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História B não é de biscoito. - Parte Um: Um alfa muito idiota?


Escrita por: thefourdara

Notas do Autor


Eu prometi esse extra tem 84 anos, me desculpem a demora, MUITO OBRIGADA PELOS MAIS DE MIL FAVORITOS, CARALHO QUANTA GENTE, e por todos os comentários! Obrigada mesmo, falo mais nas notas finais.

Ponto de vista do Felix nesse especial, espero que gostem.

< pode conter mil erros pq eu acabei de escrever esse extra AGORA, NESSE MINUTO, RIGHT NOW, então revisei igual a minha cara e corri pra postar, sejam gentis e ignorem, certo? >

Capítulo 4 - Parte Um: Um alfa muito idiota?


Fanfic / Fanfiction B não é de biscoito. - Parte Um: Um alfa muito idiota?

Felixsexual? Que merda é essa, Changbin?

_

 

Eu era só uma criança quando minha mãe se atirou do décimo sétimo andar do prédio o qual vivi durante anos da minha vida. Eu tinha dois irmãos amorosos e um pai presente até que meu irmão passou a me querer morto, minha irmã me evitava e meu pai decidiu que ficar longe de sua amante estava fora dos seus planos e aproveitou a morte de sua esposa para passar mais tempo fodendo uma ômega gentil demais para um homem desprezível como meu progenitor e menos tempo com seus filhos. Eu tinha um problema cardíaco grave e, às vezes, tinha medo de morrer, mas passei a conversar com meu marca passo porque minha voz não era ouvida em semanas.

Eu aprendi a sobreviver, entende?

Eu era um beta considerado louco e que nunca acreditou que pudesse estar casado com um alfa, morando em um apartamento grande o suficiente para caberem dois cachorros e um gato, enquanto atirava algumas garrafas de vidro na direção do meu namorido.

Acontece que eu me casei com um cara idiota, sabe? Seo Changbin era um completo idiota! E exatamente por isso eu resolvi pegar as minhas coisas e sair de casa.

 

_

 

<Uma semana antes>.

 

Aquela era a primeira vez que iríamos jantar com os pais de Changbin depois que nos tornamos realmente um casal. Era engraçado pensar que nosso relacionamento começou da forma mais clichê igual todas histórias de casamento arranjado entre classes e acabamos tendo o mesmo fim (também clichê) que todas elas.

Quando meu pai me disse que seria obrigado a me casar com um alfa, achei que estaria fadado a rompantes de raiva, cios desenfreados e alguém se achando no direito de me diminuir por ser um beta. No fim das contas não fugiu muito disso. Changbin tinha acessos de raiva, nos quais rosnava para mim, em seus cios levava uma quantidade absurda de mulheres para nosso apartamento e constantemente me lembrava que, como um beta, meu destino era morrer ou sozinho ou me contentar com outro beta.

E isso não era um problema para mim. Nunca foi na verdade.

Depois de conviver com meu irmão, qualquer macho babaca era fácil de lidar. Aprendi muito com minha mãe enquanto ela esteve viva. Ela chorava pela infidelidade do meu pai, se agarrava em Rosé e em mim como seu único fio de esperança, talvez porque ela já soubesse que Minhyuk tinha se tornado um garoto com leves tendências a crueldade, mas ainda assim me ensinava lições valiosas.

A primeira de suas lições foi me entregar um livro que contava a tão histórica Revolução de Classes. Quando os ômegas e betas se uniram em vários protestos pelo mundo buscando a igualdade. Mamãe dizia que muitos morreram nesses protestos, pessoas sumiram e nunca foram localizadas, o governo fingia que nada acontecia enquanto as autoridades, em sua maioria formada por alfas corruptos, torturava meus iguais para que eles se calassem.

Nós queríamos que betas fossem respeitados como seres humanos e não sobras de experiências. Não somos o resto. Não podemos sermos marcados, mas quem liga? Não é uma droga de mordida que faz alguém especial. Os betas escolhem aqueles que desejam passar o resto da vida e essa promessa de amor eterno vale muito mais que a porra de um dente marcado.

Enquanto ômegas lutavam por equiparação, nós lutávamos por existência. Para sermos reconhecidos como seres humanos. Ômegas saíam nas ruas com cartazes de “não somos apenas um buraco para você saciar seu libido!”, os betas saiam com “somos pessoas, existimos!”. Duas lutas justas e dignas, com toda certeza, uma grande revolução que possuía seus recortes.

E foi eficaz.

Pelo menos era na teoria. Na prática tudo era bem diferente. Famílias de alfas ainda educavam seus filhos para acharem que outras classes eram inferiores. Que ômegas só serviam para sexo e betas só serviam para serem ignorados. E isso me deixava puto, mas me deu consciência de classe, de quem eu era e pelo o quê precisava lutar.

Por isso toda vez que Changbin rosnava pra mim eu o mandava a merda. Toda vez que sua vontade de foder mulheres, que não faziam ideia de que seriam descartadas no dia seguinte, era grande o suficiente para levá-las pra casa, eu me fingia de surdo. Toda vez que ele me diminuía como beta, eu o mostrava que ser alfa não o fazia melhor do que ninguém, muito menos melhor que eu.

A mudança começou quando, de alguma forma, Changbin passou a ser mais empático. Tudo bem que ele acreditava que passou a me tratar diferente, ou a me olhar diferente, quando eu subi em seu colo para ensiná-lo uma lição (já já chego nessa parte), mas o Seo já se mostrava um cara diferente desde muito antes. Ele não trazia mulheres com tanta frequência para casa. Ele evitava conversar comigo e isso era muito melhor do que me humilhar ou dizer palavras rudes que constantemente me magoavam. Aos poucos nossa convivência passou de "meu deus, tomara que ele morra!" para “tudo bem, eu aguento mais um pouco.”, e talvez ele não tenha percebido isso porque estava muito ocupado pensando que era melhor do que eu, mas eu percebia. Eu notei sua mudança sutil de comportamento e esperava que isso não fosse um indício de que ele estava passando a gostar de mim, porque nada nesse mundo me prepararia para namorar a droga de um alfa. Nunca fui nutrido de uma paciência muito grande, então ter que lidar com alguém com o ego maior do que o pau, me traria uma dor de cabeça que não estava disposto a ter.

E ele não gostava de mim, o que era um grande alívio, pelo menos até o mais velho resolver que seria legal debochar da minha orientação sexual. Quis rir. Além de brigar todos os dias por meu direito de existir na sociedade, ainda tinha que brigar por ser gay. Que vida injusta do cacete! Não tinha pretensões sexuais quando subi em seu colo e me fingi de submisso. Não esperava que isso fosse acender no Seo alguma chama ou qualquer metáfora do tipo, só queria testá-lo, perturbá-lo, quem sabe até receber um soco no olho e um chute, porque eu estava esperando a violência (é o que estamos sempre esperando na verdade, mesmo que doa e quebre algo em nós, a violência e agressão já são um retrato de como a sociedade reage a nossa existência), mas, ao invés disso, recebi um gemido e um suspirar. Não preciso nem dizer que parte de mim quis dançar uma conga pela sala, enquanto outra parte quis rir da sua cara.

Não gosto da ideia de testar heterossexualidade. Acho ridículo pra ser bem sincero. Esse discurso de que todo mundo gosta de, pelo menos, duas coisas me deixa desconfortável porque, de certa forma, nega a existência de héteros e eu sabia como era ser invisível. Essa constante que as pessoas adquiriram de testá-las e não respeitá-las não faz meu tipo, nunca fez, exatamente por isso que eu não esperava um gemido de Seo Changbin. Porque para mim ele era hétero e eu não contestava isso. Não era problema meu.

E novamente me vi enfiado no meio das mudanças comportamentais do Seo. Ele achava que eu não percebia, mas Changbin nunca foi um cara discreto e seus olhares a minha bunda eram tão ávidos que fiquei ligeiramente envergonhado várias vezes. E digo que fiquei ligeiramente envergonhado porque convenhamos: meu marido falso era um puta pedaço de mau caminho. Embuste de marca maior? Com certeza, mas como diria Selena Gomez “the heart wants what it wants”, no meu caso seria algo como “the ass wants what it wants”, porque infelizmente eu estava pensando com meu cu, entendem? E me perdoem pelo linguajar, estamos entre amigos de qualquer forma. Eu tinha um tesão fodido naquele desgraçado e talvez minha bunda seja atraída por caras tóxicos e eu devesse falar com meu terapeuta sobre isso, mas não foi exatamente como eu lidei com isso.

Decidi deixar a vida me levar o que acabou me levando a ter um surto quando Minhyuk se mostrou ser o problemático maldito que ainda me culpava pela morte de nossa mãe e chorando nos braços do alfa.

Eu não fazia ideia, mas naquela hora o lobo dele me escolheu.

Não posso dizer que meu lobo o escolheu também porque meu lobo era mais do que adormecido, não era uma característica dos betas ser influenciado por seu genes lupino. Pouquíssimas vezes tínhamos que lidar com esse instinto animal, então acredito que naquele momento minha alma escolheu a do Seo, meu coração, por mais clichê e ridículo que possa parecer.

Me senti confortado em seus braços, como não me sentia há muito tempo. Eu estava em casa, um lar seguro e aquele lar eram os braços do alfa. Passei a ser cuidado de perto, ser mimado, ser acordado com um café da manhã pronto (mesmo que ele tenha queimado muitos ovos e torradas) e não via mais mulheres no apartamento.

Quando já havíamos construído um laço emocional, o levei para conhecer meus amigos e o que era super proteção, passou a ser apenas proteção. Graças às conversas com Jisung, Changbin não queria saber mais onde eu estava o tempo todo, ele respeitava meus momentos sozinhos, ele aprendeu a domar seu lobo desesperado por mim e lidava melhor com a minha cabeça oca. E finalmente tivemos nossa primeira conversa sincera.

Queria ter contado a ele sobre o marca passo há um bom tempo, mas nunca surgia a oportunidade. Fiquei feliz quando Changbin apareceu, todo tímido e receoso, naquela sacada. O beijo foi especial e maravilhoso, tão maravilhoso quanto todos os outros que demos naquela mesma sacada e em todos outros os cômodos da casa.

Minha família não gostou muito da ideia de continuarmos casados, mas o que meu pai poderia fazer? Me obrigar a assinar um divórcio? Pouco provável. Não morávamos na mesma casa que ele, não tinha medo de seu temperamento e sabia muito bem como lidar com o velho Lee. Só precisei ameaçá-lo a contar para toda impressa sua vida extraconjugal e sua participação no suicídio de minha mãe, afinal ela não sofreu à toa. Se ela se atirou daquela sacada, foi porque não aguento a decepção de ter um marido como ele. Eu sabia, ele sabia e se insistisse para que me separasse de Changbin, todo o mundo saberia.

Como imaginei, ele não se meteu depois disso. Minhyuk até tentou falar algo, mas deixei de me importar com sua opinião. Eu não precisava mais me submeter aos seus caprichos, muito menos as suas opiniões. Rosé foi a mais empática. Me desejou felicidades, pediu desculpas pelos anos afastada, até passou a frequentar minha casa quando Minhyuk descobriu que não me atingia mais e começou a torturá-la por diversão. Não me importava, amava minha irmã mais nova e não permitiria que ela fosse submetida ao mesmo tratamento que recebi enquanto morava com meu pai.

Esperamos resolver tudo com meus pais para podermos finalmente contar a família de Changbin que éramos um casal. Julgamos que contar para a minha seria muito mais difícil e por isso a enfrentamos primeiro. Esperava alguns gritos, até lágrimas, quem sabe uns tapas (como eu disse, estamos sempre esperando a violência), mas nunca esperei que Changbin fosse responder a uma pergunta do pai daquela forma.

Estávamos todos sentados ao redor da mesa de jantar. A notícia foi jogada nos mais velhos da forma mais rápida e confiante do mundo. “Somos um casal de verdade”, Changbin disse, receoso. Segurei sua mão e deixei que ele se apoiasse em mim, já enfrentei esse demônio ao seu lado, estava confiante que ele poderia enfrentar também.

– Você é gay? – o Seo mais velho na mesa perguntou, descrente. Olhei para Changbin, que tentava a todo custo não olhar para os pais ou para mim. Na ausência de uma resposta, eu mesmo respondi.

– Ele é bissexual. – e senti a necessidade de acrescentar – Gosta de mulheres e de homens.

– Bissexual? – o pai dele riu – Me economiza, isso é desculpa de quem está confuso. É só uma fase, Changbin.

– Não é uma fase, nem ele está confuso. – sabia que não deveria ser eu a discutir isso com os pais dele, mas as respostas saíam involuntariamente por minha boca seca e já nervosa.

– Eu… eu não sou bissexual. – finalmente respondeu, fazendo o pai sorrir satisfeito e meu queixo ir parar no chão – Eu sou felixsexual.

– Que diabo é isso, Binnie?

– Sabe, eu não gosto de garotos, eu gosto de você.

– E eu sou um garoto. – observei o óbvio.

– Mas eu não gosto de outros garotos.

– Como pode saber se não gosta de outros garotos?

– Porque a minha vida toda eu nunca gostei.

– Mas você gostou de mim. Não interessa quanto tempo você passou sem ter experiências com garotos Changbin. Eu sou um garoto e você gosta de mim. Sente atração por mim. Negar sua bissexualidade não te faz menos bi, nem mais hétero.

– Vamos discutir isso em casa.

– Ah, com certeza vamos! – É lógico que discutimos em casa depois de nos despedirmos dos pais do Seo que ostentavam sorrisos satisfeitos graças a nossa briga.

E essa discussão nos leva ao presente onde eu atirei um vaso na direção de Changbin e ele desviou. Depois de uma semana praticamente nos ignorando, perdi a compostura quando o mais velho veio com aquele papo de “felixsexual”. Por deus como eu odeio essa droga de “fulano sexual”. Quem criou isso? “Eu não gosto de garotos, gosto de você.”, amigo sinto te informar, mas eu sou um garoto! E você é no mínimo bissexual. E se sua atração é somente por mim, já pensou na possibilidade de ser demissexual? Ou de não ser absolutamente nada? O problema é que Changbin se recusava a se aceitar, usando essa coisa de "fulano sexual" para esconder sua vergonha de se apaixonar por outro homem e como disse, nunca fui nutrido de muita paciência.

A discussão começou com essa patifaria de fulano sexual e evoluiu para nossas famílias e a oferta de separação amigável que os pais do Seo o fizeram no dia seguinte do fatídico jantar. Oferta que eu não fui informado, oferta que Changbin estava considerando porque salvaria seus pais da falência, afinal os termos do contrato ainda estavam valendo, mas a separação também vinha com a cláusula oculta de que o Seo não poderia mais se encontrar com o beta viado e que o corrompeu. Palavras de seu doce pai. 

E mesmo assim ele estava considerando.

– Felix, eu não posso deixar meus pais morrerem de fome!

– Então eles que vão trabalhar, Changbin! Seus pais não são pessoas idosas e meu pai está cumprindo com o acordo e tomando conta das finanças deles. Porque ao invés de arregaçar as mangas e ir trabalhar para conseguir mais dinheiro, eles preferem deixarem minha família os entregarem seu patrimônio para que eles possam torrar a grana de novo e falir?

– Esses sempre foram os termos, Felix!

– Mas antes nós não nos amávamos, Changbin! – e ele não respondeu. – Ou você esqueceu que me ama e voltou a ser hétero? A sua fase passou?

– Felix…

– Passou, Changbin? – mais uma vez, sem resposta. O choro veio, mas mordi os lábios com força e segurei a cascata desesperada que desejava jorrar por meus olhos castanhos. – Vou dormir na casa do Jisung.

– Espera, Felix… E-eu…

– Me liga quando a sua confusão passar, Changbin. Eu não quero passar a vida com alguém pela metade.

– Você quer que eu escolha entre meus pais e você? – gritou, raivoso – Eu não posso fazer isso! Eles são meus pais, merda!

– Não, seu idiota! – devolvi, jogando os braços para o alto, cansado – Eu quero que você escolha entre mim e a porra do Changbin de antes. Do macho alfa babaca que jurava que não sentia tesão por caras, mas não pode me ver andando de cueca pela casa que fica doido. Que você escolha entre ser quem você é e quem seus pais querem que você seja!

Mais uma vez não tive resposta, então fui embora e esperava que dessa vez Changbin não demorasse meses para perceber que a droga do b não é de biscoito, e se o b não é a letra que lhe definia melhor, ainda existiam muitas outras no alfabeto.


Notas Finais


E CONTINUA! A ideia desse extra partiu de uma conversa entre a Isa e eu, que não aguentamos essa coisa de "fulano sexual". A galera fica negando sexualidade e romantizando essa merda sem aprofundar as coisas e isso ME IRRITA PRA CACETE.

Esse extra demorou mais do que eu esperava pq estava com bloqueio, me casei, mudei de estado e minha anorexia e depressão resolveram dar sinal de vida. Foram meses difíceis.

E levanta a mão ai os migos bi que são considerados confusos e ainda dizem que sua bissexualidade é uma fase. A galera pan pode levantar a mão tbm, eu sou a primeira inclusive õ/

Vai ter continuação porque eu quis aprofundar essa discussão, tô escrevendo já, oremos para que demore menos que 84 anos.

Obrigada mesmo pelos comentários e carinho, não sei MESMO como agradecer, BNDB eu comecei a escrever sem qualquer pretensão, mesmo mesmo, só queria escrever uma fanfic onde os betas não fossem tratados como o resto, exatamente por isso falei de classes, revolução e etc, nesse extra, fico feliz demais que tenham gostado da narrativa e da fanfic. Vou responder os comentários que ainda faltam responder, juro juradinho.

Meu tt tbm está disponível para qualquer reclamação e carinho @/TYONGFOUR


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