História Back For The Castle - Versão Semi - Refléter 2

Musica: Million year ago - Adele

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O cabelo da loira estava curto, as pernas mais torneadas e ela tinha um brilho diferente nos olhos. Acho que esses sete anos lhe fizeram muito bem.

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- Eu sinto tanto a sua falta. - sussurrou me abraçando o meu pescoço e eu envolvi a sua cintura com os meus braços. - Olha como você está bonita.

Eu só queria me divertir aprendendo a voar, aprendendo a correr.

- Eu também senti a sua falta. - murmurei a apertando contra mim. - Muito mesmo.

- Você vai me partir no meio, pôneizinho. - Alegou com a voz esganiçada enquanto ria do meu desespero.

Eu a soltei envergonhada pela minha euforia e me sentei na cama, ajeitei a saia do meu vestido e senti o lado direito da cama afundar indicando que a loira sentou ali.

Eu deixei meu coração escolher o caminho quando eu era jovem.

- A sua mãe...

- Eu sei. - entrelacei os meus dedos e encarei as minhas mãos. - Digamos que você não foi a única pessoa que eu vi hoje.

- Ela sente a sua falta. - disse a loira repousando a mão sobre as minhas. - Aliás, todos nós sentimos. A Talulah do Museu, a Cloe do sex shop, seus amigos da faculdade, seus avós, a sua irmã...

Lá no fundo eu já deveria saber que isto seria inevitáel. Ganhar minhas listras que eu deveria pagar e carregar minha alma.

- Eu não tenho irmã. - murmurei erguendo o meu rosto para encarar a loira que tinha uma expressão serena em sua face.

- Sim, você tem. - balançou a cabeça repetidas vezes para confirmar o que dizia. - Ela tem cinco anos e se chama Grace. - Dinah sorriu como se lembrasse de algo e deu um leve aperto em minha mão. - Sua irmã é a melhor amiga da minha filha, que irônico, não acha?

Eu sei que não sou a única que se arrepende das coisas que fez. Às vezes sinto que sou só eu que não consegue tolerar o reflexo que vê.

- Você tem uma filha? - questionei embasbacado. Era muita informação de uma vez só.

- Um casal de gêmeos. - seu sorriso se alargou e ela correu os olhos pelo quarto. - Eu queria tanto que você os conhecesse.

- Eu também queria poder conhece-los.

Eu gostaria de viver um pouco mais. Olhar para o céu, e não só para o chão.

- E por que você não vem comigo? - Questionou esperançosa. - A Ellie voltou para Paris.

Ellie foi a minha primeira namorada, e a primeira decepção amorosa também. Digamos que eu não comecei a me aventurar com vibradores atoa.

- Ellie. - Sussurrei balançando a cabeça negativamente tentando afastar algumas memórias que eu não queria lembrar. - Como ela está?

Eu sinto como se minha vida estivesse passando num piscar de olhos e tudo que posso fazer é assistir e chorar.

- Tão bonita quanto sempre. - Dinah disse deitando totalmente na cama. - Ela te procurou assim que chegou.

- Procurou?

- Sim. - a loira apoiou as mãos sobre a barriga e encarou o teto. - Disse que estava arrependida pelo que fez e queria tentar com você de novo. Ellie ainda ama você.

Sinto falta do ar.

Sinto falta dos meus amigos.

Sinto falta de minha mãe.

Sinto falta de quando a vida era uma festa a ser curtida, mas isso foi há um milhão de anos.

Por favor, Deus. Que a Demetria não esteja ouvindo isso. E que ela não se dê conta do meu repentino interesse sobre a vida de Ellie.

- Você está falando sério?

- Eu já menti para você? - virou o rosto na minha direção com sobrancelha erguida e eu neguei. - Então...

Eu sei que não sou a única que se arrepende das coisas que fez.

Às vezes sinto como se fosse só eu que nunca me tornei o que pensei que seria.

- Eu vou me casar. - sussurrei desconcertada pelo assunto que estávamos tratando a poucos segundos atrás. Ou talvez eu estivesse apenas desconfortável por saber que Demetria estava ouvindo.

- Com um vibrador? - Dinah franziu o cenho. - Isso é muito errado.

- Não, né. - Revirei os olhos dando um tapa estalado na perna da loira. - Eu vou me casar com uma mulher. - sorri animada para a loira. - E ela é a mulher mais bonita que eu já vi em toda a minha vida.

Eu sinto como se a vida estivesse passando num piscar de olhos e tudo que eu posso fazer é assistir e chorar.

- E você a ama tanto quanto amava Ellie?

Ta ai, nunca me questionei sobre isso, porque eu as amei de formas diferentes. Aquela pergunta era difícil de ser respondida pois se tratava de momentos totalmente distinto na minha vida. Não era como se eu estivesse escolhendo o meu sabor de sorvete favorito, que claramente não seria tangerina.

Como se mede a intensidade do amor que se sente por alguém?

Eu sinto falta do ar. Sinto falta dos meu amigos.

Eu tenho plena certeza do que sinto por Demetria e é intenso e arrebatador, mas eu também amava Ellie desde o dia em que eu aprendi a falar o meu nome. Ela era o meu amor de infância e eu nunca cheguei a cogitar a possibilidade de um dia reve-la. 

Merda, que pergunta difícil. Minha vontade agora era de chorar e socar o rosto da morena de olhos castanho por ter me colocado nessa situação.

- Pare, Demetria! - falei alto, mas ela não respondeu.

Eu sinto falta de minhã mãe.

Sinto falta de quando a vida era uma festa a ser curtida, mas isso foi há um milhão de anos atrás.

- Com quem você está falando? - Dinah perguntou se sentando na ponta da cama quando me viu levantar. Caminhei apressada até a parede e encostei o meu ouvido nela tentando inutilmente ouvir qualquer ruído que a rainha fizesse do outro lado.

- Pare, ma vie. - Pedi mais uma vez. - Eu não quero mais refletir. - resmunguei irritada. - Quero que o seu pai enfie essa maldita reflexão no... - respirei fundo contendo as minhas palavras. Ele ainda poderia me mandar para a forca, e felizmente eu amava o meu pescoço, e amava ainda mais a minha vida. - Demi...

Eu deixei meu coração escolher o caminho quando eu era jovem. Lá no fundo eu já deveria saber que isto seria inevitáel.

- Marie. - uma voz rouca chamou meu nome logo atrás de mim. Senti as minhas pernas tremeram, meu sangue subiu para a cabeça e eu quis me jogar daquela janela.

- Não! - gritei alto fechando os meus olhos com força. - Você não tinha o direito de traze-la até aqui, Demetria. - esbravejei me virando para a dona da voz. - Ellie. - A ruiva está parada ao lado da cama segurando o meu colar mas mãos. O mesmo colar que me levou até Demetria.

- Eu não estou escolhendo as pessoas que você vê, Luna. Foi você quem escolheu que ela estivesse aí. - Murmurou Demetria com uma voz triste do outro lado da parede. - Infelizmente foi você.

Eu sei que não sou a única que se arrepende das coisas que fez.

- Não, amor.

- Você sabe que sim. - Demi ficou calada por um momento e ouvi um cadeado ser destrancado. - Eu vou estar te esperando amanhã. Faça a escolha certa.

Eu deixei meu coração escolher o caminho.

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P.O.V Demetria

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Desci as escadas com calma, mas por dentro eu estava chorando em posição fetal e encolhida em um canto escuro da minha mente. Minha cabeça doía, meu estômago estava embrulhado e uma angústia enorme tomou conta do meu peito.

Mas o que eu poderia fazer? Isso era tão necessário para ela quanto era necessário para mim te-la na minha vida.

Por sete anos Selena ficou ao meu lado, longe da própria família e amigos. Seria egoísmo demais da minha parte se eu não lhe desse o poder de escolha. Eu não sabia o que se passava em sua cabeça e muito menos o quão frustrada ela estava por não ter as pessoas que amava consigo.

E eu espero de todo o meu coração - e admito de antemão que eu sei que é egoísmo pensar assim - que Selena fique aqui comigo, que ela cogite a idéia de que a nossa família é mais importante que o seu passado.

Seria pedir muito?

Chacoalhei a cabeça tentando afastar os pensamentos ruins que fervilhavam em minha mente e entrei na sala do trono, meu pai estava conversando com algumas pessoas e se virou para me receber.

Meus olhos se encheram de lágrimas e a passos largos eu o alcancei sendo acolhida pelo seu abraço.

- Eu estou com medo, pai.