosto.

— Você não é do Governo?

—Eu e governo somos antônimos, incompatíveis,  mas eu já fiz parte dele, mas eles só aceitaram meus métodos até certo ponto. Eles não estavam prontos para isso.

Ele se moveu e fez um gesto que deveria ser grandioso, levantou os braços e mostrou tudo como se fosse um louco.

— E agora você é minha mais nova aquisição. Você e o dobrador de fogo azul.

Eu comecei a tremer. O vídeo, a tortura, tudo aquilo aconteceria comigo.

Ele pegou o meu braço com força. Agora vamos a sua cela.

Fui jogada como uma boneca em um lugar escuro. Eu podia ver a fumaça saindo da minha respiração. Me abracei e tentei gerar um pouco de calor.

Meelo e Saira, eles vão nos achar. Eles vão nos procurar. Nada disso vai ficar assim. Eu não terei o mesmo fim que o último avatar.

Me sentei no chão gelado e esperei.

Eu estava com muito sono, mas o frio me deixava alerta, eu não poderia adormecer ali. Levantei para tentar gerar calor e foi assim que eu vi.

A energia continuava a passar pelas paredes, era possível vê-la se aglutinando do fundo da cela.  Aqui é o ponto final.

Eu não entendi, mas isso me deu esperança. Eu podia ver uma luz no fim do túnel. Por isso me aproximei cada vez mais.

Bati com força na parede. O chamado havia voltado e ele estava mais forte que nunca.

Apalpei e senti o frio. Aquilo não era feito de pedra. Era por isso que tudo estava tão gelado.  Aquilo era gelo. Bati algumas vezes com força, mas tudo o que eu consegui foi ter as mãos machucadas.

Demorou, mas os meus olhos se acostumaram com a luminosidade do lugar. Assim eu pude ver as cores do meu cativeiro. As paredes eram parecidas com o de uma caverna e o fundo da cela era feito do mais puro e branco gelo.

De repente eu ouvi gritos.  Meu coração acelerou. Eu preciso,descobrir o que é isso. Eu preciso saber o que tanto esta me chamando.

Me sento próximo ao fundo e tento meditar. Korra tem que me ajudar. Isso é assunto de vida ou morte.

Tudo é muito escuro. Alguma coisa impede a conexão. Eu não sou especialista em meditação, porém eu sei que alguma coisa no ambiente está tornando isso difícil.

— Pronto, podemos começar o seu teste.  – O rosto dele se espreme entre as grades. Ele está feliz, como se eu carregasse todas as respostas.

Ele abre a cela. Essa é a minha chance. Eu tento atacá-lo mas é inútil, eu tenho apenas metade da sua altura. Sou agarrada pelos seus braços compridos ele tenta me conter, mas eu  luto. Tudo começa a ficar distante e eu sinto alguma coisa invadindo os meus sentidos.

— Isso, faça isso, entre em estado de Avatar. Vai ser inútil de qualquer forma.

Mas não foi inútil. Começou com alguns estalos e todo aquele gelo junto com o teto  estava desmoronando.

Unac me soltou e se afastou rapidamente. Seu sorriso desapareceu e ele parecia tão desesperado quanto eu estava antes.  

Uma fumaça branca invadiu todo o lugar. As pessoas nas celas gritavam. Assim eu tive que decidir, eu poderia ficar e ver o que tanto estava me chamando, ou tentar salvar aquelas pessoas. Eu não tive dúvidas, sai da cela e segui pelo corredor.

Peguei pedaços de pedra e tentei quebrar as fechaduras. O barulho fez aquelas pessoas ficarem mais alertas.  Haviam no total dez pessoas divididas em 4 celas minúsculas. Entre crianças e adultos, homens e mulheres, eu só podia ver o olhar sem vida delas. Podia notar cicatrizes em algumas e a falta de membros em outra.

O teto ruiu mais uma vez e derrubou algumas paredes. Assim foi possível que eu ajudasse essas pessoas a saírem.

Alguns tropeçaram e outros nem se moveram.  

— Mira! – eu ouvi uma voz conhecida.

— Riku!

Ele  estava com um grande corte na testa, e seu cabelo estava totalmente branco.

— Me ajude. Leve-os para fora. Não tenho certeza, mas acho que tudo  isso aqui vai desabar.

Ele pareceu pensar. Mas logo ajudou um homem que não tinha perna.

— Vá por esse caminho, tenho certeza que me lembro de como ir para fora.

— E você?

— Eu preciso ir, tenho que descobrir o que estava me chamando.

— Mira... – Ele disse com um pesar que eu nunca havia esperado dele.

Riku foi muito eficiente e ajudou aquelas pessoas a seguirem o caminho, e eu segui o meu.

Eu voltei para a cela e vi que o gelo já estava se liquefando, me aproximei e vi uma pessoa.

Era um rapaz, ele usava roupas rústicas e seu cabelo era um emaranhado castanho. Ele estava caído e seus olhos fechados.  Ele pareceu familiar.

Cheguei mais perto. Nada mais me chamava, a energia que eu via havia desaparecido.

O peito do rapaz arfava como se a muito tempo ele não respirasse. Isso era um bom sinal, pelo menos ele estava vivo.  Será que ele estava me chamando?

— Moço. – O chamei com cuidado – Precisamos sair daqui. Tudo vai desmoronar.

Mas ele não se mexeu.

O sacudi com força. E tentei o erguer, mas ele era bem maior que eu. Toquei no rosto dele. Ele estava gelado.

— Eu preciso de ajuda.

— Não. – Alguma voz desconhecida disse.

A voz veio do rapaz.

— Temos que ir. Tudo vai cair.—Eu disse alto.

Ele se levantou e eu pude ver os seus olhos, eram tão verdes como os de Suni.

Eu peguei no braço dele e o puxei.

— Me solte. – Ele se desvinculou com força.

Ele falou com uma arrogância que me irritou.

— Que bagunça. Onde eu estou mesmo?

— Você está no subterrâneo do grande deserto.

Ele pareceu surpreso.

— Eu estava na capital, Unac me ajudou a fugir, como eu vim parar aqui?

— Te ajudou a fugir? Ele que prendeu todo mundo aqui.

— Você está enganada. Unac é um homem honrado que me tirou da tirania de Republic City.

Dessa vez eu fiquei confusa.

— E quem é você para falar assim?

— Eu? – Ele riu sarcasticamente.

— Sim. Você deve ser alguém bem importante para falar assim.

— Eu sou Haru. O atual Avatar. E você me deve respeito por isso.


Notas Finais


Fim do livro 2


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