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História Avatar - a Lenda de Mira - Coragem - Parte 2


Escrita por: sahsouto

Capítulo 91 - Coragem - Parte 2


Mira

Meus dias eram até que mais agitados do que eu havia imaginado. Ajudar o velho era uma tarefa árdua e complicada. Ele era exigente, muito exigente.  Eu acabei conhecendo grande parte do bairro por causa de suas tarefas. Leva isso ali. Traga aquilo. Era só o que eu ouvia o dia inteiro.

Era fim de tarde. Eu olhava para o relógio, aguardando a chegada de todos.  Suni e Meelo foram os primeiros a chegar, eles discutiam alguma coisa a respeito de uma criança.  Sina chegou logo depois. Muito mais exausto do que qualquer um. Ele estava se empenhando no trabalho, o ruim era pensar que ele fazia isso para tentar esquecer do que havia ocorrido com Hina.

 Eu estava ansiosamente esperando Riku. Nós ainda não havíamos começado a treinar, e apesar das desculpas dele, hoje eu não deixaria passar.

Só que ele estava demorando muito.

— Que horas mesmo que o Riku volta? – Eu perguntei para Sina.

— Por volta às 18h. Um pouco antes do sol se por.

E eu fiquei impaciente.

Suni até se ofereceu para treinar comigo já que Riku estava demorando tanto.

Quando a impaciência mudou para preocupação. Eram mais de 20 horas. Sina andava de um lado para o outro.

— Ele não cumpriu o combinado. Eu tinha avisado para ele.

Isso me deixou apreensiva.  Não é que eu não confie nele, mas dependendo da situação ele mesmo não consegue se controlar.

— Ele deve estar bem. Você sabe como é a situação das ruas nessa cidade? – Suni disse amenizando a situação.

Eu suspirei.  Não quero ficar pensando no pior.

O velho vendo toda aquela situação. Interveio.

— Ikir é meio lerdo mesmo. Deve ter colocado o menino para fazer toda a burocracia daquela espelunca.

O que ele disse me deixou tão apreensiva quanto antes. E se ele surtou por causa disso?

A maçaneta se mexeu perto às 23 horas. Somente Sina e eu estávamos acordados.

— Riku? – Eu chamei.

Quando ele apareceu. Eu fiquei chocada. Seu cabelo estava bagunçado. Havia um enorme hematoma entre seu olho e sua bochecha, sem contar os roxos por todo o seu braço.

— Eu esperava que todos estivessem dormindo. – Ele falou despreocupado.

Sina se aproximou dele. Seus olhos eram um misto de raiva e preocupação. O pegou pelo colarinho e o prensou contra a porta.

— O que você fez? – Ele disse quase gritando.

— Difícil de acreditar que eu estou assim por que eu não fiz nada?  -- Riku disse.

Sina pensou um pouco e o soltou. Fazia sentido.  Ele não sairia ferido de uma batalha a menos que quisesse.

Dessa vez fui eu que o cercou.

— O que você quis dizer com isso? Quem te bateu? Que porcaria aconteceu com você?

Ele desamassou o colarinho e sorriu.

— E vocês me chamam de esquentado? 

Com toda a confusão, os outros acordaram.

— Você está todo quebrado! – Suni disse o óbvio quando o viu.

Meelo tentou acalmar nossos nervos. Ele pegou um pouco de água  para tentar ajudar Riku.

— Tome. Tente esfriar e coloque no rosto dele.   – Ele me disse me entregando.

Eu não sabia o que fazer.

Meelo suspirou.

— Congele. Você não aprendeu nada nas aulas de cura?

Ah sim. Às vezes eu esquecia que a dobra servia para outras coisas além de lutar.

Eu toquei a água no copo que ele havia trago. Era estranho dobrar a água agora. Era inconsistente, vazia.

Pedi para que o Riku ficasse na minha frente.  Eu encarei seus olhos claros. Eu não sabia o que ele estava pensando. Meu rosto esquentou e eu tentei me concentrar no que eu estava fazendo.

Eu toquei o seu ferimento com a mão envolvida pela água.  Seu rosto estava quente. Eu quase podia sentir a sua respiração. Ele não disse nada. Apenas esperou.  Meu corpo esfriou por alguns segundos e a água entre nos dois também.

— O que aconteceu? – Eu perguntei com calma.

— Eu me segurei, e aguentei. Ninguém sabe que sou um dobrador. Não precisam se preocupar.

Isso deveria me dar alívio. Mas, eu fiquei mais brava.

— E quem fez isso com você?

— Uns fracotes idiotas.  Bandidos de um lugar ai.

— Se por acaso você encontra-los de novo. Eu não quero que se segure.

Ele sorriu.

— E você quer que todo mundo saiba aonde estamos?

Me emburrei.

— Então eu baterei neles.

Ele parecia se divertir com toda aquela situação. Isso era típico dele. Eu continuei com a minha mão em seu rosto, até que senti seu rosto desinchar. Ele não parava de me encarar. Mas, eu não podia culpa-lo.

Quando eu estava prester a tirar minha mão do seu rosto. Ele a segurou.

— Espere.

Ele levou a minha mão a sua testa.

— Você machucou a cabeça? – Eu perguntei.

Ele apenas acenou positivamente.

Ele fechou os olhos e parou de me encarar. Um semblante de alivio tomou conta do seu rosto.

— Obrigada. – Ele disse de olhos ainda fechados.

E eu nunca imaginei que esse Riku fosse capaz de agradecer. Meu rosto que já estava quente, ficou pior ainda.

Eu tirei a minha mão abruptamente. Meu coração estava acelerado, e minha barriga dava voltas.  Eu senti vergonha em olhar para ele, por isso eu fui para o quarto antes que ele falasse qualquer coisa.

Respirei fundo e contei até 10 algumas vezes. O que estava acontecendo comigo?

Suni havia vindo atrás de mim. Ela estava com um sorriso suspeito no rosto.

— O que foi? – Eu perguntei nervosa.

— Nada. Apenas estou confirmando umas teorias.

— Que teorias?

Ela riu.

— Meelo disse para eu não me envolver. Eu posso atrapalhar as coisas.

Eu apertei meus olhos e olhei em sua direção.

— É melhor você me contar.

— Se não? – Ela me completou.

Eu fui até ela e usei meu ataque secreto.

— Cócegas! – Eu gritei.

E antes que ela pudesse reagir eu já estava fazendo cócegas nela.

Suni ria estrondosamente.

— Para. Para. – Ela gritava de volta.

— Você vai me contar!

— Então eu terei que contra-atacar.

Ela sabia meus pontos fracos. Assim que ela tocou em baixo dos meus braços eu não consegui me segurar.  Aquela sensação era engraçada e ruim ao mesmo tempo.

Nós duas rolamos no chão. E riamos como se não existissem outros problemas. A porta se abriu ocasionalmente e Meelo, Sina e Riku nos olhavam com curiosidade.

— O que foi? – Eu perguntei para eles

— Só queríamos saber o porquê da gritaria.

— Não é nada. – Nós duas respondemos.

Sorrimos uma para outra e nos levantamos do chão.

O velho que também havia acordado com a confusão nos deu uma bronca.

— Amanhã também é dia de trabalho! – Ele dizia com raiva.

E com isso nós fomos dormir.

Quando eu fechei os olhos. Eu me senti no meio de uma grande e raivosa tempestade. O mar estava agitado e violento. Eu vi o espirito do Rio Yue bay surgir no horizonte.

A forma transparente estava maestrando as ondas, que vinham com força e arrastavam tudo para o mar.

Só que ela aos poucos estava desaparecendo, e a tempestade ficando cada vez pior. Quando ele sumiu por completo, eu fui engolida por uma onda que me levou para o mar.

Eu acordei  abruptamente. Senti minha cabeça molhada de suor.Me senti ofegante.  Olhei para a pequena janela que existia no nosso quarto e não havia nenhuma fresta de luz tentando atravessá-la. Ainda era noite. Me levantei e fui até a cozinha beber um pouco de água.

Até que vi que não era só eu que estava desperta. Me dirigi até a sala e vi o velho olhando para fora.

— Uma grande tempestade está vindo. – Ele disse quando me percebeu.

Eu olhei pela janela e vi o clarão que se formava atrás das nuvens escuras.

O vento também estava diferente. Eu sentia que ele soprava sem rumo. Sem uma direção correta.

— Há muito tempo.—Ele começou a contar. – Nesse lugar, os espíritos  da água, da terra, do ar e do fogo se reuniram.  Eles queriam saber o que fazer com os humanos, que pouco a pouco estavam usando a dominação de elementos para destruir uns aos outros.  Já existia o avatar naquela época. E ele foi o mediador dessa reunião. Porém álguem muito ruim e perverso descobriu, e tentou aprisionar os espíritos e matar o avatar.  Dizem que foi um morador dessa cidade, dizem que a ilha inteira se reuniu para ajudá-lo . Só sei que as consequências desse ato repercurtem até hoje. Pelo menos e o que diz a lenda.

Eu fiquei pensativa com as suas palavras, assim pelo pouco que sei dos espíritos, eu sei que eles seriam capazes de condenar essa cidade a todos esses desastres.

— E por que essas pessoas ainda vivem aqui. Sabendo de tudo isso?

— Apesar de tudo aqui é o lar delas.  Todos sempre acabam voltando. E como um imã que sempre nos trás de volta.

As nuvens negras estavam carregadas, eu sentia o vento começou a soprar mais forte.

Ouvimos uma forte batida na porta.

— Eles chegaram.

O velho pediu que eu abrisse. Eram os poucos empregados que trabalham para o velho e suas famílias. Eles ficariam aqui até a passagem da tempestade.

— E as outras pessoas? – Eu perguntei.

— Infelizmente minha casa é pequena, e essa cidade é grande.  A grande maioria já está acostumada com tudo isso. Não se preocupe. Eles sabem o que fazer.

Eu tinha um mau pressentimento sobre tudo isso.  Não era apenas o vento que me dizia, mas a terra, até ela parecia aflita.

— O que é tudo isso? – Suni disse sonolenta.- Ah, é a tempestade? Alguem me disse hoje que iria chover.

Quem dera fosse apenas chuva. OS raios eram o que mais me preocupava. Eles cortavam o céu e caiam na terra com violência. Eu podia sentir os tremores. No fim quase todos nós acordamos com a tempestade. Menos Riku é claro. Ele dormia profundamente.

— O dia dele foi cansativo. – Eu disse para Sina que tentava acordá-lo.

— E o meu não?

— Eu sei, mas deixe-o dormir. Por favor. – Eu supliquei a ele.

Enquanto estávamos discutindo por isso. Mais pessoas chegaram a casa vermelha.

— Precisamos do garoto e de toda a ajuda necessária. – Era o homem que havia nos trago aqui. E trabalhava com o Riku.

— Temos duas casas incendiadas, além das enchentes na parte baixa.

— Não existem bombeiros por aqui? – Meelo perguntou.

— Os que estão vivos estão ocupados. Porém eles não são suficientes.

O homem estava com as roupas úmidas, mas sujas de cinzas. OS olhos deles estavam fundos, e ele parecia muito cansado.

— Só preciso do garoto. Convocaram todas as forças públicas, e como queremos que saibam, ele faz parte dela.

Eu não havia percebido, mas Riku havia acordado. Ele estava na porta do quarto, com o rosto marcado por um mau-humor assustador.

Ele andou até o homem. E suspirou fundo.

— Vamos, logo. Eu quero voltar a dormir.

Com poucos minutos ele trocou de roupa. E sob o protesto barulhento de Sina, que não concordava nenhum pouco com isso. Ele estava pronto para sair.

— Espere. – Eu disse. – Eu posso ajudar! Me deixe ir também.

Todos olharam para mim como se eu fosse uma princesa indefesa.

— Nem pensar. – Meelo falou sem hesitar.

Eu o fuzilei com o olhar.

— Eu posso ajudar. Eu tenho que ir também.

Sina, riu um pouco.

— Pior do que o Riku ir sozinho, e ele ir com você.

Eu olhei para todos, fiz a minha melhor cara de cachorro abandonado.

— Olha, Mira, normalmente isso funciona comigo, mas até eu acho isso perigoso. – Suni falou.

— Riku?

Ele não disse nada. E de tudo foi o que mais doeu.

Pensando em tudo o que aconteceu comigo, de tudo que ainda está acontecendo, eu percebo que ninguém liga realmente para o que eu quero.  Eu vim para esse lugar obrigada. Estou seguindo ordens, ou recebendo broncas desde que chegamos. Eu não sou tão maleável assim. A culpa ainda me persegue só que a cada dia eu percebo que eu estou aqui somente para ficar escondida, que toda aquela coisa de treinar está ficando em segundo plano. Tudo que remete ao Avatar está ficando.

— Ainda bem que ninguém aqui é meu Pai. – Digo indo para o meu quarto.

Suni é a única que me segue.

— O que você está fazendo?

— Não está vendo? Estou me arrumando para sair.

— Mas, já não foi decidido que você não vai?

Eu paro o que estou fazendo e olho para ela.  Suni está visivelmente preocupada.

— Suni, não acho que ninguém aqui tem o direito de decidir.  E além do mais, não posso deixar de ajudar alguém que precisa.

As imagens do desabamento do palácio presidencial não saiam da minha cabeça. Eu cavando, tentando encontrar sobreviventes... Encontrando a Hina.

Eu não podia deixar isso acontecer.

— Você está ajudando. Mira, não podemos ser descobertos. Nem pela União do fogo nem pelo Haru.

— Eu sei Suni, mas se eu me deixar limitar por isso, eu vou estar sempre do lado perdedor.

Terminei de me aprontar e sai.

Meelo e Sina pareciam mais abismados do que deveriam.

— Eu disse que eu vou. E ninguém vai me impedir. Sina você sabe muito mais do que ninguém o que eu estou sentindo.

Ele não disse nada apenas abaixou o olhar. Eu odiava ter que tocar nessa ferida que nós dois compartilhamos.

Meelo parecia impassível.

— Eu não vou dizer mais nada. Nem para você nem para ninguém.  Vocês não me escutam nunca.

 Assim antes dele continuar a falar, eu sai. Riku e o homem que veio busca-lo, já tinham ido. Olhei para o horizonte e vi um foco de fumaça distante. Sem dúvidas eles estariam lá.

Pingos grossos de água caiam sob a minha cabeça. Minha roupa estava encharcada e meu cabelo grudado no meu rosto. O vento soprava forte, por isso eu firmei os meus dois pés no chão.

Os prédios a minha volta se mexiam. Eles balançavam de um lado para o outro. Várias coisas voavam com o vento. Lixo,  folhas e pedaços das construções. Me desviei de várias.

Olhei para os dois lados, não havia ninguém a vista. Sei que eu não deveria fazer isso, Meelo iria provavelmente me  matar se soubesse.

Com as palmas das mãos eu espalmei o vento, fazendo com que  a corrente de ar se invertesse. Com as mãos erguidas, eu fui seguindo o meu caminho.

Quando eu vi o primeiro sinal de vida, eu parei.

Quanto mais próxima eu estava do prédio incendiado, mas eu me sentia estranha. O cheiro de fumaça era intenso e a chuva que caia não parecia ser capaz de apaga-lo.

Vi várias pessoas em volta. Todos pareciam aflitos.

Era uma casa de três andares. Muito antiga. O fogo estava em todos os andares e as labaredas saiam pelas janelas e impossibilitava a saída ou entrada de qualquer um. Riku estava lá com uma porção de homens. Todos encaravam o lugar sem fazer nada.

Me aproximei e ele me viu.

— Você é teimosa.

Não só Riku, mas alguns dos homens que estavam com ele se viraram. A primeira coisa que eles notaram foram as minhas roupas, que apesar se estarem molhadas, ainda passavam a minha classe social. Eles me cumprimentaram.

— Senhorita. --  O mais jovem disse. – É melhor ir para um lugar seguro.

Eu o ignorei totalmente.

— Riku. Como eu posso ajudar?

Ele não parecia animado.

— Não há muito o que fazer. Eles não tem nenhum equipamento, e ninguém consegue entrar.

Eu podia ouvir pessoas pedindo por socorro, e aquilo era agoniante.

— Como assim? Temos que ajudar aquelas pessoas.

— Não há como.

— Como assim não há? Eu sou uma dobradora. Eu consigo.

— Fale baixo.

— Eu falar baixo?

Ele me puxou para longe das pessoas.

— Sabe eu não gosto de ser a voz da razão. Esse papel não é meu. Mas, você está estragando tudo o que fizemos.

Ele me irritou.

— Você me dizendo isso? O mundo está em caos mesmo.

Agora era ele que parecia irritado.

— Você sabe muito bem que se fosse por mim. Eu já teria derrubado essa porcaria de prédio, teria mandando aqueles idiotas para os ares. – Ele aponta para o grupo que estava com ele.  – Mas, por sua causa, tudo por sua causa. Eu estou me esforçando.  Calar aquela voz não é fácil. Não fazer nada é bem mais difícil para mim do que qualquer coisa.

Eu fiquei sem palavras, de todas as pessoas, a única que eu não esperava me dar um sermão era o Riku.

— Você tem razão. Só que a minha vida não pode ser mais importante do que a de ninguém.  Por minha causa inúmeras pessoas morreram naquele incidente. Por minha causa.

— Alguém já te disse que você é muito dramática?

— Não, ninguém.

Ele sorri.

— Não tem outra forma. Então você vai ter que tomar isso como uma lição.

— Uma lição?

— Sim, da dobra de fogo. Eu sei que muita gente acha que somos imunes ao fogo e a temperaturas altas.

— E não são?

— Na realidade só somos imunes ao nosso próprio fogo. E resistimos bem a temperaturas altas.

Nos afastamos mais ainda e ele me mostra a sua mão, uma chama azul a envolve.

— O meu fogo é mais quente que os outros. Então eu irei cobrir todo o meu corpo com as minhas chamas não importa a temperatura que esteja lá dentro, eu vou conseguir sobreviver ao calor.  Só que existe um grande porém.

— Qual?

— Fogo consome oxigênio, assim eu terei que prender a respiração enquanto eu faço isso.

Eu fiquei realmente preocupada.

— Quanto tempo?

— Eu consigo 4 minutos em média. Acho que será suficiente para pelo menos dispersar o fogo da entrada e tirar todo mundo do primeiro andar.

— Você já fez alguma coisa parecida antes?

Ele virou a cabeça de lado e sorriu.

— Digamos que sim. Mas, não era para salvar pessoas. Pelo contrário.

Um arrepio subiu pela minha coluna.

— As vezes eu esqueço quem você é.

— Não se preocupe, eu sempre te lembrarei...

E nós fomos para próximo a porta. O calor era quase insuportável, e  chuva que caia não conseguia amenizar nada.

— O que você está fazendo? – Um homem careca perguntou para Riku.

— Eu vou salvar o dia

Antes que qualquer pessoa conseguisse impedir ele saltou para o meio do fogo.

— Ikir vai nos matar. – Alguém disse preocupado.

— Quatro minutos. – Eu preciso ficar concentrada no tempo.

Olhei para o careca.

— Me empresta o seu relógio.

Ele negou.

— Eu preciso do seu relógio. – Fiz a minha melhor voz de menina rica. Tentei imitar a Suki.

Ele me entregou.

— Não demore.

— Não se preocupe, só vou precisar por quatro minutos.

Naquele momentou começou minha agonia. Se ele desmaiar? Se algo desabar por cima dele? Eu pensava o pior. O que é que eu fiz? Por que eu tive que vir?

— 3 minutos. – Eu disse em voz alta. – Faltam 3 minutos.

Claro que eles não me deixariam vir sozinha. Não demorou para Sina, Meelo e Suni virem atrás de nós.

— Cadê o Riku? – Eles me perguntaram.

— 2 minutos. – Eu respondi.

Sina finalmente percebeu o que havia acontecido.

— A quanto tempo ele está lá? – Ele me perguntou.

— Há 3 minutos. – Eu respondi ainda concentrada no relógio.

— 3? Então ele já deve estar voltando. Ele nunca conseguiu prender a respiração por mais tempo.

Eu olhei para ele.

— Riku já está lá a quase quatro.

— Não. Ele não consegue segurar por tanto tempo. A dobra de fogo cobra oxigênio do seu próprio corpo, ele nunca conseguiria ficar por mais de três, é suicídio.

Aquela sensação de impotência e de culpa se intensifica. Eu preciso salvá-lo.  Eu começo a sentir aquele calor familiar, aquela luz ofuscante quer tomar o meu corpo.

— Mira.

Eu ouço alguém chamar ao longe.  

O primeiro tremor de terra é uma previsão do que está prestes acontecer.

 NInguém aqui tem força para me parar. Eu aponto a minha mão para a casa e sinto suas paredes de pedra, sinto o chão cedendo pouco a pouco, e sinto pessoas andando devagar em direção a saída.

Isso me acalma.

Chamas azuis explodem contra a porta, e finalmente algumas pessoas conseguem sair.

Um homem carregando uma mulher no colo, duas crianças com tecidos em suas bocas. Mas, e o Riku?

O relógio já marcou quatro minutos há algum tempo. Só que ele não voltou.

Eu não sinto mais ninguém naquele lugar. Pelo menos ninguém vivo.

Eu caio de joelhos no chão.

É culpa minha. Sempre é culpa minha.

— Riku! – Eu grito em direção a casa.

Meus pés ficam levemente mais altos que o chão.

— Se concentre Mira, não deixe que isso tome a sua consciência. – É a voz do Meelo.

Ele sempre tem razão. Eu deveria escutá-lo mais vezes, porém eu sou uma idiota.

Vou em direção a casa. O calor dela é intenso, mas não chega perto do que eu sinto dentro do meu peito. Não se compara ao calor que eu estou tentando conter.  Eu aponto minhas mãos e faço a água da chuva se acumular acima de nós.

Eles descobrem que eu sou uma dobradora  quando eu controlo a água. Quando eu a dobro para dentro das janelas e faço com que o fogo se acabe. E eles descobrem que eu sou o Avatar quando eu disperso a fumaça fazendo com que o ar a leve cada vez mais para cima.

Meus amigos me olham com receio. Porém imediatamente depois disso eles começam a me ajudar.

Suni vasculha os escombros, afastando as paredes e vigas, Meelo tenta limpar o espaço e Sina tenta acalmar os nervos daqueles que nos observam.

Nenhum deles parece nos julgar. Eles parecem supresos, porém vejo olhares de agradecimento.

Mas, isso não importa naquele momento. Riku, e o único que permeia meus pensamentos.

Com o fogo apagado. Eu passo entre os escombros.

Não há sinal de nada.

Sina, conversava com as pessoas que os Riku resgatou.

— Nós estávamos presos em um dos quartos no térreo. E um garoto apareceu. Vi pelas roupas que ele era da policia. E isso me aliviou. Ele tentou achar uma saída, porém não havia uma.

O homem recuperou o fôlego. Ele aparentava estar bem, mas sua respiração estava ruim.

— Foi como mágica. O fogo começou a nos evitar. Era como se estivéssemos envolvidos por um cobertor. Quando passamos pela sala de entrada. Ele finalmente falou conosco e perguntou se não havia mais ninguém naquele lugar. Eu respondi que não, mas a minha filha pediu pelo bichinho. Pelo seu Gatilo. Depois disso a porta explodiu e ele voltou para o meio do fogo. 



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